tag:blogger.com,1999:blog-71048283419787396942024-03-05T02:25:18.905-08:00Aurora OrtodoxiaAuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.comBlogger155125tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-74969228398186637622024-01-19T01:51:00.000-08:002024-01-19T01:51:00.241-08:00TEOFANIA<p></p><p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>ZACHAROU</b> Zacarias, Arquimandrita</span></div><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><i><br /></i></span></div></span><p></p><p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0DuJxH86t-WgW1KbZ3FqV86WbL6LVAK3Y-dlj5i1SCgy5sTrSUzLl4qpKK2aAEsfUpuDvTJuySqmMq8M5hoTBiaGEmfc00AoslmdVlTlzDQhqG0-dEqoO4MaUu13DxNRXLoDUfBTCj4U_9rgVEyuNKODXc0wz0dKE11qN89HLPpdmeqUIIEp26F2d/s630/FrZacharias_Kardia%20edited.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="380" data-original-width="630" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0DuJxH86t-WgW1KbZ3FqV86WbL6LVAK3Y-dlj5i1SCgy5sTrSUzLl4qpKK2aAEsfUpuDvTJuySqmMq8M5hoTBiaGEmfc00AoslmdVlTlzDQhqG0-dEqoO4MaUu13DxNRXLoDUfBTCj4U_9rgVEyuNKODXc0wz0dKE11qN89HLPpdmeqUIIEp26F2d/w453-h273/FrZacharias_Kardia%20edited.jpg" width="453" /></a></div><br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: verdana;">Após a
Queda, o homem se encontra “sentado na terra da sombra da morte” (Is 9:2 LXX).
Neste estado desesperado “uma luz [grande e santa] raia”, o Sol noético da
justiça, Cristo. Seu Precursor, o arauto de Sua Primeira Vinda, ‘prepara o
caminho do Senhor’ (Mateus 3:3), chamando o povo ao arrependimento. O arrependimento
é o começo, o meio e o fim da vida espiritual. É o começo porque para que o
homem feito de barro se aproxime de Deus que é puro e amante da pureza, ele
deve lavar toda impureza do seu coração com torrentes de lágrimas. O início do
arrependimento está ligado à entrada do homem na Igreja através do Batismo.
Este Mistério se estabelece e deriva seu poder do Batismo do Senhor Jesus no
Rio Jordão por São João Batista. Cristo entrou no mundo determinado a cumprir
até o fim a vontade do Pai Celestial (Sl 40:7-8). Assim, Ele também guardou o
mandamento do batismo, e Ele, o Criador do mundo veio à Sua criatura, o Mestre
veio ao Seu servo, para ser batizado por ele. É claro que o Senhor não aceitou
ser batizado por João para a Sua purificação e santificação pessoal, mas pelo
contrário, para que pudesse transmitir às águas do Jordão a energia
purificadora e santificadora da Sua Pessoa.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: verdana;">Desta
forma, a água santificada torna-se veículo da graça divina. Historicamente, o
Batismo de Cristo ocorreu de uma vez por todas, mas como todos os
acontecimentos da Sua vida, permanece para sempre. Através da oração, o cristão
recebe a graça de entrar nos acontecimentos eternos, de torná-los presentes, de
receber a sua bênção. Assim, os membros da Sua Igreja podem invocar a graça
eterna dos acontecimentos da vida do Senhor na terra, dizendo: 'Santificaste as
correntes do Jordão, fazendo descer do alto o Teu Santíssimo Espírito...
Portanto, ó Rei que amas a humanidade, sê presente agora como então através da
descida do Teu Espírito Santo, e santifique esta água.' Em seu arrependimento
inicial antes de seu próprio Batismo, o homem faz uma aliança com Deus para
viver de acordo com Seus mandamentos. É por isso que o candidato ao Batismo
tira as vestes; isto é, ele se despoja do “velho homem”, da sua velha mente,
dos seus velhos sentimentos, para se revestir da novidade de vida. O santo
Precursor disse sobre o Senhor: ‘Ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo’ (Mateus 3:11). Portanto, o que limpa a alma não é a água, mas o poder do
Espírito Santo, com o qual a água é preenchida pelas orações da Igreja.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: verdana;">O
sacramento do Batismo é um julgamento; ilumina com Luz além da luz aqueles que
se prepararam em arrependimento antes de se aproximarem, e castiga aqueles que
vêm sem discernimento e despreparados. O mesmo acontecerá no Juízo Final.
Cristo desceu do céu à terra e quando chegou a hora, desceu até o rio Jordão,
que geograficamente é o ponto mais baixo da terra. Ele revelou assim o caminho
que deveria seguir até o fim por meio de Sua descida às regiões infernais. O
último Batismo de Cristo foi Sua morte, o Batismo da Cruz. Mas ao ser batizado
no Jordão, Ele transmitiu profeticamente o Sacramento do Batismo aos fiéis e só
depois selou-o com a morte da Sua Carne incorruptível, assim como também
transmitiu o Sacramento da Sagrada Eucaristia na Última Ceia, antes do
sacrifício da Cruz acontecer. Durante o Batismo, ocorre a fase intermediária do
arrependimento, quando, por meio da tríplice imersão na água da fonte, o
recém-batizado segue o caminho da descida semelhante a Cristo, encontra o
Senhor, morre para o pecado e é sepultado junto com Ele. Em contraste com a
morte do Senhor, que foi uma morte real, a sua morte é simbólica – mas produz
frutos reais, a graça da Ressurreição.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: verdana;">O arrependimento
é também o fim da vida cristã, porque o homem luta continuamente depois para
manter “imaculada e indelével” a vestimenta da incorrupção, com a qual foi
vestido no Batismo. Cristo Se humilhou até o fim para salvar o homem. Quem
trilha o humilde caminho do Senhor, encontra-O e recebe o Seu dom, adquirindo
‘a mente de Cristo’. A partir de então, ele tem sede de se diminuir e de se
tornar um nada diante do Senhor, um zero, para que o Senhor seja engrandecido,
como São João, que depositou toda a sua glória aos pés de Cristo e confessou
com desejo ardente: 'Ele deve aumentar, mas é necessário que eu diminua” (João
3:30). Na pessoa do Precursor encontramos o padrão de uma vida verdadeiramente
profética, que se manifesta não por sinais e prodígios, mas pelo desejo
humilde, mas fervoroso, do homem de se diminuir o máximo possível, para que o
Senhor seja glorificado em seu coração e seu irmão encontre benefício para sua
alma. João, o “maior entre os nascidos de mulher”, proclamou que não era digno
de tocar e desatar o laço da sandália de Cristo. São Gregório Palamas
interpreta as sandálias do Senhor como a carne humana que Ele assumiu, onde
habitava corporalmente “toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: verdana;">Mesmo ainda
criança, o Batista reconheceu que o Senhor era o Filho de Deus. A saudação da
Mãe de Cristo transmitiu-lhe tanta graça que ele salta “de alegria” no ventre
da justa Isabel. Foi esta graça que o conduziu à vida ascética no deserto e o
convocou a pregar o arrependimento ao povo e prepará-lo para a vinda do Deus
Salvador. Agora, à luz desta graça, ele discerniu que em Cristo não havia
precedência de prazer. Ele tremeu diante da condescendência divina do Deus
incriado, que buscou o batismo na obra criada de Suas mãos. Ele primeiro
mostrou uma “louvável resistência”, mas discernindo com seu olhar profético a
vontade divina, submeteu-se imediatamente a ela. ‘Alegrando-se de alma enquanto
sua mão tremia’, com a consciência de ser ‘um servo inútil’, ele cumpriu ‘o que
lhe foi ordenado’. Quando Cristo desceu às águas do Jordão, toda a criação foi
transformada numa fonte espiritual cheia da graça salvadora de Cristo. Na Sua
descida às partes mais profundas da terra, Cristo encheu “todas as coisas
consigo mesmo” (Efésios 4:10), as trevas com Luz, a morte com vida. Sua morte
se tornou a fonte de vida indestrutível. Portanto, quando um homem suporta a
morte à semelhança da morte injusta e sem pecado de Cristo, ele encontra a
graça da Ressurreição.<o:p></o:p></span></span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-77841067927062636572022-10-21T06:26:00.000-07:002022-10-21T06:26:28.047-07:00O amor tem um rosto - Um bate-papo com Ancião Theoliptos<p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg3GYsbQVfS_Kj0K3eYutypQfWOmuWhjPVl9uRlOxAb8ix6kEYWV0JypWNIAf96lASMTIasPC4o53KjfYGbdVyRCwk6GtjRwaK2pwGxhP_Hpu7hauP3JflmukhQOvc8HsQuqWj0_z4ro_vgdBkMAa1JAz_XjCfu9eX2Ea-LDTuYk7TdjtqUfJGCw/s800/LIKOVI%20MONAHA%20Budite%20svetlost%20svetu%20Vladika%20Atanasije.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="528" height="387" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg3GYsbQVfS_Kj0K3eYutypQfWOmuWhjPVl9uRlOxAb8ix6kEYWV0JypWNIAf96lASMTIasPC4o53KjfYGbdVyRCwk6GtjRwaK2pwGxhP_Hpu7hauP3JflmukhQOvc8HsQuqWj0_z4ro_vgdBkMAa1JAz_XjCfu9eX2Ea-LDTuYk7TdjtqUfJGCw/w255-h387/LIKOVI%20MONAHA%20Budite%20svetlost%20svetu%20Vladika%20Atanasije.jpg" width="255" /></a></div><br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">‘Pai, eu não amo’.<br /></span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Muito bem'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Muito bem que eu não amo?"<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Não não. Quero dizer outra coisa’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'O que seria então?'<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">— Você vai entender à medida que continuarmos.
Apenas me diga o que você quer dizer quando diz que não ama’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">“Quero dizer, eu sinto que meu coração é uma
pedra. Eu não me importo com outras pessoas. Não estou interessado no meu próximo.
Há momentos em que o problema de outra pessoa é motivo de alegria, porque não é
um problema que eu tenha. Eu condeno. E às vezes, se outra pessoa está feliz, sou
devorado pela inveja’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'E você gostaria de amar?'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Eu daria qualquer coisa’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Então, eu estava certo em dizer “muito bem”.
Na verdade, eu deveria ter dito duas vezes’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Duas vezes, mesmo!'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Definitivamente duas vezes. Primeiro, porque
você está pensando com contrição. Você não percebe que, ao dizer assim, está a
se confessarao mesmo tempo? Posso não estar usando uma estola, mas o caminho
para o seu arrependimento agora está aberto para você. Você chegou ao ponto em
que reconhece as limitações dos poderes humanos’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'E o que mais?'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">“O segundo “muito bem” é porque você entendeu
que o amor não é uma conquista nossa; é um dom. Sua ausência é de partir o
coração. A saudade é insuportável. Você não percebe que está perdendo algo que
seu ser reconhece, mas que você não é capaz de provar? Onde você aprendeu a
procurar o amor? Quem te ensinou e agora você quer tanto? Você não vê que fomos
feitos para amar, mas não gostamos do amor? Você está com o coração partido e
entende. É por isso que eu disse “muito bem” duas vezes’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Mas o resultado é o mesmo. Não gosto de mim. O
que eu posso fazer?'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Antes de tudo, sê paciente. O amor segue seu
próprio ritmo e seu próprio horário’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Você quer dizer, sempre que quiser?'.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Niko, o amor é uma Pessoa; ou melhor, é uma
maneira de ser para uma pessoa. Não é uma emoção, não está equilibrando seus
hormônios. Não é um instinto. É uma pessoa. Assim como você, ele decidirá se e
quando vocês se encontrarão’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'E até lá?'<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Até então, obras de amor. Quantos você puder.
Do mais insignificante ao muito importante’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Mas acabamos de dizer que não tenho nenhum
amor’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Você não precisa disso. Eu estava falando
sobre obras de amor. E você sabe muito bem quais são eles’.<br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'O que? Apenas mecanicamente?'<br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Escute-me. Os Padres da Igreja sabem quão frágeis
e mutáveis criaturas somos nós. Eles também sabem que somos corpo e alma.
Ambos compartilham nossa jornada para a glorificação. O corpo contribui através
da aplicação prática das virtudes. Através da vida espiritual, a alma iluminada
e seu olho, que é o nous, está em condições de contemplar as luzes da
eternidade. Claro, tudo começa com a vida interior e como as pessoas progridem
nisso, então sua vida externa, que são suas ações, revela esse progresso. Mas
há também o processo oposto. Obras de amor - esmolas, compartilhar qualquer
fardo que esteja pesando sobre o próximo, bem como adoração corporal,
prostrações, leitura das escrituras e orações - são a contribuição do corpo
para que a alma possa começar de novo.<br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Mas tudo será apenas uma formalidade, vazia,
como aplicar regras de bom comportamento’.<br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">‘Parece isso, mas não é. As obras,
especialmente as que você chama de vazias, não são suficientes. Não fazemos uma
lista de boas ações para que Deus nos ame. Quando são feitas no espírito que
você demonstrou hoje pelo que disse, as obras são a preparação para um
encontro, que certamente vai acontecer. Não sabemos como e quando, mas vai
acontecer. Como no caso do profeta Elias, Deus vem com consideração e
gentileza, quase imperceptivelmente, como um sopro de vento. E temos que estar
prontos, receptivos e conscientes. As obras de amor nos preparam para encontrar
a face do amor. Quando isso acontecer, as obras se tornarão naturais,
espontâneas e evidentes. Mas antes desse encontro, nosso eu precisa de pressão,
disciplina, um alerta e autocrítica. Não culpa, no entanto. Pelo que você me
disse hoje, esse é o único perigo. Você pode pensar que falhou e depois se
condenar por isso. E, no entanto, meu irmão, nem você, nem eu, nem ninguém pode
fazer mais do que reconhecer como somos falhos’.<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">'Você não está preocupado, Pai, que todos esses
elogios de hoje vão para a minha cabeça?'<br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">— Não por hoje, pelo menos. Você está seguro
atrás do escudo da autocensura. Da próxima vez, veremos’.</span></div>
<br /><p></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-21118554321158043992022-02-01T06:13:00.002-08:002022-02-01T06:13:53.037-08:00 O QUÊ A PANDEMIA NOS ENSINA?<div style="font-family: verdana; text-align: center;"><b>ATANASIOS </b>de Limassol, Metropolita</div><div style="font-family: verdana; text-align: center;"><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></div><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjkvPPC0MZiBeQmjzKZ-3QslOGaYSg430ZNERhEDgMsdwyowtGKkOla_vk1KbVz78fzvpaKeyYz6_D35qIG-fWdeXvL-Q7xqvuMF_w5IlKJD52guDxTCYGgl1i8teXtNCAz0cQUwamnGvI9-AJNnFlOKYdLZ4JnrwMrR4sgcXWl0Sxg9Ti_z8IQ8A=s780" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="520" data-original-width="780" height="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjkvPPC0MZiBeQmjzKZ-3QslOGaYSg430ZNERhEDgMsdwyowtGKkOla_vk1KbVz78fzvpaKeyYz6_D35qIG-fWdeXvL-Q7xqvuMF_w5IlKJD52guDxTCYGgl1i8teXtNCAz0cQUwamnGvI9-AJNnFlOKYdLZ4JnrwMrR4sgcXWl0Sxg9Ti_z8IQ8A=w500-h333" width="500" /></a></div><p></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Igreja tem sua própria maneira de superar as provações</b></span></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Faremos o que humanamente depende de nós, e agradecemos aos responsáveis, cientistas, políticos, ao governo - aqueles que nos explicam como nos comportar nesta difícil situação. Sem ignorar a realidade objetivamente difícil, e sendo pessoas da Igreja, sem dúvida temos nossa própria maneira de nos ajudar a julgar, avaliar e usar para o bem as provações que encontramos no caminho da vida.Portanto, tratemos esta prova com prudência, com observância de todas as medidas - sociais, científicas e outras - mas sobretudo com confiança em Deus, a Mãe de Deus, os santos da nossa Igreja. E a Igreja sempre nos ensina e nos encoraja a rezar nos momentos difíceis.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">Somente a oração pode mudar o curso dos acontecimentos!</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma situação crítica pode ser superada. Pode ser superado através da oração. É preciso muito, muita oração. São necessárias pessoas que, pelo poder de sua oração, sejam muito mais capazes de reverter a atual situação mundial, porque, no final, só a oração pode mudar o curso dos acontecimentos. Todas as outras medidas são obra de mãos humanas. Elas são boas e úteis, mas a oração pode realmente “num instante” (Lc 4,5) mudar tudo, e a prova se dissipará, o que, aliás, tem um lado positivo, porque nos ensina muitas coisas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">O que a pandemia está nos ensinando?</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos ensina nossa fraqueza. Ensina-nos a vaidade das coisas humanas. Ela nos ensina que tudo o que vemos ao nosso redor é transitório. Devemos entender que nossa principal aspiração deve ser o Reino de Deus. Como diz o Senhor no santo Evangelho: Buscai primeiro o Reino de Deus. Todo o resto lhe será dado pelo Senhor da glória - Cristo. O Reino de Deus é o que realmente precisamos. Por isso, a Igreja nos chama à obra da oração. Uma oração que proveniente do arrependimento e da humildade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Então vamos nos arrepender dos nossos pecados, dos pecados do mundo inteiro! Levemos a Deus o poder da oração que vive em um coração humilde e arrependido. Então o Senhor terá misericórdia e mudará o curso da história.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">Os templos estão abertos. Quem quiser, venha!