O SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE I
pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary,
Faber and Faber, Londres, 1978
“Nós aguardamos e, finalmente, nossas expectativas foram satisfeitas”, escreve o bispo sérvio Nicolau Velimirovich de Ochrid, descrevendo o ofício de Páscoa em Jerusalém. “Quando o Patriarca canta – Cristo Ressuscitou! – um pesado fardo cai de nossas almas. Nós nos sentimos como se também tivéssemos ressuscitado dos mortos. Todos imediatamente, de todas as direções, com o mesmo grito ecoam como o barulho de muitas águas.“Cristo Ressuscitou”, cantam os gregos, os russos, os árabes, os sérvios, os coptas, os armênios, os etíopes – um após o outro, cada um em sua própria língua, em sua própria melodia... Saindo do ofício da madrugada, nós começamos a considerar tudo na luz da Glória da Ressurreição de Cristo, e tudo parece diferente do que tinha sido ontem; tudo parece melhor, mais expressivo, mais glorioso. Apenas na luz da Ressurreição a vida realmente passa a ter significado”.
Este sentido de júbilo da Ressurreição, tão vividamente descrito pelo bispo Nicolau, forma a base de toda veneração da Igreja Ortodoxa; é o único fundamento para a nossa vida e esperança cristã. Ainda assim, a fim de vivenciarmos o poder completo desta alegria Pascal, cada um de nós precisa passar por um tempo de preparação. “Nós aguardamos – diz o bispo - e finalmente nossas expectativas foram satisfeitas”. Sem esta espera, sem esta preparação e expectativa, o profundo sentido da celebração da Páscoa terá sido perdido.
É por isso que, antes da Festa da
Páscoa foi desenvolvido um longo período preparatório de arrependimento e
jejum, estendendo-se no atual uso a mais de dez semanas. Inicialmente vêm vinte
e dois dias (quatro domingos sucessivos) de preparação preliminar; então seis
semanas ou 40 dias do Grande Jejum da Quaresma; e finalmente a Semana Santa.
Equilibrando as sete semanas de Quaresma e Semana Santa, segue-se após a Páscoa
um período correspondente de cinqüenta dias de agradecimento, concluído com o Pentecostes.
Cada um desses períodos possui seu
próprio livro litúrgico. Para o período da preparação temos o Triódio de
Quaresma ou “Livro das Três Odes”. Para o período de ação de graças existe o
Pentecostário ou Triódio Festivo[1]. O ponto
de divisão dos dois livros é o ofício de Matinas Pascais no Domingo de Páscoa,
como primeiro ofício do Pentecostário. A divisão feita por razões de ordem
prática, não deve nos impedir de ver a unidade essencial entre a Crucifixão de
Nosso Senhor e Sua Ressurreição, que juntas formam uma única e indivisível
ação. Assim como a Crucifixão e a Ressurreição são uma única ação, assim também
os “três dias santos” – Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo de Páscoa –
constituem uma observância litúrgica única. Na verdade, a divisão do Triódio e
Pentecostário não se tornou norma antes do século onze; nos manuscritos antigos
eles estão contidos no mesmo codex.
O que nós encontramos, então, neste
livro de preparação que nós denominamos Triódio? Ele pode ser resumidamente
descrito como o livro do jejum. Como
os filhos de Israel comeram o “pão da aflição” (Dn 16, 3), estão os cristãos
preparando-se para a celebração da Nova Páscoa pela observação do jejum. Mas o
que significa esta palavra “jejum” (nisteia)?
Aqui o máximo de cuidado é necessário, de modo a preservar o equilíbrio entre a
alma e o corpo. O nível exterior do jejum envolve a abstinência física de
comida e bebida, sem tais abstinências exteriores um jejum completo e
verdadeiro não pode ser mantido, ainda assim as regras sobre as refeições e
bebida não podem ser tratadas como um fim em si mesmas, pois o jejum ascético
possui sempre um propósito interno e invisível. O homem é uma unidade de corpo
e alma, “uma criatura viva moldada de naturezas visível e invisível”, nas
palavras do Triódio[2];
e nosso jejum ascético deve, por isso, envolver ambas as naturezas
simultaneamente. A tendência a super-enfatizar as regras externas quanto a
comida numa forma jurídica, e a tendência oposta a desprezar estas regras como
ultrapassadas e desnecessárias, são ambas parecidas e deploráveis como uma
traição à verdadeira Ortodoxia. Em ambos os casos o adequado equilíbrio entre o
espiritual e o corporal tem sido negligenciado.
A segunda tendência é, sem dúvida, a
mais prevalente nos nossos dias, especialmente no ocidente. Até o século XIV, a
maioria dos cristãos ocidentais, em comum com seus irmãos no Oriente Ortodoxo,
abstinha-se não apenas de carne, mas de todo produto animal, como ovos, leite,
manteiga e queijo. No Ocidente e no Oriente envolvia um severo esforço físico.
