Criando-os corretamente - Conselhos sobre a formação de crianças (parte 3)
SÃO TEÓFANO, O RECLUSO
Passamos
agora a nalisar e ver quando é que esses pensamentos de auto-satisfaçao
ocorrem. Quando um homem está em uma condição calma, quando nada o está
perturbando, nada o está logrando ou conduzindo-o ao pecado, então ele está
pronto para todo tipo de vida santa e pura. Mas assim que o movimento de uma
paixão ou uma tentação chega, onde estão todas as promessas? Um homem não diz
com freqüência, a si próprio, quando conduz uma vida desregrada: "Daqui em
diante eu não farei mais isso?" Mas logo que as paixões se tornem
novamente sedentas, um novo impulso se levanta, e de novo ele se acha nos
pecados!
O Pântano: Confiar em Si Própio
É ótimo refletir sobre o suportar
ofensas quando tudo está indo de acordo com nossa vontade, e não contra nosso
amor próprio. De fato, nesse caso seria muito estranho ter-se um sentimento de
ofensa ou de ira, como os sentimentos aos quais costumam se entregar os outros.
Mas encontremo-nos na condição oposta, e então um simples olhar..., nem mesmo
uma palavra é necessária..., tira-nos completamente de nós próprios,
transtornando-nos completamente!
Então, tu bem podes sonhar, confiando
em ti próprio, em como levar uma vida Cristã sem nenhum auxílio do alto...
enquanto tua alma estiver calma. Mas quando o mal que jaz nas profundezas do
coração é levantado como poeira pelo vento, então em tua própria experiência tu
encontrarás a condenação de tua própria presunção.
Quando pensamento após pensamento,
desejo após desejo, um pior do que o outro, começam a perturbar a alma, então
todo mundo esquece de si próprio e, involuntariamente, grita com o profeta:
.".. as águas entraram até a minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal
onde não se pode estar em pé. Entrei na profundeza das águas onde a corrente me
leva" (Sl. 69:1-2). "Oh! Salva-nos, Senhor, nós Te pedimos; ó Senhor,
nós Te pedimos, prospera" (Sl. 118:25).
Freqüentemente acontece da seguinte
maneira: Alguém sonha em permanecer no bem, confiando em si próprio, porém um
rosto ou uma coisa vêm à imaginação. O desejo nasce, a paixão se levanta; o
homem é atraído e cai. Depois disso, precisaria somente olhar para si próprio e
dizer: Como foi ruim! Mas, a seguir, surge uma oportunidade para distração, e
de novo esse homem está pronto para esquecer-se.
De novo, alguém te ofendeu, começa
uma batalha, há recriminações e julgamentos. Algum meio injusto, mas
conveniente de olhar para a situação, apresenta-se à tua mente. Tu aceita-o. Tu
diminuis alguém, espalha a versão falsa para outros, confunde um outro. Depois
de tudo isso tu te gabas da possibilidade de levar uma vida santa por conta
própria, sem auxílio especial do alto. Onde estava tua força então? ."..
na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mt.:26,41). Tu
vês o bem e fazes o mal: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que
não quero, esse faço" (Rm. 7:19). Estamos em cativeiro. Liberta-nos, ó Senhor!
Um dos primeiros estratagemas do
inimigo, contra nós, é a idéia de confiarmos em nós próprios: isso é, se não
renunciando-a, pelo menos não sentindo a necessidade do auxílio da graça. O
inimigo nos diz: "Não ide para luz onde querem vos dar uma espécie de
novos poderes. Vós já sois bons como sois!" O homem permite-se confiar
nesse conselho e despreocupa-se. Ao mesmo tempo, o inimigo está jogando uma
pedra (alguma coisa desagradável) em alguns. Em outros, está encaminhando para
um lugar escorregadio (o logro das paixões); para outros ainda ele está
cobrindo com flores um nariz fechado (boas condições enganosas). Sem olhar em
torno, o homem empenha-se em ir mais e mais adiante. Não percebe que está se
afundando cada vez mais, até que, finalmente, chega às grandes profundezas do
mal, ao limiar do próprio inferno. Não deveria alguém, nesse caso, gritar para
ele como para o primeiro Adão: "Homem, onde está tu? aonde foste?"
Este grito é a ação da graça, a qual compele um pecador a olhar para si próprio
pela primeira vez.