</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As igrejas continuam abertas. Os Serviços neles não vai parar. Nossos sacerdotes e nós estamos todos na posição em que o Senhor nos colocou. Como pastores da Igreja, trazemos orações, cultos, a Divina Eucaristia para o mundo inteiro. Quem quiser, venha! Quem sentir dificuldade, falta de força ou qualquer outra coisa, que aja de acordo com seu entendimento da situação. Não temos o direito de julgar pessoa alguma. Rezamos pelo mundo inteiro, por todo "Adão", por toda a raça humana.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Alguém perguntará: mas nós, que vamos à Igreja, não adoeceremos? Vamos ficar doentes, vamos morrer. Quem te disse que seremos imortais neste mundo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Lembra-se do que os santos quarenta mártires de Sebástia disseram? Façamos o que é correto com zelo! Já que vamos morrer de qualquer maneira, é melhor morrermos honestos com nós mesmos e bondosos para com Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ter a memória da morte, sobre a qual nosso santo compatriota Neófito, o Recluso, disse que o temor de Deus até a memória da morte é a maior bênção de todas as bênçãos, pois nos lembra que deixaremos este mundo vão e estaremos diante o Senhor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">Todos nós nos dirigimos à Páscoa</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O que a Igreja nos dá? Destemor. Vitória sobre o medo da morte. Todos nós, sem exceção, estamos esperando a morte biológica. Mas o espiritual não: uma pessoa que acredita em Deus não é ameaçada por ela. “Aquele que crê em Mim nunca verá a morte”, diz o Senhor. Ou seja, aquele que crê em Deus nunca verá a morte. Biológica sim, espiritual não. Mas é precisamente isso que nos assusta – a morte espiritual, nossa separação eterna de Cristo. Ela nos assusta. Desejamos que isso não aconteça conosco, pois a morte biológica é anterior ao tempo, e esta está se separando para sempre!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sejamos santos ou pecadores, todos passaremos pelos portões da morte biológica. O que quer que sejamos, estamos todos caminhando para a Páscoa, para a ressurreição de Cristo, que pisoteou a morte, da qual ouviremos falar na noite de Páscoa. Que ninguém tenha medo da morte: o Senhor nos livrou do medo dela por meio de Sua morte. Não há mais morte, há vida eterna, Cristo, o Reino de Deus para sempre.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É com tanta fé que passaremos pela prova que nos foi enviada. Sem pânico, sem medo, sem pensamentos humanos. Ide, clamando por socorro o amor de nosso Senhor Jesus Cristo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">O amor de Deus vence o medo</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sabemos que nossa vida neste mundo tem um "prazo de validade". Mas também sabemos que a morte é uma transição das coisas vãs para as coisas eternas, para o eterno Reino de Deus. A crise de hoje é o julgamento de nossa fé, nossa vida, nossos pensamentos, a qualidade de nossa conexão com o Deus-Pai.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A Igreja permanece orando e servindo ao Deus vivo, independentemente de quaisquer cálculos humanos e interesses próprios. Dá esperança de que Deus está acima de tudo. Não para negligenciarmos os esforços humanos, mas para vencermos o medo da morte. Ele é conquistado pelo amor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Amor perfeito inibe o medo. Aquele que ama a Deus não teme nada. Ele não é ofuscado por nenhum teste neste mundo. Porque o amor de Deus supera o medo e dá uma sensação de vida eterna.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><div style="font-weight: bold;"><br /></div></span></div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana;">Sem a luz de Cristo a escuridão é insuportável</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em nossa metrópole, na catedral, como em outras igrejas, todas as quintas-feiras antes ou depois das Grandes Completas, será realizada uma unção para a cura da alma e do corpo. A Igreja nos dá o remédio para a vida eterna. Juntamente com os remédios biológicos e químicos feitos pelo homem, a Igreja nos ensina o santo sacramento da unção, a fim de dar força à alma e ao corpo para passar, preservando a paz dentro de nós, não importa o que nos aconteça, tanto a vida quanto a morte.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A morte foi mortificada pela morte de Cristo, diziam os Santos Padres da Igreja. Vamos confiar em Cristo. Invoquemos a Santíssima Theotokos e os Santos Padres. E siga em frente com fé e paz de espírito. Assim daremos conforto a nossos irmãos. Pense que desesperança, que medo, que insegurança, que medo vive no coração das pessoas que não são iluminadas pela luz de Cristo! Esta é realmente uma tragédia - a vida sem Deus! É realmente uma tragédia - a vida sem a Santa Igreja! O homem não pode viver sem Cristo. Sem a luz de Cristo, a escuridão é insuportável!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Portanto, todos nós que cremos em Cristo e invocamos Seu santo Nome levaremos esperança, alegria, paz, repouso, tranqüilidade, coragem ao coração de nossos irmãos, clamando por socorro a presença e o amor de nosso Senhor Jesus Cristo.</span></div><div><br /></div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-88204976459719806412022-01-29T07:28:00.003-08:002022-01-29T07:28:55.235-08:00OS JOVENS NA GRÉCIA HOJE<div style="text-align: justify;"><div style="background-color: white; font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>Ancião MOISÉS o Athonita</b></span></div><div style="background: rgb(255, 255, 255); direction: ltr; font-family: Lora, serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px; margin-bottom: 0.1in; text-align: start;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"><b><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"><b><i><br /></i></b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhVeRPU6mAH7phMcFpBgU68k1GWRLJs6vUmrA37ywdgruTjk1x1A_xp817uDPhe14_-1uJcrTvy07mMwjgkWHS5euBLc7MRm-PcE6kBb5p5s28U9GuEmJfUHqNRvPaLf4RvlqqoZmcIruyqoIIRy9OsLsjLUq_jEqGewgF1ZpJnE3krVstYeSp94Q=s604" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="453" data-original-width="604" height="357" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhVeRPU6mAH7phMcFpBgU68k1GWRLJs6vUmrA37ywdgruTjk1x1A_xp817uDPhe14_-1uJcrTvy07mMwjgkWHS5euBLc7MRm-PcE6kBb5p5s28U9GuEmJfUHqNRvPaLf4RvlqqoZmcIruyqoIIRy9OsLsjLUq_jEqGewgF1ZpJnE3krVstYeSp94Q=w476-h357" width="476" /></a></div><br /><i><br /></i></b></span></span></div></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os jovens na Grécia hoje têm uma série de fraquezas. Não gostam de trabalho árduo, são indiferentes a assuntos de real importância, rejeitam conceitos de antemão e são facilmente desencaminhados com ideias triviais. Por outro lado, no entanto, eles mantêm grande desejo de verdade-justiça, anseiam por autenticidade, são sensíveis – no bom sentido – espontâneos, brilhantes, auto-contidos e humanos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Desconfiam da Igreja – associam-na aos erros de seus representantes. Eles são pouco cautelosos com o Patriotismo, depois das arengas anti-patrióticas de certos não-patriotas modernos. Zombam dos políticos, que demonstraram incompetência e iniquidade mais do que suficientes, mas também incluem a própria política, o que é uma pena. O passado sagrado não os inspira e têm bastante medo do futuro. Em grande medida, justifica-se a atitude de nossos jovens, pois viram a hipocrisia dos “grandes e bons”, que disseram uma coisa e fizeram outra.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Não tenho problema algum em responder às suas perguntas, mas temo o silêncio deles, induzido pela indiferença. Eu poderia ajudar, contribuir para qualquer investigação, para o monitoramento, para a descoberta, para o esclarecimento. A preocupação não é uma coisa ruim, a ansiedade é boa quando leva as pessoas a aprender e encontrar respostas às suas perguntas. Os jovens são simpáticos, com seus olhos brilhantes e objeções bem-intencionadas a uma variedade de atitudes servis, medrosas, tímidas e choramingas. Quem genuinamente estuda e busca a verdade, certamente encontrará luz, justificação, informação, consolo e revigoramento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Alguns não querem muito, não se interessam por coisas mais altas, ficam felizes em vegetar, não se incomodam, passam o tempo ociosos, não se importam com nada e evitam agarrar qualquer urtiga.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Naturalmente, isso não é verdade apenas para alguns de nossos jovens. Há alguns bons que passam a vida inteira alegremente assim, contentes em culpar os outros por nossa sociedade sórdida. Eles estão constantemente à procura de desculpas e pretextos para justificar seu estado grosseiro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Qualquer ressurgimento dinâmico do mau gosto e da miséria de uma vida cotidiana sem sentido, uma vida desamparada, uma rotina longa, cansativa e degradante requer determinação, franqueza e audácia. Uma revolução não é jogar coquetéis molotov, quebrar janelas e queimar carros, mas uma ruptura pessoal com seu eu perverso e desagradável, uma remoção de sua falsa aparência, uma rejeição de sua máscara e uma avaliação sóbria de suas responsabilidades e obrigações.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />É fácil ser um incrédulo, um ateu, um espírito livre. Mas, na verdade é muito difícil ser um cristão responsável, um verdadeiro crente, um verdadeiro homem ou mulher de Deus. O grande pensador dinamarquês Kierkegaard disse: “Assim como a flecha, solta do arco pela mão do arqueiro experiente, não descansa até atingir o alvo, assim os homens passam de Deus para Deus. Ele é a alvo para o qual eles foram criados, e eles não descansam até que encontrem seu descanso n’ Ele”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Os jovens cristãos têm visões inspiradas, objetivos divinos, propósitos sublimes e vidas imbuídas de significado. Eles não são facilmente descartados. Eles não são influenciados por prazeres absurdos e corrupção obscura. Resistem à paixões opostas e demoníacas. Desejam as virtudes e lutam para adquiri-las. Eles são inspirados pela integridade, sinceridade, decência, modéstia, gravidade e moderação. Podem ter menos ganhos materiais, mas têm uma consciência tranquila, alegria em seus corações e prazer em suas almas. Eles não sofrem de culpa, pesadelos, ódios, ciúmes, pura maldade, sentimentos hostis, calúnias ou ações dissimuladas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Se as pessoas passam a juventude em um vazio espiritual, isso as afetará pelo resto de suas vidas. Perturbações psicológicas profundas criam novos complexos de inferioridade, tédio, solidão e até melancolia. Uma vida sem moral ética, obstáculos ou qualquer outro tipo de restrição tida como livre, no final, escraviza, e o prazer abundante traz apenas um excesso de dor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />O mais angustiante é que algumas pessoas manipulam e exploram os sonhos de nossos jovens. A maioria destes últimos têm uma veia rebelde, uma inclinação para fazer mudanças – importantes, eles diriam. A reavaliação e a reformulação visam algo melhor. E isso não é ruim.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Os adultos, no entanto, querem que seus filhos sejam cópias fiéis e precisas de si mesmos, uma extensão de seus egos, suas ferramentas obedientes e submissas. É por isso que há um esforço organizado para confundir os jovens. Eles os tomam vulneráveis com novas ideias, narcóticos, bebidas, festas e trágicos eventos em estádios esportivos e shows.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br />Os jovens são chamados a desenvolver um espírito de resistência e uma visão estável em relação a qualquer coisa chata, feia, suja, artificial, vil ou podre. Como disse Claudel, os jovens são feitos para o heroísmo. Os jovens da Grécia merecem um destino melhor, uma atitude mais corajosa, uma grande militância. Eles não precisam ser desencaminhados pelos inescrupulosos, que os enganarão e decepcionarão. Minhas conversas com os jovens na Montanha Santa (Athos) me trazem alegria e esperança e, na verdade, me comovem profundamente.</span></div><p></p><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: 18.6667px;"> </span></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0in;"></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-60588792086989109212021-07-17T04:56:00.000-07:002021-07-17T04:56:22.416-07:00UM GRITO DE AGONIA E SOLIDÃO: "NÃO TENHO HOMEM ALGUM!"<div style="text-align: center;"> <b style="font-family: Lora, serif; font-size: 14px; text-align: center;"><i> </i><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">KARAVIDOPOULOS Ioannis </span></span></b></div><span style="background-color: white; font-family: verdana; font-size: 14px; text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><b>tradução de monja Rebeca (Pereira)</b></span></i></div><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-M66gJI_akOA/YPLFQP2lbOI/AAAAAAAAHqs/63Pe51tGSKQktI_hnWsTZBg3ogXJ582qQCLcBGAsYHQ/s741/vp.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="486" data-original-width="741" height="385" src="https://1.bp.blogspot.com/-M66gJI_akOA/YPLFQP2lbOI/AAAAAAAAHqs/63Pe51tGSKQktI_hnWsTZBg3ogXJ582qQCLcBGAsYHQ/w587-h385/vp.jpg" width="587" /></a></div><br /><b><br /></b></span></i></div></span><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">A solidão muitas vezes não é a ausência de pessoas,
mas também a presença de muitos em nossa vizinhança que são indiferentes e
focados em si mesmos, em seus problemas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">A queixa de um paralítico há 38 anos, contada na
história do Evangelho de João (5: 1-15), é realmente chocante: “Não tenho homem
algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou,
desce outro antes de mim". Ele não reclama de sua doença de longa duração,
mas porque está desamparado e sozinho. Suas palavras são um grito de dor e
tormento por causa de sua solidão e têm valor atemporal, pois ainda hoje,
apesar de muitas mídias e redes de telecomunicações, muitas pessoas se sentem
solitárias. Muitas pessoas não encontram o vizinho próximo a elas quando
precisam.</span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> </span><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A queixa do
paralítico é um grito de agonia de muitas pessoas de nosso tempo. Se a nossa fé
é apenas uma relação vertical com Deus e não tem uma dimensão horizontal de
encontro com o próximo, quando ele realmente precisa de nós, então devemos nos
perguntar seriamente se essa fé é verdadeira e real.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">Embora ninguém tenha sido encontrado para ajudar a
pessoa paralisada na história, a ajuda ainda vem da maneira mais drástica,
eficiente e autêntica. Aquele que Se fez homem não nos revelaria apenas Quem é
Deus, mas também Quem é - mais precisamente, Quem (o que) deveria ser - um
verdadeiro homem. Um versículo no domingo no Serviço de Vésperas do Paralítico nos
revela as palavras de Cristo: "Tornei-Me homem para ti, vesti o Meu corpo
para ti e tu dizes que não tenho homem: toma a tua cama e anda" Cristo
cura os enfermos de maneira autêntica. “Senhor”, diz a glória em louvor, “o banho
não cura o paralítico, mas a Tua palavra o renova”.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">Assim como a palavra criadora de Deus criou o mundo do
nada (conforme a descrição do livro do Gênesis), a palavra poderosa do Filho de
Deus replica e renova a criatura destruída pelo pecado e pela doença. Além
disso, a palavra poderosa dos discípulos de Jesus, no sermão apostólico lido
naquele dia (Atos 9: 32-42), mais precisamente sobre a invocação do Nome de
Jesus por Seu discípulo Pedro, curou o paralítico, de oito anos, Enéias em Lida
da Palestina e ressuscita Tavita (que traduzido significa cervo), em Joppe.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">A palavra de Cristo vivifica, é vivificante. Basta que
a pessoa acolha esta palavra autêntica com fé e confiança, que é diferente das
palavras humanas. A palavra de Cristo não ataca, mas ajuda, não destrói, mas
cria, dá vida e ressurreição. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a
Minha palavra e crê naquele que Me enviou tem a vida eterna e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5:24)<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">Essas palavras divinas "permanecem para
sempre", sem mudar ou enfraquecer com o tempo e perder sua importância.
Pois a esperança de vida e a vitória sobre a morte continua sendo o desejo
eterno dos homens, não afetado pelo progresso técnico ou pelo desenvolvimento
cultural, que torna o homem um prisioneiro ainda maior de seus próprios
assuntos e o deixa desamparado diante das necessidades mais profundas de seus
semelhantes e de si mesmo. Na infinidade de confortos e máquinas que tornam a
vida mais fácil fora, a ausência de parentes, companheiros e ajudantes é
facilmente determinada.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">É realmente estranho como as pessoas costumam aceitar
as palavras de Deus. Os líderes religiosos judeus da nossa história estão
indignados, porque Jesus fez um milagre no dia de sábado e pediu ao doente que
se levantasse, se deitasse e voltasse para casa curado após 38 anos de doença!
Com sua mentalidade tacanha, os representantes religiosos ficaram presos na
letra da Lei e não viram o Espírito de Deus revelado por Cristo à humanidade.
