O Evangelho Social - A propósito da Associação Ação Ortodoxa
SANTA MARIA DE PARIS
tradução de monja Rebeca (Pereira)
Nossa
ideologia, ainda que fundada precisamente sobre o Evangelho e muitos
ensinamentos dos Padres, eu a concebo, ainda como certa explosão, como algo de
radicalmente oposto ao que constituía e constitui a vida do meio eclesiástico
ao largo. Não procuro provar esta idéia, ela é evidente e se verifica pela
reação que provocamos junto as pessoas da Igreja que nos rodeiam e que se
indignam pelas nossas tomadas de posição. As pessoas têm receio de nós,
temem-nos, evitam-nos. Certamente, queremos algo de novo. Sim, como já havia
dito, a própria tentativa de dar uma “ação” à Ortodoxia é fundamentalmente
nova. Digamos que nosso trabalho tem alguns traços revolucionários. Não poderíamos
existir na Igreja sinodal e hoje, torna-se difícil nos aceitar.
Se for necessário formular o que desejamos, poderíamos dizer que buscamos opor o princípio conciliar e pessoal ao princípio coletivo e individualista. O que significa que afirmando nossa conciliaridade, nos esforçamos em projetá-la desde a Igreja sobre todos os aspectos da vida social, distinguindo, permanentemente, nela toda pessoa em toda sua plenitude, pois que é uma conciliaridade de pessoas tomadas como valor absoluto e não um coletivo que se abstrái da pessoa e que a esmaga pelo seu peso, pela sua enormidade aritimética. Partimos da conciliaridade da pessoa. Ainda que tudo o quê mata estes dois princípios em sua complementaridade recíproca não nos convém nem ideologicamente, nem praticamente, nem metodologicamente. Ideologicamente, esta questão é clara suficiente: à base de todos os nossos princípios essenciais, uma religião de salvação pessoal como perspectiva central do Cristianismo é-nos estrangeira. Para nós, é claro, o fato de que Jesus veio salvar todos os homens e cada um em particular, não é um só homem que constitui o Corpo de Cristo, mas sim toda Sua humanidade, na comunhão conciliar de todos os membros deste Corpo e, ao mesmo tempo, é-nos evidente que a Igreja não é um coletivo auto-suficiente, mas uma união livre que repousa sobre o amor. E são justamente estas afirmações ideológicas fundamentais que nos é indispensãvel aplicar em nosso método de trabalho.
A conciliaridade dá uma base inabalável ao nosso trabalho social na Ortodoxia. Se Khomiakov fala em seu tempo de projetar a conciliaridade sobre a comunidade camponesa (rural), a família, o Estado, etc., podemos prolongar sua idéia e aplicar às condições de vida atuais: esta conciliaridade deve se ressentir, deve ser posta na base de toda escola, todo lar, toda cantina, toda realização prática ligada ao serviço coletivo das pessoas. No ideal, cada uma de nossas atividades deve ser uma pequena igreja e todas as pessoas que ai servem ou que são servidas devem ser membros dela, organicamente ligados uns aos outros e ao todo (ao conjunto). Pouco importa se seja somente um ideal irrealizável na vida real. O quê importa é que esteja sempre presente aos nossos olhos, dando ao nosso trabalho, ao trabalho mais pé no chão, outro colorido, suprimindo o maior perigo que se levanta diante de nós: aquele de se despejar na burocracia, de não passar de uma companhia ocupada em registrar “dias-pensionistas” e a estatística dos números no lugar do contato vivo com a pessoa. É necessário tender a idéia de que cada uma de nossas companhias seja o negócio comum de todos aqueles que dele tem necessidade, e não uma organização de benevolência qualquer onde uns realizam a tal benevolência, dando conta aos seus superiores e outros recebem esta benevolência, e em seguida cedem seu lugar aos próximos, desaparecendo de nossa vista.