Por isso, se tu desejas começar a
viver de modo Cristão, busca a graça. No minuto em que a graça desce e junta-se
à tua vontade é o minuto em que a vida Cristã nasceu em ti: poderosa, firme e
enormemente frutuosa.
Onde e como obter e receber a graça
que dá o início da vida? A aquisição de graça e a santificação de nossa
natureza por seu meio é realizada nos mistérios. Neles, nós nos oferecemos à
ação de Deus, ou apresentamos a Deus nossa própria natureza sem valor. Ele, por
sua ação, transforma-a. Foi agradável a Deus, de maneira a derrubar nossa mente
orgulhosa, no início dessa verdadeira vida, esconder seu poder debaixo da
cobertura de simples materialidade. Como isso acontece, não compreendemos, mas
a experiência de todo Cristianismo testemunha que isso não acontece de outra
maneira.
Os mistérios que, primariamente, se
referem ao começo da vida Cristã são o batismo e o arrependimento. Portanto, as
regras que dizem respeito ao começo de vida de um modo verdadeiramente Cristão,
são expostas primeiro sob o título de batismo, e então sob o arrependimento.
Como a Vida Cristã Começa no Sacramento do Batismo
Batismo é o primeiro mistério
(sacramento) do Cristianismo. Ele torna um homem Cristão digno de lhe serem
concedidos os dons da graça, também através de outros mistérios. Sem o batismo
não se pode entrar no mundo Cristão e tornar-se um membro da Igreja. A
sabedoria pré-eterna fez-se uma casa na terra, e a porta de entrada nessa casa
é o mistério do batismo. Através dessa porta, as pessoas não só entram na casa
de Deus mas, nela, também são vestidas com uma túnica digna desse batismo.
Recebem um novo nome e um sinal que é impresso em todo o ser daqueles que estão
sendo batizados, por meio do qual, mais tarde, tanto os seres celestes quanto
os terrestres, os reconhecerão e os distinguirão.
"Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é" (II Co. 5:17), ensina o Apóstolo! Esta nova
criatura torna-se Cristã no batismo. Das fontes batismais emergem homens
completamente diferentes do que entraram. Como a luz é para as trevas, como a
vida é para a morte, assim é o homem batizado oposto ao homem não batizado.
Concebido em iniqüidades, nascido em
pecado, um homem, antes do batismo, carrega em si próprio todo o veneno do
pecado, com todo o peso de suas conseqüências. Ele está em posição de desfavor
de Deus, e é por natureza um filho da ira. Está arruinado, desordenado em si
mesmo em relação às suas partes e forças que estão dirigidas, principalmente,
para a multiplicação do pecado. Está em sujeição à influência de Satã, que age
sobre ele com poder, por conta do pecado que nele habita. Como resultado de
tudo isso, depois da morte ele é sem falha a criança do inferno, onde deve ser
atormentado junto com seu príncipe e seus auxiliares e servos.
O batismo nos livra de todos esses males.
Ele tira a maldição pelo poder da Cruz de Cristo e devolve as bênçãos. Aqueles
que são batizados são as crianças de Deus, como o Senhor, Ele próprio, deu a
elas o direito de ser: E, se nós somos filhos, somos herdeiros também,
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo" (Rm. 8:17).
Todos esses são privilégios e dons
espirituais externos. Mas o que acontece internamente? A cura da aflição e
injúria do pecado. O poder da graça penetra no interno do ser e lá restaura a
ordem divina em toda a sua beleza. Ela trata da desordem na estrutura e
relacionamento das forças e partes, assim como muda a principal orientação do
ser para si próprio em orientação para Deus, para agradar a Deus aumentando os
bons atos desse ser.
Assim, o batismo é um renascimento ou
um novo nascimento que coloca o homem em uma condição renovada. O apóstolo
Paulo compara todos os batizados com o Salvador ressuscitado, dando-nos a
compreensão que eles também têm a mesma natureza radiosa em sua renovação, como
teve a natureza humana de nosso Senhor Jesus Cristo, através de Sua
ressurreição em glória (Rm. 6:4).
Como a orientação de atividade numa
pessoa batizada é modificada, pode ser constatada nas palavras do mesmo
apóstolo, que diz, em outra passagem, que eles já "não vivam mais para si,
mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (II Co. 5:15). Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez, morreu para o pecado, mas, quanto a viver,
vive para Deus" (Rm. 6:10) "... fomos sepultados com Ele pelo batismo
na morte" (Rm. 6:4) "... que o nosso homem velho foi com Ele
crucificado, para que o corpo de pecado seja desfeito, para que não sirvamos
mais ao pecado" (Rm. 6:6).