Eles acreditavam que todo o sistema religioso de provisões legais e proibições
estava entrando em colapso, justamente quando Jesus ofereceu amor e vida a um
homem sofredor.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">Em um mundo formado por pessoas deformadas pela doença
e pelo pecado, por um lado, e líderes religiosos da época, por outro,
caracterizado pela tirania tacanha na esfera da vida religiosa e pela negação
da origem divina de Jesus, Deus revelou a si mesmo não como quem pune e julga a
todos, mas como Salvador que tudo resgata da doença, liberta das leis murchas,
dá vida aos homens e aquece a esperança da ressurreição, pois o próprio Filho
de Deus vence a morte com a Sua morte e triunfos sobre as forças de decadência
e destruição.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: verdana;">Nestes três pontos principais da passagem do Evangelho
de hoje, podemos ver como Cristo está invertendo o curso da humanidade:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana; line-height: 115%; text-indent: -18pt;">1.<span style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana; line-height: 115%; text-indent: -18pt;">Ele corrige a natureza humana distorcida que leva à
ruína, destruição e morte, devolvendo-a ao curso de vida que leva ao mundo da
ressurreição.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana; line-height: 115%; text-indent: -18pt;">2.<span style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana; line-height: 115%; text-indent: -18pt;">Liberta da consagrada observância desumana da letra da
Lei, revelando o amor de Deus pelo homem e o mandamento do amor de cada homem
pelo próximo.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: -18pt;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">3. </span></span><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: verdana;">Ele dá a palavra da verdade que, apesar das frequentes
mentiras humanas, testemunha, no entanto, o verdadeiro poder divino. Quem
acredita em suas palavras vence a morte e já desde agora entra no reino da vida
real, divina e infinita. Ele Se tornou o homem que o paralítico tanto
procurava. Ele Se tornou um homem para todos que precisavam d´Ele.</span></span></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-48708098145859404212021-04-18T05:35:00.002-07:002021-04-18T05:35:19.060-07:00SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE V<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 10pt; text-align: left;"><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span> </span> </span></span><b style="font-family: verdana; text-align: center;"><span lang="PT-BR">Extraído do Livro “The Lenten Triodion”, </span></b></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: center;"><span lang="PT-BR"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span> pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary, </span></b></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;"><span style="font-family: verdana;"><b><span lang="PT-BR"> Faber and Faber, Londres, 1978</span></b> </span></div></div><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"><b style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><br /></b></div><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-OcXmiQRsz0Q/YHwnQ95aM6I/AAAAAAAAHng/46o_2wmyLD0xzFaVuBQQSuwldD39bTH7wCLcBGAsYHQ/s600/78832055_2491397004518114_8040765002493198336_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="443" height="480" src="https://1.bp.blogspot.com/-OcXmiQRsz0Q/YHwnQ95aM6I/AAAAAAAAHng/46o_2wmyLD0xzFaVuBQQSuwldD39bTH7wCLcBGAsYHQ/w354-h480/78832055_2491397004518114_8040765002493198336_n.jpg" width="354" /></a></div><br /><b style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><br /></b></div><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"><b style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;">5. A unidade interna do Triódio</b></div><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">O Triódio possui uma coerência interna e uma unidade que não são evidentes de imediato. Por que, por exemplo, S. Teodoro de Tiro deve ser comemorado no sábado da primeira semana, os santos ícones no primeiro Domingo e S. Gregório Palamas no segundo? Que conexão especial possui estas três observâncias com o jejum ascético da Quaresma? Vamos considerar brevemente o padrão que une num todo único as diferentes comemorações durante as dez semanas do Triódio. Não entraremos em detalhes, mas procuraremos simplesmente indicar o lugar de cada observância na estrutura geral da Quaresma.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O período pré-quaresmal</u></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo do Zaqueu</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Uma semana antes do Triódio entrar em uso há uma leitura de Evangelho de Domingo, que olha em direção à Quaresma que está por vir – Lc 19, 1-10, descrevendo como Zaqueu subiu em uma árvore ao lado do caminho onde Cristo iria passar. Nesta leitura nota-se o senso de ansiedade, de expectativa, de intensidade do seu desejo de ver nosso Senhor e, nós aplicamos isto a nós mesmos. Se, enquanto nós nos preparamos para a Quaresma, existe uma real ansiedade em nossos corações, se nós temos um desejo intenso de uma visão clara de Cristo, então nossas esperanças serão realizadas durante a Quaresma; na verdade, nós deveremos, como Zaqueu, receber muito mais do que esperamos. Mas, se não existe dentro de nós nenhuma expectativa ansiosa e nenhum desejo sincero, nós não iremos ver nem receber nada. E, então, nós nos perguntamos a nós mesmos: “Qual é meu estado de espírito e se eu estarei preparado para embarcar na jornada da Grande Quaresma?</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><sup style="font-size: 8.36px;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc" style="font-size: 8.36px;">1</a></sup></span></span></sup></div><div style="text-align: justify;"><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></sup></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo do fariseu e do publicano</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> (Lc 18, 10-14). Neste e nos dois domingos seguintes o tema é o do arrependimento. O arrependimento é a porta através da qual nós entramos na Quaresma, o ponto de partida de nossa jornada para a Páscoa. E arrepender-se significa mais que auto-piedade ou remorso fútil sobre coisas feitas no passado. O termo grego </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>metanoia</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> significa “mudança de espírito”: arrepender-se é estar renovado, estar transformado em nosso ponto de vista interior, atingir uma nova maneira de olhar para nosso relacionamento com Deus e com os outros. O erro do fariseu é que ele não deseja mudar sua perspectiva; ele é complacente, auto-satisfeito e, então, ele não deixa espaço para Deus agir dentro dele. O publicano, por outro lado, procura verdadeiramente por uma “mudança de espírito”: ele está auto-insatisfeito, “pobre de espírito” e, onde há esta “auto-insatisfação” redentora há espaço para Deus atuar. A menos que aprendamos com a secreta pobreza interna do publicano nós não poderemos participar na primavera da quaresma. O tema do dia pode ser resumido por uma sentença dos Padres do Deserto: “Melhor o homem que pecou, se ele sabe que pecou e se arrepende, que o homem que não pecou e considera-se um justo”</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote2sym" name="sdfootnote2anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>2</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 10pt; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo do Filho Pródigo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> (Lc 15, 11-32). A parábola do Filho Pródigo forma uma imagem exata do arrependimento em seus diferentes estágios. O pecado é o exílio, a escravização aos estrangeiros, a fome. O arrependimento é o retorno do exílio ao nosso verdadeiro lar; é receber de volta nossa herança e a liberdade na casa do Pai. Mas arrependimento implica ação: “Levantar-me-ei e irei a meu pai...” (v.18). Arrepender-se não é apenas sentir-se insatisfeito, mas tomar uma decisão e agir de acordo com ela.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span></span><span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;">Neste e nos dois domingos seguintes, após as solenes e jubilosas palavras do Polieleos em Matinas, nós acrescentamos os pesarosos versículos do Salmo 136 (137), “Às margens dos rios da Babilônia nos assentávamos chorando, lembrando-nos de Sião...”. Este Salmo do exílio, cantado pelos filhos de Israel em seu cativeiro na Babilônia, possui uma adequação especial ao Domingo do Filho Pródigo, quando nos vem à memória nosso exílio atual no pecado e a resolução de voltar ao lar.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 10pt; text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Sábado dos defuntos</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. No dia anterior ao Domingo do Julgamento Final e, em íntima conexão com o tema deste domingo, há uma comemoração universal dos defuntos ‘de todas as épocas’. Existem comemorações dos defuntos adicionais no segundo, terceiro e quarto sábados da Grande Quaresma. Antes de relembrarmos a Segunda Vinda de Cristo nos ofícios de Domingo, nós confiamos a Deus todos aqueles que partiram antes de nós, que estão agora esperando o Julgamento final. Nos textos deste sábado há um forte senso de continuidade, de ligação, de amor mútuo que interliga todos os membros da Igreja, sejam vivos ou mortos. Para aqueles que acreditam na Ressurreição de Cristo, a morte não constitui uma barreira intransponível, uma vez que todos estão vivos n’Ele; os que partiram são ainda nossos irmãos, membros da mesma família conosco e, então, nós estamos conscientes da necessidade de rezar insistentemente a seu favor.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo do Julgamento Final</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. (Mt 25, 31-46). Os dois domingos anteriores falam-nos da paciência de Deus e sua ilimitada compaixão, de Sua prontidão em aceitar qualquer pecador que retorne para Ele. Neste terceiro domingo, nós somos intensamente lembrados de uma verdade complementar: ninguém é tão paciente e tão misericordioso como Deus, mas mesmo Ele, não perdoa aqueles que não se arrependem. O Deus do Amor é também o Deus da Retidão e, quando Cristo vier novamente em glória, Ele virá como nosso juiz. “Vê então a bondade e a severidade de Deus...” (Rm 11, 22).Tal é a mensagem da Quaresma para cada um de nós: vire-se enquanto ainda há tempo, arrependa-se antes que o Fim chegue. Nas palavras do Grande Cânon:</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 10pt; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">O fim aproxima-se, minh’alma, ele aproxima-se e tu te descuidas de te preparares: o tempo urge, levanta-te, porque o Juiz está às portas: como um sonho ou uma flor, a nossa vida se desvanece e nós nos agitamos em vão.</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote3sym" name="sdfootnote3anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>3</sup></a></span></span></sup></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: #0000ee; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 6.96667px; text-decoration-line: underline;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Este Domingo situa diante de nós a dimensão ‘escatológica’ da Grande Quaresma: a Grande Quaresma é a preparação para a Segunda Vinda do Salvador, para a eterna Páscoa na Era por vir. (Este é um tema que será retomado nos primeiros três dias da Semana Santa). Não é o julgamento meramente no futuro. Aqui e agora, a cada dia e a cada hora, ao endurecer nossos corações em relação ao próximo e ao falhar em responder às oportunidades que nos são dadas de ajudá-lo, nós já estamos estabelecendo a sentença sobre nós mesmos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">No sábado da semana anterior ao início da Grande Quaresma, há uma comemoração geral de todos os santos ascetas da Igreja, tanto homens como mulheres. Como partimos na jornada do jejum da Quaresma, nós somos lembrados que não seguimos sozinhos, mas como membros de uma família, apoiados pela intercessão de muitos auxiliares invisíveis.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo anterior ao início da Grande Quaresma</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. O último dos domingos preparatórios possui dois temas: A expulsão de Adão do Paraíso e, é também, o Domingo do Perdão. Existem razões óbvias por que estas duas coisas devem ser trazidas à nossa atenção enquanto estamos no limiar da Grande Quaresma. Uma das imagens básicas do Triódio é a do retorno ao Paraíso. A Quaresma é o tempo quando choramos com Adão e Eva diante das portas fechadas do Éden, arrependidos como eles de nossos pecados que nos privaram de nossa livre comunhão com Deus. Mas a Quaresma é também um tempo em que nos preparamos para celebrar o evento salvífico da morte e Ressurreição de Cristo, que reabriu o Paraíso mais uma vez para nós (Lc 23, 43). Então, o pesar por nosso exílio é suavizado com nossa esperança de re-entrada no Paraíso:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 10pt;">“</span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Ó precioso Paraíso, insuperado em beleza,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Tabernáculo criado por Deus, interminável felicidade e delícia,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Glória do justo, júbilo dos profetas, e morada dos santos,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Com o som de tuas folhagens rogue ao Criador de tudo:<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Que Ele abra-me as portas que eu fechei com minha transgressão,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">E que Ele possa considerar-me digno de participar da Árvore da Vida<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span><span style="font-size: 11pt;">E do júbilo que era meu, quando eu habitava em ti anteriormente</span></span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote4sym" name="sdfootnote4anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>4</sup></a></span></sup><span><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Nota-se que o Triódio fala aqui não de “Adão”, mas de “</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>mim</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">”: “Que Ele abra-</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><b>me</b></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> as portas que </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><b>eu</b></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> fechei...”. Aqui, assim como ao longo de todo o Triódio, os eventos da história sagrada não são tratados como acontecimentos distantes no passado ou futuro, mas como experiências vivenciadas </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><b>por mim</b></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> aqui e agora dentro da dimensão sagrada do tempo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">O segundo tema, o do perdão, está enfatizado na leitura do Evangelho deste Domingo (Mt 6, 14-21) e na cerimônia especial do perdão mútuo no final do ofício de Vésperas no domingo à noite. Antes de entrarmos no jejum da Quaresma, somos lembrados que não pode haver verdadeiro jejum, nenhum arrependimento genuíno, nenhuma reconciliação com Deus, a menos que estejamos ao mesmo tempo reconciliados uns com os outros. Um jejum sem amor mútuo é o jejum dos demônios. A comemoração dos santos ascetas do sábado anterior tornou claro para nós que nós não trilhamos a estrada da Quaresma como indivíduos isolados, mas como membros de uma família. Nosso ascetismo e jejum não devem nos separar de nossos companheiros, mas ligar-nos a eles com vínculos ainda mais fortes. O asceta da Quaresma é convocado para ser </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>um homem para os outros</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Os quarenta dias</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Os dois domingos precedentes, o do Julgamento Final e o do Perdão, juntos constituem – ainda que em ordem inversa – uma recapitulação de toda a extensão da história sagrada, desde seu ponto inicial, Adão no Paraíso, até seu ponto final, a Segunda Vinda de Cristo, quando todo o tempo e toda a história estão contidos na eternidade. Durante os quarenta dias que agora se seguem, embora esta ampla perspectiva não se perca, há uma crescente concentração no momento central da história sagrada, no evento salvífico da Paixão de Cristo e de Sua Ressurreição, que tornam possível o retorno do homem ao Paraíso e inaugura o Fim. A Quaresma é, deste ponto de vista, uma viagem com uma direção precisa; é uma viagem para a Páscoa</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote5sym" name="sdfootnote5anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>5</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. O objetivo da viagem é concisamente expresso na oração de encerramento da Liturgia dos Dons Pré-Santificados: “...</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>sair vitoriosos do pecado e conseguir, sem perigo de condenação, adorar também a Tua Santa Ressurreição</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">”. Ao longo dos quarenta dias somos chamados a lembrar que nós estamos </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>em movimento</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">, viajando no caminho que leva diretamente ao Gólgota e ao Túmulo Vazio. Então, nós dizemos no começo da primeira semana:</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos nos por a caminho com alegria,...<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Tendo navegado pelo grande mar do Jejum,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Possamos alcançar o terceiro dia, a Ressurreição de nosso Senhor.<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos nos apressar para a Santa Ressurreição ao terceiro dia....<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Enquanto nossa viagem prossegue, como viajantes nós regularmente lembramos o quão distante nós avançamos:<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Quando começamos o segundo dia...<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos iniciar a terceira semana de Quaresma, ó fiéis...<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos glorificar a Santíssima Trindade,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">E alegremente atravessar o tempo que ainda resta...<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Acenando com guirlandas de flores para o rei dos dias<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">o dia da Ressurreição do Senhor. Então, continuamos:</span></span><br /><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Agora que nós ultrapassamos a metade do período da Quaresma,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos nos apressar ansiosamente em direção ao fim da jornada...<br /></span></span><span style="font-size: 11pt;">De modo que possamos ser considerados dignos de venerar a divina Paixão de Cristo nosso Deus,<br /></span><span style="font-size: 11pt;">E alcançar Sua Venerável e Santa Ressurreição.</span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Durante cada semana da Quaresma, nossas faces são direcionadas para o objetivo de nossa jornada: o sofrimento do Salvador e Sua Triunfante Ressurreição.</span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;">Os quarenta dias da jornada da Quaresma relembram, em particular, os quarenta anos que o Povo Escolhido vagou pelo deserto. Para nós, como para os filhos de Israel, a Quaresma é um tempo de peregrinação. É um tempo de libertação de nossas amarras do Egito, de nosso domínio pelas paixões pecaminosas; um tempo para progredir pela fé através de um deserto estéril e sem água; um tempo para uma inesperada certeza restabelecida, quando em nossa fome nós somos alimentados pelo maná dos céus; um tempo no qual nós nos aproximamos da Terra Prometida, de nosso verdadeiro lar no Paraíso cujas portas o Cristo Crucificado e Ressuscitado reabriu para nós.</span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Os dias de semana da Quaresma</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Uma característica do período é dada aos dias de semana da Quaresma pelas grandes metanoias freqüentemente repetidas, usadas especialmente em conjunção com a Oração de Santo Efrém (Senhor e Mestre de minha vida...)</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote6sym" name="sdfootnote6anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>6</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Breve e sóbria, ainda que notavelmente completa, esta oração leva-nos ao âmago do que a Quaresma significa.