CIÊNCIA E FÉ

São LUCAS da Criméia e de Sinferopol, o Cirurgião
tradução de monja Rebeca (Pereira)



“Quando examinamos a ciência contemporânea desenvolvida por cientistas como Lamark e Darwin, vemos a antítese, e eu diria, a completa discordância que existe entre ciência e religião, em tópicos que dizem respeito aos problemas mais básicos da existência e do conhecimento. Por isso, uma mente esclarecida não pode aceitar uma e outra ao mesmo tempo e deve escolher entre religião e ciência.”

Um conhecido zoólogo alemão, Ernst Haeckel (1834-1919), um bom seguidor de Darwin, escreveu estas palavras há cerca de 65 anos, em seu livro “O Enigma do Universo”, que fez muito sucesso e, ao que parece, provou que a fé é absurda. Assim, Haeckel afirma que todo homem esclarecido deve escolher entre ciência e religião e seguir uma ou outra. Ele considerava necessário que tais homens negassem a religião porque um homem lógico não pode negar a ciência.

Isso é realmente necessário? Não, de forma alguma, pois sabemos que muitos e grandes cientistas eram, ao mesmo tempo, homensa de grande fé. Por exemplo, foi o astrônomo polonês Copérnico, que lançou as bases de toda a astronomia contemporânea. Copérnico não era apenas um fiel, mas também um clérigo. Outro grande cientista, Newton, sempre que mencionava a palavra Deus, tirava o chapéu. Ele era um grande fiel. Um grande bacteriologista do nosso tempo e quase um contemporâneo, Pasteur, que lançou as bases da bacteriologia contemporânea, iniciava todo trabalho científico com uma oração a Deus. Há cerca de 10 anos faleceu um grande cientista, nosso compatriota, o fisiologista Pavlov, criador da nova fisiologia do cérebro. Ele também era um ghomem de grande fé. Haeckel ousaria, portanto, dizer que esses homens não tinham uma mente iluminada porque acreditavam em Deus?

Então, o que acontece agora? Por que ainda hoje existem alguns cientistas, professores em universidades que eu conheço pessoalmente e que são grandes fiéis? Por que todos os cientistas não negam a religião, mas apenas aqueles que pensam como Haeckel? Porque essas pessoas acreditam apenas em materiais e negam o mundo espiritual, não acreditam na vida após a morte, não aceitam a imortalidade da alma e, claro, não aceitam a ressurreição dos mortos. Dizem que a ciência é capaz de tudo, que não há segredo na natureza que a ciência não possa descobrir. O que podemos responder a isso?

Responderemos a eles da seguinte forma. Estás totalmente certo. Não podemos limitar a mente humana que busca a natureza. Sabemos que, hoje, a ciência conhece apenas uma parte do que temos da natureza. Também entendemos que as possibilidades da ciência são grandes. Nisso eles estão certos e não duvidamos. Do que, então, duvidamos? Por que não negamos a religião como eles e a consideramos contrária ao conhecimento científico?

Simplesmente porque acreditamos de todo o coração que existe um mundo espiritual. Temos certeza de que, além do mundo material, existe um mundo espiritual infinito e incomparavelmente superior. Acreditamos na existência de seres espirituais com intelecto superior ao nosso. Acreditamos de todo o coração que, acima deste mundo espiritual e material, existe o Deus Grande e Todo-Poderoso.

O que duvidamos é do direito da ciência de pesquisar o mundo espiritual com seus métodos. Porque o mundo espiritual não pode ser pesquisado com os métodos usados para pesquisar o mundo material. Tais métodos são totalmente inadequados para pesquisar o mundo espiritual.

Como sabemos que existe um mundo espiritual? Quem nos disse que ele existe? Se nos perguntarem pessoas que não acreditam na revelação Divina, responderemos assim: "Nosso coração nos disse". Pois há duas maneiras de se conhecer algo: a primeira é aquela dita por Haeckel, que é usada pela ciência para aprender sobre o mundo material. Há, no entanto, outra maneira que a ciência desconhece e que não deseja conhecer. É o conhecimento através do coração. Nosso coração não é apenas o órgão central do sistema circulatório, é um órgão com o qual conhecemos o outro mundo e recebemos o conhecimento mais elevado. É o órgão que nos dá a capacidade de nos comunicarmos com Deus e com o mundo superior. Só nisso discordamos da ciência.