Assim, a atividade completa de uma
pessoa pelo poder do batismo, é desviada de si própria e do pecado para Deus e
a justiça.
São remarcáveis as palavras do
Apóstolo: "...para que não sirvamos mais ao pecado" (Rm. 6:6), bem
como suas outras palavras: "Porque o pecado não terá domínio sobre
vós" (Rm. 6:14). Isso nos dá o entendimento que o poder que, em nossa natureza
desordenada e decaída, nos dirige para o pecado, não é inteiramente exterminado
no batismo, mas é colocado em uma condição na qual não tem poder sobre nós, não
tem domínio sobre nós e nós não o servimos. Mas ele ainda está em nós, vive e
age, só não como nosso mestre e senhor. A primazia daí em diante pertence à
graça de Deus e à alma que, conscientemente, dá-se a ela.
São Diadoque, explicando o poder do
batismo, diz que, antes do batismo, o pecado habita no coração e a graça age de
fora, mas, após o batismo, a graça assenta-se no coração e o pecado nos atrai
de fora. Ele é banido do coração como um inimigo de uma fortaleza e instala-se
externamente em partes do nosso corpo, de onde age por meio de ataques em um
estado fragmentado. É por isso que existe um tentador constante, um sedutor,
mas não mais um mestre; ele perturba e alarma, mas não comanda (Philokalia,
parte 4).
Assim, a nova vida nasceu no batismo!
Agora, nossa atenção será dirigida a
analisar como a vida Cristã começa através do batismo naqueles que foram
batizados em criança e como isso ocorre. Nesse caso, o começo da vida Cristã é
posto em ordem de maneira especial, que decorre do relacionamento da graça com
a liberdade.
Tu já sabes que a graça desce sobre o
livre desejo e busca, e que, somente por mútua cooperação desses dois
elementos, é que é iniciada a nova vida de graça concedida, que vai de acordo
tanto com a graça quanto com a natureza da pessoa livre. O Senhor doa graça
livremente. Contudo, ele pede que um homem a procure e receba-a com desejo,
dedicando-se inteiramente a Deus.
O preenchimento dessa condição no
arrependimento e no batismo de adultos é claro. Mas como é o preenchimento
dessa condição no batismo de crianças? Uma criança não tem o uso da razão e
liberdade. Conseqüentemente, ela não pode preencher, para o início da vida
Cristã, por sua conta, o desejo de se dedicar a Deus. No entanto, essa condição
deve ser absolutamente preenchida. O modo particular pelo qual a vida (cristã)
começa no caso de batismo de crianças depende de como essa condição é preenchida.
A graça desce sobre a alma de uma
criança e nela produz exatamente os mesmos resultados, como se sua liberdade
tivesse tido participação nisso, mas, sob a condição de que, no futuro, a
criança que, então não estava cônscia de si própria e por isso não agiu
pessoalmente, quando chegar à consciência, deseje voluntariamente dedicar-se a
Deus, receba por sua própria vontade a graça que tem se mostrado em atividade
nela, alegre-se que isso exista, agradeça que tal tenha sido feito para ela, e
confesse que se, no momento de seu batismo, tivesse recebido entendimento e
liberdade, não teria agido de outra maneira e não teria desejado outra coisa.
Para o bem dessa futura livre
dedicação de si própria a Deus, e a vinda conjunta de liberdade e graça, a
graça divina dá à criança tudo e, mesmo sem a participação dela, produz nela
tudo que é natural para a graça produzir, com a promessa que o desejo essencial
e sua auto-dedicação a Deus será feita sem falha. Esta é a promessa que os padrinhos
fazem, quando eles declaram a Deus diante da Igreja que essa criança, quando
chegar à consciência, mostrará precisamente aquele uso da liberdade que é
demandado para se obter graça, tomando sobre si próprios a obrigação de fato,
de trazer para esse estado a criança de quem são padrinhos.
Assim, através do batismo, a semente
da vida em Cristo é colocada na criança e passa nela a existir. Está lá, apesar
de parecer não existir: age como uma força educativa na criança. Vida
espiritual, concedida pela graça do batismo, na criança, torna-se propriedade
do homem e é manifestada em sua forma completa em concordância não só com a
graça, mas, também, com o caráter da criatura racional a partir de quando, essa
criatura, atingindo a consciência, dedique-se por sua própria vontade a Deus e
aproprie-se do poder da graça que está em si, recebendo-a com desejo, alegria e
gratidão. Até esse momento (anterior à consciência), a verdadeira vida Cristã
está ativa na criança, mas como se não fosse do seu conhecimento, age nela mas
como se ainda não lhe pertencesse. A partir do minuto de sua consciência e
escolha, torna-se sua, não só pela graça mas, também, pela liberdade.