Mas na Cristandade Ocidental há mais de 500 anos, os requisitos físicos do
jejum tem sido constantemente reduzidos, até agora têm sido pouco mais que
simbólicos. Quantos, gostaria-se de saber, daqueles que comem panquecas na
Terça-Feira Gorda estão conscientes deste costume – consumir os ovos
remanescentes antes do jejum começar? Exposto ao secularismo ocidental, o mundo
ortodoxo nos nossos tempos está também começando a seguir o mesmo caminho de lassidão.
Uma razão para esse declínio no jejum
é, certamente, uma atitude herética em face da natureza humana, um falso
“espiritualismo”, que rejeita ou ignora o corpo, vendo o homem somente em
termos de seu cérebro racional. Como resultado, muitos cristãos contemporâneos
perderam a verdadeira visão do homem como uma unidade integral do visível e do
invisível; eles negligenciam o papel positivo desempenhado pelo corpo na vida
espiritual, esquecendo a afirmação de São Paulo: “Seu corpo é o templo do
Espírito Santo... glorificai a Deus com seu corpo” (1 Co 6, 19-20). Uma outra
razão para o declínio do jejum entre os ortodoxos é o argumento, comumente
desenvolvido em nossos tempos, que as regras tradicionais não são mais
possíveis hoje. Essas regras pressupõem, assim é enfatizado, uma sociedade
cristã precisamente organizada e não-pluralística, seguindo um estilo de vida
agrícola que é agora, cada vez mais, uma coisa do passado. Há um pouco de
verdade nisso. Mas é necessário ser dito também, que o jejum como tradicionalmente
praticado na Igreja, tem sido sempre
difícil e tendo sempre
envolvido esforço. Muitos de nossos contemporâneos estão dispostos ao jejum por
motivos de saúde ou beleza, a fim de perder peso; não podemos nós cristãos
fazer muito mais por amor ao reino dos céus?
Porque deveria a auto-negação com
satisfação aceita por gerações anteriores de ortodoxos mostrar-se um fardo tão
intolerável para seus descendentes hoje? Uma vez perguntaram a São Serafim de
Sarov por que os milagres da graça, tão abundantemente manifestados no passado,
não mais aconteciam no seu tempo, ao que ele respondeu: “Apenas uma coisa está
faltando – uma firme determinação”.
O objetivo primário do jejum é
tornar-nos conscientes de nossa
dependência de Deus. Se praticada seriamente, a abstinência quaresmal de
comida – particularmente nos dias de abertura – envolve uma medida real de fome
e, também, um sentimento de cansaço e exaustão física. O propósito disto é
conduzir-nos de volta a um sentido de quebra interior e contrição; para nos
trazer ao ponto onde possamos avaliar completamente a força da afirmação de
Cristo, “Sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15, 5). Se sempre tomarmos
nossa porção habitual de comida e bebida, nós tornamo-nos super-confiantes em
nossas próprias habilidades, adquirindo um falso senso de autonomia e
auto-suficiência. A observância de um jejum físico mina esta complacência
pecaminosa. Despindo-nos da ilusória certeza do fariseu, que jejuava, é
verdade, mas não no espírito correto – a abstinência de quaresma nos dá o
salvífico auto-descontentamento do publicano (Lc 18, 10-13). Tal é a função da
fome e do cansaço: nos tornar “pobres em espírito”, conscientes de nosso
desamparo e de nossa dependência da ajuda de Deus.
Ainda assim isto levaria a uma idéia
errada, falar apenas deste elemento de fadiga e fome. Abstinência leva, não
meramente a isso, mas também ao sentido de moderação, vigilância, liberdade e
alegria. Mesmo que o jejum mostre-se debilitante inicialmente, depois
descobrimos que ele possibilita-nos dormir menos, pensar mais claramente, e
trabalhar mais decididamente. Como muitos médicos reconhecem, jejuns periódicos
contribuem para a higiene corporal[3]. Ao
envolver uma genuína auto-negação, o jejum não visa violentar nosso corpo, mas
antes restaurar a sua saúde e o seu equilíbrio. A maioria de nós, no mundo
ocidental, come mais do que precisa. O jejum libera nosso corpo do fardo do
peso excessivo e torna-o um parceiro voluntário na tarefa de orar, estar alerta
e receptivo à voz do Espírito.
Será percebido que no uso comum
ortodoxo as palavras ‘jejum’ e ‘abstinência’ são usadas intercambiavelmente.
Antes do Concílio do Vaticano II, a Igreja Católica Romana fez uma clara
distinção entre os dois termos: abstinência está relacionada com o tipo de
alimento comido, sem considerar a quantidade, enquanto jejum significaria uma
limitação no número de refeições ou na quantidade de comida a ser tomada.
