O CAMINHO DA IGREJA É O AMOR
São PAÍSIOS o Athonita
tradução de monja Rebeca (Pereira)
Certa vez, perguntei a um conhecido: "Que tipo de guerreiro você se considera? O guerreiro de Cristo ou o guerreiro da tentação? Você tem consciência de que o mal da tentação também tem seus próprios guerreiros?"
Um cristão não deve ser fanático; ele deve amar e ser sensível a todas as pessoas. Aqueles que fazem comentários irrefletidos, mesmo que sejam verdadeiros, podem causar danos.
Certa vez, conheci um teólogo extremamente piedoso, mas que tinha o hábito de falar com as pessoas (seculares) ao seu redor de maneira muito direta; seu método penetrava tão profundamente que as abalava. Ele me disse, certa vez: "Durante uma reunião, eu disse tal e tal coisa a uma senhora." Mas a maneira como ele disse isso a deixou arrasada. "Olha", comentei com ele, "você pode estar jogando coroas de ouro cravejadas de diamantes a outras pessoas, mas a maneira como as joga pode esmagar cabeças, não apenas as sensíveis, mas também as sadias."
Não apedrejemos nossos semelhantes da maneira dita "cristã". Aquele que – na presença de outros – censura alguém por ter pecado (ou fala de forma apaixonada sobre determinada pessoa) não é movido pelo Espírito de Deus; ele é movido por outro espírito.
O caminho da Igreja é o AMOR; ele difere do caminho dos legalistas. A Igreja vê tudo com tolerância e busca ajudar cada pessoa, não importa o que ela tenha feito, por mais pecadora que seja.
Tenho observado um tipo peculiar de lógica em certas pessoas piedosas. Sua piedade é algo bom, e sua predisposição para o bem também é; no entanto, certo discernimento e amplitude espiritual são necessários para que sua piedade não seja acompanhada de estreiteza de espírito ou teimosia. Alguém que esteja verdadeiramente em dado estado espiritual deve possuir e exemplificar o discernimento espiritual; caso contrário, permanecerá para sempre apegado à "letra da Lei", e a letra da Lei pode ser bastante mortal.
Uma pessoa verdadeiramente humilde nunca se comporta como um professor; ela ouvirá e, sempre que sua opinião for solicitada, responderá com humildade. Em outras palavras, ela responde como um aluno. Aquele que se acredita capaz de corrigir os outros está cheio de egoísmo.
Uma pessoa que começa a fazer algo com boa intenção e eventualmente chega a um ponto extremo carece de verdadeiro discernimento. Suas ações exemplificam um tipo latente de egoísmo que se esconde por trás desse comportamento; ela não tem consciência disso, porque não se conhece tão bem, e é por isso que chega a extremos.
Muitas vezes, as pessoas começam com boas intenções, mas veja onde elas podem se encontrar! Foi o caso dos "adoradores de ícones" e dos "iconoclastas" do passado: ambos os casos eram extremos! Os primeiros chegaram ao ponto de raspar ícones de Cristo e colocar as raspas no Santo Cálice para "melhorar" a Sagrada Comunhão; os últimos, por outro lado, queimaram e descartaram completamente todos os ícones. É por isso que a Igreja foi obrigada a colocar os ícones em lugares mais altos, fora do alcance, e, quando a disputa terminou, os abaixou para que pudéssemos venerá-los e, assim, conferir a devida honra às pessoas neles retratadas...
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