UM GRITO DE AGONIA E SOLIDÃO: "NÃO TENHO HOMEM ALGUM!"
A solidão muitas vezes não é a ausência de pessoas,
mas também a presença de muitos em nossa vizinhança que são indiferentes e
focados em si mesmos, em seus problemas.
A queixa de um paralítico há 38 anos, contada na
história do Evangelho de João (5: 1-15), é realmente chocante: “Não tenho homem
algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou,
desce outro antes de mim". Ele não reclama de sua doença de longa duração,
mas porque está desamparado e sozinho. Suas palavras são um grito de dor e
tormento por causa de sua solidão e têm valor atemporal, pois ainda hoje,
apesar de muitas mídias e redes de telecomunicações, muitas pessoas se sentem
solitárias. Muitas pessoas não encontram o vizinho próximo a elas quando
precisam. A queixa do
paralítico é um grito de agonia de muitas pessoas de nosso tempo. Se a nossa fé
é apenas uma relação vertical com Deus e não tem uma dimensão horizontal de
encontro com o próximo, quando ele realmente precisa de nós, então devemos nos
perguntar seriamente se essa fé é verdadeira e real.
Embora ninguém tenha sido encontrado para ajudar a
pessoa paralisada na história, a ajuda ainda vem da maneira mais drástica,
eficiente e autêntica. Aquele que Se fez homem não nos revelaria apenas Quem é
Deus, mas também Quem é - mais precisamente, Quem (o que) deveria ser - um
verdadeiro homem. Um versículo no domingo no Serviço de Vésperas do Paralítico nos
revela as palavras de Cristo: "Tornei-Me homem para ti, vesti o Meu corpo
para ti e tu dizes que não tenho homem: toma a tua cama e anda" Cristo
cura os enfermos de maneira autêntica. “Senhor”, diz a glória em louvor, “o banho
não cura o paralítico, mas a Tua palavra o renova”.
Assim como a palavra criadora de Deus criou o mundo do
nada (conforme a descrição do livro do Gênesis), a palavra poderosa do Filho de
Deus replica e renova a criatura destruída pelo pecado e pela doença. Além
disso, a palavra poderosa dos discípulos de Jesus, no sermão apostólico lido
naquele dia (Atos 9: 32-42), mais precisamente sobre a invocação do Nome de
Jesus por Seu discípulo Pedro, curou o paralítico, de oito anos, Enéias em Lida
da Palestina e ressuscita Tavita (que traduzido significa cervo), em Joppe.
A palavra de Cristo vivifica, é vivificante. Basta que
a pessoa acolha esta palavra autêntica com fé e confiança, que é diferente das
palavras humanas. A palavra de Cristo não ataca, mas ajuda, não destrói, mas
cria, dá vida e ressurreição. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a
Minha palavra e crê naquele que Me enviou tem a vida eterna e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5:24)
Essas palavras divinas "permanecem para
sempre", sem mudar ou enfraquecer com o tempo e perder sua importância.
Pois a esperança de vida e a vitória sobre a morte continua sendo o desejo
eterno dos homens, não afetado pelo progresso técnico ou pelo desenvolvimento
cultural, que torna o homem um prisioneiro ainda maior de seus próprios
assuntos e o deixa desamparado diante das necessidades mais profundas de seus
semelhantes e de si mesmo. Na infinidade de confortos e máquinas que tornam a
vida mais fácil fora, a ausência de parentes, companheiros e ajudantes é
facilmente determinada.
É realmente estranho como as pessoas costumam aceitar
as palavras de Deus. Os líderes religiosos judeus da nossa história estão
indignados, porque Jesus fez um milagre no dia de sábado e pediu ao doente que
se levantasse, se deitasse e voltasse para casa curado após 38 anos de doença!
Com sua mentalidade tacanha, os representantes religiosos ficaram presos na
letra da Lei e não viram o Espírito de Deus revelado por Cristo à humanidade.
Eles acreditavam que todo o sistema religioso de provisões legais e proibições
estava entrando em colapso, justamente quando Jesus ofereceu amor e vida a um
homem sofredor.
Em um mundo formado por pessoas deformadas pela doença
e pelo pecado, por um lado, e líderes religiosos da época, por outro,
caracterizado pela tirania tacanha na esfera da vida religiosa e pela negação
da origem divina de Jesus, Deus revelou a si mesmo não como quem pune e julga a
todos, mas como Salvador que tudo resgata da doença, liberta das leis murchas,
dá vida aos homens e aquece a esperança da ressurreição, pois o próprio Filho
de Deus vence a morte com a Sua morte e triunfos sobre as forças de decadência
e destruição.
Nestes três pontos principais da passagem do Evangelho
de hoje, podemos ver como Cristo está invertendo o curso da humanidade:
2. Liberta da consagrada observância desumana da letra da Lei, revelando o amor de Deus pelo homem e o mandamento do amor de cada homem pelo próximo.
3. Ele dá a palavra da verdade que, apesar das frequentes mentiras humanas, testemunha, no entanto, o verdadeiro poder divino. Quem acredita em suas palavras vence a morte e já desde agora entra no reino da vida real, divina e infinita. Ele Se tornou o homem que o paralítico tanto procurava. Ele Se tornou um homem para todos que precisavam d´Ele.
Ótimo texto e tradução, parabéns pelo trabalho!
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