A NATIVIDADE DA NATIVIDADE
NEGRESCU Sever, Sacerdote
tradução de monja Rebeca (Pereira)
Em um mundo de memórias, cada homem só consegue imaginar como foi seu próprio nascimento, sem mencionar o nascimento de nossas mães. Mas há também а Natividade da Natividade. Todos os anos, assim que se passam sete dias desde o início do novo ano eclesiástico, celebramos a Natividade da Mãe de Deus.
Por mais que procuremos a ponta de uma coroa, não a encontraremos, pois ela não tem começo nem fim; mas se continuarmos procurando, descobriremos que ela tem um centro. Na coroa anual das festas dos santos, a Natividade da Santíssima Theotokos é o centro: um centro doce, verdadeiro e, acima de tudo, eclesiástico.
A Natividade da Theotokos é o centro mais doce da nossa existência, porque é o nascimento da alegria. Agora, toda a raça humana está sendo renovada, e a tristeza de Eva está sendo transformada em alegria. Da dor do parto designada para Eva, à plenitude da graça revelada à Santíssima Virgem Maria, encontra-se o caminho desta dulcíssima celebração. Toda a criação, visível e invisível, festeja no dia desta festa, neste centro inextinguível. O Criador, tendo-se tornado humano, eleva a criação a um estado de santidade. Que doçura poderia ser maior do que o fato de o Verbo de Deus, o Criador, estar unido à natureza humana — e, portanto, a toda a criação?
A Natividade da Mãe de Deus é o centro mais doce das festas da Igreja, porque nos traz não apenas a libertação das enfermidades humanas, mas também a distribuição dos dons divinos.
A Natividade da Mãe de Deus é o verdadeiro coração das nossas festas, porque agora se revela a Porta pela Qual podemos retornar ao Pai das luzes. Agora é o início da salvação do mundo. A Natividade é o início, mas o fim não é a morte, antes a Ressurreição.
Quem não confessa que a Santíssima Virgem é a Theotokos encontra-se fora de Deus — esta é a verdade proferida pela primeira vez por São Gregório, o Teólogo.
O início da salvação dos séculos, nascendo agora, abre um novo livro na história da salvação — um livro no qual o próprio Salvador escreverá com a mão do Espírito Santo. A Porta pela Qual a Luz entra no mundo torna-se uma verdadeira fonte de vida.
A Natividade da Mãe de Deus é o cerne da festa dos santos, porque a história da Queda se interrompe por um instante — o momento em que começa a história da Natividade para a humanidade. Esperança, alegria, perdão e reconciliação tornam-se características cardeais da vida da Igreja.
Graças ao nosso nascimento, tornamo-nos colaboradores dos santos. Sem nascimento, ninguém pode construir relacionamentos com ninguém, e muito menos alcançar a Comunhão — isto é, entrar na Festa. Hoje, as pessoas dão à luz filhos, os monges dão à luz santos e os santos dão à luz festas.
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A Natividade da Mãe de Deus é o nascimento da Mãe. Quando dizemos "mãe", reconhecemos que nascemos. E embora ninguém se lembre do próprio nascimento, é bom não esquecer a sua mãe.Vivendo num mundo de nascimentos, o nascimento desta Mãe é a Natividade da Natividade.
A Natividade da Mãe de Deus é o penhor que a humanidade dá para a sua salvação. Sem esta Natividade, o próprio Verbo não teria aparecido, não nos teríamos compreendido, e o mundo não teria podido rezar: "Sobre a palavra que se esvai, / sobre o pesado corpo de mel, / sobre este mundo frio, / vem, brisa doce. // A Tua cálida oração vem/ como uma lágrima fraca, / Santa Mãe e Virgem / Santa, Santa, Santa //. Amém.
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