Assim, em certos dias tanto abstinência como jejum são exigidos;
alternativamente, um pode ser prescrito, mas não o outro. Na Igreja Ortodoxa
uma distinção clara não é feita para os dois termos. Durante a Quaresma há
freqüentemente uma limitação no número de refeições tomadas por dia, mas quando
uma refeição é tomada não há restrição na quantidade de comida permitida. Os
Padres da Igreja simplesmente estabelecem, como um princípio norteador, que nós
não devemos comer até a saciedade, mas sempre levantar da mesa com a sensação
de que poderíamos ter comido mais e que estamos, agora, prontos para a oração.
Se, é importante não negligenciar os requisitos físicos do jejum, é ainda mais importante não negligenciar seu significado espiritual. Jejum não é apenas uma mera questão de dieta. É uma experiência moral assim como física. O verdadeiro jejum é para ser convertido no coração e na vontade; é o retorno a Deus, é o vir para casa, como o Filho Pródigo para a casa do Pai. Nas palavras de São João Crisóstomo, significa “não apenas jejum de comida, mas também de pecados”. “O jejum – ele insiste – deve ser mantido não apenas pela boca, mas também pelos olhos, ouvidos, pés, mãos e todos os membros do corpo”: o olho tem que se abster de olhares impuros, os ouvidos de maliciosas maledicências, as mãos de atos de injustiça. É inútil jejuar de comida, recomenda São Basílio, e ainda assim ceder ao cruel criticismo e à difamação: “Você não come carne, mas devora o seu irmão”[4]. O mesmo ponto de vista é abordado no Triódio, especialmente durante a primeira semana da Quaresma:
Enquanto jejuamos de comida, vamos nos abster também de toda paixão....
O verdadeiro jejum
é enviar para longe todo mal,
Controlar a língua,
reprimir a ira
Abster-se da
luxúria, da difamação, da falsidade e do perjúrio,
Se nós renunciarmos
a essas coisas, então nosso jejum será verdadeiro e aceitável a Deus.
Vamos manter o
jejum não apenas pela restrição de comida,
Mas nos tornando
estranhos a todas as paixões corporais.[5]
O significado interior do jejum é melhor resumido na tríade: oração, jejum e caridade. Separado da oração e da recepção dos santos sacramentos, desacompanhado de atos de compaixão, nosso jejum torna-se farisaico e até mesmo demoníaco. Ele leva, não à contrição e ao júbilo, mas ao orgulho, tensão interior e irritabilidade. A ligação entre oração e jejum está corretamente indicada pelo padre Alexander Elchaninov. Um crítico do jejum diz a ele: “Nossos trabalhadores sofrem e se tornam irritáveis... Eu não tenho visto servos (na Rússia pré-revolucionária) tão mal-humorados como nos últimos dias da Semana Santa. Obviamente, o jejum tem um efeito muito nefasto sobre os nervos”. A isso o padre Alexander responde: “Você está certo...”. Se não é acompanhado por oração e uma vida espiritual mais intensa, isto leva meramente a elevação do estado de irritabilidade. É natural que os servos que levam seu jejum a sério e que são forçados a trabalhar duro durante a Quaresma, não sendo permitido a eles irem à Igreja, fiquem com raiva e irritados”[6].
O jejum, então, é inútil e até mesmo
prejudicial se não for combinado com oração. Nos Evangelhos o demônio é
expulso, não só por jejum apenas, mas por ‘jejum e oração’ (Mt 17, 21; Mc 9,
29); e sobre os primeiros cristãos não é dito que simplesmente jejuavam, mas
que ‘jejuavam e oravam’ (At 13, 3; At 14, 23). Tanto no Antigo Testamento como
no Novo Testamento o jejum é visto, não como um fim em si mesmo, mas como uma
ajuda para uma mais intensa e vivificante oração, como uma preparação para uma
decisiva ação ou para um encontro direto com Deus. Assim, os 40 dias de jejum
de Nosso Senhor no deserto foram a imediata preparação para Seu ministério
público (Mt 4, 1-11). Quando Moisés jejuou no Monte Sinai (Ex 34, 28) e Elias
no Monte Horeb (1 Rs 19, 8-12), o jejum estava ligado a uma teofania. A mesma
conexão entre jejum e a visão de Deus é evidente no caso de São Pedro (At 10,
9-17). Ele ‘seguiu para o terraço da casa para orar na sexta hora, e ficou com
fome e queria comer’; e estava neste estado quando caiu em transe e escutou a
voz divina. Este é sempre o propósito do jejum ascético – possibilita-nos, como
coloca o Triódio, ‘levar-nos para a montanha da oração’[7].
