ENTREVISTA COM O SACERDOTE SPIRIDON CHASSE - PARTE 2
CHASSE Spiridon, Abouna
Pároco ortodoxo da Missão Ortodoxa dos Santos Cosme e Damião no RJ
Pároco ortodoxo da Missão Ortodoxa dos Santos Cosme e Damião no RJ
4) Fale-nos sobre sua experiência com os buscadores e interessados pela Ortodoxia. Como o senhor concebe o brasileiro que busca a Ortodoxia? Existe sincretismo ou busca pela essência de uma Tradição?
Entre os brasileiros, os buscadores e interessados na Ortodoxia são dos mais variados tipos. Tive contato com aqueles que, felizmente, buscam a essência da Tradição Apostólica, aprendendo com humildade e vivendo a fé da Igreja o melhor que podem e sempre buscando fazer mais, tanto na vida sacramental, espiritual (oração e jejum) e litúrgica, quanto servindo nos bastidores dos Serviços Divinos e dos trabalhos pastorais. Este grupo busca adiquirir o ethos da espiritualidade ortodoxa, desejando respirar e viver a experiência da profundidade mística da fé e dos Serviços Divinos. Estes são os que se deixam moldar pela graça de Deus e pela vida sacramental, conscientes de que o caminho da fé não é intelectual apenas, mas sobretudo um caminho de arrependimento e santificação. Mas, entre aqueles que buscam a Tradição, há também aqueles (minoria) que caminham à margem da espiritualidade ortodoxa e estudam a Ortodoxia com a perícia de algo acadêmico e estacionam em livros e fóruns de internet.
Igualmente, conheci aqueles que se aproximaram da Igreja por ressentimento de suas antigas lideranças religiosas [ou ainda de seus pais] e buscam aqui argumentos para debates superficiais de internet ou embates em família. O discurso na superfície é o de encontrar a Verdadeira Fé, mas seu zelo acaba se desviando do arrependimento e da oração, transformando a Ortodoxia em instrumento de polêmica em vez de caminho de cura espiritual.
Por fim, tenho descoberto aqui [na Missão] aqueles que não buscam a Ortodoxia, mas reduzem os Santos Mistérios da Igreja a meros ritos formais, buscando facilidades sem conversão de vida. São “católicos não praticantes” que foram acostumados a rejeitar o arrependimento e a buscar meios de validar seu vazio espiritual. A estes recebo aqui de braços abertos e os convido a se integrar verdadeiramente à Igreja Ortodoxa por meio do arrependimento e da conversão real (incluindo a preparação catequética) antes de realizar sacramentos (p.ex.: batismos). Na maioria das vezes, a caminhada se interrompe em frustração mútua antes mesmo de começar, mas sigo em oração para que o Espírito Santo os convença a retornar ao caminho da Verdade. Até agora, apenas um casal de noivos se comprometeu em trilhar este caminho de experiência espiritual correta, antes de se falar em sacramentos, para que a família [que gerarão] tenha propósito espiritual e não só formal.
Quanto ao sincretismo, existe sim. Em todos estes grupos, citados acima, o encontrei em menor ou maior medida. Contudo, no primeiro caso, a prática não passa de eventual tropeço em hábitos ocidentais – que também não são heréticos, mas apenas estranhos ao uso ortodoxo. Nestes casos, busco apontar o uso correto da Tradição Ortodoxa, mas sem julgamento ou acusações.
O que desencorajo mesmo é o uso do Terço Mariano. Não é herético em si, mas é uma prática estranha à espiritualidade ortodoxa, na qual a devoção central deve ser sempre Cristocêntrica, ainda que a Theotokos seja honrada acima de todos os santos. O cristão ortodoxo pode respeitá-lo, mas sua vida de oração deve estar enraizada nas formas próprias da Ortodoxia.
Especialmente aqui na Missão há aqueles que acendem velas na calçada em honra aos ibejis (erês), da Umbanda e das religiões de matriz africana e sincretizados com os Santos Cosme e Damião. Já me pediram para acendê-las dentro da Igreja [e, por isso, não corri ainda para instalar os velários], mas não permiti, obviamente. Este mesmo grupo busca aqui celebrações dedicadas a São Cosme e São Damião, mas sabemos que não é disso que se trata para eles. É uma época que me exige muito jogo de cintura e já tive problemas por conta disso.
Por isso, a insistência externa na diluição da Fé Ortodoxa ou sua concessão política em celebrações ecumênicas e inter-religiosas se torna para mim motivo de grande preocupação pastoral. Como dito por Santo Inácio de Antioquia: “A Igreja não julga os de fora, mas guarda zelosamente a pureza do seu Altar.”. E isso não é por desprezo ou preconceito com as outras crenças, mas por fidelidade à nossa própria identidade e doutrina recebida dos Santos Apóstolos.
