JESUS NÃO FAZ PARTE DA HISTÓRIA DO NATAL
sacerdote Damick Andrew Stephen tradução de monja Rebeca (Pereira)
Estamos
agora a uma semana de celebrar um grande mistério da fé cristã — o nascimento
do Deus-homem Jesus Cristo neste mundo. No entanto, à medida que nos
aproximamos desta antiga festa cristã, cuja data não depende de forma alguma do
paganismo (apesar das lendas urbanas que você possa ter ouvido), mas na verdade
da festa da Anunciação nove meses antes, aos 07 de abril, muitas vezes
vivenciamos uma invasão, uma corrupção desta grande festa.
Todo ano,
ouvimos sobre a chamada "guerra ao Natal". Vemos um comercialismo
doloroso desenfreado em todos os lugares. Temos literalmente uma economia cujas
necessidades de consumo dependem da compra e venda nesta época do ano.
E vemos
mais corrupções insidiosas desta festa também. Dizem-nos que o verdadeiro
"significado do Natal" ou "espírito do Natal" é ser gentil
com outras pessoas, sobre dar a outras pessoas. Dizem-nos que o propósito do
Natal é unir as famílias. E até vemos algumas igrejas cristãs fechando suas
portas neste próximo domingo precisamente para que as pessoas possam passar
tempo com suas famílias, mas não adorando o Senhor Jesus na Casa de Deus.
Agora, não
há nada de errado em dar ou com gentileza ou com tempo para a família. E não há
nada de errado em fazer essas coisas em conexão com o Natal. Mas essas coisas
não são o significado do Natal. Afinal, ateus e membros de outras religiões
fazem todas essas coisas. Fazê-las não significa que eles estão celebrando o
Natal.
Nosso
problema cultural é realmente um problema narrativo — um problema de história.
E então o chamado usual de cristãos sérios é resumido com este slogan: Vamos
colocar Cristo de volta no Natal. Mas eu acredito que esse é um slogan que já
admitiu a derrota, que já concedeu o Natal às forças do anti-Natal. Por quê?
É porque
temos essa ideia de que existe esse evento chamado Natal, e o que está faltando
é Jesus. Se ao menos colocássemos o menino Jesus de volta em nosso presépio em
algum lugar, então teríamos um Natal adequado com todos os acessórios certos.
Simplesmente não está completo sem um menino Jesus.
Mas isso
perde o que a história realmente é. Se pensamos que a história é sobre o Natal,
e Jesus é parte dessa história, então perdemos a história completamente. Se é
isso que pensamos, então não sabemos o que é o Natal.
Jesus não
faz parte da história do Natal. O Natal é parte da história de Jesus.
Quando os
cristãos celebram o Natal, o que estamos celebrando é a Grande Festa da
Natividade de nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo. É a próxima festa na
história de Jesus Cristo. A festa anterior nesta história aconteceu há nove
meses, aos 07 de abril. Essa foi a festa da Anunciação, o momento em que Deus Se
tornou homem, o momento em que Jesus foi concebido virginalmente, encarnado
pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria. Naquele momento, o Filho de Deus Se
tornou homem. E Ele começou a crescer dentro do ventre de Sua mãe, tomando Sua
própria carne d´Ela e d´Ela tomando Sua humanidade.
Esta festa
da Natividade é o que vem a seguir na história. É o momento em que o Deus-homem
Jesus, que já está crescendo há nove meses como homem, agora é revelado ao
mundo por meio de Seu nascimento. O que estava escondido, segregado no ventre
puro da Virgem, agora é abertamente apresentado. Anjos cantam o anúncio.
Pastores contam sobre este momento. Homens sábios começam uma jornada do
Oriente para adorá-Lo.
