ÉS UM CRISTÃO VERDADEIRO?

CHARLES Haralambos, Diácono
tradução de monja Rebeca (Pereira)


Quando olhamos ao redor da igreja num domingo, podemos dizer que somos todos cristãos? Todos fomos batizados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; cremos que Jesus ressuscitou dos mortos e todos recitamos o Credo; fazemos o sinal da cruz, temos ícones; rezamos, frequentamos a igreja regularmente e até chegamos sempre no horário (longe da realidade); e mesmo que todos recebêssemos a Sagrada Comunhão (o que também está longe da realidade), podemos dizer que somos cristãos?

São Paulo diz: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé” (2Cor 13,5). Todos nós provavelmente pensamos que temos fé, caso contrário não iríamos à igreja regularmente, mas que tipo de fé temos? São Tiago diz: “Mostrai-me fé sem obras” (Tg 2,18). Quando ouvimos a leitura do Evangelho, podemos dizer que vivemos o que nos é ensinado por Jesus? Tomamos a Santa Comunhão, mas será que é uma experiência mística em que sentimos a presença real de Deus e somos renovados por ela?

Para saber se somos verdadeiramente cristãos, precisamos examinar nossa vida e nosso relacionamento com Deus. As obras que são boas aos olhos de Deus são aquelas que vêm do nosso coração, por amor. Quando temos fé, temos um amor a Deus maior do que qualquer outro amor. Por causa desse amor, escolhemos fazer a Sua vontade e receber a Sua graça para nos ajudar. Essa graça é concedida quando somos humildes, diz o Apóstolo Tiago (Tg 4:6).

São Tikhon acrescenta: Corrija o seu coração e a sua vontade e serás bom, serás um verdadeiro cristão, serás uma nova criatura. Pois todo o bem ou mal vem da vontade e do coração. Quando o coração e a vontade são bons, então toda pessoa é boa.

Nosso exame, portanto, começa com o exame do nosso coração. Precisamos fazer um exame profundo para penetrar as escamas que o cercam. Sabemos o que está escondido ali? Reconhecemos nossa obstinação, ira, inveja, ganância...? Esse exame exige grande humildade. A maioria das más tendências que temos são reprimidas em nosso subconsciente. Tendemos a pensar que somos cristãos, muito espirituais e fiéis. Mas, cuidado, podemos sofrer de vaidade.

Como podemos expor nossa falta de fé que nos impede de seguir tudo o que é ensinado no Evangelho e nos deixa com um relacionamento morno com Deus? Esse esforço envolve nossa disposição de reconhecer e lutar contra o pecado.

São Tikhon continua: Não é possível corrigir-se corretamente se não reconheceres o mal oculto em teu coração e as calamidades que dele procedem. Essa luta é a marca de um verdadeiro cristão...

A luta contra todo pecado é uma necessidade infalível para todos os cristãos que desejam ser verdadeiros cristãos e receber a salvação eterna em Jesus Cristo.

São Paulo diz: Não deixem que o pecado reine em seu corpo mortal, de modo que obedeçam às suas concupiscências (Rm 6,12).

Isso é exigido pelos votos que fizemos no Batismo. Naquela ocasião, prometemos (ou nosso padrinho em nosso nome, se fôssemos crianças) obrar para o Senhor com fé e verdade. Não há salvação para aqueles que não cumprem esses votos. "Um verdadeiro cristão é aquele que trava uma guerra incessante contra o pecado." Ele é aquele que trabalha na verdade e na fé.

São Tikhon lista as seguintes causas do pecado:
1. A corrupção da natureza humana. Herdamos a tendência ao pecado de nossos ancestrais, desde Adão.

2. O diabo leva o homem ao pecado. São Pedro diz: “Sede sóbrios e vigilantes; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, buscando a quem possa tragar. Resisti-lhe com fé firme (1Pe 5,8-9).” Paulo diz: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais ficar firmes contra as ciladas do diabo. Pois não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nas regiões celestes (Ef 6,10-12).”

3. As seduções do mundo também levam ao pecado. Jesus diz: “Ai do mundo, por causa dos escândalos! Pois é inevitável que venham escândalos, mas ai daquele por quem o escândalo vem!” (Mt 18,7).

4. Uma causa do pecado é frequentemente a má educação dos filhos.

5. Os hábitos atraem fortemente o homem para o pecado.

São Tikhon diz: “Um cristão que deseja ser salvo deve lutar incansavelmente contra essas coisas.” O pior de tudo são os hábitos aos quais nos acostumamos, de modo que o pecado se torna uma segunda natureza. Muitas vezes, nem nos damos conta da nossa condição precária.

São Tikhon nos dá estas sugestões para nos ajudar em nossa luta contra o pecado:
1. Ouça e atenda à Palavra de Deus. São Paulo: Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

2. Deus está presente em todo lugar e conosco, onde quer que estejamos. Nossos pecados não podem ser escondidos de Deus. Mesmo que não estejamos dispostos a nos confessar diante de um padre por causa de nosso orgulho ou vergonha, Deus sabe e vê tudo com Seus olhos santos.

3. Lembre-se da morte, do julgamento de Cristo, do inferno e do Reino dos Céus.

4. Evite ocasiões que levem ao pecado. Evite reuniões ou amigos que levem a tentações. Paulo: Pois as más conversações corrompem os bons costumes (1Co 15:33).

5. Lembre-se de que podes morrer no próprio ato do pecado.


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