Oração e jejum, por sua vez, devem ser
acompanhados de caridade – por amor pelos outros, expresso numa forma prática,
por obras de compaixão e perdão. Oito dias antes do início do jejum da grande
quaresma, no domingo do Julgamento Final, o Evangelho indicado é a Parábola da
ovelha e dos cabritos (Mt 25, 31-46) lembrando-nos que o critério do julgamento
futuro não será o rigor de nosso jejum, mas o quanto de ajuda nós tivermos dado
àqueles que necessitavam. Nas palavras do Triódio:
Conhecendo
os mandamentos do Senhor, deixemos ser este nosso caminho de vida:
Alimentemos
os famintos, demos de beber aos sedentos
Vistamos os nus,
saudemos os estrangeiros,
Visitemos os que
estão nas prisões e os doentes,
Então, o Juiz de
toda a terra certamente dirá para nós:
‘Venham benditos de
Meu Pai, herdai o Reino preparado para vós’[8]
Esta
estância, e isto pode ser notado de passagem, é um exemplo típico do caráter
‘evangélico’ dos livros litúrgicos ortodoxos. Em comum com tantos outros textos
no Triódio, é simplesmente uma paráfrase das palavras da Sagrada Escritura.
Não é por coincidência que bem no
começo da Grande Quaresma, nas Vésperas do Domingo do Perdão (domingo à noite)
há uma cerimônia especial de mútua reconciliação: pois sem amor para com os
outros não pode haver nenhum genuíno jejum. E este amor pelos outros não deve
ser limitado a gestos formais ou emoções sentimentais, mas deve ser
concretizado em específicos atos de caridade. Tal era a convicção da Igreja
primitiva. A obra do segundo século “O
Pastor de Hermas” diz que o dinheiro economizado com o jejum deve ser doado às
viúvas, aos órfãos e aos pobres. Mas a caridade significa mais que isso. Deve
ser doado não apenas nosso dinheiro, mas nosso tempo também, não apenas o que
nós temos, mas, também, o que nós somos, devemos doar uma parte de nós
mesmos. Quando nós escutamos o Triódio falar de caridade, a palavra deve sempre
ser tomada neste sentido mais profundo. A mera doação de dinheiro pode ser um
substituto e uma evasão, uma maneira de nos protegermos de um envolvimento
pessoal mais íntimo com aqueles que se encontram no infortúnio. Por outro lado,
não fazer mais que oferecer palavras tranqüilizadoras de conselho para alguém
com uma necessidade material urgente é igualmente uma fuga de nossas
responsabilidades (Tg 2, 16). Tendo em mente a unidade, já enfatizada, entre o
corpo do homem e sua alma, nós procuramos oferecer ajuda tanto no nível
material como no espiritual simultaneamente.
A tradição litúrgica oriental, em comum
com a do ocidente, trata a Isaías 58, 3-8[9] como o
texto básico de quaresma. Então, nós lemos no Triódio:
Enquanto
jejuamos com o corpo, irmãos, jejuemos também em espírito.
Desatemos todo laço
de iniqüidade;
Desmanchemos os nós
de todo contato feito pela violência
Desfaçamos todos os
acordos injustos;
Demos pão ao
faminto
E saudemos em nossa
casa o pobre que não tem teto para cobri-lo,
Assim possamos
receber a grande misericórdia de Cristo nosso Deus.[10]
Sempre em nossos atos de abstinência devemos manter em mente a admoestação de São Paulo em não condenar os que jejuam menos rigorosamente: “Que aquele que não come não condene aquele que come” (Rm 14, 3). De igual modo, lembremos a condenação de Cristo da exposição da oração, jejum e caridade (Mt 6, 1-18). Ambas as passagens da Sagrada Escritura são freqüentemente relembradas no Triódio:
Considera bem, minha alma: você realmente jejua? Então não menospreze seu próximo.
Você se abstém de
comida? Não condene seu irmão.
Vamos, vamos nos
purificar pela caridade e atos de misericórdia para com o pobre,
Sem soar um
trompete ou mostrando nossa caridade.
Não deixemos nossa
mão esquerda saber o que a direita está fazendo;
Não deixemos a
vanglória espalhar os frutos de nossa caridade;
Mas, em segredo
vamos chamá-Lo, àquele que conhece todos os segredos:
Pai, perdoa as
nossas transgressões, pois tu amas a humanidade.[11]
Se nós quisermos compreender corretamente o texto do Triódio e a espiritualidade sub-reptícia nele, há cinco concepções errôneas sobre o jejum de quaresma das quais devemos nos precaver. Em primeiro lugar, o jejum de quaresma não é destinado a apenas monges e monjas, mas é desfrutado por todo o povo cristão. Em nenhum lugar dos Cânones dos Concílios Ecumênicos ou Concílios Locais sugere que o jejum destina-se apenas para monges e monjas e não para os leigos. Pela virtude do seu Batismo, todos os cristãos – casados ou sob votos monásticos – são portadores da Cruz, seguindo o mesmo caminho espiritual. As condições exteriores nas quais eles vivem seu cristianismo exibem uma ampla variedade, mas em sua essência interna a vida é uma só. Assim como o monge, por sua auto-negação voluntária, está procurando asseverar a intrínseca bondade e beleza da criação de Deus, assim também cada cristão casado é exigido a ser, até certo ponto, um asceta. O caminho da negação e o caminho da afirmação são interdependentes e cada cristão é chamado a seguir a ambos simultaneamente.