Nosso Deus
e Salvador nasce na história humana. E é por isso que lemos o Evangelho de Sua
genealogia neste domingo antes da Natividade. É uma testemunha de Sua entrada
na história humana, Sua entrada não por uma porta lateral, não por uma porta
dos fundos, nem mesmo por portões abertos como se Ele fosse um invasor,
estranho a nós. Não, Ele entrou através do nascimento. Ele entrou da mesma
forma que todos nós entramos neste mundo.
E então com
Seu nascimento, Ele Se torna parte de uma família humana, parte de nossa
família humana, nossa raça humana. E Ele também faz parte da família do povo de
Israel. E por causa dessa identidade, Ele é circuncidado como todos os meninos
judeus eram. Essa é outra parte desta história e outra festa, celebrada aos 14
de janeiro. E Ele é levado ao Templo em Jerusalém por Sua mãe e José,
apresentado como todos os primogênitos judeus eram. E essa é outra parte da
história e outra festa, celebrada em 15 de fevereiro.
Ele cresce,
Ele é batizado. Essa é outra festa, celebrada em 19 de janeiro. Ele ensina e
cura. Ele é transfigurado em glória no Monte Tabor. Essa é outra festa,
celebrada em 19 de agosto. Ele é crucificado, morre e é sepultado. Ele
ressuscita no terceiro dia e ascende ao Céu. E Ele nos envia o Espírito Santo
para encher a Igreja com poder do alto. Mais história, mais festas! E se
estivermos unidos a Ele, também podemos experimentar cada parte de Sua vida e
ser curados pelo toque.
Esta é a
história de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Filho de Maria e o Salvador do
mundo.
Jesus não
faz parte da história do Natal. O Natal faz parte da história de Jesus.
Já
consideramos que esta é a história que estamos celebrando? Que o Natal é um
capítulo desta história de Jesus?
Não é um
capítulo na história da economia americana. Não é um capítulo nas guerras
culturais. Não é um capítulo em doações de caridade. Não é um capítulo nas
tradições familiares de união. O Natal é um capítulo na história de Jesus
Cristo, a história do Rei que está vindo ao mundo para destruir o poder da
morte para sempre.
Temos que
entender o que o secularismo faz se quisermos viver como pessoas não seculares.
O que o secularismo faz não é eliminar nossa fé. Não há uma "guerra"
no Natal ou mesmo no cristianismo no sentido de que o objetivo é apagá-lo
diretamente. Não, na verdade é muito mais sutil do que isso.
O que o
secularismo faz é banalizar o Natal, banalizar nossa fé cristã. Não precisamos
nos livrar dele — claro que não. Não, simplesmente esperamos fazer de Jesus
Cristo uma “parte” de nossas vidas. Ele é apenas uma parte. Ele é um personagem
em uma história maior, a história de nossas próprias vidas com nossas próprias
prioridades e nossa própria narrativa, a história na qual somos os heróis.
É por isso
que um mundo secular está bem com "colocar Cristo de volta no Natal",
porque isso significa que o secularismo já tomou conta do Natal. Isso significa
que o Natal se tornou parte da história secular da "boa vida" que tem
feriados agradáveis, tradições familiares e uma economia crescente. Se você
quer o menino Jesus como personagem na sua história de Natal, vá em frente.
Mas Jesus
não veio aqui para entrar como personagem na história de outra pessoa. Ele veio
para revelar uma história completamente diferente, e é a história Dele. De
fato, toda a história é finalmente revelada como a história Dele. A genealogia
que lemos hoje acaba sendo um prólogo para a introdução do Personagem
principal, o verdadeiro Herói da história Cuja vinda revela tudo pelo que
realmente é.
A questão
que cada um de nós deve se perguntar não é se Jesus faz parte da nossa história
de vida. A questão é se fazemos parte da história de Sua vida. Porque é isso
que está acontecendo. Essa é a história verdadeira. É onde estamos.
Jesus não
faz parte da história do Natal. O Natal faz parte da história de Jesus.
E nós
também podemos fazer parte dessa história.
Ao Rei
vindouro seja toda glória, honra e adoração, com Seu Pai e o Espírito Santo,
agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.
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