NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS: A SANTIDADE

ZACHAROU Zacarias, Arquimandrita
tradução de monja Rebeca (Pereira)


Deus não pode ser forçado por ninguém; nem impõe Sua vontade às Suas criaturas dotadas de raciocínio. Da mesma forma, o homem com o dom de Deus não deseja impor poder a nenhum mortal, nem que seu espírito esteja sob o poder de outro. Ele imita Cristo, que venceu o mundo por Seu humilde amor e atraiu a Si[1] todos os que livremente desejam segui-Lo.

A liberdade que o homem nascido do Espírito busca não é política nem social, mas espiritual e do coração. Quanto mais ele se santifica, mais se torna livre. A santidade não é um princípio ético, mas sim puramente espiritual e ontológico. O homem santo não é alguém que consegue ter uma ética ou um comportamento exterior perfeitos, mas aquele que guarda a palavra de Cristo, reunindo constantemente em seu coração a graça do Espírito Santo. Quando o coração do homem se abre à graça, então a graça nele se instala. Por meio dessa graça, o homem adquire poder sobre seu coração, que é a raiz de seu ser, e assim adquire poder também sobre toda a sua natureza. Assim, ele constrói o templo de Deus dentro de si. Ele é livre e não deseja pecar, não porque seja eticamente proibido e fora de lugar, mas porque não quer destruir o templo de Deus dentro de si.

Para ter o relacionamento desejado com Deus, amá-Lo de todo o coração e permanecer constantemente em Sua presença, é necessário ter um coração puro e livre. O coração se torna livre quando o arrependimento arranca de dentro dele a lei do pecado e todos os mandamentos de Deus se tornam a lei única do nosso ser. Então, um estado divino e um amor são transmitidos ao homem, que se manifestam na oração incessante e, por meio dela, no amor ao próximo. Essa oração mostra que o homem é imagem e semelhança de Deus e que ele ama e honra essa mesma imagem em seu próximo.

A palavra de Deus aquieta nossa natureza. Seu amor nos mantém no árduo caminho de Sua vontade, para que possamos nos colocar em segundo lugar e honrar os outros mais do que a nós mesmos. A palavra de Deus é sempre a palavra da Cruz que nos guia para a abundância da vida divina e nos dá a liberdade da impecabilidade.

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