NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS: A MENTE DE CRISTO
ZACHAROU Zacarias, Arquimandrita
tradução de monja Rebeca (Pereira)
O homem regenerado tem outra mente, ‘a mente de Cristo’[1], outro entendimento, ‘aquele que está em Cristo Jesus’[2], outro coração, no qual ‘Cristo habita pela fé’.[3] Ele se torna semelhante a Cristo e cumpre seu propósito.
O homem adquire a ‘mente de Cristo’, o que significa que ele conhece o plano de Deus que Ele tem para cada alma e tem um anseio inspirado de se tornar um cooperador de Deus na grandiosa obra da regeneração divina. Ele se sente honrado e beneficiado porque seu Criador o visita desde a aurora até a manhã seguinte e da manhã seguinte até a noite seguinte.[4] Dessa perspectiva, vê o propósito de cada homem e, por essa razão, não ousa jamais prejudicar ‘um destes pequeninos’[5], um de seus irmãos que têm um destino comum com ele.
Assim como Cristo carregou em Si todas as gerações da humanidade, orou por todos com suor como gotas de sangue no Getsêmani, sofreu, foi crucificado e ressuscitou pela salvação do mundo inteiro, ascendendo aos céus para interceder por todos os Adãos, assim também o homem que renasce espiritualmente ama a Deus de todo o coração e ora pela salvação de todos como pela sua própria salvação. Assim como Cristo Se tornou o Novo Adão, em cuja Pessoa foram recapituladas todas as coisas, assim também aquele que é regenerado se torna como outro Adão, outro centro da criação, que ele traz diante de Deus em sua oração de súplica. Tal homem é incapaz de fazer outra coisa senão honrar seu semelhante.
Dissemos que o homem que nasce do espírito adquire o entendimento "que está em Cristo Jesus". Como explica o apóstolo Paulo, esse entendimento se manifesta em uma competição santa entre os fiéis: quem se humilhará mais diante do outro, sacrificando sua vontade pelo outro, e quem honrará e amará o outro mais do que a si mesmo?[6] Em essência, essas são as características definidoras da humildade e do amor que Cristo manifestou quando veio à Terra ‘não para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em resgate por muitos’[7]. Essas características são transmitidas como virtudes aos fiéis por meio de Seu nascimento do Evangelho do ‘Pai do mundo vindouro’[8], o ‘Autor e consumador’[9] de sua salvação, Jesus Cristo.
Fundamentados em tal entendimento e princípios de vida, os relacionamentos dos filhos de Deus tornam-se semelhantes aos do paraíso, mesmo durante esta vida na terra.
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[1] 1 Co 1:16.
[2] Fp 2:5.
[3] Veja Ef 3:17.
[4] Job 7:18.
[5] Mc 9:42.
[6] Veja Fp 2:2-4, 1 Co 10:24.
[7] Mt 20:28, Mc 10:45.
[8] Is 9:5 (LXX).
[9] Hb 12:2.
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