Homossexualidade


HARAKAS Stanley
tradução de monja Rebeca (Pereira)



A Igreja Ortodoxa, há muito tempo tem uma posição clara e firmemente articulada no que concerne os atos homossexuais. No entanto, não o teve enquanto uma condição até a distinção entre atos homossexuais e a própria condição homossexual ser o resultado de recentes desenvolvimentos em conhecimento científico. É difícil se ter tanto uma definição objetiva como um entendimento acerca da homossexualidade, em virtude da generalizada controvérsia sobre este assunto tanto nas esferas científica e religiosa, como ética e pública.

Aproxima-se, no entanto, com neutralidade e equilíbrio, refletindo a opinião de conhecimento moderno da seguinte maneira:

Homossexualidade é... uma predominante, persistente e exclusiva atração psicossexual por membros do mesmo sexo. Uma pessoa homossexual é aquela que sente um desejo sexual  e uma receptividade por pessoas do mesmo sexo e que procura ou gostaria de realizar atos sexuais  relacionados a tal desejo com uma pessoa do mesmo sexo. (Encyclopedia of Bioethics Vol. 2, p. 671).

Tal definição aponta uma clara distinção entre atos homossexuais e a condição que leva a pessoa a sentir atração por tais atos.

Atos Homossexuais
No tocante aos atos homossexuais, o ensinamento tradicional e exclusivo da Igreja é condenatório, vendo tais atos como erro moral. Diante de atos homossexuais bem como de outras expressões sexuais errôneas (fornicação, adultério, prostituição, incesto, bestialidade, masturbação) a Igreja ensina que o único lugar apropriado  para o exercício da função sexual é o casamento. A evidência das fontes da fé, sem exceção, considera os atos homossexuais como moralmente errados. No Antigo Testamento, lemos  “Quando também um homem se deitar com outro homem como com mulher, ambos fizeram abominação (Lv. 20:13 & Lv. 18:22). Grave castigo visitou a cidade de Sodoma  pela mão de Deus em virtude de seu pecado (Gn. 19:1-29) e como resultado Sodoma é o outro nome pelo qual o comportamento homossexual é conhecido e descrito. Ao falar de atos pecaminosos, o Novo Testamento o usa para ilustrar “paixões depravadas” da humanidade decaída: “suas mulheres mudaram a função natural pelo que não é natural, e da mesma maneira os homens abandonaram a função natural das mulheres e se arderam em seus desejos, uns para como os outros, homem com homem, cometendo atos indecentes...” (cf. Rom. 1:24-28). Em outro lugar, este mal é relatado com muitos outros e severo castigo lhe é prometido: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis, nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” (I Cor. 6:9-10 e Tm. 1:8-10).

A tradição patrística é não menos unânime e de corte-raso neste julgamento. Desde o II séc. A Didaquê dos Doze Apóstolos, através dos escritos dos Padres da Era de Ouro da Igreja, tais como São Basílio, São João Crisóstomo, Santo Agostinho, São Gregório de Nissa (IV e V séc.), através do Código de Justiniano (VI séc.), os Cânones de São João o Jejuador (início VII séc.) até as decisões das Declarações clérico-leigas em Homossexualidade da Conferência Permanente dos Bispos Ortodoxos Canônicos na América realizadas em março de 1978, o ensinamento é consistente e invariável: atos homossexuais são imorais e errôneos.

A Condição Homossexual
A distinção feita entre a condição homossexual e os atos homossexuais, todavia, aborda a preocupação pastoral da Igreja face as pessoas sujeitas a “exclusiva atração psicossexual em relação a membros do mesmo sexo”. Na linguagem da Igreja, isto é uma “paixão”. É uma orientação errônea de nossos desejos. Existem paixões de vários tipos, direcionadas a muitos objetos, tal como a si mesmo (orgulho), ao dinheiro (avareza), à comida (glutonaria), a companheiros sexuais extramaritais (adultério), à propriedade alheia (furto), etc. Quando estas paixões existem, independente da intensidade, a Igreja aconselha agona, isto é, o combate espiritual e moral contra elas. Em nosso combate comum contra qualquer forma de pecado, a Igreja Ortodoxa vê cada pessoa obrar na luta contra a tentação e a superação das paixões. Para este fim a Igreja oferece um arsenal de armas espirituais para superar as tentações e combater vitoriosamente contra as paixões. Estas armas espirituais incluíndo a oração, o culto, o jejum, o Sacramento da Santa Confissão, leitura das Sagradas Escrituras, amizade cristã, bem como conselhos pastorais e psiquiátricos que devem ser usados por todos, incluindo aqueles que sofrem das tendências homossexuais. A Igreja deve aumentar seu interesse pastoral em relação aos homossexuais que procuram deixar os atos homossexuais, e para isto deveria agir como um todo, através de seus pastores e de seu povo, em função daqueles que ingressam neste combate de maneira sincera e honesta. A Igreja deveria agir com a mesma compaixão, amor e sensibilidade com que age para com todos aqueles que combatem no intuito de se superarem e crescerem em Cristo.


Comentários

  1. Favor, corrigir um erro de digitação no texto. Onde lê-se: "pelo que é não é natural", leia-se: "pelo que não é natural".

    ResponderExcluir

Postar um comentário