EM NOME DA LITURGIA, DA TEOLOGIA E DA PIEDADE: A VISÃO LITÚRGICA INTEGRADA DE ALEXANDER SCHMEMANN

THOMAS Father Kocik
https://adoremus.org/2021/09/in-the-name-of-liturgy-and-theology-and-piety-the-integrated-liturgical-vision-of-alexander-schmemann/
tradução de monja Rebeca (Pereira)



O dia 13 de outubro de 2021 marca o centenário do nascimento de Alexander Dmitrievich Schmemann. Se você nunca ouviu falar dele, provavelmente é porque ele viveu em um mundo pouco conhecido pelos ocidentais, incluindo os religiosos; no entanto, esse indivíduo e seu mundo têm muito a nos oferecer para a compreensão de Deus e Seu Reino.

Schmemann foi um padre e teólogo ortodoxo russo que inverteu a abordagem convencional ao estudo litúrgico. Sua obra gerou uma grande renovação litúrgica e pastoral na Igreja Ortodoxa, especialmente na América do Norte. Este artigo apresentará um breve relato de sua vida e esboçará as características básicas de sua visão da liturgia. Ficará claro que, embora Schmemann trate do Rito Bizantino, suas principais reflexões permanecem significativas para cristãos de todas as tradições.

O Mundo de um Liturgista
Alexander Schmemann nasceu em 1921 na Estônia, em uma família russa, com ancestrais alemães bálticos por parte de pai. Quando criança, a Revolução Russa obrigou sua família a deixar o país. Eles acabaram se estabelecendo em Paris, na época, lar de dezenas de milhares de emigrantes russos. O jovem Alexander recebeu sua educação primária em uma escola militar russa em Versalhes e depois foi transferido para um ginásio (ensino médio). Não querendo permanecer isolado da cultura local, ele completou sua educação em um liceu francês e na Universidade de Paris.

Desde a adolescência, Schmemann esteve envolvido na Catedral de Santo Alexandre Nevsky, em Paris, onde serviu como acólito e subdiácono. Durante a Segunda Guerra Mundial, estudou no Instituto Teológico Ortodoxo de São Sérgio, em Paris (1940-1945). Foi lá que a visão de mundo de Schmemann foi essencialmente moldada.[1] Em 1943, casou-se com Juliana Ossorguine (1923-2017), nascida na Alemanha, aluna da Sorbonne, cuja família, como a dele, era de emigrantes russos.[2] Após a formatura, permaneceu em São Sérgio para lecionar história da Igreja e foi ordenado sacerdote em 1946.

Em 1951, o Padre Alexander aceitou o convite para integrar o corpo docente do Seminário Teológico Ortodoxo de São Vladimir, que na época se encontrava instalado em alguns modestos apartamentos em Manhattan. Logo se tornou reconhecido como uma das principais autoridades em teologia litúrgica ortodoxa. Mantendo laços com Paris, doutorou-se pela Universidade de São Sérgio em 1959. Quando o Seminário de São Vladimir se mudou para Crestwood, bairro de Yonkers, Nova York, em 1962, Schmemann aceitou o cargo de reitor, cargo que ocupou até sua morte por câncer em 13 de dezembro de 1983.

Muitas atividades ocuparam o tempo de Schmemann nos Estados Unidos: vida familiar, ensino, administração do seminário, política eclesiástica,[3] transmissões semanais de sermões em russo na Rádio Liberdade (que conquistaram ampla audiência na União Soviética, incluindo o famoso dissidente Alexander Solzhenitsyn), palestras em encontros pan-ortodoxos e ecumênicos e, claro, a escrita de inúmeros artigos e livros. Seus principais estudos litúrgicos são: Introdução à Teologia Litúrgica (1966), Para a Vida do Mundo (1973), Da Água e do Espírito (1974) e A Eucaristia (póstumo, 1988), todos publicados pela St. Vladimir's Seminary Press. Com o passar do tempo, Schmemann tornou-se cada vez menos interessado em teologia acadêmica, preferindo "escrever para o povo, não para teólogos". [4] As memórias de seus últimos dez anos, publicadas em 2000, estão repletas de comentários sobre como ele ficava satisfeito quando pessoas comuns elogiavam seus escritos.