</span></span></div></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-size: 10pt;"><span><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Um outro aspecto significativo dos dias de da Quaresma é a Liturgia dos Dons Pré-Santificados, celebrados de acordo com a prática atual a cada quarta-feira e sexta-feira, mas em certa época em todos os dias de semana da Quaresma</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote7sym" name="sdfootnote7anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>7</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Estritamente falando, o termo ‘Liturgia’ é uma denominação incorreta, uma vez que não há consagração eucarística neste ofício; é um simples ofício de Vésperas, seguido da distribuição da Santa Comunhão de elementos consagrados no Domingo anterior. A completa celebração da Eucaristia, sendo sempre um evento triunfante e festivo é considerada inconsistente com a austeridade dos dias de semana da Grande Quaresma; e, então, já no século IV foi declarado que não deveria haver a completa celebração da Liturgia durante a Grande Quaresma exceto aos sábados e domingos</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote8sym" name="sdfootnote8anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>8</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Mas de modo a possibilitar ao fiel receber a Comunhão nos dias de semana da Grande Quaresma, pois na Igreja Primitiva era normal comungar freqüentemente e, em alguns lugares até mesmo diariamente, o ofício da Liturgia dos Dons Pré-Santificados foi estabelecido.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;">Muitos momentos na Liturgia dos Dons Pré-Santificados rememoram o período quando a Grande Quaresma era um período de treinamento final antes da recepção do Batismo, o Sacramento da luz ou da “iluminação”. Assim, entre as duas leituras do Antigo Testamento, o presbítero segurando o turíbulo e uma vela abençoa a assembléia, dizendo: “A Luz de Cristo é manifestada a todos”; e, em seguida à Litania pelos Catecúmenos e sua despedida, há durante a segunda metade da Grande Quaresma uma Litania adicional ‘para aqueles que estão prontos para a iluminação’. A cada vez que nós tomamos parte na Liturgia dos Dons Pré-Santificados, nós devemos nos perguntar: Em um mundo que está cada vez mais alienado de Cristo, o que eu tenho feito desde a última Quaresma para disseminar a luz do Evangelho? E onde estão os catecúmenos nas nossas igrejas ortodoxas hoje?</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Às quartas e sextas-feiras na Quaresma, assim como ao longo de todo o ano, os hinos normais à mãe de Deus ‘Theotokia’ são substituídos pelos ‘Stavrotheotokia’, isto é, hinos que se referem tanto à Cruz quanto à Theotokos, que descrevem a aflição da Mãe que permanece ao lado da Cruz de seu filho. Através destes hinos, nós nos tornamos conscientes da participação da Bendita Virgem na nossa prática da Quaresma.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Vamos agora considerar a seqüência dos quarenta dias com mais detalhes.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>A primeira semana da Grande Quaresma: de segunda à sexta-feira</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Em Completas nos primeiros quatro dias da Quaresma, o Grande Cânon de Santo André de Creta é lido, dividido em quatro seções; na quinta-feira da quinta semana ele será lido novamente, mas desta vez por completo. Com seu constante refrão: “Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim”, o Grande Cânon forma uma prolongada confissão de pecados, um incessante chamado ao arrependimento. Ao mesmo tempo, é uma meditação sobre o conjunto total da Escrituras, abarcando todos os pecadores e todos os justos desde a criação do mundo até a Segunda Vinda de Cristo. Aqui, mais que em qualquer outro lugar do Triódio, nós experimentamos a Quaresma como uma reafirmação de nossas “raízes Bíblicas”. Ao longo de todo o Grande Cânon os dois níveis, o histórico e o pessoal, são habilmente entrelaçados. ‘Os eventos da história sagrada são revelados como eventos da </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>minha</u></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> vida; os atos de Deus no passado como atos direcionados a </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>mim</u></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> e à </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>minha</u></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> salvação; a tragédia do pecado e traição como </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>minha</u></i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> tragédia pessoal</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote9sym" name="sdfootnote9anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>9</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. O apelo do Grande Cânon é muito amplo: o escocês presbiteriano Alexander Whyte o considerou ‘a coisa mais bela: a coisa, de todas as categorias, que eu mais gosto de todos os Ofícios da Igreja Grega’.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O sábado da primeira semana</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Após o jejum penitencial dos cinco primeiros dias da Quaresma, o sábado e o domingo são mantidos como festas de agradecimento jubiloso. No Sábado comemoramos o grande mártir São Teodoro de Tiro, o Recruta, um soldado romano na Ásia Menor, martirizado no começo do século IV sob o imperador Maximiano (286-305). Isto aqui pode ser visto ao serviço de uma regra aplicada pela Igreja desde o século IV: como a Liturgia completa não pode ser realizada nos dias de semana na Quaresma, a memória de santos que no calendário fixo ocorrem durante a semana é transferida para o sábado ou domingo</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote10sym" name="sdfootnote10anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>10</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Então, a memória de São Teodoro de Tiro, cuja festa cai em 2 de março, tem sido transferida para o primeiro sábado. Os textos para o dia no Triódio fazem referência ao significado literal do nome de Teodoro, “Dádiva de Deus”. Há uma razão específica por que São Teodoro tem sido associado com a primeira semana da Quaresma. De acordo com a Tradição registrada no Sinaxário</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote11sym" name="sdfootnote11anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>11</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">, o imperador Juliano, o Apóstata (reinou de 361 a 363), como parte de sua campanha contra os cristãos tentou perverter sua prática da primeira semana da Quaresma ordenando que todos os alimentos à venda no mercado de Constantinopla fossem respingados com sangue de sacrifícios pagãos. São Teodoro, então, apareceu em sonho a Eudóxio, arcebispo da cidade, ordenando a ele aconselhar o seu rebanho a não comprar nada do mercado; em vez disso, disse o santo a ele, eles deveriam cozinhar trigo (</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>kolyva</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">) e comer apenas isso. Em memória a este evento, após a Liturgia dos Dons Pré-Santificados na primeira sexta-feira, um cânon de intercessão é cantado a São Teodoro e um prato de trigo é abençoado em sua honra</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote12sym" name="sdfootnote12anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>12</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Porém, fora esta associação histórica do grande Mártir Teodoro com a primeira semana da Quaresma, é também espiritualmente adequado que ele deva ser comemorado durante estes dias. O Grande Jejum é um período de luta não observável, de martírio invisível, quando por nossa morte ascética para o pecado nós parecemos imitar o auto-sacrifício dos mártires. É por isso que, em adição a tais comemorações como a de São Teodoro no primeiro sábado, existam também hinos freqüentes aos mártires em todos os dias de semana da Quaresma. Seu exemplo tem um significado especial para nós em nossos esforços ascéticos durante os Grandes Quarenta Dias.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo da Ortodoxia</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. O sentido de alegria e gratidão já evidente no sábado de São Teodoro é ainda mais aparente no primeiro Domingo da Quaresma, quando celebramos o Triunfo da Ortodoxia. Neste dia a Igreja comemora o fim da controvérsia Iconoclasta e a definitiva restituição dos santos ícones às igrejas pela imperatriz Teodora agindo como regente de seu filho Miguel III. Isto teve lugar no primeiro Domingo da Quaresma a 11 de março de 843</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote13sym" name="sdfootnote13anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>13</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Há, entretanto, não apenas um elo histórico entre o primeiro domingo e a</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">reinstituição dos ícones, mas também, no caso de São Teodoro, uma afinidade espiritual. Se a Ortodoxia triunfou na época da controvérsia iconoclasta, isto se deu por que muitos dos fiéis estavam preparados para sofrer o exílio, a tortura e até mesmo a morte, a favor da fé. A Festa da Ortodoxia é acima de tudo uma celebração em honra dos mártires e confessores que lutaram e sofreram pela fé: daí sua adequação para o período de Quaresma, quando nós empenhamos em imitar os mártires por meio de nossa auto-negação ascética. A determinação do Triunfo da Ortodoxia no primeiro Domingo é, por isso, muito mais que o resultado de uma conjunção de acasos históricos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">O Triódio fornece o texto de um “Ofício da Ortodoxia” especial, que é lido no final de Matinas, ou mais comumente, no final da Divina Liturgia deste domingo. O Ofício celebra não apenas a reinstituição dos santos ícones, mas de um modo geral, a vitória da verdadeira fé sobre todas as heresias e erros. Uma procissão é feita com os santos ícones e, após isto alguns trechos do decreto sinodal do Sétimo Concílio Ecumênico (787) são lidos. Então, sessenta anátemas são pronunciados contra vários heréticos do terceiro-quarto séculos; ‘Memória Eterna’ é cantada em honra de imperadores, patriarcas e padres que defenderam a fé Ortodoxa; e ‘Muitos Anos’ é proclamado em favor de nossos atuais bispos e governantes</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote14sym" name="sdfootnote14anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>14</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O segundo domingo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Desde 1368 este domingo tem sido dedicado à memória de São Gregório Palamas, arcebispo de Tessalônica (1296-1359). Esta comemoração forma uma continuação da festa celebrada no domingo anterior: A vitória de São Gregório contra Barlaão, Akindinos e outros heréticos desta época é vista como um renovado Triunfo da Ortodoxia. Anteriormente neste dia era comemorado o grande mártir São Policarpo de Esmirna (+c. 155), cuja festa foi transferida para o calendário fixo a 8 de março. Esta comemoração, como a de São Teodoro sublinha a conexão entre o ascetismo quaresmal e a vocação do mártir. O segundo domingo também tem relação com o Domingo do Filho Pródigo como modelo de arrependimento, com o primeiro dos dois cânones de Matinas sendo dedicado a esta parábola.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O terceiro Domingo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> (o Domingo da Cruz). Neste dia o ofício de Matinas termina com a solene veneração da Preciosa e Vivificante Cruz; as cerimônias são bastante parecidas entre si: a deste Domingo, a da Festa da Exaltação da Cruz (27 de setembro) e a da Procissão da Cruz (14 de agosto). A veneração da Cruz neste terceiro Domingo da Quaresma prepara-nos para a comemoração da Crucifixão que ocorre logo a seguir à Semana Santa e, ao mesmo tempo, recorda-nos que a Quaresma inteira é um período em que nós estamos crucificados com Cristo: como o Sinaxário em Matinas diz, ‘Durante os quarenta dias de jejum, nós também estamos de certa maneira crucificados, morrendo para as paixões’. A nota dominante deste domingo, assim como dos dois domingos precedentes, é de alegria e triunfo. No cânon de Matinas, os </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>irmoi</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> (plural de irmos) são os mesmos da noite de Páscoa, ‘Este é o dia da Ressurreição....’, e os tropários são, em parte, uma paráfrase do Cânon Pascal de São João Damasceno. Nenhuma separação é feita entre a morte de Cristo e Sua Ressurreição, mas a Cruz é considerada como um emblema de vitória e o Calvário é visto à luz túmulo vazio.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O quarto domingo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Neste dia é comemorado São João Clímaco, o abade do Sinai (sexto-sétimo século), a quem é designado um domingo especial na Quaresma porque pelas virtudes de seus escritos e sua própria vida, ele constitui um modelo de verdadeiro asceta cristão. São João é o autor de “A Escada do Paraíso”, um dos textos indicados para ser lido na igreja durante a Quaresma. Sua memória, como a de São Teodoro foi transferida do calendário móvel para o fixo, onde é comemorado a 12 de abril. O primeiro cânon em Matinas deste domingo é baseado na parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 30-35): o cristão penitente é semelhante ao homem que caiu nas mãos dos ladrões.</span></span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 10pt;"><span><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>A Quinta semana</u></span><span style="font-size: 11pt;">. Durante esta semana, ocorrem dois ofícios especiais.<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Em Matinas na quinta-feira, o Grande Cânon de Santo André de Creta é lido inteiramente, junto com um Cânon de Santa Maria do Egito; e a vida de Santa Maria do Egito também é lida durante o ofício.</span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: verdana;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Em Matinas no sábado, é cantado o Hino Acatiste à Mãe de Deus. Uma das maiores maravilhas da poesia grega religiosa, com uma riqueza de imagens que são o desespero de qualquer tradutor, o Hino Acatiste possui 24 estâncias principais, alternadamente longas e curtas: cada estância longa recebe o nome de ‘ikos’ e termina com o refrão ‘Rejubila, Esposa inesposada’ enquanto cada estância curta é denominada ‘kontakion’ e termina com o refrão ‘Aleluia’. O título Acatiste significa literalmente ‘não sentado’, o hino é assim chamado porque todos permanecem de pé enquanto ele é cantado. A maior parte do hino é feita de louvores endereçados à Santíssima Virgem, cada um deles começando a saudação do Arcanjo Gabriel: Rejubila (Lc 1, 28). O Hino revê os principais eventos relacionados com a Encarnação de Cristo, começando com a Anunciação (primeiro ikos) e terminando com a Fuga para o Egito (sexto ikos) e a Apresentação no Templo (sétimo kontakion).</span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">O Hino Acatiste, supõe-se, foi originalmente composto em uma época quando a Anunciação era ainda celebrada junto com o Natal e não tinha ainda se tornado uma festa separada</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote15sym" name="sdfootnote15anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>15</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Talvez ele tenha sido, a princípio, cantado a 8 de janeiro na Sináxis da Santíssima Mãe de Deus. E foi, provavelmente, durante o reinado do imperador Justiniano (527-565) que a Anunciação tenha começado a ser celebrada a 7 de abril; e, ou quando isto aconteceu ou ainda logo depois - e em qualquer caso não mais tarde que 718 – o Hino Acatiste foi indicado para ser cantado a 7 de abril. Mais recentemente, talvez durante o período da turcocracia após a queda de Constantinopla (1453), o Hino tenha sido transferido do calendário fixo para o móvel e, ao invés de ser cantado a 7 de abril, foi indicado para o Sábado da quinta semana. O costume de cantar uma parte do Hino em Completas nas primeiras quatro sextas-feiras da Quaresma é mais recente ainda: enquanto realizada pelos gregos, tal prática não faz parte do uso eslavo. A relação entre o Hino Acatiste e a Festa da Anunciação continua a ser ainda mais evidente: por exemplo, a maioria dos textos das Vésperas de sexta-feira antes da Vigília do Acatiste são tirados diretamente do ofício da Festa de 7 de abril. A Anunciação sempre cai dentro do período da Grande Quaresma</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote16sym" name="sdfootnote16anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>16</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> e é por isso que este ofício especial de louvor à Mãe de Deus tomou lugar no Triódio de Quaresma. No início do Hino Acatiste, é cantado um kontakion muito amado pelo povo ortodoxo: ‘Que ressoem os acentos da vitória em tua honra....’ celebrando a libertação da cidade de Constantinopla de seus inimigos através da ajuda da Mãe de Deus. Parece que este kontakion originalmente não fazia parte do Hino Acatiste, pois no Hino em si não há em nenhum lugar qualquer alusão a tal libertação. Muito provavelmente, o kontakion foi escrito pelo Patriarca Sérgio para celebrar a salvação da capital bizantina do ataque dos persas em 626</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote17sym" name="sdfootnote17anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>17</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">; neste caso, o Hino Acatiste é certamente mais antigo que o kontakion. Talvez este kontakion e o Hino Acatiste em si mesmo eram também cantados nas celebrações de ações de graças por outras libertações de Constantinopla: dos árabes na metade da década de 670, dos árabes novamente em 717-718 e dos russos (ainda não convertidos à Ortodoxia) em 860. Entendido num sentido mais amplo o kontakion expressa, na consciência do fiel ortodoxo, seu sentido de contínua dependência da protetora intercessão da Santíssima Virgem em todos os momentos de crise e perigo.</span></span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O quinto domingo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Este domingo corresponde precisamente ao domingo anterior: uma vez que o quarto domingo é dedicado a São João Clímaco, o modelo dos ascetas, o quinto domingo celebra Santa Maria do Egito, o modelo dos penitentes. Como o Domingo de São João Clímaco, a festa dela foi transferida do calendário fixo, onde é comemorada a 14 de abril. Sua vida, recontada por São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém, é lida, como já mencionamos, na quinta-feira da quinta semana – coloca diante de nós um verdadeiro ícone verbal da essência do arrependimento. Em sua juventude Santa Maria viveu de uma maneira dissoluta e pecaminosa em Alexandria. Movida pela curiosidade viajou com alguns peregrinos para Jerusalém, chegando a tempo para a Festa da Exaltação da Cruz. Entretanto, quando ela tentou entrar na Igreja do Santo Sepulcro com os outros, uma força invisível empurrou-a para trás para o átrio. Isto aconteceu três ou quatro vezes. Caída em súbita contrição por esta estranha experiência, ela rezou por toda a noite para a Mãe de Deus com lágrimas e na manhã seguinte, para sua alegria, conseguiu entrar sem qualquer dificuldade na igreja. Após venerar a Santa Cruz ela partiu de Jerusalém naquele mesmo dia, seguindo pelo rio Jordão e estabeleceu-se como eremita numa remota região do deserto. Lá, permaneceu por quarenta e sete anos, escondida do mundo até que finalmente foi encontrada pelo asceta São Zózimo, que pode lhe dar a comunhão pouco antes de sua morte. Alguns escritores modernos têm questionado a acuracidade histórica da narrativa de São Sofrônio, mas não existe nada em si mesmo de impossível sobre tal história. No ano de 1890 o sacerdote grego Joachim Spetsieris encontrou uma ermitã no deserto além do Jordão vivendo quase exatamente como Santa Maria do Egito deve ter vivido</span></span><sup style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote18sym" name="sdfootnote18anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>18</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Neste domingo o primeiro cânon de Matinas é baseado na história de Lázaro e o homem rico (Lc 16, 19-31): como a parábola do Bom Samaritano do domingo anterior, esta é aplicada, simbolicamente, ao cristão penitente.</span></span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>A sexta semana</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Durante os ofícios desta semana e, ainda em uma extensão maior durante a Semana Santa, o Triódio assume a característica de uma </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>narrativa histórica</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Dia após dia nós acompanhamos Cristo: estamos com Ele à medida que se aproxima de Jerusalém, quando chega a Betânia para ressuscitar Lázaro, quando Ele entra na Cidade Santa no Domingo de Ramos, enquanto se aproxima de Sua Paixão. Os ofícios diários são marcados por um sentido de movimento progressivo e realismo dramático. A cada dia nos recordamos, o mais exatamente possível, das coisas que devem ter ocorrido no dia correspondente durante o último ano do ministério terreno de Cristo.</span></span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Tudo isso não é para ser visto meramente como simples comemoração de ocorrências no passado distante. Ao contrário, através da celebração litúrgica nós </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>revivemos</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> estes eventos. Participando deles como </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>contemporâneos</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Nós somos elevados do nível do tempo secular, como medido pelo relógio ou calendário, a um nível de tempo ‘sagrado’ ou ‘litúrgico’; somos transferidos para o ponto onde a dimensão vertical da eternidade intercepta o tempo linear. Esta transposição do passado no presente, de lembrança em realidade é expressa acima de tudo pela palavra </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>Hoje</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Então, nós cantamos no Sábado de Lázaro: “Hoje Betânia proclama antecipadamente a Ressurreição de Cristo”. “Hoje Cristo entra na Cidade Santa”, nós afirmamos no Domingo de Ramos. “Hoje Cristo vem à casa do fariseu”, nós declaramos na Quarta-feira Santa, “e a mulher pecadora se aproxima e cai a Seus pés...”