Elogiando os grandes sucessos e conquistas da ciência, não duvidamos de sua grande importância e não nos limitamos ao conhecimento científico. Apenas dizemos aos cientistas: "Vocês não têm a capacidade, com seus métodos, de pesquisar o mundo espiritual; nós, porém, podemos, com nosso coração."

Existem muitos fenômenos inexplicáveis que dizem respeito ao mundo espiritual e que são reais (assim como alguns tipos de fenômenos materiais). Há, portanto, fenômenos que a ciência jamais será capaz de explicar por não utilizar os métodos adequados.

Deixemos que a ciência explique como surgiram as profecias sobre a vinda do Messias, que se cumpriram. Poderia a ciência nos dizer como o grande profeta Isaías, cerca de 700 anos antes do nascimento de Cristo, predisse os eventos mais importantes de Sua vida e pelos quais foi nomeado evangelista do Antigo Testamento? Explicar a graça clarividente possuída pelos santos e nos dizer com quais métodos físicos os santos herdaram essa graça e como conseguiam compreender o coração e ler os pensamentos de uma pessoa que acabavam de conhecer pela primeira vez? Eles veriam uma pessoa pela primeira vez e a chamariam pelo nome. Sem esperar que o visitante perguntasse, responderiam sobre o que a perturbava.

Se puderem, que nos expliquem. Que expliquem com que método os santos predisseram os grandes eventos históricos que se cumpriram com exatidão, como foram profetizados. Que expliquem a visitação do outro mundo e a aparição dos mortos aos vivos.

Eles jamais nos explicarão isso porque estão muito distantes da base da religião – da fé. Se leres os livros dos cientistas que tentam reconstruir a religião, verás como eles encaram as coisas superficialmente. Eles não entendem a essência da religião, mas a criticam. Suas críticas não tocam a essência da fé, visto que são incapazes de compreender os tipos, as expressões do sentimento religioso. A essência da religião, eles não entendem. Por que não? Porque o Senhor Jesus Cristo disse: "Ninguém pode vir a Mim, se Meu Pai, que Me enviou, não o trouxer a Mim" (João 6:44).

Portanto, é necessário que sejamos atraídos pelo Pai Celestial, é necessário que a graça do Espírito Santo ilumine nosso coração e nossa mente. Para habitar em nosso coração e mente por meio dessa iluminação, o Espírito Santo e aqueles que foram considerados dignos de receber o dom do Espírito Santo, aqueles em cujo coração vive Cristo e Seu Pai, conhecem a essência da fé. Os outros, fora da fé, não conseguem entender nada.

Ouçamos a crítica a Haeckel feita pelo filósofo francês Émile Boutroux (1845-1921). Assim diz Boutroux: “As críticas a Haeckel dizem respeito muito mais aos costumes do que à essência, os quais ele observa com uma visão tão materialista e estreita que não podem ser aceitos por pessoas religiosas. Assim, a crítica à religião feita por Haeckel não é mencionada, nem mesmo em um dos princípios que a constituem”.

Esta é, portanto, a nossa opinião sobre o livro de Haeckel, “O Enigma do Universo”, que até hoje é considerado a “Bíblia” para todos aqueles que criticam a religião, a qual negam e a consideram contrária à ciência. Percebem como os argumentos deles são pobres e de mau gosto? Não se escandalizem ao ouvir o que dizem sobre religião, visto que eles próprios não conseguem compreender a sua essência. Vocês, que podem não ter muita relação com a ciência e não sabem muito sobre filosofia, lembrem-se sempre do princípio mais básico, que era bem conhecido pelos primeiros cristãos. Eles consideravam pobre a pessoa que conhecia todas as ciências, mas não conhecia a Deus. Por outro lado, consideravam abençoada a pessoa que conhecia a Deus, mesmo que não soubesse absolutamente nada sobre as coisas mundanas.

Guarde esta verdade como o melhor tesouro do coração, ande em linha reta sem olhar para a direita ou para a esquerda. Não nos preocupemos com o que ouvimos contra a religião, perdendo o rumo. Apeguemo-nos à nossa fé, que é a verdade eterna e indiscutível. Amém.

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