Uma Concepção Visionária da Oração
A teologia litúrgica, como o termo é geralmente entendido, tem suas raízes na colaboração e na influência mútua de estudiosos russos e ocidentais (especialmente franceses) no século XX. Os teólogos ortodoxos que se estabeleceram na "Paris Russa", incluindo Schmemann, envolveram-se com as grandes figuras católicas do Ressourcement, um movimento teológico das décadas de 1930 a 1950 que preparou o cenário para o Concílio Vaticano II. Seus principais expoentes, muitos deles renomados dominicanos e jesuítas, buscaram dar um novo fôlego à alma da teologia católica, retornando às suas fontes, particularmente aos Padres da Igreja, tanto ocidentais quanto orientais.[5] Ao mesmo tempo, outro movimento de renovação, o Movimento Litúrgico, estava em andamento no Ocidente.[6] Seus membros mobilizaram conceitos do Ressourcement, extraindo-os de fontes antigas e significativas, há muito esquecidas. “Foi a partir desse ambiente existente”, escreve John Meyendorff (sucessor de Schmemann como decano em St. Vladimir), “que o Padre Schmemann realmente aprendeu ‘teologia litúrgica’, uma ‘filosofia do tempo’ e o verdadeiro significado do ‘mistério pascal’”.[7]

Até meados do século XX, o estudo da liturgia nas escolas religiosas ortodoxas concentrava-se amplamente em rubricas litúrgicas. O caso não era muito diferente na Igreja Católica: os estudos litúrgicos eram atribuídos à teologia moral, ao direito canônico e, no caso da história dos próprios ritos litúrgicos, à história da Igreja. Com o impacto do Movimento Litúrgico, a liturgia tornou-se uma área específica dos estudos teológicos. Schmemann percebeu um perigo nisso. Ele considerava bastante ruim que a teologia tivesse se limitado à academia e, portanto, se distanciado tanto do culto quanto da piedade, mas agora a liturgia se torna apenas um entre muitos objetos a serem avaliados ou recursos a serem explorados. A teologia litúrgica, como Schmemann a concebe, não é liturgiologia — o estudo do desenvolvimento dos ritos litúrgicos, geralmente livros litúrgicos — nem uma teologia da liturgia. Em vez disso, é uma teologia que brota diretamente da liturgia, que está implícita na experiência litúrgica da Igreja.[8] Os seus praticantes, os verdadeiros “liturgistas”, não são teólogos acadêmicos nos seus estudos, mas pessoas comuns nos bancos da igreja, personificadas pela “Sra. Murphy” de Aidan Kavanagh.[9]

Essa noção de teologia litúrgica como um verdadeiro método de fazer teologia, em vez de um ramo da teologia entre outros, não se originou com Schmemann.[10] Foi Schmemann, no entanto, quem mais contribuiu para a elaboração do conceito e sua disseminação para além do mundo ortodoxo. Poucos, se é que algum, estudiosos litúrgicos da época de Schmemann (ou agora) teriam contestado que a liturgia é uma fonte principal da teologia, de fato, a fonte da teologia por excelência, mas para Schmemann mesmo isso não basta. A liturgia, em sua opinião, é a própria condição para a teologia; é o que torna possível “falar sobre Deus”. Isso porque Deus se revela e age na liturgia.[11] Por mais útil que seja, digamos, comparar as formas grega e eslava de celebrar a Eucaristia, ou traçar a evolução dos ritos de iniciação, da hinografia, das festas litúrgicas etc., a preocupação de Schmemann vai mais fundo: o que essas coisas podem nos ensinar sobre uma adoração adequada a Deus, sobre o que significa agradecer, abençoar, lamentar, consagrar, oferecer sacrifício? Daí sua definição de teologia litúrgica como “a elucidação do significado do culto”.[12] Dessa perspectiva, fica claro que o objeto da teologia litúrgica não é nenhum rito litúrgico específico ou liturgia em geral, mas a teologia, isto é, a revelação de Cristo como crido e compreendido na Igreja, na prática concreta de seu culto, onde a Escritura e a Tradição ganham vida.[13] Como sua preocupação última é com o que está por trás das palavras, formas, gestos e símbolos (antigos e novos), a teologia litúrgica tem seu lugar mesmo além das historicamente “igrejas litúrgicas”.[14]