A coexistência respeitosa entre religiões é necessária e desejável, especialmente em uma sociedade pluralista como a nossa. No entanto, o respeito mútuo não exige misturar aquilo que, pela sua natureza, é distinto. O amor cristão nunca nos leva a negar ou relativizar a fé que professamos e misturar orações, ritos ou doutrinas distintas pode gerar confusão espiritual e comprometer a integridade da fé que nos foi confiada.
Sendo assim, sempre busco esclarecer aos buscadores que a Ortodoxia não compartilha orações ou Liturgias com outras religiões, mesmo quando há amizade e diálogo. Nossa fé se expressa exclusivamente no culto ao Deus TriUno [Pai, Filho e Espírito Santo], e em nenhum momento ela é diluída para se tornar mais “aceitável” ou “abrangente”.
Então, participar de atos religiosos de outras tradições ou permitir que práticas externas se misturem ao nosso culto cristão não é sinal de respeito, mas fonte de confusão espiritual e enfraquecimento da identidade cristã ortodoxa. Acredito que o verdadeiro diálogo se dá na escuta, no testemunho coerente e no amor desinteressado, nunca na diluição da fé.
5) A veneração dos Santos Cosme e Damião no povo brasileiro é bastante forte e sólida. Como o senhor concebe uma "veneração ortodoxa"? Podemos distribuir docinhos nesta Festa e por quê?
A veneração dos Santos Anárgiros Cosme e Damião – e outras figuras projetadas neles – é de fato muito forte no Brasil, especialmente no dia 27 de setembro. Porém, este não é o dia litúrgico da Igreja Ortodoxa, que os comemora em 1° de novembro, e na tradição da Igreja, a veneração não se reduz a gestos de simpatia ou a práticas externas, mas está enraizada na vida litúrgica e sacramental. Isto porque venerar os santos significa unir-se ao testemunho deles, imitá-los em sua fé e participar da mesma graça de Cristo que os santificou.
Assim, a veneração ortodoxa se expressa principalmente na celebração da Divina Liturgia em sua memória, na oração diante de seus ícones, no pedido de sua intercessão, no canto dos hinos próprios da festa e na busca de imitar sua vida de desapego, generosidade e fidelidade ao Evangelho. O coração da festa é e sempre será a comunhão com Cristo na Eucaristia, pois é nela que nos unimos à Igreja inteira, triunfante e militante, e também aos santos.
Sobre os docinhos, até podem ser distribuídos, mas desde que estejam dentro do contexto adequado: não como substitutos da veneração, mas como expressão de fraternidade, ágape e alegria comunitária. Não são parte do culto ortodoxo, mas podem ser um gesto de partilha e hospitalidade cristã, especialmente com as crianças. Afinal, a verdadeira doçura da festa é a graça de Deus comunicada pelos santos e os doces são apenas uma representação dessa alegria espiritual.
Entretanto, enquanto ainda estamos lançando os fundamentos de uma vivência de fé puramente ortodoxa, prefiro não fazer nenhuma distribuição de doces na paróquia este ano. O caminho mais sábio é, primeiro, consolidar as bases de uma cultura espiritual ortodoxa bem firmada e dissociada de práticas heterodoxas e sincréticas; só então poderemos discernir, com serenidade, quais elementos culturais locais podem ser assumidos e ressignificados de forma cristã ortodoxa e quais é mais prudente abolir.
6) Que sugestão o senhor daria para que a missão da Igreja Ortodoxa no Brasil como um todo (a nível pan-ortodoxo mesmo) fosse mais corajosa e ativa?
Acredito que a missão da Igreja Ortodoxa precisa se sustentar em duas colunas fundamentais: vida espiritual e litúrgica sólida e coragem pastoral firme. Sem essas duas coisas, tudo o mais se fragiliza pela perda de significado. Esse ensinamento me foi transmitido pelo meu pai espiritual e bispo, Dom Theodore El Ghandour.
Assim, da minha perspectiva, creio que que a missão ser mais corajosa e ativa se refere à sua vida espiritual, já que a vocação de qualquer missão da Igreja Ortodoxa é sobrenatural e, para alcançar este estado, cada comunidade, conduzida por seu sacerdote, deve, antes de tudo, participar plenamente nos Serviços Divinos e na oração litúrgica, como ensina o Santo Apóstolo Paulo. Quanto mais orante e espiritualmente viva for a missão, mais frutífera ela será em ação e testemunho. As pessoas estão famintas e sedentas do Deus Verdadeiro, tateando cegas na escuridão deste mundo de trevas em busca de alimento espiritual, e a Igreja é o farol sagrado que irradia a Luz Incriada nos Serviços Divinos, conduzindo toda a Terra à mesa espiritual do altar, para que, purificadas pelo arrependimento e fortalecidas pela graça, se fartem da verdadeira Vida.