Em segundo lugar, o Triódio não deveria ser interpretado erroneamente em um sentido pelagiano[12]. Se os textos de quaresma estão continuamente nos impelindo a um maior esforço pessoal, isto não deve ser tomado como uma implicação de que nosso progresso depende unicamente do empenho de nossa própria vontade. Pelo contrário, se nós alcançamos o jejum de quaresma isto deve ser considerado como uma dádiva da graça de Deus. O Grande Cânon de Santo André não deixa dúvida sobre este ponto:
Eu não tenho compunção nem lágrimas de arrependimento: dá-me tudo isso, meu Salvador e meu Deus.[13]
Em terceiro lugar, nosso jejum não pode ser auto-orientado, mas obediente. Quando jejuamos, nós deveríamos não tentar inventar regras especiais para nós mesmos, mas devemos seguir tão fielmente quanto possível o padrão aceito antes de nós pela Santa Tradição. Este padrão aceito, expressando como faz a consciência coletiva do Povo de Deus, possui uma sabedoria oculta e um equilíbrio não encontrado em engenhosas austeridades imaginadas pela nossa própria fantasia. Quando parece que os regulamentos tradicionais não são aplicados a nossa situação pessoal, devemos procurar o conselho de nosso pai espiritual – não a fim de legalmente assegurar uma “dispensa” dele, mas de modo a, humildemente, com sua ajuda descobrir qual é a vontade de Deus para nós. Acima de tudo, se nós desejamos para nós mesmos não alguma dispensa, mas algum tipo de rigor adicional, não devemos arriscar sem a benção de nosso pai espiritual. Esta tem sido a prática desde os primeiros séculos da vida da Igreja:
Abba
Antônio disse: “Eu conheço monges que sucumbiram depois de muito trabalho e
caíram na loucura, por que confiaram em seu próprio trabalho e negligenciaram o
mandamento que diz: “Pergunte a seu pai, e ele lhe dirá””. (Dt 32, 7).
Novamente
ele diz: “Tanto quanto possível, para cada passo que um monge dá, para cada
gota de água que ele bebe em sua cela, ele deve consultar os gerontes[14],
no caso em que ele cometa algum erro nisso”.
Estas
palavras se aplicam não apenas a monges, mas também a leigos que vivem no “mundo”,
mesmo que estes possam estar ligados por uma obediência menos rígida a seu pai
espiritual. Se orgulhoso e teimoso, nosso jejum assume um caráter diabólico,
levando-nos não para mais próximos de Deus, mas de Satã. Porque o jejum
torna-nos sensíveis a realidades do mundo espiritual, e pode ser perigosamente
ambivalente: pois há maus espíritos assim como bons.
Em
quarto lugar, embora possa parecer paradoxal, o período de Quaresma é um
tempo não de tristeza, mas de júbilo. É verdade que o jejum nos leva ao
arrependimento e à aflição por causa do pecado, mas esta angústia penitente, na
clara expressão de São João Clímaco, é um “sofrimento que gera alegria”[15]. O
Triódio deliberadamente menciona tanto lágrimas como alegria numa única frase:
Conceda-me
lágrimas como que vertidas de um rio dos céus, ó Cristo, enquanto eu passo por
este feliz dia de jejum.[16]
É
notável quão freqüentemente os temas de alegria e luz sucedem-se nos textos
para o primeiro dia da Quaresma:
Com alegria vamos iniciar o jejum,
Sem ficar com um semblante triste...
Vamos jovialmente começar o sagrado período de abstinência;
Vamos reluzir com o brilho radiante
dos santos mandamentos...
Toda vida mortal nada mais é do que apenas um dia, então é dito,
àqueles que labutam com amor.
Há quarenta dias na quaresma;
Vamos mantê-los todos com alegria.[17]
O período da Quaresma, deve-se notar, não cai no meio do inverno quando o campo está congelado e morto, mas na primavera quando tudo está retornando à vida. A palavra inglesa “Lent” tinha originalmente o significado de “primavera”; e em um texto de importância fundamental do Triódio, de igual modo, descreve a Grande Quaresma como “primavera”[18].
A primavera da Quaresma alvoreceu,
A flor
do arrependimento começou a abrir-se.