Sacramentalmente Real
Schmemann possuía o que às vezes é chamado de imaginação sacramental. Isso se percebe em sua polêmica constante contra a “religião”, que significa “uma parte da vida, um compartimento sagrado em oposição a todo o resto considerado profano”.[15] Nesse sentido, podemos chamá-lo de místico, sempre em sintonia com as realidades espirituais subjacentes ao lugar-comum. Essa maneira de olhar o mundo, de ver o “natural” imbuído do “sobrenatural” — ou melhor: toda a realidade “carregada da presença e da promessa de Cristo”[16] — constituiu o desafio de Schmemann ao secularismo contemporâneo.[17] Isso também explica por que sua teologia litúrgica tem sido sucintamente descrita como “uma escatologia vivida”.[18] Ela está sempre focada no futuro Reino de Deus que já é experimentado neste mundo. Schmemann define a Igreja como o “lugar da revelação do Reino”[19] e “o Reino de Deus entre e dentro de nós”.[20]

A experiência cristã do Reino deve promover o objetivo da teologia litúrgica como Schmemann a descreve: reintegrar a teologia, a liturgia e a piedade dentro de uma visão fundamental.[21] David Fagerberg habilmente expõe o que está em jogo: “Separe a liturgia da teologia e da piedade, e teremos o ritual humano; separe a teologia da liturgia e da piedade, e teremos uma filosofia religiosa; separe a piedade da liturgia e da teologia, e teremos uma religiosidade idiossincrática.”[22]

A manifestação mais concreta ou “epifania” da Igreja como Reino é a celebração da Eucaristia, na qual experimentamos um antegozo do banquete messiânico que nos aguarda com a realização de todas as coisas em Cristo. Dessa forma, Schmemann chama a Eucaristia de “sacramento do Reino”, uma relação simbolizada pela proclamação de abertura da Divina Liturgia: “Bendito seja o Reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos”. [23] Desenvolvendo esse ponto, ele lamenta a negligência de longa data, na teologia sacramental, da dimensão escatológica da Eucaristia, isto é, a Eucaristia vista como “a entrada da Igreja no céu, a realização à mesa de Cristo, em Seu Reino”. [24]

Outro aspecto da teologia litúrgica de Schmemann deriva, em parte, da obra de Nicolau Afanasiev (do Instituto de São Sérgio em Paris), a saber, a eclesiologia eucarística.[25] Este modelo da Igreja une em um único conceito duas definições do Corpo de Cristo, conforme encontradas nos ensinamentos de São Paulo. Por um lado, o Corpo de Cristo é o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, partilhado pelos fiéis, unindo-os assim em um só corpo eclesial (1 Coríntios 10:16-17); por outro lado, o Corpo de Cristo é a Igreja (1 Coríntios 12:27-28). Os Padres da Igreja ocuparam-se particularmente da relação entre o Corpo Eucarístico e o Corpo Místico de Cristo, da forma como a Eucaristia constitui a Igreja. Na transição da teologia patrística para a teologia escolástica no início do período medieval, a atenção mudou para a questão de como Cristo Se torna realmente presente no sacramento através da ação do sacerdote, isto é, como a Igreja faz a Eucaristia.[26] Em consequência, como Schmemann nota com pesar, tanto o “significado eclesiológico da Eucaristia” como a “dimensão eucarística da eclesiologia” caíram no esquecimento geral.[27]

Trindade Eclesial
Eucaristia, Igreja e Reino são inseparáveis, de fato, trinos. Em consonância com sua aversão à “religião” (em oposição a uma Igreja real e a uma liturgia real), Schmemann critica a “‘sacralização’ do culto cristão”, pela qual a Eucaristia “era celebrada em nome do povo, para sua santificação — mas o Sacramento deixou de ser vivenciado como a própria atualização da Igreja”. [28] Além disso, ele escreve: “Toda a história da Igreja foi marcada por tentativas piedosas de reduzir a Eucaristia, de torná-la ‘segura’, de diluí-la em piedade, de reduzi-la ao jejum e à preparação, de arrancá-la da Igreja (eclesiologia), do mundo (cosmologia, história), do Reino (escatologia)”. [29] Assim, ele expressa sua vocação como teólogo litúrgico em termos de uma “luta pela Eucaristia” contra os ataques reducionistas do clericalismo e do secularismo. [30] A Eucaristia é o sacramento da Igreja e, portanto, do Reino, não “um dos meios de santificação”[31] sujeito à tutela clerical, por um lado, ou, por outro, a “princípios como a famosa ‘relevância’ ou ‘necessidades urgentes da sociedade moderna’, ‘a celebração da vida’, ‘a justiça social’”.[32]