O segundo ponto é justamente a coragem: não ceder um palmo sequer na Ortodoxia para agradar paladares ou para fazer política. Esse peso recai sobretudo nos ombros do sacerdote, que – muitas vezes – se perde em questões administrativas e nas necessidades materiais da paróquia, esquecendo que a administração é apenas uma ferramenta, não o objetivo da missão. A missão, para ser bem-sucedida, não depende de abundância de recursos nem de envolvimento na vida política da sociedade civil; depende de uma comunidade rica em bens e práticas espirituais, unida em oração litúrgica e nos sacramentos, buscando o Reino de Deus antes de qualquer coisa, confiando que Ele proverá o necessário (através dos próprios fiéis comprometidos) e fortalecendo-se pela graça do Espírito Santo para perseverar fielmente diante de todas as pressões do mundo.
Quanto à coragem de não se tornar um “deputado de anterí” e deixar a missão se reduzir a um espaço sócio-político, o padre responsável por ela deve ter os bens espirituais como prioridade absoluta, mesmo diante de riscos, pois aquele cuja vida é semeada de oração, sustentada pelos Serviços Divinos e pela graça do Espírito Santo, servirá para que as almas encontrem a plenitude e a salvação em Cristo. Digo isso porque é da oração, da vida litúrgica e da comunhão da comunidade com Deus que emanarão todas as virtudes da Missão, e não o contrário. A própria vida litúrgica da Igreja mostrará ao mundo o poder de atração da realidade e a capacidade transformadora da graça. Assim, os trabalhos pastorais, mesmo junto aos mais necessitados e doentes, devem refletir a vida espiritual da comunidade e ser canais concretos da graça de Deus, e não estratégias de marketing religioso.
E tenho sido muito feliz sob a orientação do meu bispo (Dom Theodore) que, desde os primeiros preparativos à reativação da Missão, me apontou justamente este tipo de atuação pastoral: espiritual, viva, pura e honesta. Os ensinamentos do Sayidna Theodore me lembram muito as palavras de Santo Efraim, o Sírio: “Assim como a chuva nutre e cultiva sementes, os serviços da Igreja fortalecem a alma de virtudes”. Logo, se a Missão tiver uma vida de comunhão no Espírito Santo, em oração constante e se alimentando frequentemente dos Serviços Divinos, estará bem (corajosa e ativa).
Ainda quanto à importância da vida espiritual da Missão, segue-se que a vida de oração do sacerdote é parte essencial disso, e sua comunhão com Deus não é apenas sua obrigação primária para com a Igreja, mas a condição indispensável para que seu trabalho seja fecundo. E isso não é mérito do padre, mas unicamente de Cristo, sem o qual não podemos fazer bem algum. Assim, servindo com total entrega e confiando na condução do Espírito Santo para que Deus conduza os fiéis à eternidade, a comunidade se torna representante da paz divina numa sociedade confusa; mas isso será impossível se a Missão não cultivar o hábito de se voltar às profundezas do espírito, nutrindo-se da vida litúrgica, sacramental e da presença viva de Deus entre os fiéis.
Óbvio que não pretendo romantizar a questão, pois as contas chegam, as necessidades surgem com uma etiqueta de preço, alguém armado – querendo papéis que não darei - entra para conversar, e assim por diante. Certamente isso entristece a mim e aos fiéis, mas, ainda assim, estaremos bem se mantivermos a fidelidade a Cristo e à Igreja. O que jamais posso permitir – e é preciso ser atento e diligente para isso não acontecer – é que eu esteja em dia com minhas aptidões intelectuais e sociais, mas ser tomado de tal forma pelas questões materiais que elas se tornem um empecilho à experiência mística da vida litúrgica e sacramental (minha e da Missão). Isso sim acabaria mal!
Assim, mantendo os pés no chão e a mente e o coração no Reino dos Céus, acredito que a Missão estará preparada para ser um serviço de Deus e apta a aguentar firme pelo tempo que Nosso Senhor a julgar útil. Contudo, também não precisamos ser mais do que realmente somos para nos pôr à serviço, com fraquezas e tudo. A graça nos bastará e nos aperfeiçoará.
Assim, considerando a missão da Igreja em atuar no plano de salvação de Deus para a humanidade, posso dizer que, mesmo diante de perseguições, desgostos, dificuldades, das nossas limitações e medos, mas também das alegrias, comunhão com a Igreja de Cristo, ministração correta dos Santos Mistérios etc., se uma única pessoa for convertida ou se reaproxime de Deus através da Missão, por amor de Cristo, mesmo que isso custe a minha vida, para a glória de Deus, valerá a pena. Missão cumprida!
