AMOR SEM LIMITES - PARTE 3

 GILLET Lev, Arquimandrita
tradução de monja Rebeca (Pereira)


Amor ilimitado
“Meu filho”, declara Deus, “viste a Sarça que queima sem ser consumida. Reconheceste o Amor, que é um fogo consumidor que o deseja completamente. A ‘grande visão’ da Sarça Ardente pode ajudá-lo a Me dar um novo nome. Esse nome não substituirá o nome ou os nomes que usaste até agora. No entanto, como um relâmpago na noite, o brilho desse novo nome pode iluminar todo o seu entorno.

“Muitas vezes Me chamaste por um nome que não era o Meu. Ou melhor, esse nome eterno, embora fosse de fato Meu, falhou em expressar claramente as manifestações mais intensas da vida divina. Ele não conseguia expressar adequadamente o que Eu queria revelar de Mim mesmo em seus momentos de oração: aquele aspecto particular do Meu Ser pelo qual poderias ter falado co´Migo.
“Vós Me chamais de Deus. Este nome tradicional tem sido adorado e abençoado por inúmeras almas, às quais ele deu, e nunca deixa de dar, profundidade de sentimento e força. Tolos são aqueles que o depreciam, e ímpios aqueles que o rejeitam! Cabe a vós, ao contrário, adorar-Me precisamente como Deus e venerar esse nome pelo qual sou conhecido.

“No entanto, sem diminuir essa veneração, reconheceis que, do ponto de vista da própria palavra, este nome, “Deus”, não tem um conteúdo específico; falta-lhe precisão. Os significados que as pessoas lhe atribuíram não eram todos expressões diretas da palavra “Deus”. Pois essa palavra é tão vasta, tão aberta à elaboração, que às vezes, devido à fraqueza humana, pode parecer vazia.

Em sua oração, chamas-Me de ‘Deus’, ‘meu Deus’, ‘Tu que és Deus’ e ‘Senhor Deus’. Nesta antiga designação, neste nome sagrado ‘Deus’, certamente encontrarás novas forças. Mas também poderás encontrar uma nova fonte de iluminação ao Me chamar por nomes que correspondam mais à sua experiência imediata ou à sua necessidade imediata. Podes apelar para aqueles aspectos de Meu Ser que são revelados pelas circunstâncias presentes. Por exemplo, dependendo do que estiver acontecendo em sua vida, podes me chamar de ‘Tu que és Beleza’, ou ‘Tu que és Verdade’, ou ‘Tu que és minha Pureza, minha Luz, minha Força’. Também podes Me chamar de ‘Tu que és Amor’.

Esta última expressão aproximará sua linguagem mais do Meu coração. Podes Me dizer: ‘Senhor do Amor’. Ou, mais simplesmente, pode simplesmente dizer o nome ‘Amor’.

“Aqui, gostaria de apresentar-vos, em sua reflexão e em sua oração, um termo que, se assim desejarem, pode se tornar como o sol, o sol que não conhece ocaso, o sol de vossa vida. Meus amados, Eu sou ‘Amor Ilimitado’, ‘Amor sem limites’.

“Amor sem limites… Eu estou acima e além de qualquer nome. A qualificação ‘sem limites’ expressa precisamente a verdade de que Minha Pessoa e Meu Amor estão além de qualquer categoria conhecida pela mente humana. Eu sou ‘Amor Supremo’, ‘Amor Universal’, ‘Amor Absoluto’, ‘Amor Infinito’.

“Se agora insisto nas palavras ‘sem limites’, é para evocar em vossas mentes a imagem de barreiras que foram derrubadas. É para vos evocar a imagem de algo ilimitado, sem limites: um Amor que, como um vento violento ou furacão, derruba todos os obstáculos. Eu sou aquele Amor que nada pode parar, nada pode conter, nada pode impedir.

O inimigo que precisamos vencer não é a morte. É, antes, a negação humana do meu Amor. No entanto, nada pode destruir ou diminuir o propósito ou a ação desse Amor cuja fonte é o Deus Todo-Poderoso.

Meus amados filhos, não estou ensinando nada de novo. Não estou vos oferecendo nenhuma definição ou doutrina. Não estou fazendo nada além de repetir o que foi declarado desde o início. Estou apenas vos mostrando um caminho. No entanto, todo caminho que leva a Mim é bom.

A Fonte
O Amor recebeu um nome pessoal. Tomou a forma de um homem. Caminhou por nossas estradas; tornou-Se um de nós, sem deixar de ser divinamente ele mesmo. ‘Jesus-Amor’...

Nossa reflexão atual vai ‘além’ de uma Pessoa ou das Pessoas divinas. Ela diz respeito ao que essas Pessoas são em Sua profundidade, ao Seu Ser interior comum, e não ao que é próprio de cada uma individualmente. Neste momento, estamos contemplando ‘a essência divina’. Ousamos explorar a realidade de Deus, buscar a emoção geradora original de todas as coisas. Chamamos essa emoção de Amor, ‘Amor sem limites’.

Precisamos retornar às origens, à própria Fonte. Certamente seria inspirador discernir e elaborar nessa Fonte aspectos particulares, características específicas. Por exemplo, poderíamos contemplar as três figuras simbólicas, igualmente jovens e belas, sentadas à mesa de Abraão sob o Carvalho de Mambre. Poderíamos ouvir Seu canto, em três vozes e cada uma com sua própria modulação, que canta o único e mesmo Amor. Mas disso, das relações pessoais dentro da Essência divina, não falaremos aqui. Isso iria muito além de nossa preocupação atual e de nossas capacidades. Falaremos, antes, do Senhor do Amor, sem fazer distinções pessoais.

Falaremos do Amor da maneira mais simples possível. Falaremos d´Ele em Seus aspectos mais simples. Com esta abordagem inicial, nos encontraremos no mesmo caminho de todas aquelas outras almas simples que, deixando de lado várias teorias teológicas, sabem apenas amar: pessoas que anseiam por um encontro entre o amado e o Amante, entre a alma e o Amor.

“É verdade, meu filho, que não desejas nada além do Amor? ‘Sim, Senhor’, respondes, ‘é verdade’. Realmente não desejas nada além de amar e ser amado? ‘Sim, Senhor, isso é verdade’. Pois bem, Meu filho”, responde o Amor, “porque sentes tal sede, venha à água. Venha à Água Viva. Venha beber da própria Fonte.”

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