O QUÊ A PANDEMIA NOS ENSINA?

ATANASIOS de Limassol, Metropolita
tradução de monja Rebeca (Pereira)



A Igreja tem sua própria maneira de superar as provações



Faremos o que humanamente depende de nós, e agradecemos aos responsáveis, cientistas, políticos, ao governo - aqueles que nos explicam como nos comportar nesta difícil situação. Sem ignorar a realidade objetivamente difícil, e sendo pessoas da Igreja, sem dúvida temos nossa própria maneira de nos ajudar a julgar, avaliar e usar para o bem as provações que encontramos no caminho da vida.Portanto, tratemos esta prova com prudência, com observância de todas as medidas - sociais, científicas e outras - mas sobretudo com confiança em Deus, a Mãe de Deus, os santos da nossa Igreja. E a Igreja sempre nos ensina e nos encoraja a rezar nos momentos difíceis.

Somente a oração pode mudar o curso dos acontecimentos!

Uma situação crítica pode ser superada. Pode ser superado através da oração. É preciso muito, muita oração. São necessárias pessoas que, pelo poder de sua oração, sejam muito mais capazes de reverter a atual situação mundial, porque, no final, só a oração pode mudar o curso dos acontecimentos. Todas as outras medidas são obra de mãos humanas. Elas são boas e úteis, mas a oração pode realmente “num instante” (Lc 4,5) mudar tudo, e a prova se dissipará, o que, aliás, tem um lado positivo, porque nos ensina muitas coisas.

O que a pandemia está nos ensinando?

Nos ensina nossa fraqueza. Ensina-nos a vaidade das coisas humanas. Ela nos ensina que tudo o que vemos ao nosso redor é transitório. Devemos entender que nossa principal aspiração deve ser o Reino de Deus. Como diz o Senhor no santo Evangelho: Buscai primeiro o Reino de Deus. Todo o resto lhe será dado pelo Senhor da glória - Cristo. O Reino de Deus é o que realmente precisamos. Por isso, a Igreja nos chama à obra da oração. Uma oração que proveniente do arrependimento e da humildade.

Então vamos nos arrepender dos nossos pecados, dos pecados do mundo inteiro! Levemos a Deus o poder da oração que vive em um coração humilde e arrependido. Então o Senhor terá misericórdia e mudará o curso da história.

Os templos estão abertos. Quem quiser, venha!

As igrejas continuam abertas. Os Serviços neles não vai parar. Nossos sacerdotes e nós estamos todos na posição em que o Senhor nos colocou. Como pastores da Igreja, trazemos orações, cultos, a Divina Eucaristia para o mundo inteiro. Quem quiser, venha! Quem sentir dificuldade, falta de força ou qualquer outra coisa, que aja de acordo com seu entendimento da situação. Não temos o direito de julgar pessoa alguma. Rezamos pelo mundo inteiro, por todo "Adão", por toda a raça humana.

Alguém perguntará: mas nós, que vamos à Igreja, não adoeceremos? Vamos ficar doentes, vamos morrer. Quem te disse que seremos imortais neste mundo?

Lembra-se do que os santos quarenta mártires de Sebástia disseram? Façamos o que é correto com zelo! Já que vamos morrer de qualquer maneira, é melhor morrermos honestos com nós mesmos e bondosos para com Deus.

Ter a memória da morte, sobre a qual nosso santo compatriota Neófito, o Recluso, disse que o temor de Deus até a memória da morte é a maior bênção de todas as bênçãos, pois nos lembra que deixaremos este mundo vão e estaremos diante o Senhor.

Todos nós nos dirigimos à Páscoa

O que a Igreja nos dá? Destemor. Vitória sobre o medo da morte. Todos nós, sem exceção, estamos esperando a morte biológica. Mas o espiritual não: uma pessoa que acredita em Deus não é ameaçada por ela. “Aquele que crê em Mim nunca verá a morte”, diz o Senhor. Ou seja, aquele que crê em Deus nunca verá a morte. Biológica sim, espiritual não. Mas é precisamente isso que nos assusta – a morte espiritual, nossa separação eterna de Cristo. Ela nos assusta. Desejamos que isso não aconteça conosco, pois a morte biológica é anterior ao tempo, e esta está se separando para sempre!

Sejamos santos ou pecadores, todos passaremos pelos portões da morte biológica. O que quer que sejamos, estamos todos caminhando para a Páscoa, para a ressurreição de Cristo, que pisoteou a morte, da qual ouviremos falar na noite de Páscoa. Que ninguém tenha medo da morte: o Senhor nos livrou do medo dela por meio de Sua morte. Não há mais morte, há vida eterna, Cristo, o Reino de Deus para sempre.

É com tanta fé que passaremos pela prova que nos foi enviada. Sem pânico, sem medo, sem pensamentos humanos. Ide, clamando por socorro o amor de nosso Senhor Jesus Cristo.

O amor de Deus vence o medo

Sabemos que nossa vida neste mundo tem um "prazo de validade". Mas também sabemos que a morte é uma transição das coisas vãs para as coisas eternas, para o eterno Reino de Deus. A crise de hoje é o julgamento de nossa fé, nossa vida, nossos pensamentos, a qualidade de nossa conexão com o Deus-Pai.

A Igreja permanece orando e servindo ao Deus vivo, independentemente de quaisquer cálculos humanos e interesses próprios. Dá esperança de que Deus está acima de tudo. Não para negligenciarmos os esforços humanos, mas para vencermos o medo da morte. Ele é conquistado pelo amor.

Amor perfeito inibe o medo. Aquele que ama a Deus não teme nada. Ele não é ofuscado por nenhum teste neste mundo. Porque o amor de Deus supera o medo e dá uma sensação de vida eterna.

Sem a luz de Cristo a escuridão é insuportável

Em nossa metrópole, na catedral, como em outras igrejas, todas as quintas-feiras antes ou depois das Grandes Completas, será realizada uma unção para a cura da alma e do corpo. A Igreja nos dá o remédio para a vida eterna. Juntamente com os remédios biológicos e químicos feitos pelo homem, a Igreja nos ensina o santo sacramento da unção, a fim de dar força à alma e ao corpo para passar, preservando a paz dentro de nós, não importa o que nos aconteça, tanto a vida quanto a morte.

A morte foi mortificada pela morte de Cristo, diziam os Santos Padres da Igreja. Vamos confiar em Cristo. Invoquemos a Santíssima Theotokos e os Santos Padres. E siga em frente com fé e paz de espírito. Assim daremos conforto a nossos irmãos. Pense que desesperança, que medo, que insegurança, que medo vive no coração das pessoas que não são iluminadas pela luz de Cristo! Esta é realmente uma tragédia - a vida sem Deus! É realmente uma tragédia - a vida sem a Santa Igreja! O homem não pode viver sem Cristo. Sem a luz de Cristo, a escuridão é insuportável!

Portanto, todos nós que cremos em Cristo e invocamos Seu santo Nome levaremos esperança, alegria, paz, repouso, tranqüilidade, coragem ao coração de nossos irmãos, clamando por socorro a presença e o amor de nosso Senhor Jesus Cristo.

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