Essa intuição levou Schmemann a se esforçar para aprimorar o padrão da celebração litúrgica em nível paroquial: “A liturgia é, antes de tudo, a alegre reunião daqueles que vão encontrar o Senhor Ressuscitado e entrar com Ele na câmara nupcial. E é essa alegria da expectativa e essa expectativa de alegria que se expressam no canto e no ritual, nas vestes e na incensação, em toda aquela ‘beleza’ da liturgia que tantas vezes foi denunciada como desnecessária e até pecaminosa.”[33] A ruína do culto cristão tem sido o minimalismo em suas várias formas, seja fazendo o mínimo necessário para um sacramento “válido” (uma ideia herdada da “teologia da liturgia”), seja reduzindo a natureza essencialmente corporativa da liturgia a eventos familiares privados. Schmemann deplora a “decadência litúrgica” pela qual, por exemplo, “hoje são necessários cerca de quinze minutos para celebrar [o Batismo] num canto escuro de uma igreja, com um ‘salmista’ a dar as respostas, um ato em que os Padres viam e aclamavam a maior solenidade da Igreja…”[34]

Reforma vs. Redescoberta
Apesar de todos os seus esforços para destacar os temas mais profundos da liturgia que haviam sofrido um eclipse, Schmemann não defende uma ampla reforma ritual. Pelo contrário, ele repudia a visão de outros estudiosos que o interpretam como alguém que prepara as bases para uma reforma litúrgica que restauraria a “essência” da liturgia: “Sim, nossa liturgia, sem dúvida, carrega consigo muitos elementos não essenciais, muitos resquícios ‘arqueológicos’. Mas, em vez de denunciá-los em nome da pureza litúrgica, devemos nos esforçar para descobrir e ajudar outros a descobrir a lex orandi, que nenhum desses ingredientes acidentais conseguiu obscurecer. O momento, portanto, não é para uma reforma litúrgica externa, mas para uma teologia e uma piedade que bebam novamente das fontes eternas e imutáveis da tradição litúrgica.”[35]

Aqui podemos fazer uma pausa para observar uma diferença significativa entre a aplicação da teologia litúrgica nas Igrejas Ocidental e Oriental. No Ocidente, as ideias que os estudiosos conceberam em seus estudos tiveram uma influência direta na liturgia, notadamente com a reforma do Rito Romano após o Vaticano II. Ritos antigos foram abandonados e substituídos por ritos novos e revisados. A experiência do Oriente tem sido diferente: a forma de celebração litúrgica mudou — a música é frequentemente mais simples e menos intrusiva, as orações "secretas" são às vezes ditas em voz alta (esta era a prática de Schmemann), os leigos recebem a Eucaristia com mais frequência do que no passado — mas as orações e o cerimonial permanecem em grande parte intocados. A liturgia ainda é considerada como algo recebido da tradição, em vez de planejada e imposta de cima.

O Movimento Litúrgico impressionou Schmemann com sua atenção à liturgia como uma participação real no Mistério Pascal, prefigurado no Antigo Testamento e consumado na vida, morte, Ressurreição e Ascensão de Cristo. Isso é possível porque a Encarnação do Filho de Deus trouxe a eternidade ao tempo, transcendendo-o e dando-lhe um novo significado. Schmemann fala da experiência litúrgica do tempo como “um tempo escatologicamente transparente”.[36] Como sacramento do Reino, a Eucaristia manifesta a Igreja “como o novo éon; é participação no Reino como a parousia, como a presença do Senhor Ressuscitado e Ressuscitante”.[37]