Ó
irmãos, purifiquemo-nos de toda impureza
e
cantemos ao Doador da Vida:
Glória a
Ti, que amas a humanidade.[19]
A Quaresma não significa inverno, mas primavera, nem escuridão, mas luz, nem morte, mas vitalidade renovada. Certamente, ela possui seu aspecto melancólico, com as repetidas prostrações nos ofícios feriais, com os paramentos escuros dos presbíteros[20], com os hinos cantados num restrito tom, cheio de compunção. No Império Cristão Bizantino os teatros eram fechados e os espetáculos públicos proibidos durante a Grande Quaresma[21]; ainda hoje os casamentos são proibidos nas sete semanas da Quaresma[22]. Ainda assim estes elementos de austeridade não deveriam nos cegar para o fato de que a Quaresma não é um fardo, nem uma punição, mas uma dádiva da graça de Deus:
Venham, ó povos, hoje aceitar
a graça
da Quaresma como uma dádiva de Deus[23].
Em quinto lugar, finalmente, nossa Quaresma não implica uma rejeição da criação de Deus. Como São Paulo insiste, “Nada é impuro em si mesmo” (Rm 14, 14). Tudo que Deus fez é ‘muito bom’ (Gn 1, 31): jejuar não é negar esta intrínseca bondade, mas reafirmá-la. “Ao puro todas as coisas são puras” (Tt 1, 15), e então, no banquete Messiânico no Reino dos céus não haverá nenhuma necessidade de jejum e auto-negação ascética. Mas, vivendo como nós vivemos num mundo decaído, e sofrendo como nós sofremos as conseqüências do pecado, tanto o original como o pessoal, nós não somos (estamos) puros; então, nós temos necessidade do jejum. O mal reside, não nas coisas criadas como tais, mas em nossa atitude em direção a elas, isto é, em nossa vontade. O propósito do jejum, então, não é repudiar a criação divina, mas purificar nossa vontade. Durante o jejum nós renunciamos aos nossos impulsos corporais – por exemplo, nosso apetite espontâneo para a comida e bebida - não por que estes impulsos sejam em si mesmos maus, mas por que eles foram desregrados pelo pecado e exigem ser purificados através da auto-disciplina. Desta maneira, o ascetismo é uma luta não contra o corpo, mas uma luta para o corpo; o objetivo de jejuar é purgar o corpo de impurezas estranhas e submetê-lo ao espiritual. Rejeitando o que é pecaminoso em nossa vontade, nós não destruímos o corpo criado por Deus, mas restauramos-lhe o seu verdadeiro equilíbrio e liberdade. Uma frase do padre Sergei Bulgakov diz: “Nós matamos a carne a fim de adquirirmos um corpo”.
Mas, ao nos rendermos ao corpo
espiritual, nós não o desmaterializamos por isso, privando-o de seu caráter
como uma entidade física. O ‘espiritual’ não é para ser equacionado com o
não-material, nem o carnal deve ser equacionado com o corporal. Conforme São
Paulo a ‘carne’ denota a totalidade do homem, corpo e alma juntos, na medida em
que ele está decaído e afastado de Deus; do mesmo modo o ‘espírito’ denota a
totalidade do homem, corpo e alma juntos, na medida em que ele está redimido e
divinizado pela graça. Por isso a alma, assim como o corpo, pode se tornar
carnal e corporal, e o corpo, assim como a alma, pode se tornar espiritual.
Quando São Paulo enumera as “obras da carne” (Gl 5, 19-21), ele inclui coisas
como sedição, heresia e inveja, que envolvem mais a alma que o corpo. O jejum
da Quaresma ao tornar nosso corpo espiritual, então, não suprime o aspecto
físico da nossa natureza humana, mas torna nossa materialidade mais como Deus
pretendeu que ela fosse.
Tal é o caminho pelo qual nós
interpretamos nossa abstinência de comida. Pão e vinho e outros frutos da terra
são dádivas de Deus, das quais nós participamos com reverência e agradecimento.
Se os cristãos ortodoxos abstêm-se de comer carne em certas épocas, ou em
alguns casos continuamente, isto não significa que a Igreja Ortodoxa seja, em
princípio, vegetariana e que considera o comer carne um pecado; e se nós nos
abstemos de vinho, isto não significa que nós defendemos a abstinência. Quando
nós jejuamos, não é por que consideramos o ato de comer vergonhoso, mas a fim
de tornar nosso ato de comer espiritual, sacramental e eucarístico – não mais
uma concessão à voracidade, mas um meio de comunhão com o Deus provedor. Longe
de fazer-nos olhar a comida como uma impureza, o jejum possui exatamente o
efeito oposto. Apenas aqueles que aprenderam a controlar seu apetite através da
abstinência podem apreciar a glória total e a beleza daquilo que Deus nos dá.
Para aquele que não comeu nada por 24 horas, uma azeitona pode parecer um
alimento completo. Uma fatia de queijo ou um ovo cozido nunca possuem gosto tão
bom quanto na manhã de Páscoa, após sete semanas de jejum.