. “Hoje Judas faz um pacto com o chefe dos sacerdotes”. “Hoje o Mestre da Criação fica diante de Pilatos”, nós dizemos na Sexta-feira Santa: “...Hoje Ele, que sustenta a terra sobre as águas, está pendurado na Cruz”. Então, na noite de Páscoa nós afirmamos: “Ontem eu estava sepultado conTigo, ó Cristo, e hoje eu ressuscito conTigo. Ontem eu estava crucificado conTigo...”. Nós não compreenderemos o significado destas duas últimas semanas do Triódio a menos que escutemos esta palavra </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>Hoje </i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">que ressoa em cada ofício. Não é uma mera metáfora ou uma instância de licença poética, mas incorpora uma experiência espiritual específica. Tudo aquilo que foi testemunhado pelas multidões na Semana Santa, todas as palavras endereçadas aos discípulos, todos os sofrimentos sofridos por Cristo – tudo isso é para ser vivenciado </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>por mim</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> aqui e </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>agora</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div></span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="text-align: center;"><u style="font-size: 11pt;">A Semana Santa</u></div></span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Sábado de Lázaro</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Este dia, junto com o Domingo de Ramos, ocupa uma posição especial entre a Quaresma e a Semana Santa. Seguindo os quarenta dias de penitência que terminaram e imediatamente antes dos dias de escuridão e lamento que estão por vir na semana da Paixão, seguem-se dois dias de alegria e triunfo nos quais a Igreja festeja. O sábado anterior ao Domingo de Ramos celebra a ressurreição de Lázaro em Betânia (Jo 11, 1-46). O milagre realizado por Cristo como uma reafirmação aos Seus discípulos anterior à Paixão por vir: eles têm que compreender que, mesmo que Ele sofra e morra, ainda assim Ele é o Senhor e Vitorioso sobre a morte. A ressurreição de Lázaro é uma profecia na forma de ação. Isso prenuncia a própria Ressurreição de Cristo oito dias mais tarde e, ao mesmo tempo, antecipa a ressurreição dos justos no Último Dia: Lázaro é ‘.... dos primeiros frutos da regeneração do mundo’.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Como os textos litúrgicos enfatizam, o milagre de Betânia revela as </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>duas naturezas</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"> de Cristo, o Deus-homem. Cristo pergunta onde Lázaro está sepultado e chora por ele e, assim, Ele mostra a plenitude de sua humanidade como faz a ignorância humana e o genuíno pesar por um amigo amado. Então, revelando a plenitude de Seu divino poder Cristo ressuscita Lázaro dos mortos, apesar de que seu cadáver já tenha começado a se decompor e a cheirar mal. Esta dupla plenitude da Divindade do Senhor e Sua humanidade deve ser mantida em vista ao longo de toda a Semana Santa e, acima de tudo, na Sexta-feira Santa. Na Cruz nós vemos uma agonia genuinamente humana, tanto física como mental, mas nós vemos mais que isso: nós vemos não apenas um homem sofredor, mas um Deus sofredor.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>O Domingo de Ramos</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. ‘Bendito é Aquele que vem...’: esta é a Festa de Cristo, o Rei – saudado pelas crianças em Sua entrada em Jerusalém e para ser saudado de igual modo por cada um de nós em nosso próprio coração. ‘Bendito é Aquele que vem...’ – não tanto do passado como </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>do futuro</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">: pois no Domingo de Ramos nós saudamos não apenas ao Senhor que entrou em Jerusalém há muito tempo atrás, montado num jumento, mas o Senhor que vem novamente em poder e grande glória, como Rei da era futura. Palmas e ramos são abençoados após a leitura do Evangelho em Matinas e segurados com velas acessas durante o restante do ofício</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote19sym" name="sdfootnote19anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>19</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Apesar de, em certa época a Igreja Oriental, como a Igreja Ocidental até hoje, costumava fazer uma procissão no Domingo de Ramos, esta prática caiu em desuso e não há menção dela no Triódio atual</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote20sym" name="sdfootnote20anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>20</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Repetido muito freqüentemente nesta festa está o stikeron inicial, ‘Hoje a graça do Espírito Santo reuniu-nos a todos...’. É possível ver refletida aqui a prática de S. Eutímio, S. Sawa e outros monges palestinos no quinto e sexto séculos. Logo após a Festa da Teofania eles deixavam seus mosteiros para fazer a Quaresma em retiro no deserto, separadamente ou em grupos, não comendo nada além de raízes selvagens. Então, no sábado pela manhã da sexta semana da Quaresma, todos eles retornavam aos seus mosteiros para a Vigília do Domingo de Ramos, a fim de celebrar a Semana Santa junto com seus irmãos. Em paróquias ortodoxas isoladas por todo o mundo ocidental, algo similar ocorre a cada ano. Membros espalhados da comunidade da paróquia vivendo longe e raramente podendo freqüentar os ofícios em outros períodos começam a aparecer na Vigília do Domingo de Ramos e a medida que se segue a Semana Santa seu número aumenta gradativamente. Como os monges da antiga Palestina nós, no século XX, também podemos dizer com verdade no Domingo de Ramos, ‘Hoje a graça do Espírito Santo reuniu-nos a todos...’</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Semana Santa: Segunda, Terça e Quarta-feira</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Nos dias que se seguem à Sua entrada em Jerusalém, Cristo fala a Seus discípulos em particular sobre os sinais que precederão o Último Dia (Mt 24 e 25); e, então, isto forma o tema da primeira parte da Semana Santa. Por outro lado, a veneração Ocidental rememora as “coisas finais” principalmente durante o período Pré-Natalino do Advento. O desafio escatológico dos três primeiros dias da Semana Santa é resumido no tropário e exapostilário em Matinas, ambos são repetidos três vezes em uma solene e lenta melodia. O tropário, ‘Olhem, o Noivo vem no meio da noite....’ é baseado na parábola das três virgens (Mt 25, 1-13); e o exapostilário, ‘Eu vejo Tua câmara nupcial...’, sobre a parábola do homem expulso das núpcias por não estar vestido adequadamente (Mt 22, 11-13). Aqui, apresentado em termos especialmente urgentes, está o chamado que nós temos escutado em muitas ocasiões durante a Quaresma: o fim está próximo; estejamos atentos!; arrependam-se enquanto ainda há tempo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: verdana;">Cada um dos três dias possui seu tema próprio:</span><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">1) Na segunda-feira comemora-se o Patriarca José, que sendo inocente sofreu (Gn, capítulos 37, 39 e 40) e prefigura a Paixão de Cristo. Também recordamos a figueira estéril amaldiçoada por Cristo (Mt 21, 18-20) – um símbolo do julgamento que cairá sobre aqueles que não mostrarem nenhum fruto do arrependimento; um símbolo, mais especificamente, da incrédula sinagoga judaica.</span></div></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">2) Na terça-feira os textos litúrgicos referem-se, principalmente, à parábola das Dez Virgens, que forma o tema geral destes três dias. Os textos também se referem à parábola dos Talentos que vem imediatamente após (Mt 25, 14-30). Ambas são interpretadas como parábolas do julgamento.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">3) Na Quarta-feira nós relembramos a mulher pecadora, que ungiu os pés de Cristo enquanto Ele estava sentado na casa de Simão. Na hinografia do dia, a narrativa de Mateus 26, 6-13 está combinada com a de Lucas 7, 36-50 (conforme também João 12, 1-8). Um segundo tema é o acordo feito por Judas com as autoridades judaicas: o arrependimento da prostituta pecadora é contrastado com a trágica queda do discípulo escolhido. O Triódio torna isso claro, que Judas pereceu não apenas porque havia caído no pecado da traição, mas porque se recusara a acreditar na possibilidade de perdão: “Em sofrimento ele perdeu sua vida, preferindo uma corda ao invés de se arrepender”</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote21sym" name="sdfootnote21anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>21</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Se nós deploramos as ações de Judas, então, nós devemos agir não com vingativa auto-justiça, mas com consciência de nossa própria culpa: ‘Livra nossas almas, ó Senhor, da condenação devida a ele’</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote22sym" name="sdfootnote22anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>22</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Em geral, todas as passagens do Triódio que parecem ser estar direcionadas contra os judeus devem ser entendidas da mesma maneira. Quando o Triódio denuncia aqueles que rejeitaram a Cristo e entregaram-No à morte, nós reconhecemos que estas palavras aplicam-se não apenas aos outros, mas a nós mesmos: pois não traímos o Salvador muitas vezes em nossos corações e crucificamo-Lo de novo</span></span><span style="font-family: Lucida Console, monospace; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">?</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Lucida Console, monospace; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Na noite da Quarta-feira Santa o sacramento da Unção dos Enfermos é normalmente celebrado na Igreja e todos são ungidos, estejam fisicamente doentes ou não, pois não há uma demarcação nítida entre as doenças físicas e as espirituais, e este sacramento confere não apenas a cura física mas, também, a espiritual, servindo assim como uma preparação para a recepção da Santa Comunhão no dia seguinte</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote23sym" name="sdfootnote23anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>23</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-size: 10pt;"><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Quinta-feira Santa</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Neste dia quatro eventos são celebrados, a lavagem dos pés dos discípulos, a instituição do Mistério da Santa Eucaristia na Última Ceia, a agonia no jardim de Gethsemane (mas os textos litúrgicos não dão ênfase a este tema) e a traição de Cristo por Judas. Em certas catedrais e mosteiros, há uma cerimônia especial de lava-pés ao final da Liturgia, com o bispo ou o superior do mosteiro assumindo o papel de Cristo e doze padres representando os apóstolos. No Patriarcado Ecumênico em Constantinopla, em outros Patriarcados e em Igrejas Autocéfalas, o Santo Óleo de Crisma é abençoado durante a Liturgia deste dia; mas o rito não ocorre todos os anos. O significado da Quinta-feira Santa é resumido em um texto de beleza singular, repetido muitas vezes na Liturgia, que combina os temas da Comunhão Eucarística, a traição de Judas e a confissão de Bom Ladrão:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Na Tua Mística Ceia, ó Filho de Deus,<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Hoje recebe-me como participante:<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Pois eu não desvendarei o mistério a Teus inimigos;<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Eu não Te darei um beijo como Judas<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Mas como o ladrão eu Te confesso:<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Lembra-Te de mim, Senhor, quando vieres em Teu Reino.</span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Sexta-feira Santa</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Neste dia nos recordamos dos sofrimentos de Cristo: o escárnio, a coroa de espinhos, os açoites, os pregos, a sede, o vinagre e o fel, o grito de desolação e tudo que o Salvador suportou sobre a Cruz; também a confissão do Bom Ladrão. Ao mesmo tempo, a Paixão não está separada da Ressurreição; e mesmo neste dia da mais profunda auto-humilhação de Nosso Senhor, nós olhamos em direção à revelação de Sua eterna glória:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Nós veneramos a Tua Paixão, ó Cristo:<br /></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Mostra-nos, também, a Tua gloriosa Ressurreição.</span></span><br /><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">A Cruz e a Ressurreição, como nós a vemos, são aspectos de um único e indiviso ato de salvação:</span></span><br /><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">A Tua Cruz, ó Senhor, é Vida e Ressurreição...</span></span></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14.6667px;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">As Matinas de Sexta-feira são normalmente ‘antecipadas’ e realizadas na noite de Quinta-feira. Elas tomam uma forma especial, com uma série de 12 leituras de Evangelho que começam com o discurso de Cristo na Última Ceia e terminam com a narrativa de Seu sepultamento. Na prática grega aqui ocorre um ‘clímax’ imediatamente antes do sexto Evangelho, quando o presbítero carrega uma grande cruz do santuário para colocá-la no centro da igreja. Esta cerimônia, que se originou na Igreja de Antioquia foi adotada em Constantinopla somente em 1824</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote24sym" name="sdfootnote24anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>24</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">; esta prática não é encontrada nas Igrejas eslavas. Aqui nós achamos o princípio de uma representação dramática conduzida até um ponto além do mostrado até aqui, através do uso não apenas de palavras, mas também, de ações visíveis. Na Sexta-feira pela manhã, as Horas (Horas Reais) tomam uma forma solene, como nas Vigílias do Natal e Teofania, com leituras do Antigo Testamento, uma Epístola e um Evangelho em cada uma das Horas. As Vésperas seguem-se, imediatamente após as Horas (uso grego normal) ou à tarde (prática eslava). No final das Vésperas, como feito anteriormente em Matinas na prática grega, os eventos da Sexta-feira Santa são representados não apenas por palavras, mas, também, através de ações dramáticas</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote25sym" name="sdfootnote25anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>25</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. O Epitáfio – um pedaço retangular de tecido encorpado no qual está pintada ou bordada a figura de Cristo morto deitado para o sepultamento – é carregado em procissão do santuário para o centro da igreja e é, então, venerado pelos fiéis. Existem mais uns poucos momentos de movimentação ao longo do ano da Igreja. Os Triodia grego e eslavo não mencionam nada sobre esta procissão com o Epitáfio ao final de Vésperas, nem sobre a correspondente procissão no final de Matinas no Sábado Santo. Parece que esta prática de conduzir o Epitáfio em procissão nestes dois momentos foi originada num período relativamente recente, no século XV ou XVI.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Na prática atual nenhuma Liturgia é celebrada na Sexta-feira Santa (exceto quando cai a Festa da Anunciação) – nem a Liturgia completa nem a Liturgia dos Dons Pré-Santificados. Mas em tempos passados havia uma Liturgia dos Dons Pré-Santificados neste dia</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote26sym" name="sdfootnote26anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>26</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">.</span></span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-size: 10pt;"><span><span style="font-size: 11pt;"><br /><div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><u>Sábado Santo</u></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Neste dia nós rememoramos o sepultamento de Cristo e Sua descida ao Inferno. Em Matinas, normalmente realizada na Sexta-feira à noite, o ofício começa com as Laudes (em grego, </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><i>Enkomia</i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">) sendo cantada diante do Epitáfio no centro da igreja. A nota predominante neste ofício não é tanto de lamentação, mas de atenta expectativa. Para o tempo vindouro Deus observa um repouso sabático no túmulo, enquanto nós ansiamos pelo momento quando Ele se levantará de novo, trazendo nova vida e recriando o mundo:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span></span></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;">Hoje Tu santificas o sétimo dia que outrora abençoaras ao cessares toda obra; Tu reanimas todas as coisas, ó meu Salvador, e renová-as observando o Sábado e recriando tudo por ele.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Ao final do ofício, todos vão com o Epitáfio em procissão em volta da igreja, cantando “Deus Santo, Santo Forte...” exatamente como fariam em um funeral, ainda que isto não seja, de fato, uma procissão de um funeral. Deus que morreu na Cruz, e ainda assim Ele não está morto. Ele que morreu, o Verbo de Deus, é a Vida em Si Mesmo, Santo e Imortal; e nossa procissão pela noite significa que Ele está agora prosseguindo pela escuridão do Inferno, anunciando a Adão e a todos os mortos Sua vindoura Ressurreição, na qual eles são, também, chamados a compartilhar.</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">Na manhã e no começo da tarde do Santo Sábado seguem-se as Vésperas e a Liturgia de São Basílio</span></span><sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote27sym" name="sdfootnote27anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>27</sup></a></span></span></sup><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;">. Originalmente este ofício começava mais tarde, à noite, e continuava até as primeiras horas da manhã do Domingo de Páscoa; mas agora foi antecipado e seu lugar tomado pelo atual ofício à meia-noite das Matinas Pascais, com o Cânon de São João de Damasco, ‘Hoje é o dia da Ressurreição ...’, seguido pela Liturgia de São João Crisóstomo. O mais antigo ofício de vigília, agora celebrado no Sábado pela manhã, possui um caráter fortemente batismal, refletindo o período quando este sacramento era administrado na noite de Páscoa. Os textos em Vésperas estão dominados por três temas relacionados: Páscoa, Ressurreição e iniciação batismal. Das 50 leituras do Antigo Testamento constituindo o estágio final de instrução destinada aos catecúmenos antes que fossem batizados, as leituras 3, 5, 6 e 10 referem-se diretamente ou simbolicamente à Páscoa; as leituras 4, 7, 8 12 e 15 referem-se à Ressurreição; e as leituras 4, 6, 14 e 15 referem-se simbolicamente ao Batismo. O caráter batismal do ofício do Santo Sábado é, também, evidente no hino cantado em lugar do Trisághion, ‘Vós todos que fostes batizados em Cristo...’, e na escolha da leitura da Epístola (Rm 6, 3-11). Com o versículo que se segue à Epístola ‘Levanta-Te, ó Deus..........’, a celebração da Ressurreição inicia-se.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></div></span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Na noite do Sábado Santo o povo gradualmente começa a reunir-se na igreja escura enquanto os Atos dos Apóstolos são lidos e, então, o Ofício da Meia-noite é cantado. À medida que se aproxima a meia-noite, as luzes no corpo da igreja são apagadas. Todos esperam pelo momento em que o padre sairá do santuário com a vela acesa que simboliza a luz do Cristo Ressuscitado. Então, o período do Triódio de Quaresma encerra-se numa intensa e ansiosa expectativa. “Sim! Eu venho em breve” nos diz o Salvador (Apocalipse 22, 20) e, em nossos corações, nos apressamos em responder ao Cristo Ressuscitado: “Amém! Vem, Senhor Jesus!”</span></div></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym" style="font-size: 10pt;">1</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">No Domingo anterior ao do Zaqueu a leitura do Evangelho é, às vezes, o encontro de Cristo com a mulher cananéia (Mt 15, 21-28). Aqui o significado espiritual é o mesmo que o do Domingo do Zaqueu. A filha da mulher foi curada pela fé e persistência de sua mãe. Do mesmo modo, na Quaresma precisamos deixar a fé em Cristo nos curar e para isso nós temos que aliá-la à persistência da oração. Então, todas as coisas são possíveis.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote2anc" name="sdfootnote2sym" style="font-size: 10pt;">2</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Apophthegmata Patrum</i></span><span style="font-size: 10pt;">, alphabetical colection, Sarmatas I.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote3anc" name="sdfootnote3sym" style="font-size: 10pt;">3</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Cântico 4, tropário 2.