Coração Eucarístico
Esta entrada real no Reino ou na vida na era vindoura deve inspirar os fiéis a participar da obra de Deus aqui e agora. Schmemann fala de um “movimento de ascensão” intrínseco à liturgia que nos conduz ao trono de Deus em seu Reino, bem como de um “movimento de retorno” que transforma a Igreja em missão, uma missão de serviço ao mundo, atraindo o mundo para o Reino: “A Eucaristia é sempre o Fim, o sacramento da parousia, e, no entanto, é sempre o começo, o ponto de partida: agora começa a missão.”[38]

Mesmo que até agora nunca tenhas ouvido falar do Padre Alexander Schmemann, é bem provável que já tenha ouvido que a palavra “Eucaristia” deriva da palavra grega para ação de graças. A respeito da contribuição litúrgica de Schmemann, um padre católico bizantino escreve: “Somos levados a sentir que realmente queremos adorar”. [39] É difícil imaginar elogios maiores a um estudioso da liturgia, e o próprio Schmemann nos explica o porquê: “A única queda real do homem é sua vida não eucarística em um mundo não eucarístico”. [40]

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Notas:
1. John Meyendorff, Posfácio de The Journals of Father Alexander Schmemann, 1973-1983, trad. Juliana Schmemann (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 2000), 347. 
2. O casamento deles gerou três filhos. Juliana teria uma longa carreira lecionando em escolas femininas de Nova York. 
3. Uma das realizações de que Schmemann mais se orgulhava foi ajudar a garantir a autocefalia, ou autogoverno, para a Igreja Ortodoxa na América (O.C.A), que até 1970 fazia parte do Patriarcado de Moscou. 
4. Schmemann, Journals, 93. 
5. Ressourcement (em termos gerais, um "re-sourcing") foi uma reação contra a neoescolástica tradicional, percebida como uma distorção do método legítimo de São Tomás de Aquino, caracterizada por um intelectualismo limitado que reduz a glória e o mistério da revelação a categorias racionalistas. Uma boa introdução é "Ressourcement: A Movement for Renewal in Twentieth-Century Catholic Theology", ed. Gabriel Flynn e Paul D. Murray (Oxford e Nova York: Oxford University Press, 2012). Ao mesmo tempo, a teologia ortodoxa estava passando por sua própria versão de ressourcement, chamada de "síntese neopatrística". 
6. Veja Thomas M. Kocik, "Singing His Song: A Short History of the Liturgical Movement", Edição Revisada e Expandida (Hong Kong: Chorabooks, 2019). 
7. Meyendorff, Posfácio de Diários, 347. 
8. Pode-se fazer uma analogia entre o teólogo litúrgico e o poeta religioso. O poeta religioso não é um poeta que trata apenas de assuntos religiosos (um poeta da religião), mas sim alguém que aborda todo o tema da poesia com um espírito religioso. 
9. Aidan Kavanagh, Sobre Teologia Litúrgica (Nova York: Pueblo, 1984). 
10. Veja Job Getcha, “De Mestre a Discípulo: A Noção de ‘Teologia Litúrgica’ no Pe. Kiprian Kern e Pe. Alexander Schmemann”, St. Vladimir’s Theological Quarterly 53, n.º 2-3 (2009): 251-272. Kern foi o mentor e pai espiritual de Schmemann em St. Sergius. Entre os teólogos católicos do Movimento Litúrgico, o padre ítalo-germânico Romano Guardini (falecido em 1968) já argumentava, em 1921, que a ciência litúrgica é, em última análise, teologia e não, como se pensava anteriormente, meramente um estudo de rubricas ou do desenvolvimento histórico da liturgia. 
11. Veja David W. Fagerberg, “A Obra Pioneira de Alexander Schmemann” (Capítulo 3) em Theologia Prima: O Que É Teologia Litúrgica? Segunda Edição (Chicago: Hillenbrand Books, 2004). 
12. Schmemann, Introdução à Teologia Litúrgica, trad. Asheleigh E. Moorhouse (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1966), 14. 
13. Schmemann, “Teologia Litúrgica, Teologia da Liturgia e Reforma Litúrgica”, em Liturgia e Tradição: Reflexões Teológicas de Alexander Schmemann, ed. Thomas Fisch (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1990), 40. 