Por causa desse intervalo mais
prolongado, ou menos entre o batismo e a dedicação de alguém a Deus, o início
da vida Cristã, através da graça do batismo na criança, é alargado, por assim
dizer, em um período indefinido de tempo, durante o qual a criança amadurece e
é formada como um cristão na Santa Igreja no meio de outros cristãos, como foi
formada, corporeamente, no ventre de sua mãe.
Medite, ó leitor, um pouco mais sobre
esse ponto. Para nós será absolutamente necessário definir como pais, padrinhos
e educadores devem se comportar em relação à criança batizada, que lhes é
confiada pela Santa Igreja do Senhor.
É mais do que óbvio que, após o
batismo da criança, uma questão muito importante coloca-se diante dos pais e
padrinhos: Como conduzir o batizado de modo a que, quando atinja a consciência,
venha a reconhecer as forças doadoras de graça internas a ele, aceitando-as com
um desejo alegre, junto com as obrigações e modo de vida que elas exigem? Essa
questão coloca-nos face a face com o modo Cristão de educação de crianças, ou
com a educação que está de acordo com as demandas da graça do batismo, e que tem
como objetivo a preservação dessa graça.
De maneira a deixar claro como se
deve agir em relação a uma criança batizada, com esses objetivos em mente,
devemos lembrar a idéia acima mencionada: a graça recobre o coração e nele
habita quando há nesse coração um movimento de afastar-se do pecado e virar-se
para Deus. Se essa atitude é manifestada em atos, passam a ser concedidos todos
os outros dons da graça e todas as características de alguém que esteja
habitando na graça: o favor de Deus, a co-herança com Cristo, o permanecer fora
da esfera de Satã, fora do risco de ser condenado ao inferno. Assim que esta
atitude da mente e do coração diminui ou é perdida, imediatamente, o pecado
começa de novo a possuir o coração, e, através do pecado, as amarras de Satã são
postas sobre o indivíduo, e o favor de Deus e a co-herança com Cristo são-lhe
retiradas. A graça numa criança enfraquece e sufoca o pecado, mas este pode de
novo voltar à vida e crescer, se lhe são dados alimentos e liberdade.
Por isso, a atenção total daqueles
que têm a obrigação de preservar íntegra a criança cristã, que foi recebida da
fonte batismal, deve ser dirigida à não permissão do pecado, sob qualquer
forma, tomar possessão novamente dessa criança, esmagando o pecado e tornando-o
impotente por todos os meios, despertando e fortalecendo a orientação da
criança para Deus. Deve-se agir de modo que esta atitude no cristão, em
crescimento, venha a crescer por si própria, ainda que sob a orientação de
alguém, e que venha a ficar mais e mais habituado a prevalecer sobre o pecado,
dominando-o pela certeza de agradar a Deus, e cresça acostumado a exercitar
seus poderes de espírito e corpo de modo a que venham a trabalhar não para o
pecado mas para o serviço de Deus.
Que isso é possível é evidente pelo
fato que aquele que nasceu e foi batizado é inteiramente uma semente do futuro,
ou um campo cheio de sementes. A nova atitude regada nele pela graça do batismo
não é algo só pensado e imaginado, mas é algo real, isto é, também uma semente
de vida.
O ponto para o qual tudo nesse
processo deveria ser dirigido é o seguinte: que esse homem novo, quando chegar
à consciência, possa reconhecer-se não somente como um homem racional e livre,
mas, ao mesmo tempo, como uma pessoa que entrou em obrigação para com o Senhor,
com Quem seu fardo eterno está unido inseparavelmente. Que ele não venha
somente reconhecer-se como tal, mas também se descubra capaz de agir de acordo
com essa obrigação e que venha a enxergar que sua atração proeminente é essa.
A questão que se levanta é: como isso
pode ser conseguido? Como se deveria agir em relação a uma criança batizada de
maneira que ela, vindo a atingir a idade própria, não deseje outra coisa do que
ser um verdadeiro cristão? Em outras palavras, como criar essa criança de
maneira cristã?
