Pornografia
HARAKAS S. Stanley
tradução de monja Rebeca (Pereira)
A Igreja
Ortodoxa através de sua história tem mantido firmemente o ensinamento de que o
sexo é uma capacidade humana dada por Deus, propriamente exercida no casamento.
As relações sexuais, no contexto do casamento, contribuiem e expressam o
vínculo de amor entre os esponsais, respondem às necessidades carnais dos
companheiros e serve à criação e à sustentação da raça humana. Como resultado,
para a Igreja, sexo é uma santa e abençoada parte da vida da maioria das
pessoas, quando praticado no único cenário apropriado: o casamento. Para os
cristãos ortodoxos, o sacramento do Santo Matrimônio coloca claramente a
relação do marido, da mulher e da família no Reino de Deus, abençoando e
santificando todas as relações no interior do vínculo matrimonial, incluíndo relações
sexuais e protegendo, por conseguinte, este aspecto da vida da má compreensão,
do abuso e da distorção corrompida. “Que o seu leito seja imaculado”, ora a
Igreja no serviço de matrimônio. A Igreja sabe e honra, da mesma forma, o
estado consagrado de virgindade no qual o aspecto sexual da vida é totalmente
restringido como um sinal de devoção e dedicação a Deus. Tanto a vida celibata
como a vida marital, quer para os clérigos ou leigos, são honradas e
respeitadas pela Igreja.
Uma
triste “nova lógica”
Todavia, sexo,
na condição obstinada em que se encontra a humanidade, pode transformar-se de
seu puro propósito, encontrando facilmente expressões impróprias e
desapropriadas. Uma destas é a pornografia. A sociedade secular tem dificuldade
em definir e controlar a pornografia, devido ao fato de se ter extraviado do
correto entendimento do sexo na vida. Motivada pelo hedonismo, o exagerado
individualismo e uma completa ignorância de liberdade, a pornografia se tornou
o sujeito ao que o Arcebispo Iakovos chama de “extravagante forma de
pensar-falar e falso raciocínio que conduz a lógica dos nossos tempos.” Esta
“nova lógica” traz muitas mudanças nas atitudes públicas de nossa sociedade em
relação ao sexo, e em particular à pornografia. A posição da Igreja, todavia,
permanece clara, direta e inevocável desde os tempos antigos até o presente,
quanto a este assunto.
A
sabedoria da lógica antiga
A Igreja
antiga responde a equivalentes em seu tempo a classificados filmes e
literatura. São Clemente de Alexandria (III séc.) e São Gregório de Nissa (IV
séc.) condenam imagens representando cenas pornográficas. São João Crisóstomo
(IV séc.) condena fortemente, em sua época, o teatro que apresentasse
acontecimentos libidinosos em cena. O Concílio de Trullo (692), em seu
Centésimo Cânone, condena imagens que incitem as pessoas às origens do prazer.
A Igreja tem uma longa história de aconselhamentos contra imagens, literatura e
representações teatrais imorais, surgindo como abstenção do uso de tal material
sexualmente estimulante, não somente pelo fato de instigar paixões
desapropriadas, mas também por distorcer o verdadeiro lugar do sexo na vida
humana.
A
pornografia é um direito?
Muito da
discussão pública hoje acerca da pornografia é lançada no quadro dos direitos
constitucionais a despeito do direito da sociedade em proteger-se da
imoralidade pública. Embora, o Cristianismo Ortodoxo suporte o valor da
liberdade e dos direitos individuais, ele também reconhece que existem limites
a estes direitos. A Ortodoxia, em particular, é sensível à necessidade de se
manter um ambiente na sociedade como um todo que mantenha estes valores
encorajantes à família, ao lar e ao casamento. Enquanto Igreja, preocupamo-nos
com a crescente ostentação e distribuição de material que degrada, banaliza e
empobrece o sexo, tirando dele, sua santidade dada por Deus, removendo-o de seu
quadro em contexto dados por Deus: o matrimônio e a família. Estamos nos
tornando rapidamente uma “sociedade pornográfica” na qual o indivíduo se imerge
numa atmosfera que corrompe e distorce. Enquanto Igreja, estamos alarmados face
à tal tendência, que vemos como ameaçadora ao bem-estar espiritual e emocional
de nossas crianças. Além disso, o genuíno significado do sexo em relação a todo
padrão de amor no casamento é minado. É claro que tal ênfase em indulgência
hedonista enfraquecerá o tecido de nossa
nação e sociedade, ameaçando sua ordem e sobrevivência.
Uma
postura pública
Os cristãos ortodoxos devem se tornar
plenamente conscientes de que pornografia não é, de forma alguma, compatível
com a nossa crença – na qual cada um de nós é chamado a crescer na imagem e
semelhança de Deus à deificação. Enquanto cidadãos, temos que opôr a propagação
da pornografia em filmes, televisão, livros, periódicos e outros meios
impressos. Uma vez que este é um fenômeno muito difundido, os cristãos
ortodoxos desejarão trabalhar junto com outras pessoas concernentes em esforços
ecumênicos com o intuito de limitar este mal social. Lá onde já existe tal
cooperação entre a Igreja Ortodoxa através de seus pastores e os leigos haverá
vontade em “expandir sua participação em vários movimentos e comissões a
eliminar a pornografia”. Isto significa que enquanto Igreja, damos suporte a
leis civis que reduzem a exposição da sociedade em geral a materiais
pornográficos. Entendemos o problema do conflito entre as demandas da
moralidade pública e os direitos dos adultos em nossa sociedade pluralista.
Uma
atitude saudável
Finalmente,
enquanto Igreja, devemos desenvolver em nossas crianças uma atitude cristã
saudável no lugar do sexo em suas vidas enquanto futuros maridos , esposas e
pais. Este não é somente o apropriado caminho para eles viverem sua vida
cristã, mas contribuirá a um ambiente saudável para o futuro da Igreja e da
sociedade em geral. Como nota São João Crisóstomo, falando sobre uma correta
educação das crianças, “tendo origem uma boa raíz, bons galhos brotarão,
tornando-se ainda melhores, e para tudo isto receberás um galardão”. Vidas
felizes, onde o sexo é visto como uma benção divina unindo o marido e a mulher
em completa união, tal como uma ordenada, não-distorcida e feliz sociedade
serão o galardão.
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