Devemos fazer crescer um organismo conciliar e não uma organização mecânica. Nossa idéia da conciliaridade nos obriga a isto. O acento colocado sobre a pessoa fará com que ninguém possa ser considerado por nós como um número que serve a ocupar nossos quadros estatísticos. Eu diria mesmo que não podemos dar um bocado de pão a ninguém se não sentirmos naquele que o pede um ser humano. Isto não significa que devemos relaxar e condescender diante de cada bêbado ou patife. Devemos ter o bom senso e até certa rudeza, e isto não pelo fato de nossos créditos estarem esgotados ou por não podermos responder a tal ou tal pedido, mas porque nossas próprias forças espirituais não seriam suficientes a se ocupar de certo homem e o colocar nas condições adequadas, não somente materiais, mas também espirituais.
Se for necessário formular o que desejamos, poderíamos dizer que buscamos opor o princípio conciliar e pessoal ao princípio coletivo e individualista. O que significa que afirmando nossa conciliaridade, nos esforçamos em projetá-la desde a Igreja sobre todos os aspectos da vida social, distinguindo, permanentemente, nela toda pessoa em toda sua plenitude, pois que é uma conciliaridade de pessoas tomadas como valor absoluto e não um coletivo que se abstrái da pessoa e que a esmaga pelo seu peso, pela sua enormidade aritimética. Partimos da conciliaridade da pessoa. Ainda que tudo o quê mata estes dois princípios em sua complementaridade recíproca não nos convém nem ideologicamente, nem praticamente, nem metodologicamente. Ideologicamente, esta questão é clara suficiente: à base de todos os nossos princípios essenciais, uma religião de salvação pessoal como perspectiva central do Cristianismo é-nos estrangeira. Para nós, é claro, o fato de que Jesus veio salvar todos os homens e cada um em particular, não é um só homem que constitui o Corpo de Cristo, mas sim toda Sua humanidade, na comunhão conciliar de todos os membros deste Corpo e, ao mesmo tempo, é-nos evidente que a Igreja não é um coletivo auto-suficiente, mas uma união livre que repousa sobre o amor. E são justamente estas afirmações ideológicas fundamentais que nos é indispensãvel aplicar em nosso método de trabalho.
A conciliaridade dá uma base inabalável ao nosso trabalho social na Ortodoxia. Se Khomiakov fala em seu tempo de projetar a conciliaridade sobre a comunidade camponesa (rural), a família, o Estado, etc., podemos prolongar sua idéia e aplicar às condições de vida atuais: esta conciliaridade deve se ressentir, deve ser posta na base de toda escola, todo lar, toda cantina, toda realização prática ligada ao serviço coletivo das pessoas. No ideal, cada uma de nossas atividades deve ser uma pequena igreja e todas as pessoas que ai servem ou que são servidas devem ser membros dela, organicamente ligados uns aos outros e ao todo (ao conjunto). Pouco importa se seja somente um ideal irrealizável na vida real. O quê importa é que esteja sempre presente aos nossos olhos, dando ao nosso trabalho, ao trabalho mais pé no chão, outro colorido, suprimindo o maior perigo que se levanta diante de nós: aquele de se despejar na burocracia, de não passar de uma companhia ocupada em registrar “dias-pensionistas” e a estatística dos números no lugar do contato vivo com a pessoa. É necessário tender a idéia de que cada uma de nossas companhias seja o negócio comum de todos aqueles que dele tem necessidade, e não uma organização de benevolência qualquer onde uns realizam a tal benevolência, dando conta aos seus superiores e outros recebem esta benevolência, e em seguida cedem seu lugar aos próximos, desaparecendo de nossa vista.
Devemos fazer crescer um organismo conciliar e não uma organização mecânica. Nossa idéia da conciliaridade nos obriga a isto. O acento colocado sobre a pessoa fará com que ninguém possa ser considerado por nós como um número que serve a ocupar nossos quadros estatísticos. Eu diria mesmo que não podemos dar um bocado de pão a ninguém se não sentirmos naquele que o pede um ser humano. Isto não significa que devemos relaxar e condescender diante de cada bêbado ou patife. Devemos ter o bom senso e até certa rudeza, e isto não pelo fato de nossos créditos estarem esgotados ou por não podermos responder a tal ou tal pedido, mas porque nossas próprias forças espirituais não seriam suficientes a se ocupar de certo homem e o colocar nas condições adequadas, não somente materiais, mas também espirituais.
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