Para responder a essas perguntas não
nos propomos a examinar tudo em detalhe. Limitar-nos-emos a uma análise geral
do assunto "criação cristã," tendo em mente mostrar como, em todas as
circunstâncias, apoiar e reforçar o lado bom na criança e como tornar sem força
e esmagar o que é ruim.
Nesse ponto, antes de tudo, nossa
atenção deveria ser dirigida para a criança no berço, antes que qualquer
capacidade tenha despertado nela. A criança está viva; conseqüentemente,
pode-se influenciar sua vida. Deve-se pensar, aqui, na influência dos Santos
Mistérios, e, com eles, no conjunto completo da vida de acordo com a Igreja, e,
ao mesmo tempo, na fé e piedade dos pais. Tudo isso junto constitui uma
atmosfera salvadora em torno da criança. Por isso a vida de graça que foi
concebida na criança é instilada misticamente.
A comunhão freqüente dos Santos
Mistérios de Cristo (dever-se-ia acrescentar, tão freqüente quanto possível)
junta esse novo membro ao Senhor da maneira mais viva e ativa através de seus
puríssimos Corpo e Sangue. Santifica esse novo membro, dá-lhe paz interior e
torna-o inacessível aos poderes das trevas. As pessoas que seguem esse conselho
notam que, nos dias em que a criança recebe a Santa Eucaristia, ela é imersa em
uma calma profunda sem movimentos fortes de todas suas necessidades naturais,
mesmo daquelas que são sentidas mais fortemente em crianças. Às vezes, a
criança é preenchida com alegria e um estado de espírito no qual ela está
pronta a abraçar a cada um de todos, como se fossem seus próprios.
Freqüentemente a Sagrada Comunhão é
acompanhada também por milagres. Santo André de Creta, em sua infância, não
falou por longo tempo. Quando seus pais, pesarosos, voltaram-se para a oração e
para a recepção da graça, durante a comunhão, o Senhor, por sua graça, soltou
as amarras de sua língua, que, mais tarde, deu de beber à Igreja correntes de
eloqüência e sabedoria.. Um médico, por sua própria observação, testemunha que,
na maioria dos casos de doenças, muito raramente tem necessidade de usar
qualquer tipo de ajuda médica.
Uma influência muito grande é
exercida sobre a criança ao levá-la à Igreja com freqüência, fazendo-a beijar a
Santa Cruz, o Evangeliário, os Ícones, cobrindo as meninas com os véus. Da
mesma forma, em casa, colocando-a freqüentemente em frente aos Ícones,
fazendo-se sempre o sinal da cruz nela, aspergindo-a com água benta,
queimando-se incenso, fazendo-se o sinal da cruz sobre o berço, sobre a camisa,
e em tudo o mais ligado a ela, a bênção de um padre e levar Ícones da Igreja
para casa. Os ofícios, e tudo o mais da Igreja, de maneira maravilhosa, aquecem
e nutrem a vida de graça na criança e é sempre a mais segura e impenetrável
proteção contra os ataques dos poderes invisíveis das trevas, que em todos os
lugares estão prontos para penetrar na alma em desenvolvimento, para infectá-la
com sua atividade.
Por detrás dessa proteção visível
existe outra invisível: O anjo da guarda colocado pelo Senhor, para proteger a
criança, desde o primeiro segundo do seu batismo. O anjo vigia-a e, por sua
presença invisível, influencia-a. Quando necessário, inspira os pais a saber o
que precisam fazer para uma criança que está em perigo.
Todas essas fortes proteções e suas
inspirações poderosas e ativas podem ser dissolvidas e tornadas infrutíferas
por descrença, descuido, impiedade e má vida dos pais. Isso ocorre quando os
meios, aqui mencionados, não são usados, ou são usados de maneira imprópria; a
influência interna dos pais sobre a criança é especialmente importante. É verdade
que Deus é misericordioso para com os inocentes, mas existe um laço que não
conseguimos entender entre as almas dos pais e a alma da criança. Não podemos
definir a extensão da influência dos primeiros sobre esta.
Ao mesmo tempo, quando os pais exercem má influência, em alguma extensão, Deus ainda tem pela criança misericórdia e condescendência. Algumas vezes ocorre que essa concessão divina cessa. Então, as causas que haviam sido preparadas dão seu fruto. Por isso, o espírito de fé e piedade dos pais deve ser visto como o meio poderoso de preservação, desenvolvimento e reforço da vida de graça nas crianças.
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