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote4anc" name="sdfootnote4sym" style="font-size: 10pt;">4</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Vésperas do Sábado à noite (Domingo do Perdão).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote5anc" name="sdfootnote5sym" style="font-size: 10pt;">5</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">A frase é tomada de Schememann, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>A Grande Quaresma</i></span><span style="font-size: 10pt;">, p.11.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote6anc" name="sdfootnote6sym" style="font-size: 10pt;">6</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Aos sábados e domingos, quando a rigidez do jejum é relaxada, a Oração de Santo Efrém não é dita, nem se faz grande metanoia, mas apenas pequenas metanoias.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote7anc" name="sdfootnote7sym" style="font-size: 10pt;">7</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver o Concílio em Trullo, cânon 52. Sobre a Liturgia dos Dons Pré-Santificados, ver D. N. Moraitis, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>I Leitourgia ton Proigiasmenon</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (Thessalonica, 1955).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote8anc" name="sdfootnote8sym" style="font-size: 10pt;">8</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Concílio de Laodicéia, cânon 49. Quando a Festa da Anunciação da Santíssima Virgem Maria foi fixada em 7 de abril, foi decidido que a Liturgia completa deveria ser celebrada neste dia (Concílio em Trullo, cânon 52).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote9anc" name="sdfootnote9sym" style="font-size: 10pt;">9</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Schememann, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>A Grande Quaresma</i></span><span style="font-size: 10pt;">, p. 71.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote10anc" name="sdfootnote10sym" style="font-size: 10pt;">10</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver o Concílio de Laodicéia, cânon 51. Atualmente esta regra não é mais aplicada rigorosamente, pois os textos do Menaia comemorando o santo do dia são freqüentemente incluídos nos dias de semana da Quaresma.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote11anc" name="sdfootnote11sym" style="font-size: 10pt;">11</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Sinaxário para o sábado da primeira semana, no </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Triodion Katanyktikon</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (ed. Apostoliki Diakonia), p. 128; ver também </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Narrative</i></span><span style="font-size: 10pt;"> atribuída a São Nectário, Patriarca de Constantinopla (381-397), especialmente os parágrafos 4-13 (P.G. xxxix, 1825A-1832D).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote12anc" name="sdfootnote12sym" style="font-size: 10pt;">12</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">N.T. Na Polônia esta prática é realizada, sendo o trigo integral cozido misturado com mel e consumido pelos fiéis após a benção do mesmo.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote13anc" name="sdfootnote13sym" style="font-size: 10pt;">13</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Provavelmente a celebração anual deste evento não foi estabelecida de imediato. </span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES">Ver J. Mateos, </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES"><i>Le Typicon de la Grande Eglise</i></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES">. </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES"><i>Ms. Saint-Croix no 40, Xe siècle</i></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES"> (Orientalia Christiana Analecta 165-6:Rome, 1962-3), vol. i, pp. x-xiv; J. Gouillard, </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES"><i>Le Synodikon de l’Orthodoxie</i></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="es-ES">. </span></span><span style="font-size: 10pt;"><i>Edition et commentaire</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (Travaux et Mémoires 2: Paris, 1967), pp. 129-38.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote14anc" name="sdfootnote14sym" style="font-size: 10pt;">14</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Para uma tradução em inglês deste Ofício, como celebrado pela Igreja Russa no século XVIII, ver J. G. King, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>The Rites and Ceremonies of the Greek Church, in Russia</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (London, 1772), pp. 399-407. A forma grega do ofício é consideravelmente mais longa.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote15anc" name="sdfootnote15sym" style="font-size: 10pt;">15</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver R. ª Fletcher, ‘</span><span style="font-size: 10pt;"><i>Três hinos bizantinos antigos e seus lugares na Liturgia da Igreja de Constantinopla’</i></span><span style="font-size: 10pt;">, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Byzantinische Zeitschrift li</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (1958), pp. 53-65; J. Grosdidier de Matons, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Romanos le</i></span><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Mélode: Hymnes</i></span><span style="font-size: 10pt;">, vol ii (Sources chrétiennes 110: Paris, 1965, pp. 15-16).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote16anc" name="sdfootnote16sym" style="font-size: 10pt;">16</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">De acordo com o Tipikon de São Sawa, o mais cedo que no calendário móvel a Festa da Anunciação pode ocorrer é na terceira semana da Quaresma; o mais tarde na quarta-feira da Semana Jubilosa (quarta-feira após a Páscoa). O Tipikon de São Sawa também especifica que a Festa da Anunciação nunca deva ser transferida, mesmo se cair na Sexta-feira Santa. Estas regras estão modificadas na atual prática grega.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote17anc" name="sdfootnote17sym" style="font-size: 10pt;">17</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver o Sináxario no </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Triodion Katanyktikon</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (ed. Apostoliki Diakonia), pp. 302-303. Também tem sido sugerido que o kontakion ‘Que ressoem os acentos da vitória em tua honra...’ tenha sido escrito em 532 para celebrar a salvação da cidade dos chamados distúrbios NIKA. Com esta hipótese, o kontakion pode ter sido contemporâneo do resto do Hino Acatiste, e pode até mesmo ter sido obra de São Romano, o Mélodo. Mas o Sinaxário não fala nada sobre os tais distúrbios NIKA.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote18anc" name="sdfootnote18sym" style="font-size: 10pt;">18</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver seu vívido relato: </span><span style="font-size: 10pt;"><i>I erimitis Photeini eis tin erimon tou Iordanou</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (6ª ed., Volos, 1971).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote19anc" name="sdfootnote19sym" style="font-size: 10pt;">19</a><span style="font-size: 10pt;">N.T. Após a veneração do Evangelho os fiéis recebem do celebrante os ramos recém-abençoados e velas que acendem e os seguram até o final do ofício. Esta prática é adotada na Polônia.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote20anc" name="sdfootnote20sym" style="font-size: 10pt;">20</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Tal procissão ocorria em Constantinopla no século XI: ver, Mateos, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Le Typicon de la Grande Eglise</i></span><span style="font-size: 10pt;">, vol. ii, pp. 66-67.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote21anc" name="sdfootnote21sym" style="font-size: 10pt;">21</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Completas da Quarta-feira Santa.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote22anc" name="sdfootnote22sym" style="font-size: 10pt;">22</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Matinas da Terça-feira Santa.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote23anc" name="sdfootnote23sym" style="font-size: 10pt;">23</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">N.T. O que não exime o doente de se confessar antes da recepção da Eucaristia, conforme atestado em seu período na Polônia.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote24anc" name="sdfootnote24sym" style="font-size: 10pt;">24</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver A. Couturier, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Cours de Liturgie grecque-melkite</i></span><span style="font-size: 10pt;">, vol. ii (Jerusalém, 1914), p. 270.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote25anc" name="sdfootnote25sym" style="font-size: 10pt;">25</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">No uso grego moderno há uma cena de representação dramática mais cedo nas Vésperas. Na conclusão da leitura do Evangelho, à medida que a deposição de Cristo vai sendo descrita o sacerdote retira a figura de Cristo da Cruz que havia sido colocada no centro da igreja. Por isso esta cerimônia é chamada em grego de </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Apokathilosis</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (N.T. algo como “descrucificação”, ou retirada dos cravos).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote26anc" name="sdfootnote26sym" style="font-size: 10pt;">26</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Tal era a prática em Constantinopla na metade do século XI; mas até 1200 não havia Liturgia dos Dons Pré-Santificados (Mateos, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Le Typicon de la Grande Eglise</i></span><span style="font-size: 10pt;">, vol. ii, pp. 82-83).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote27anc" name="sdfootnote27sym" style="font-size: 10pt;"></a><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote27anc" name="sdfootnote27sym" style="font-size: 10pt;">27</a><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US"> </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US">Ver G. Bertonière, </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US"><i>The Historical Development of the Easter Vigil and Related Services in the Greek Church </i></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US">(Orientalia Christiana Analecta 193: Roma, 1972).</span></span></div></span></div><p align="justify" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify; text-indent: 0.25in;"></p><p align="left" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;"></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-88865303051632359652021-04-12T11:24:00.003-07:002021-04-12T11:24:55.959-07:00SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE IV<div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span></span><b style="font-family: verdana; text-align: center;"><span lang="PT-BR">Extraído do Livro “The Lenten Triodion”, </span></b></div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: white; font-family: verdana; font-size: 16px; text-align: left;"><b style="text-align: center;"><span lang="PT-BR"> pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary, </span></b></span></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><span lang="PT-BR"> Faber and Faber, Londres, 1978</span></b> </span></div><p style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-hn_rDfJFAKE/YHSQRRefcuI/AAAAAAAAHnU/ysDmBhJwjboA2E7snAdpVtOsYESwdCotwCLcBGAsYHQ/s402/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="125" data-original-width="402" height="209" src="https://1.bp.blogspot.com/-hn_rDfJFAKE/YHSQRRefcuI/AAAAAAAAHnU/ysDmBhJwjboA2E7snAdpVtOsYESwdCotwCLcBGAsYHQ/w669-h209/images.jpg" width="669" /></a></b></div><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os conteúdos do Triódio</span></b></p><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><span style="background-color: transparent; font-family: verdana; text-indent: 0.25in;">No livro da Grande Quaresma, o Triódio de Quaresma, dois elementos constitutivos podem ser distintos: o primeiro, o ciclo do Saltério e de outras leituras das Escrituras; o segundo, o ciclo da hinografia litúrgica – dos cânones, estikera, catismas poéticos e etc.</span></div><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span><u>O Saltério e as leituras das Escrituras</u></span><span>. São de inestimável importância, pois a Quaresma é o retorno anual às nossas raízes bíblicas. É mais especificamente um retorno às nossas raízes no Antigo Testamento, pois durante a Grande Quaresma num grau muito maior do que em qualquer outra parte do ano as leituras das Escrituras são tiradas do Antigo Testamento mais do que do Novo Testamento.</span></span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 0.25in;">Esta ênfase no Antigo Testamento é evidente, em primeiro lugar, no lugar proeminente ocupado pelo Saltério durante a Grande Quaresma. Ao invés de ser lido apenas uma vez, como em todas as outras semanas do ano, durante a Grande Quaresma o Saltério é lido todo duas vezes a cada semana. Nossas aspirações de Quaresma estão concentradas nas palavras dos Salmos que o próprio Nosso Senhor sabia de cor desde criança e usava nas suas orações da manhã e da noite. A centralidade do Saltério é particularmente evidente em Matinas dos dias de semana, quando quase metade do ofício é tomado dos Salmos e o cânon é muito mais curto que em outros períodos (em geral apenas três odes</span><sup style="font-family: verdana; text-indent: 0.25in;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc"><sup>1</sup></a></sup><span style="font-family: verdana; text-indent: 0.25in;">). Durante o cânon em si, uma particular proeminência é, de igual modo, dada às Escrituras do Antigo Testamento, pois as odes (cânticos) do Antigo Testamento são cantadas totalmente nos dias de semana da Grande Quaresma, ao invés de serem grandemente abreviadas ou omitidas de todo, como em outros períodos do ano. Isto serve como uma reminiscência da forma original do cânon, que originalmente consistia dos cânticos bíblicos com não mais que um pequeno refrão entre seus versículos.</span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 0.25in;">O aumento do uso dos textos do Antigo Testamento é evidente, também, em outros ofícios da Grande Quaresma além das Matinas. Nos dias de semana ocorrem leituras adicionais do Saltério nas Horas Canônicas (prima, tércia, sexta e nona). No lugar da Epístola e Evangelho indicados para a Liturgia a cada dia durante o resto do ano, ocorrem nos dias de semana da Grande Quaresma três leituras do Antigo Testamento, um lida na Sexta Hora Canônica e duas lidas em Vésperas. Mas aos sábados e domingos, quando a Eucaristia é celebrada totalmente, a Epístola e o Evangelho são indicados da maneira usual. As leituras de Epístola na Grande Quaresma são normalmente tiradas do livro de Hebreus, e as leituras do Evangelho de Marcos; em ambos os casos elas estão ordenadas numa seqüência cuidadosamente planejada.</span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 0.25in;">O esquema das leituras do Antigo Testamento no Triódio foi, provavelmente, elaborado entre o quinto e sexto século. As três leituras diárias são tomadas de três principais categorias da literatura do Antigo Testamento – dos livros históricos, dos profetas e da literatura sapiencial – de acordo com o seguinte padrão:</span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 24px;">1. Livros históricos (Pentateuco) para a primeira leitura de Vésperas:</span></p><ul><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; margin-top: 0.08in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Gênesis (nas seis semanas da Quaresma)</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Êxodo (na Semana Santa)</span></p></li></ul><span style="font-family: verdana; text-align: justify;"><span> </span><span> </span></span><div><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">2. Os profetas na Sexta Hora Canônica:</span><br /><ul><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; margin-top: 0.08in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Isaías (nas seis semanas da Quaresma)</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ezequiel (na Semana Santa)</span></p></li></ul><span style="font-family: verdana;"><br /></span><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">3. Literatura sapiencial para a segunda leitura nas Vésperas:</span><br /><ul><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; margin-top: 0.08in; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Provérbios (nas seis semanas da Quaresma)</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Jó (na Semana Santa)</span></p></li></ul><span style="font-family: verdana; text-align: justify; text-indent: 0.25in;">Tanto representando as várias categorias de literatura do Antigo Testamento, estes livros foram escolhidos devido à sua adequação ao espírito de Quaresma:</span></div><div><ol><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Gênesis descreve a queda do homem e sua expulsão do Paraíso, que é um tema dominante ao longo de todo o Triódio. Os últimos capítulos do Gênesis contam a história de José, que em seus sofrimentos, sendo inocente, serve como um “protótipo” de Cristo.</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nas leituras do Êxodo, Moisés prefigura a Cristo, a velha Páscoa (Passagem) antecipa a Nova, a passagem pelo Mar Vermelho prefira a morte redentora e a ressurreição de Cristo.</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Livro de Isaías começa com um apelo ao arrependimento e ao jejum.</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As leituras de Ezequiel falam da Glória de Deus – a Glória que é também manifestada pela Cruz e a Ressurreição: “...Agora o Filho do Homem foi glorificado e Deus foi glorificado nele” (Jo 13, 31).</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A instrução ética nos Provérbios nos relembra que a Quaresma é um tempo para um esforço moral: arrepender-se não é meramente experimentar certas emoções, mas ao nível de conduta prática, alterar nosso estilo de vida com a ajuda da graça de Deus. Se nós achamos a leitura dos Provérbios chata e procuramos por algo mais “dramático” e “excitante”, isto mostra que queremos fugir daquilo que nos foi ensinado a seguir.</span></p></li><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os sofrimentos pacientes de Jó e seu desfecho final apontam para a Paixão e Ressurreição de Cristo.</span></p></li></ol><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Então, torna-se evidente que as leituras do Antigo Testamento não foram escolhidas ao acaso, mas cada uma delas possui seu lugar na unidade interligada do Triódio.</span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span><u>A Hinografia litúrgica</u></span><span>. O material não-Bíblico do Triódion foi composto ao longo de um período de aproximadamente 1000 anos, do século VI ao século XV. Três principais fases podem ser distintas:</span></span></p><ol><li><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span><u>O início (século VI ao século VIII)</u></span><span>. Provavelmente os mais antigos elementos existentes são os textos do ciclo diário dos troparia da Profecia, ditos antes da leitura da Profecia na Sexta Hora Canônica. São muito simples na forma, sendo um pouco mais que uma paráfrase rítmica de algum texto da Bíblia. Quase tão antigo é o Hino Acatiste, provavelmente trabalho de São Romano, o Mélodo (†c. 560)</span><sup><span><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote2sym" name="sdfootnote2anc"><sup>2</sup></a></span></sup><span>. Um pouco mais tardio, em data, encontra-se o mais antigo dos Cânones, o Grande Cânon de Santo André de Creta (c. 660-740), aparentemente composto no fim de sua vida – ele refere-se muitas vezes à sua idade avançada e pretende ser, por seu autor, uma obra mais de expressão de devoção pessoal do que para uso litúrgico público. No fim do século VIII André, conhecido como “Piros” ou “o Cego”, monge da Lavra de São Sawa compôs um ciclo de </span><span><i>idiomela</i></span><span>, dois para cada dia de semana da Quaresma, um cantado na apóstica de Matinas e outro na das Vésperas; o ciclo foi completado e expandido pelo contemporâneo e companheiro de André, também monge, Estevão, o Sabaíta (725-807), o sobrinho de São João Damasceno. Estes </span><span><i>idiomela</i></span><span>, que são indicados para serem cantados duas vezes, são excepcionalmente ricos em teor doutrinal, resumo de toda a teologia da Grande Quaresma e devem ser estudados com particular atenção.</span></span></p></li></ol><p class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify; text-indent: 0.49in;"><span style="font-family: verdana;">Entre outros autores, que datam do século VI ao século VIII e representados no Triódio estão S. Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (†638), S. João Damasceno (c. 680-749), e S. Cosme de Maiuma (c. 685-c. 750). Quase todos os hinógrafos pertencentes a esta primeira fase estão associados com a Síria ou Palestina, e a maioria deles está relacionada com a Lavra de São Sawa fora de Jerusalém.