14. Veja, por exemplo, as contribuições de estudiosos de origens não litúrgicas ou de igrejas menos importantes em We Give Our Thanks Unto Thee: Essays in Memory of Fr. Alexander Schmemann, ed. Porter C. Taylor (Eugene, OR: Pickwick Publications, 2019). 
15. Thomas Hopko, “Dois ‘Nãos’ e Um ‘Sim’”, St. Vladimir’s Theological Quarterly 28, n.º 1 (1984): 45-48, p. 46. 
16. Richard John Neuhaus, “Alexander Schmemann: Um Homem em Plenitude”, First Things 109 (2001): 57-63, p. 57. 
17. O problema com o secularismo, como Schmemann o vê, é que ele roubou o que pertencia a Deus por direito, reivindicando o mundo natural como seu e, em seguida, circunscrevendo a vida espiritual a um pequeno subconjunto de nossa experiência. Seu livro, Para a Vida do Mundo (publicado pela primeira vez em 1963), é um convite à recuperação dessa visão holística do mundo em oposição a “uma ‘espiritualidade’ desencarnada e dualista” que caracteriza o cristianismo moderno (p. 8). Esta e as referências subsequentes referem-se à segunda edição, revisada e ampliada: Para a Vida do Mundo: Sacramentos e Ortodoxia (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1973). 
18. Robert Slesinski, “Alexander Schmemann sobre a Divina Liturgia como Epifania do Reino: Um Apriori Litúrgico”, Communio: International Catholic Review 34, n.º 1 (2007): 76-82, p. 77. 
19. Schmemann, Diários, 9. 
20. Ibid., 19. 
21. Schmemann, Sobre a Água e o Espírito (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1974), 12. Ele repete isso em várias outras obras. 
22. https://www.svots.edu/blog/copernican-revolution-liturgical-theology (acessado em 10 de junho de 2021). 
23. Schmemann, A Eucaristia: Sacramento do Reino, trad. Paul Kachur (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1988), 40. 
24. Ibid., 27. 
25. Ver Nicholas Afanasiev (falecido em 1966), A Igreja do Espírito Santo, ed. Michael Plekon, trad. Vitaly Permiakov (Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press, 2007). A recuperação da eclesiologia eucarística no Ocidente está em sintonia com o nome de Henri de Lubac, SJ (posteriormente Cardeal; falecido em 1991), que disse memoravelmente: “A Eucaristia constrói a Igreja, e a Igreja faz a Eucaristia”. O Esplendor da Igreja, trad. Michael Mason (São Francisco: Ignatius Press, 1986), 134. Aqui está outro exemplo da polinização cruzada ecumênica entre o ressourcement católico e a teologia ortodoxa em seu período de emigração pós-1917. 
26. A controvérsia eucarística, particularmente em torno das visões de Berengário de Tours (falecido em 1088), desempenhou um papel crucial nessa mudança. O problema subjacente, diz Schmemann, é uma falsa oposição na teologia pós-patrística entre o "simbólico" e o "real". Os Padres não conheciam tal distinção; para eles, o símbolo (mysterion) manifesta e comunica o que é manifestado. Veja "Sacramento e Símbolo" (Apêndice 2) em Para a Vida do Mundo; também A Eucaristia, 38. 
27. Schmemann, A Eucaristia, 12. 
28. Schmemann, Introdução à Teologia Litúrgica, 99. 
29. Schmemann, Diários, 310. 
30. A imagem de Schmemann do clericalismo é a do padre como “um ‘mestre de toda a sacralidade’ separado dos fiéis, dispensando a graça como bem entende” (Diários, 311). Essa separação, observa ele, explica a oposição de alguns clérigos à recepção frequente da Sagrada Comunhão pelos leigos. Veja também Para a Vida do Mundo, pp. 92-93. 
31. Schmemann, Diários, 311. 
32. Fisch (org.), Liturgia e Tradição, 46. 
33. Schmemann, Para a Vida do Mundo, pp. 29-30. 
34. Schmemann, Da Água e do Espírito, 11. 
35. Fisch (org.), Liturgia e Tradição, 29. 
36. Schmemann, Introdução à Teologia Litúrgica, 56. 
37. Ibid., 57. 
38. Schmemann, Igreja, Mundo, Missão: Reflexões sobre a Ortodoxia no Ocidente (Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1979), 214-15. 
39. Slesinski, “Alexander Schmemann”, 76-77. 
40. Schmemann, Pela Vida do Mundo, 18. 

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