A VOCAÇÃO: UM CHAMDO DE AMOR NO TEMPO DE DEUS
THEODORE El-Ghandour, Bispo
Vigário Patriarcal Antioquino para o Rio de Janeiro
A vocação não é um conceito rígido. Ela nasce da liberdade do amor. Como dizia São Porfírio: “A vocação nasce do amor. Ame a Cristo, e Ele mostrará o teu caminho.”
Alguns pensam que já é “tarde demais” para descobrir o seu caminho. Mas a vida dos santos desmente essa ansiedade. Santo Antônio, o Grande, só se entregou à vida ascética depois da morte dos pais. Santa Maria do Egito encontrou a sua verdadeira vocação após uma vida de paixões desregradas. São Silouan do Monte Athos viveu muitos conflitos interiores até ser visitado pela graça. Todos eles nos ensinam que o essencial não é “quando” se descobre a vocação, mas com que sinceridade e obediência se responde a Deus quando o coração se abre.
Se você sente que está buscando sua vocação — seja para a vida monástica ou matrimonial, clerical ou leiga — o que você pode fazer agora?
• Viva em oração constante, mesmo que seja simples e breve. A oração é o oxigênio da alma. Nela, a luz divina vai lentamente purificando nossos desejos e revelando o que é verdadeiro.
• Observe com atenção aquilo que te move com paz e amor. O que desperta em você um desejo de entrega, de fidelidade, de serviço? Há alegria ao pensar na vida familiar? Há desejo de silêncio e consagração? O Espírito Santo age suavemente, sem forçar, mas tocando o coração com ternura e paz.
• Busque o discernimento com seu pai espiritual. Não tenha medo de abrir seu coração. Às vezes, o caminho se revela pouco a pouco, em cada confissão, em cada conversa, em cada queda e recomeço. O pai espiritual é como o anjo que interpreta os sinais de Deus e confirma, com experiência e amor, aquilo que o coração ainda não entende plenamente.
Mais importante do que ter todas as respostas agora é cultivar um coração confiante e obediente. O inimigo quer nos paralisar com ansiedade ou dúvida, mas Cristo nos chama a viver o hoje com fé, sem antecipar o amanhã.
A vocação verdadeira não é uma fuga do mundo, e sim uma resposta de amor ao chamado de Deus. Pode estar na vida monástica ou no casamento, no sacerdócio ou na vida leiga no mundo. Mas, em todos os casos, nasce do mesmo lugar: do encontro com Cristo vivo.
E como ensina o santo apóstolo Paulo: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Cor 1,9).
Confie. Reze. Ame. E o Senhor, no tempo certo, mostrará o seu caminho.
15.07.2025
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