Já para permanecer bem e firme durante este caminho, Deus nos disponibilizou um sábio ensinamento de Evágrio Pôntico, que nos diz: “Comporta-te com coragem e ora com força: manda para longe de ti todas as preocupações e reflexões que te assaltarem. Reza para não te deixares tomar pela inquietação e para não veres esvair-se o teu vigor.”. Com o resto, confiamos na providência divina.
7) Ousamos pedir alguns conselhos e sugestões àqueles que estão se aproximando da Ortodoxia no Brasil.
Ao aproximar-se da Ortodoxia, o primeiro conselho que posso oferecer é: busque a autenticidade da fé antes de qualquer aparência ou formalidade. A Ortodoxia não é apenas um conjunto de ritos bonitos nem uma prática social; é uma vida de comunhão com Cristo, vivida em fidelidade à Tradição Apostólica, nutrida pelos sacramentos e pela oração da Igreja, e iluminada pelo Espírito Santo na comunhão com toda a comunidade de fiéis.
Já disse e escrevi isso em outras ocasiões, mas é importante lembrar que na Ortodoxia, somos chamados à profundidade da luz incognoscível do Criador, para entrarmos em contato direto com Aquele que, sendo supra essencial e inalcançável, se fez carne e se permite acessar pela criatura, por amor; que sendo fogo abrasador (Deuteronômio 4:24), não se apressa em condenar, mas se faz suave e se permite tocar sem consumir o pecador, tornando-o puro e divinizando sua alma.
A teologia da Igreja Ortodoxa é orante e viva, estando revestida dos atributos do próprio Cristo, que age por meio dela. Portanto, mesmo na execução das coisas piedosas é importante ao cristão ortodoxo estar vigilante e em constante estado de oração para combater e afugentar a Satanás e seus anjos. Isso porque, desde o início, os demônios trabalham para corromper todas as coisas, até as santas práticas, para nos levar à morte espiritual por meio de seus enganos.
Quando não se está em oração, o pai da mentira desvia a atenção do homem bem motivado da verdadeira teologia – de natureza mística –, o atrai à vaidade do enaltecimento de seu intelecto, o retira da intimidade com o Deus Vivo [que só existe pelos Serviços Divinos, pelos Santos Mistérios e pela orientação de um pai espiritual], o torna devoto de um deus de papel e adorador do próprio ego. Por fim, tem-se um vaso robusto, revestido com os nomes dos mais conceituados doutores e Padres da Igreja, com boa homilética, mas vazio da graça de Deus. Nessas condições, se é tudo, menos um ortodoxo.
Assim, é fundamental que o buscador esteja disposto a aprender com humildade, a ouvir os ensinamentos do sacerdote e, sobretudo, a colocar a vida sacramental e espiritual em primeiro lugar. Isso significa participar dos Serviços Divinos com regularidade, rezar, jejuar, estudar a doutrina ortodoxa e, acima de tudo, cultivar uma vida interior em arrependimento sincero e amor a Deus.
Nosso Deus não é um deus de filósofos, rendido ao intelecto. Ele é o Deus Vivo que se revela aos que o adoram em Espírito e Verdade. Deus não se revela pelo estudo acadêmico, como prega a teologia ocidental, mas se revela por Si mesmo a nós pela mística da oração e do Santos Mistérios (Sacramentos). Por tanto, conectando-se com Deus (ordinariamente pela oração e extraordinariamente pelos Sacramentos) e Ele mesmo transmite tudo o que precisamos saber e compreender. Estudar a fé ortodoxa, através da leitura dos Santos Padres e ensinamentos da Igreja é bom e indispensável, mas isso só tem sentido quando aplicado à mente do fiel que tenha adquirido o ethos ortodoxo.
Esclarecido isso, fica evidente que a oração, na espiritualidade da Igreja Ortodoxa, tem papel transcendental na vida do fiel e – sendo diálogo e comunhão – não pode acontecer por ação unilateral humana, como pensam os oradores ocidentais que se dirigem superficialmente a Deus, como a um ouvinte de seus discursos.
No mais, evite a tentação de adaptar a Ortodoxia a hábitos externos ou sincretismos que podem confundir e diluir a fé. Respeitar outras tradições é necessário, mas misturá-las à vida litúrgica da Igreja compromete a experiência sacramental e mística que a Ortodoxia oferece. A fé ortodoxa se manifesta plenamente na Eucaristia, na oração diante dos ícones e na imitação da vida dos santos; é nesses gestos que a graça divina transforma o coração e conduz à verdadeira santificação.
Por fim, sejam pacientes e perseverantes. A experiência da Ortodoxia não é imediata nem sensacionalista. Ela exige disciplina, constância, abertura ao Espírito Santo e a coragem de se manter firme mesmo diante das dificuldades, que são muitas. A recompensa não está na prática externa, mas na comunhão profunda com Deus, na participação na vida da Igreja e na transformação interior que somente Ele pode operar, em nós e através de nós, para a glória do Seu Nome.
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