</span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span>(2) </span><span><u>O período formativo (século IX)</u></span><span>. Durante este século, o centro líder de atividade desloca-se da Palestina para Constantinopla, dentro de Constantinopla no Mosteiro de Studios, então, no auge de sua influência. Foram os monges estuditas do século IX que deram não apenas ao Triódio de Quaresma sua estrutura presente, como também, compuseram a maior parte de seu conteúdo. Este livro (Triódion de Quaresma), assim como o Pentecostário é substancialmente o produto editorial Estudita. Eles trazem a marca em particular de dois irmãos S. Teodoro, o Estudita (759-826) e S. José, o Estudita, Arcebispo de Tessalônica (762-832). São Teodoro compôs o segundo cânon para os dias de semana na Quaresma, e seu irmão José o primeiro</span><sup><span><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote3sym" name="sdfootnote3anc"><sup>3</sup></a></span></sup><span>. Estes cânones variam no conteúdo de acordo com o dia da semana: Às segundas e terças são dedicados ao arrependimento; às quartas e sextas, à Cruz; às quintas aos apóstolos; aos sábados aos mártires e à morte.</span></span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span>Outros escritores do século IX cujos trabalhos são encontrados no Triódion são S. Teófano Graptos (778-845), S. José, o Hinógráfo (c. 816-c. 886), o Imperador Leão VI, o Sábio (reinou de 886-912) e a poetisa Cássia ou Cassiani que desprezou as chances de se casar com o Imperador Teófilo (829-842) pelo atrevimento de sua resposta, e posteriormente tornou-se monja</span><sup><span><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote4sym" name="sdfootnote4anc"><sup>4</sup></a></span></sup><span>. Ela é a autora de um célebre hino das Matinas de Quarta-feira Santa, “A mulher que caiu em muitos pecados....”.</span></span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span>(3) </span><span><u>Adições suplementares (século X ao século XV)</u></span><span>. Apesar da estrutura básica do Triódio estar completa no século IX, muitas adições suplementares foram feitas durante os cinco séculos subseqüentes, ainda que sem alterar o padrão geral articulado pelos redatores do Mosteiro de Studios. Manuscritos de Triódia (plural de Triódio) do século XI mostram que havia naquela época uma ampla variedade de usos locais, mas do século XII em diante passa a existir uma crescente uniformidade. Dentre os mais notáveis escritores desta terceira fase está Simeão, o Logothete, conhecido como “o Tradutor” (século X), autor da Lamentação da Mãe de Deus usada em Completas na Sexta-feira Santa; João Marvopous, Metropolita de Euchaita (século XI), autor de dois cânones para São Teodoro para o sábado da primeira semana; e o Patriarca Filoteos de Constantinopla (século XIV), autor do ofício em honra de São Gregório Palamas no segundo domingo.</span></span></p><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 0.49in;">Surpreendentemente, alguns dos mais amados elementos do Triódio são, também, os mais recentes em data. Os três tropários cantados nas Matinas de domingo após a leitura do Evangelho, “Abra-me, ó Doador da Vida, as portas do arrependimento...”, “Guia-me no caminho da salvação...”, “Enquanto eu meditava em minha infelicidade...”, não aparecem nesta posição antes do século XIV, apesar dos textos em si mesmo serem, provavelmente, mais antigos. As Laudes cantadas nas Matinas no Sábado Santo são encontradas pela primeira vez em manuscritos dos séculos XIV ou XV. Os manuscritos de Triodia contêm mais material adicional - cânones, idiomela e estikera – não incluídos no Triódio impresso que agora está em uso; muitos destes textos não publicados são de elevado padrão artístico e espiritual. Assim, o Triódio hoje existente, apesar de rico e complexo, não representa mais que uma seleção de um todo maior. Em sua origem, um livro de ofício monástico, refletindo mais particularmente a observância da fraternidade Estudita, o Triódio veio, com o tempo, a ser adotado também pelas paróquias. Este processo pelo qual o rito de “catedral” foi gradualmente substituído pelo rito “monástico” já havia se iniciado no século XII e estava mais ou menos completo por volta do século XIV. Quaisquer que fossem os méritos do rito de “catedral” – e existem pessoas que são favoráveis ao seu renascimento em uma forma modificada – não havia nada de absurdo ou espiritualmente inadequado na adoção do Triódio monástico pelas paróquias. Pois os textos do Triódio são endereçados não apenas a monges, mas a todo cristão; o caminho de contrição e jejum ao longo do qual ele nos guia possui validade universal.</span></p><div id="sdfootnote1"><p class="sdfootnote-western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr;"><span style="font-family: verdana;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym">1</a> N.T. do tradutor.</span></p></div><div id="sdfootnote2"><p align="justify" class="sdfootnote-western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr;"><span style="font-family: verdana;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote2anc" name="sdfootnote2sym">2</a> Antigas fontes discordam quanto à data e autoria do Hino Acatiste. A questão tem sido muito debatida nos últimos 80 anos; muitos eruditos apoiam uma data no começo do século VI e atribuem a autoria a S. Romano como provável, embora não indubitavelmente provado. Para uma ampla discussão do problema, com bibliografia, ver K. Mitsakis, <i>Vyzantini Ymnographia</i>, vol. 1 (Thessalonica, 1971), p. 483-509. <span lang="en-US">Em inglês ver E. Wellesz, </span><span lang="en-US"><i>The Akathistos Hymn</i></span><span lang="en-US"> (Copenhagen, 1957) e </span><span lang="en-US"><i>A History of Bizantine Music and Hymnography</i></span><span lang="en-US"> (2ª ed., Oxford, 1961), p. 191-197. </span>O Hino tem sido atribuído, também, a Sérgio, Patriarca de Constantinopla (610-638), que na verdade pode ser o autor do kontakion: “A ti os acentos da vitória...”, mas parece ser muito tardio para que seja o autor do próprio Hino. Outros a quem a autoria do Hino tem sido atribuída incluem Jorge de Pisídia (primeira metade do século VI), S. Germano, Patriarca de Constantinopla (†740), Jorge de Nicomédia (segunda metade do século IX) e S. Fócio, Patriarca de Constantinopla (†890); mas há pouco a favorecer qualquer uma destas sugestões.</span></p></div><div id="sdfootnote3"><p class="sdfootnote-western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr;"><span style="font-family: verdana;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote3anc" name="sdfootnote3sym">3</a> Possivelmente o autor não é José, o Estudita, mas José, o Hinógrafo. Ver E. I. Tomadakis, <i>Iosiph o Ymnographos</i> (Athens, 1971), p. 200-201.</span></p></div><div id="sdfootnote4"><p class="sdfootnote-western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr;"><span style="font-family: verdana;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote4anc" name="sdfootnote4sym">4</a><span> </span><span>Ver Simeon Magister, </span><span><i>Annals</i></span><span> (P.G. cix, 685C); George, o Monge, </span><span><i>Chronicle</i></span><span>, iv, 264, (P.G. cx, 1008B)</span></span></p></div></div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-20499045900044500882021-03-24T02:37:00.000-07:002021-03-24T02:37:24.232-07:00SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE III<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span> </span></span><span> </span> </span><b style="font-family: verdana; font-size: 16px; text-align: center;"><span lang="PT-BR">Extraído do Livro “The Lenten Triodion”, </span></b></div><span style="background-color: white; font-family: verdana; font-size: 16px;"><b style="text-align: center;"><span lang="PT-BR"> <span> </span><span> </span> pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary, <br /></span></b></span><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><span lang="PT-BR"><span> </span>Faber and Faber, Londres, 1978</span></b> </span></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-QcuWVBoyRiI/YFsIB1Lun1I/AAAAAAAAHm8/_cZeE5gWSlUO8veC5Qce01ss7H6dD0lRQCLcBGAsYHQ/s1000/EwNVTFnWUAAMRX-.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" height="411" src="https://1.bp.blogspot.com/-QcuWVBoyRiI/YFsIB1Lun1I/AAAAAAAAHm8/_cZeE5gWSlUO8veC5Qce01ss7H6dD0lRQCLcBGAsYHQ/w411-h411/EwNVTFnWUAAMRX-.jpg" width="411" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="background-color: white; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><span><div style="text-align: justify;"><b>3. As regras do jejum</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">Com este padrão aqui desenvolvido de quaresma, o que exatamente as regras de jejum exigem? Nem nos tempos antigos nem nos modernos não tem havido uma exata uniformidade, mas a maior parte das autoridades ortodoxas concorda com as seguintes regras:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">1) Durante a semana entre o Domingo do Fariseu e do Publicano e o do Filho Pródigo, há uma dispensa geral de jejum. Carne e produtos de origem animal podem ser comidos mesmo às quartas e sextas-feiras.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">2) Na semana seguinte, normalmente denominada “Semana do Carnaval” o jejum normal às quartas e sextas-feiras é mantido. Fora isso, não há nenhum jejum adicional.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">3) Na semana anterior à Quaresma, a carne é proibida, mas ovos, queijo e outros laticínios podem ser comidos todos os dias, inclusive às quartas e sextas-feiras.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><span>4) Nos dias de semana (de segunda à sexta-feira inclusive) durante as sete semanas da quaresma, há restrições tanto no </span><span><i><u>número</u></i></span><span> de refeições tomadas diariamente quanto no </span><span><i><u>tipo</u></i></span><span><u> </u></span><span><i><u>de alimentos</u></i></span><span> permitidos; mas quando um alimento é permitido, não há limitação fixa quanto à </span><span><i><u>quantidade</u></i></span><span> de comida a ser ingerida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span><br /></span></div></span><span><div style="text-align: justify;">a) Nos dias de semana da primeira semana, o jejum é particularmente severo. De acordo com uma rígida observância, no curso dos cinco dias iniciais da Quaresma apenas duas refeições são tomadas, uma na quarta-feira e outra na sexta-feira, em ambos os casos após a Liturgia dos Dons Pré-Santificados. Nos outros três dias, aqueles que têm força são encorajados a manter um jejum total; para aqueles a quem isto se mostra impraticável podem comer na terça-feira e quinta-feira (mas, se possível, não na segunda-feira), à noite após as Vésperas, quando eles podem comer pão e água, ou talvez chá ou suco de frutas, mas não uma comida cozida. Deve-se acrescentar imediatamente que na prática, hoje, estas regras estão normalmente relaxadas. Nas refeições de quarta e sexta-feira a tirofagia está prescrita. Literalmente isto significa “dry eating”. Rigorosamente interpretando, isto significa que nós podemos comer apenas vegetais cozidos com água e sal, e também coisas como frutas, nozes, pão e mel. Na prática, polvo e crustáceos também são permitidos nos dias de tirofagia; de igual modo margarina vegetal, óleos de milho e outros óleos vegetais, à exceção do de oliva. Mas as seguintes categorias de alimentos estão definitivamente excluídas:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">- carne;</div></span><span><div style="text-align: justify;">- produtos de origem animal (queijo, leite, manteiga, ovos, toucinho, gorduras);</div></span><span><div style="text-align: justify;">- peixes (isto é, peixes com espinhas)</div></span><span><div style="text-align: justify;">- óleo (isto é, óleo de oliva) e vinho (isto é, bebidas alcoólicas em geral)</div></span><span><div style="text-align: justify;"><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span>b) Nos dias de semana (de segunda a sexta-feira, inclusive) na segunda, terceira, quarta, quinta e sexta semanas uma refeição por dia é permitida, a ser tomada à tarde em seguida às Vésperas, nestas refeições a tirofagia é observada.</span><sup><span><sup><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc">1</a></sup></span></sup></div><div style="text-align: justify;"><sup><span><br /></span></sup></div></span><span><div style="text-align: justify;">c) Semana Santa. Nos primeiros três dias há uma refeição por dia com tirofagia; mas alguns tentam um jejum completo nestes dias, ou ainda comem apenas alimentos não cozidos, como nos dias de abertura para a primeira semana.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Na Quinta-feira Santa uma refeição é permitida com vinho e óleo (isto é, óleo de oliva, azeite).</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na Sexta-feira Santa aqueles que tiverem força seguem a prática da Igreja Primitiva e mantém um jejum absoluto. Aqueles que são incapazes disso podem comer pão, com um pouco de água, chá ou suco de fruta, mas não antes do pôr-do-sol ou de qualquer maneira não antes do final da veneração do Epitáfio nas Vésperas.</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No Sábado Santo não há a princípio nenhuma refeição, a não ser de acordo com uma antiga prática após a Liturgia de São Basílio ao fiel que permanecer na igreja para a leitura dos Atos dos Apóstolos, para sustentar suas forças é dado um pouco de pão e frutas secas, com um copo de vinho. Se, como normalmente acontece agora, eles retornam para casa para uma refeição, eles podem usar vinho, mas não óleo, para apenas este único sábado entre os sábados do ano, azeite não é permitido.</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A regra da tirofagia é relaxada nos seguintes dias:</div></span><span><div style="text-align: justify;">(1) Aos sábados e domingos na Quaresma, com a exceção do Sábado Santo, duas refeições podem ser tomadas da maneira usual, em torno do meio-dia e à noite, com vinho e óleo de oliva, isto é azeite; mas carne, produtos de origem animal e peixe não são permitidos.</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">(2) Na Festa da Anunciação e Domingo de Ramos, o peixe é permitido assim como vinho e azeite, mas carne e produtos de origem animal não são permitidos. Se a Festa da Anunciação cai num dos quatro primeiros dias da Semana Santa, vinho e óleo são permitidos, mas peixe não. Se a Festa cai na Sexta-feira Santa ou Sábado Santo, o vinho é permitido, mas não o peixe e o óleo.</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">(3) Vinho e óleo são permitidos nos seguintes dias se eles caem num dia de semana da segunda, terceira, quarta, quinta ou sexta semana da Quaresma:</div></span><span><div style="text-align: justify;">- Primeiro e segundo encontro da cabeça de São João Batista (9/3).</div></span><span><div style="text-align: justify;">- 40 Santos mártires de Sebástia (22/3)</div></span><span><div style="text-align: justify;">- Ante-Festa da Anunciação (6/3)</div></span><span><div style="text-align: justify;">- Sinaxis do Arcanjo Gabriel (8/4)</div></span><span><div style="text-align: justify;">- Festa do patrono da igreja ou mosteiro.</div></span><span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">(4) Vinho e óleo são também permitidos na quarta e sexta-feira da quinta semana, por causa da Vigília do Grande Cânon de Santo André de Creta. O vinho é permitido e de acordo com algumas autoridades, óleo também – na sexta-feira na mesma semana, por causa da Vigília do Hino Acatiste à Mãe de Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Estas regras de jejum têm sido sempre mantidas, podendo ser relaxadas no caso de idosos e de pessoas doentes. Na prática atual, mesmo para os de boa saúde, a completa rigidez do jejum está normalmente atenuada. Apenas poucos ortodoxos, hoje, tentam manter um jejum total na segunda-feira, terça-feira e quinta-feira na primeira semana ou nos três primeiros dias da Semana Santa. Nos dias de semana – exceto, talvez, durante a primeira semana e durante a Semana Santa – é comum atualmente comer duas refeições cozidas diariamente ao invés de uma. Da segunda até a sexta semana, muitos ortodoxos usam vinho, e talvez óleo também, às terças e quintas-feiras, e menos usualmente nas segundas-feiras também. Permissão é dada para que se coma peixe nestas semanas. Fatores pessoais devem ser levados em consideração como, por exemplo, a situação de um ortodoxo vivendo na mesma casa de um não-ortodoxo, ou obrigado a fazer suas refeições na cantina de uma fábrica ou de uma escola. Em casos de dúvida cada um deve procurar o conselho de seu pai espiritual. Em todos os casos deve-se ter na mente que “você não está sob a lei, mas sob a graça” (Rm 6, 14), e que “a letra mata, mas a palavra vivifica” (2 Co 3, 6). As regras do jejum, devem ser consideradas seriamente, e não devem ser interpretadas com um severo e pedante legalismo; “...porquanto o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span></span><div style="text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym"><span style="color: black; font-family: verdana;"></span></a><span style="color: black; font-family: verdana;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym">1</a><span> </span><span>As fontes primitivas não concordam entre si em relação à aplicação da regra da tirofagia. O Concílio de Laodicéia, cânon 50, e Teodoro, o Estudita, </span><span>Doctrina Chronica</span><span>, 9 (P.G. XCIX, 1700B) prescrevem a tirofagia em todos os dias da semana na Quaresma; mas João Damasceno, </span><span>On the Holy Fasts</span><span>, 5 (P.G. xcv, 69D) e Teodoro Balsamon (Rallis-Potlis, </span><span>Sytagma</span><span>, vol. iii, p. 217) parecem considerar uma observância menos rígida.</span></span></div></div><p align="justify" class="western" lang="pt-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; margin-left: 0.25in; text-align: justify;"></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-59700944469323259522021-03-09T02:19:00.000-08:002021-03-09T02:19:17.197-08:00SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE II<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><b style="background-color: white; text-align: center;"><span lang="PT-BR"> Extraído do Livro “The Lenten Triodion”, <br /></span></b><b style="background-color: white; text-align: center;"><span lang="PT-BR"> pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary, <br /></span></b></span><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b style="background-color: white;"><span lang="PT-BR">Faber and Faber, Londres, 1978</span></b> </span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><b><br /></b></span></span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm9DGX1TyCmD_9KGhEq7bXkc8c735XVd3iB76Jypfhk41bV4rdQLpXGZmbb6tGAN03eP5uyB4E4ZNQpfAn5KjlZbeafaO_ERmddyJ5zP9CHZXzmkEYfmp4H6kevIRdgPsep3I0-oSq8g/s1600/16.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="1600" height="324" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm9DGX1TyCmD_9KGhEq7bXkc8c735XVd3iB76Jypfhk41bV4rdQLpXGZmbb6tGAN03eP5uyB4E4ZNQpfAn5KjlZbeafaO_ERmddyJ5zP9CHZXzmkEYfmp4H6kevIRdgPsep3I0-oSq8g/w487-h324/16.jpg" width="487" /></a></div><b><br /></b></span></span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><b>2. Desenvolvimento histórico da Grande Quaresma</b></span></span><sup style="font-family: verdana; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><b><sup style="font-size: 8.36px;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc" style="font-size: 8.36px;">1</a></sup></b></span></sup></div><div style="font-size: 10pt; text-align: center;"><sup style="font-family: verdana; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><b><br /></b></span></sup></div><span style="font-family: verdana;"><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">A Quaresma, como existe hoje na Igreja Ortodoxa, é o resultado de um longo desenvolvimento histórico, do qual não mais que um breve sumário pode ser oferecido aqui</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote2sym" name="sdfootnote2anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>2</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">. A porção do ano litúrgico coberta pelo Triódio de Quaresma cai em três períodos:</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>Período pré-quaresmal</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">: três domingos preparatórios (Domingo do Fariseu e do Publicano; Domingo do Filho Pródigo; Domingo do Julgamento Final), seguidos por uma semana de jejum parcial, terminando com o Domingo do Perdão.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>Os 40 dias da Grande Quaresma</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">, começando na segunda-feira da primeira semana (ou, mais exatamente, nas Vésperas de Domingo à noite), e acabando na Nona Hora de sexta-feira da sexta semana.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><i><u>Semana Santa</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">, precedida pelo Sábado de Lázaro e do Domingo de Ramos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">O terceiro destes três períodos, o jejum Pascal da Semana Santa é o mais antigo, pois já existia durante o segundo e terceiro séculos. O jejum de quarenta dias é mencionado em fontes da primeira metade do quarto século em diante. O período pré-quaresmal foi o desenvolvido mais tardiamente de todos: as primeiras referências a uma semana preliminar de jejum parcial estão no sexto e sétimo séculos, mas a observância dos três outros Domingos Preparatórios não se tornaram universais no Oriente até o décimo ou décimo primeiro século.