Nós podemos aplicar esta
abordagem, também, à questão da abstinência de relações sexuais. Há muito tempo
a Igreja ensina que durante os períodos de jejum os casais devem tentar viver
como irmão e irmã, mas isto não significa que as relações sexuais, dentro do
casamento, sejam, em si mesmas, pecaminosas. Pelo contrário, o Grande Cânon de
Santo André de Creta - no qual, mais que em qualquer outro lugar do Triódio,
nós encontramos resumido o significado da Quaresma – estabelece sem a mínima
ambigüidade:
Pois
Cristo abençoou-os nas Bodas de Caná,
Revestido
de nossa carne, Ele mudou a água em vinho:
E este
foi o primeiro dos Seus milagres que ele operou para te transformar.[24]
A abstinência de casais, então, tem como seu objetivo não a supressão, mas a purificação da sexualidade. Tal abstinência, praticada ‘com mútuo consentimento por um período’, possui sempre um objetivo positivo, ‘que vocês possam entregar-se ao jejum e à oração’ (1 Co 7, 5). O autodomínio, então, longe de indicar uma depreciação dualística do corpo serve, ao contrário, para conferir ao lado sexual do casamento uma dimensão espiritual que pode estar ausente.
Para prevenir de uma má
interpretação do jejum, o Triódio fala repetidamente sobre o bem inerente à
criação material. No último dos ofícios que ele contém, Vésperas para a
Sexta-feira Santa, a seqüência de 15 leituras do Antigo Testamento abre com as
primeiras palavras do Gênesis, ‘No princípio Deus criou o céu e a terra.....’:
todas as coisas criadas pelas mãos de Deus, como tal, são ‘muito boas’. Cada parte
da criação, insiste o Triódio, une-se em louvar o Criador.
As hostes celestes O glorificam;
Diante
d’Ele tremem os querubins e os serafins;
Que tudo
que respira e toda a criação
Louve-O,
Bendiga-O, exalte-O acima de tudo eternamente.
Ó Tu, que cobriste Tuas alturas com as águas,
Que
fixaste a terra como um limite para o mar e manténs todas as coisas:
O sol canta louvores a Ti, e a lua Te dá glória,
Toda
criatura oferece um hino a Ti,
Seu
Autor e Criador, para sempre.
Que todas as árvores da floresta cantem e dancem...
Que
todas as montanhas e montes
Exclamem
com grande júbilo diante da misericórdia de Deus,
E que
todas as árvores da floresta aplaudam.[25]
Esta atitude assertiva em relação ao mundo material está fundamentada não apenas na doutrina da criação, mas também na doutrina de Cristo. Constantemente no Triódio, a verdadeira realidade física da natureza humana de Cristo está destacada. Como pode, então, o corpo humano ser mau, se o próprio Deus tinha na Sua própria pessoa assumido e divinizado o corpo? Como nós citamos nas Matinas do primeiro domingo da Quaresma, o Domingo da Ortodoxia:
Tu não Te manifestaste a nós, ó Misericordioso Senhor, meramente em aparência exterior,
Como o
dizem os seguidores de Maniqueu, que são inimigos de Deus,
Mas na
completa e verdadeira realidade da carne.[26]
“O Verbo de Deus que o Universo não pode conter, Se deixa circunscrever encarnando em Ti, ó Mãe de Deus, e restaurando a antiga imagem manchada pelo pecado, nela acrescenta a Sua divina Beleza. Confessando a salvação em palavras e atos, restauramos, nós também, nossa semelhança com Deus”.[27]
Esta afirmação das
potencialidades portadoras do espírito da criação material é um tema constante
durante o período de Quaresma. No primeiro Domingo da Grande Quaresma, nos é
lembrado a natureza física da Encarnação de Cristo, da realidade material dos
santos ícones, e da visível beleza estética da Igreja. No segundo Domingo da
Quaresma fixamos a memória de São Gregório Palamas (1296-1359), que ensinou que
toda a criação é permeada pelas energias de Deus, e que mesmo na presente vida
esta divina glória pode ser percebida pelos olhos físicos do homem, contanto
que seu corpo tenha se rendido ao espiritual pela graça de Deus. No terceiro
Domingo nós veneramos o madeiro da Cruz; no sexto Domingo nós abençoamos os
ramos das palmeiras; na quarta-feira da Semana Santa nós somos marcados com o
óleo material no sacramento da Unção; na quinta-feira Santa nós relembramos
como na Última Ceia Cristo abençoou o pão e o vinho materiais, transformando-os
Aqueles que jejuam, longe de
repudiar as coisas materiais, estão, ao contrário, participando na sua
redenção. Eles estão cumprindo a vocação afirmada para os ‘filhos de Deus’ por
São Paulo: “Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de
Deus. De fato, a criação foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por
vontade daquele que a submeteu – na esperança de ela também ser libertada da
escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus.
Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o
presente”. (Rm 8, 18-22). Por meio de nossa abstinência de quaresma, nós
buscamos com a ajuda de Deus exercitar este chamado como sacerdotes da criação,
restaurando todas as coisas ao seu esplendor primitivo. A auto-disciplina
ascética, então, significa uma rejeição ao mundo, apenas na medida em que está
corrompido pela queda; do corpo, apenas na medida em que está dominado pelas
paixões pecaminosas. A luxúria exclui o amor: na medida em que nós cobiçamos
outras pessoas ou outras coisas, nós não podemos amá-las verdadeiramente. Ao
livrarmo-nos da luxúria, o jejum torna-nos capazes do genuíno amor. Não mais
dominados pelo desejo egoísta para saquear e explorar, nós começamos a ver o
mundo com os olhos de Adão no Paraíso. Nossa auto-negação é o caminho que leva
à nossa auto-afirmação; é o nosso meio de entrar na liturgia cósmica onde todas
as coisas visíveis e invisíveis atribuem glória ao seu Criador.
[1] O Triódio de Quaresma
recebe este título por que nos dias de semana da Grande Quaresma no cânon de
Matinas normalmente há apenas três odes, ao invés das oito costumeiras ao longo
do resto do ano. Para evitar confusão,
segue-se aqui a prática grega, reservando-se o nome de Triódio para o volume
relativo ao período da Grande Quaresma, e para o período pós-Páscoa o título de
Pentecostário.
[2] Vésperas do Sábado dos
Defuntos.
[3] N.T. Obviamente
trata-se, aqui, da higiene corporal interna: estômago, intestinos, baço,
fígado, rins, pulmões, sangue, glândulas e etc.
[4] Homilias sobre o jejum,
1, 10 (PG XXXI, 18IB)
[5] Vésperas de domingo à
noite (Domingo do Perdão); Vésperas da segunda-feira e terça-feira da primeira
semana da Grande Quaresma.
[6] Diário de um padre russo
(Londres, 1967), p.128
[7] Matinas da terça-feira
na primeira semana da Grande Quaresma.
[8] Vésperas de sábado à
noite (Domingo do Julgamento Final)
[9] N.T. Vale a pena ler
este fragmento, não reproduzido aqui por ser muito longo; expressa com profundidade
e precisão o espírito do jejum.
[10] Vésperas de quarta-feira
da primeira semana.
[11] Matinas do Domingo do
Julgamento Final; Vésperas de domingo à noite (Domingo da Ortodoxia)
[12] N.T. Pelágio – Monge
nascido na Grã-Bretanha em 354 (+410). Exaltou a natureza humana como capaz,
por si só, da prática das virtudes. No tratado “Sobre a natureza” desenvolve, de maneira sistemática, suas teorias
sobre a perfeição da natureza humana. Esta não é, para ele, de modo algum
tocada pelo pecado original. A natureza humana é capaz, com suas próprias
forças, de evitar o pecado. Suas teorias heréticas acabaram tomando a
denominação de pelagianismo.
[13] Ode dois, tropário 25.
[14] O termo grego geron (na Rússia starets) significa literalmente homem idoso, não necessariamente em
anos, mas em experiência espiritual e sabedoria. Ele é dotado pelo Espírito
Santo com o dom de ver no coração dos homens e oferecer a eles orientação.
[15] A Escada para o paraíso,
sétimo degrau.
[16] Vésperas da
segunda-feira da primeira semana.
[17] Matinas da primeira
segunda-feira.
[18] N.T – No hemisfério sul
o período de Quaresma cai no outono, período no qual a natureza também se
transforma para suportar as agruras do inverno. O simbolismo, aí também, fica
mantido, pois a Quaresma também transforma e purifica o homem a cada ano,
fazendo as “folhas do pecado, os ramos secos e mortos” saírem de sua alma
tornando-o mais forte e mais apto ao combate das paixões (inverno), com e pela
graça de Deus.
[19] Vésperas de quarta-feira
da semana anterior à Quaresma.
[20] N.T. - Na Tradição
eslava durante os dias de semana da Grande Quaresma os paramentos usados pelo
clero são de cor negra. Aos sábados e domingos roxos.
[21] Fócio, Nomocanon, Tit. Vii, c. I. Não poderia
esta regra ser aplicada pela Ortodoxia contemporânea à televisão?
[22] Concílio de Laodicéia
(c. 364), cânon
[23] Matinas de segunda-feira
da primeira semana.
[24] Ode nove, tropário 12.
[25] Irmos da ode oito do
Grande Cânon; Completas da Quinta-Feira Santa; Matinas do Domingo da Veneração
da Santa Cruz; Matinas do Domingo de Ramos.
[26] O persa Maniqeu (c.
216-276) fundador do Maniqueísmo, advogava um dualismo inflexível. Ele
considerava que não há salvação para o corpo humano ou para o resto da criação
material; as partículas de luz aprisionadas no homem são libertadas por um
rígido ascetismo, incluindo o vegetarianismo.
[27] Kontakion do Domingo da
Ortodoxia.
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