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">(1) </span><span style="font-size: 11pt;"><i><u>O jejum Pascal no segundo e terceiro séculos</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">. No segundo século era costume dos cristãos tanto do oriente como do ocidente observar, imediatamente antes do Domingo de Páscoa, um curto período de um ou dois dias de jejum, ou no sábado apenas ou na sexta-feira e sábado juntos</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote3sym" name="sdfootnote3anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>3</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">. Isto era especificamente um jejum Pascal de preparação para a noite de Páscoa. Era um jejum de pesar pela ausência do Noivo, em cumprimento às próprias palavras de Cristo: “Dias virão, porém, em que o noivo lhes será tirado; e então jejuarão naquele dia” (Mc 2, 20). O jejum, se de um ou de dois dias, era em princípio total, sem qualquer comida ou bebida tomada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Pela metade do terceiro século, este jejum Pascal foi, em muitos lugares, estendido para abarcar a semana inteira de segunda a sábado. Não havia, entretanto, nenhuma uniformidade de prática, e alguns cristãos jejuavam mais que os seis dias inteiros. Apenas alguns poucos conseguiam manter um jejum total durante o período inteiro. Em alguns lugares, era a prática comer pão e sal, com água, na nona hora (15:00 h) nos quatro primeiros dias de segunda à quinta, e então, manter, se possível, um jejum total na sexta e no sábado; mas, nem todos os fiéis eram tão rigorosos assim. Os seis dias do jejum Pascal podem ser vistos como as distantes origens da Semana Santa; mas, o ritual desenvolvido ao qual estamos acostumados, com comemorações especiais para cada dia da semana, não é encontrado senão pelo fim do século IV</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote4sym" name="sdfootnote4anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>4</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">. Durante o período pré-Niceno parece ter havido uma celebração única da morte e Ressurreição de Cristo, considerada como um mistério único, a vigília Pascal durando de sábado à noite até a manhã do Domingo de Páscoa. A sexta-feira era mantida como um dia de jejum de preparação para esta vigília, mas ela ainda não havia se tornado uma comemoração da Crucifixão, específica e distinta; a Cruz e a Ressurreição eram comemoradas juntas durante a noite de Páscoa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">(2) </span><span style="font-size: 11pt;"><i><u>Os 40 dias de jejum</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">. Não havia nenhuma evidência de um período de 40 dias de jejum na época pré-Nicena. A primeira referência explícita a este período de jejum está no Cânon 5 do Concílio de Nicéia (325), onde é tratado como algo familiar e estabelecido, e não como uma inovação da parte do Concílio</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote5sym" name="sdfootnote5anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>5</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">. No final do século IV a observância do jejum de 40 dias parece ter sido a prática padrão na maior parte da Cristandade, mas em algumas partes – possivelmente incluindo Roma – um jejum mais curto pode ter sido mantido.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Este jejum de 40 dias, encontrado como evidência do século IV em diante difere um pouco em teor e caráter do jejum de uma semana do período pré-Niceno, e a relação precisa entre os dois não é fácil determinar. Tem sido sugerido que o jejum de 40 dias estava ligado com a Epifania ao invés de com a Páscoa; mas, a evidência para isso parece ser inconclusiva. É claro, entretanto, que enquanto o jejum pré-Niceno era especificamente uma observância Pascal de preparação para a Páscoa, o jejum de 40 dias estava relacionado mais particularmente com a preparação final dos catecúmenos para o sacramento do Batismo ou ‘iluminação’. Nas semanas anteriores aos seus batismos os candidatos passavam por um período intensivo de treinamento, com instruções diárias, serviços especiais e jejum. Os membros da comunidade da igreja eram encorajados a compartilhar com os catecúmenos as orações e o jejum, renovando, assim, ano após ano sua dedicação batismal a Cristo. Então, os 40 dias de jejum vieram envolver o corpo de fiéis como um todo, e não apenas aqueles que estavam se preparando para o Batismo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">A Quaresma, como nós a conhecemos, é, assim, o resultado de uma convergência entre estes dois elementos – os seis dias de jejum do período pré-Niceno, que era diretamente uma preparação para a Páscoa, e os 40 dias de jejum pós-Nicéia, que era, originalmente, uma antiga parte do treinamento dos candidatos ao Batismo. Era natural que estes dois elementos se fundissem em uma única observância, pois ambos possuem o mesmo ponto final – a noite do Sábado Santo. A vigília Pascal nesta noite, em celebração da morte, sepultamento e Ressurreição de Cristo era, por razões óbvias, escolhida como ocasião para a administração do Batismo; por ser este sacramento, precisamente, uma iniciação à Cruz do Senhor e à Sua Ressurreição (ver Rm 6, 3-4).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Hoje na maior parte das Igrejas não há um catecumenato organizado, e é costume administrar o Batismo em muitas outras ocasiões além da noite do Santo Sábado; ainda que o significado batismal da Quaresma ainda possua uma importância vital. Para todo membro da comunidade cristã, a Quaresma é um tempo de treinamento espiritual e de renovada iluminação. É um tempo para compreender mais uma vez que, pela virtude de nossa iniciação batismal, nós fomos crucificados, enterrados e ressuscitados com Cristo; é um tempo de reaplicar a nós mesmos as palavras de São Paulo, “Já não sou que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). É um tempo para nós ouvirmos mais intimamente a voz do Espírito com o qual nós fomos selados em nosso Crisma, imediatamente após nosso ‘enterro’ nas águas batismais.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">A escolha do número 40 para os dias da Quaresma tem precedentes bíblicos óbvios. O povo de Israel passou 40 anos no deserto (Ex 16, 35); Moisés permaneceu jejuando 40 dias no Monte Sinai (Ex 34, 28); Elias absteve-se de toda comida por 40 dias em sua jornada para o Monte Horeb (3 Rs 19, 8). O mais importante de todos, o jejum de Cristo por 40 dias e 40 noites no deserto, tentado pelo demônio (Mt 4, 1).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Mas como são os 40 dias computados? Nos séculos IV e V, a maneira de contar variava. Alguns mantinham um jejum de seis semanas, alguns de sete ou mesmo de oito</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote6sym" name="sdfootnote6anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>6</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">. Três questões surgem:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">A Semana Santa está incluída nos 40 dias, ou era tratada como período distinto e adicional?</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">O Sábado é considerado um dia de jejum?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Os 40 dias estão contados seqüencialmente, incluídos os sábados e domingos? Ou o domingo é excluído da contagem, e o sábado também, se não é considerado um dia de jejum?</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Divergentes respostas a estas três questões são consideradas para as atuais diferenças entre a Quaresma ocidental e a Ortodoxa. A Semana Santa em Roma era incluída como parte dos quarenta dias, o sábado era considerado como um dia de jejum</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote7sym" name="sdfootnote7anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>7</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">, mas no cálculo do número 40 todos os domingos foram excluídos da contagem. Isto produzia um jejum de seis semanas de seis dias em cada semana, constituindo um total de 36 dias. Para complementar o total de 40 dias, quatro dias adicionais eram, então, adicionados ao começo, resultando na Quaresma no ocidente começando numa quarta-feira</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote8sym" name="sdfootnote8anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>8</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">.</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Em Constantinopla, por outro lado, a Semana Santa – junto com o Sábado de Lázaro e o Domingo de Ramos – não eram considerados como parte dos 40 dias de jejum no sentido estrito. Nas Vésperas de sexta-feira à noite na sexta semana, imediatamente precedendo ao Sábado de Lázaro, a distinção entre os 40 dias e a Semana Santa é muito claramente marcada no seguinte texto do Triódio:</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Tendo completado os 40 dias que trazem benefício à nossa alma</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Nós imploramos a Ti, em Teu amor pelo homem:</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Concede-nos, também, cumprir a Semana Santa da Tua Paixão...</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Em Constantinopla e no Oriente em geral, os sábados, com a única exceção do Sábado Santo, não eram considerados dias de jejum. Mas, na contagem do número 40 era costume contar continuamente, incluindo os sábados e os domingos no cálculo. Assim, os 40 dias começam na primeira segunda-feira da Quaresma e terminam na sexta-feira da sexta semana; então, vem o Sábado de Lázaro, o Domingo de Ramos e a Semana Santa, que, enquanto distinta dos 40 dias era tratada como parte da Grande Quaresma num sentido mais amplo. Desta maneira, os 40 dias e a Semana Santa juntos constituem um jejum de sete semanas. Deste modo a Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas na cristandade ocidental, enquanto começa dois dias mais cedo no Oriente, na segunda-feira.</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Os cristãos no Oriente grego, entretanto, como regra de contagem dos 40 dias, têm, às vezes, escolhido excluir os sábado e os domingos dos cálculos, resultando nisso em sete semanas de cinco dias cada, totalizando 35 dias. Mas, uma vez que o Sábado Santo é um dia de jejum, sendo também incluído, totalizando 36 dias. Como vimos, o Ocidente antes da adição dos quatro dias preliminares, de igual modo, possuíam 36 dias de jejum, embora computados de uma maneira um pouco diferente. Tanto no Ocidente como no Oriente a este número de 36 dias tem sido dado um significado simbólico. Como os israelitas dedicavam a Deus um dízimo ou um décimo de sua produção, os cristãos dedicam o período de Quaresma a Deus como dízimo ou um décimo do ano. Esta parte é oferecida como um símbolo do todo: em retribuição a Deus de um décimo daquilo que Ele nos dá, nós invocamos a Sua benção sobre o restante do ano e reconhecemos que todas as coisas materiais e todos os momentos da vida são uma dádiva de Sua mão. Esta noção de Quaresma, como um dízimo dos primeiros frutos do ano, não é muito enfatizada em textos existentes do Triódio, mas é mencionada no Sinaxário para o Domingo do Perdão</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote9sym" name="sdfootnote9anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>9</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">.</span></div></span><span style="font-size: 10pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">(3) </span><span style="font-size: 11pt;"><i><u>A complementação da configuração</u></i></span><span style="font-size: 11pt;">. Em Constantinopla do século sexto ou sétimo em diante, surgiu a prática de acrescentar, antes das sete semanas de jejum, uma oitava semana ou uma semana preliminar de jejum modificado. Em nossa tradução do Triódio, nós denominamos esta semana de ‘Semana antes da Quaresma’; ela é freqüentemente chamada de ‘Semana do queijo’ ou ‘Semana sem carne’, por que durante estes dias a carne é proibida, mas queijo e outros laticínios são permitidos. Esta semana preliminar foi acrescentada, entre outras razões, pelo mesmo motivo que levou à adição de quatro dias extras ao começo da Quaresma no Ocidente: totalizar os 40 dias. No Ocidente, um jejum de seis semanas de seis dias em cada deixava faltando 4 dias do total requisitado. Em Constantinopla, por outro lado, os dias da Quaresma eram contados (como vimos) continuamente, e, então, não havia necessidade de um período preliminar para formar o total de 40 dias. Mas, os cristãos da Palestina calculavam em termos de oito semanas, com cinco dias de jejum cada (sem levar em consideração o Sábado Santo para propósito de contagem); e, então, eles necessitavam de uma semana adicional no começo da Quaresma. A observância da ‘Semana do queijo’ no Triódio existente representa um compromisso entre a prática de Constantinopla e a da Palestina: pois a ‘Semana do Queijo’ deve ser considerada parte do jejum, ainda que não esteja completamente dentro da Quaresma</span><sup><span style="font-size: 11pt;"><a class="sdfootnoteanc" href="#sdfootnote10sym" name="sdfootnote10anc" style="font-size: 8.36px;"><sup>10</sup></a></span></sup><span style="font-size: 11pt;">.</span></div></span><span><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Durante os séculos sexto ao décimo-primeiro, o período de preparação pré-quaresmal foi gradualmente expandido para incluir três outros domingos preliminares: o Domingo do Fariseu e do Publicano, dez semanas antes da Páscoa; seguindo-o, o Domingo do Filho Pródigo; e, então, o Domingo do Julgamento Final, imediatamente antes do começo da ‘Semana do queijo’. Junto com o Domingo do Perdão ao final da ‘Semana do queijo’, formam quatro domingos ao todo. Desta maneira a configuração total do período de Quaresma está completa. O Triódio, como o temos agora, inicia-se com o último domingo acrescentado, a saber, o Domingo do Fariseu e do Publicano.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.6667px;">_______</span></div></span><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym" style="font-size: 10pt;">1</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">O termo ‘Grande Quaresma’ serve para distinguir este período de outros três períodos de jejum no Calendário Ortodoxo: a Quaresma de Natal, a Quaresma dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a Quaresma da Dormição da Santíssima Virgem Maria.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote2anc" name="sdfootnote2sym" style="font-size: 10pt;">2</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">A história da Quaresma é discutida concisamente por Alexander Schememann em ‘</span><span style="font-size: 10pt;"><i>Great Lent’</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (St. Vladimir’s Seminary Press, Crestwood, 1969). Este livro é a melhor introdução ao assunto, como um todo, em língua inglesa por um autor ortodoxo.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote3anc" name="sdfootnote3sym" style="font-size: 10pt;">3</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver Ireneu, citado por Eusébio de Cesaréia, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>História Eclesiástica</i></span><span style="font-size: 10pt;">, V, xxiv, 12; Tertuliano, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Sobre as Quaresmas</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 2, 13-14 (PL ii, 956A, 971B-974A); Hipólito, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Tradição Apostólica</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 20 (ed. Botte, p. 42).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote4anc" name="sdfootnote4sym" style="font-size: 10pt;">4</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Nada é dito sobre estas comemorações diárias nas ‘</span><span style="font-size: 10pt;"><i>Homilias Catequéticas’</i></span><span style="font-size: 10pt;"> de São Cirilo de Jerusalém, editada em c. 350, mas elas são descritas em detalhe pela peregrina Egeria, que esteve em Jerusalém para a Quaresma e Semana Santa em c. 381-4; ver sua ‘</span><span style="font-size: 10pt;"><i>Travels’</i></span><span style="font-size: 10pt;">.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote5anc" name="sdfootnote5sym" style="font-size: 10pt;">5</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Para referências ao jejum de 40 dias no período imediatamente seguinte ao Concílio de Nicéia, ver Atanásio, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Festal Letters</i></span><span style="font-size: 10pt;"> para os anos de 330-41, e Eusébio de Cesaréia, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>On the Feast of Pascha</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 4-5 (PG, xxiv, 697C-770C), datado de c. 329.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote6anc" name="sdfootnote6sym" style="font-size: 10pt;">6</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Ver Sócrates, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>História Eclesiástica</i></span><span style="font-size: 10pt;">, V, 22 (PG xvii, 632B-633B); Sozomen, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>História Eclesiástica</i></span><span style="font-size: 10pt;">, VII, xix, 7 (ed. Bidez, p.331); Egeria, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Travels</i></span><span style="font-size: 10pt;">, & 27 (tr. Wilkinson, p. 128). N.T. Existe um livro publicado pela Editora Vozes, chamado ‘</span><span style="font-size: 10pt;"><i>A Peregrinação de Etéria</i></span><span style="font-size: 10pt;">’, que acredito tratar-se do mesmo livro (Egeria, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Travels</i></span><span style="font-size: 10pt;">) pelo autor deste texto.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote7anc" name="sdfootnote7sym" style="font-size: 10pt;">7</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Para o costume latino de jejum aos sábados, ver Papa Inocêncio I, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Letter to Decentius</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 4 (PL 1vi, 516A); Augustine, Letter xxxvi, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>To Casulanus</i></span><span style="font-size: 10pt;"> , 4 & 2 (PL xxxiii, I36); João Cassiano, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Institutes</i></span><span style="font-size: 10pt;">, iii, 9-10. A prática latina é condenada pelo Concílio in Trullo (A.D. 692), cânon 55, que proíbe jejum aos sábados com a única exceção do Sábado Santo (confirmando, assim, a regra do Cânon Apostólico 66 [64]).</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote8anc" name="sdfootnote8sym" style="font-size: 10pt;">8</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">O mais antigo testemunho da adição destes 4 dias é o </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Gelasian Sacramentary</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (começo do século VIII), mas há indícios da adição em fontes alcançando o século V (ver MacArthur, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>The Evolution of the Year Christian</i></span><span style="font-size: 10pt;">, p.137)</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote9anc" name="sdfootnote9sym" style="font-size: 10pt;">9</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;">Para a Quaresma como um dízimo do ano, ver João Cassiano, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Conferences</i></span><span style="font-size: 10pt;">, xxi, 24-5; Dorotheus, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Teachings</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 15 (PG 1xxxviii, I788BC); Gregório, o Grande, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Homilies on the Gospel</i></span><span style="font-size: 10pt;">, xvi, 5 (PL 1xxvi, II37C). Mas o simbolismo do dízimo é rejeitado por João Damasceno, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>On the Holy Fasts</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 3 (PG xcv, 68C). Para a oferta israelita do dízimo, ver Lv 27, 30-32 e Dt 14, 22-24.</span></div><div style="font-size: 10pt; text-align: justify;"><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote10anc" name="sdfootnote10sym"></a><a class="sdfootnotesym" href="#sdfootnote10anc" name="sdfootnote10sym" style="font-size: 10pt;">10</a><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="color: black;"><span style="font-size: 10pt;">Dorotheus, escrevendo na Palestina c. 540-580, faz uma clara referência a esta oitava semana preliminar em </span><span style="font-size: 10pt;"><i>Teachings</i></span><span style="font-size: 10pt;">, 15 (PG 1xxxviii, I788C). </span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US">Uma obscura passagem em Theophanes, </span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US"><i>Chronographia for the year 6038</i></span></span><span style="font-size: 10pt;"><span lang="en-US">, i.e. A.D. 546 (ed. Boor, vol. </span></span><span style="font-size: 10pt;">I, p.225), pode ser interpretada como significando que a semana preliminar era observada em Constantinopla já no tempo do reinado de Justiniano (525-565). Mas, o Sinaxário para o Sábado na Semana antes da Quaresma conecta a introdução da ‘Semana do queijo” com as vitórias do imperador Heráclio sobre os persas Chosroes em 629 ou nos anos imediatamente seguintes. No tempo de João de Damasco (primeira metade do século oitavo), a observância desta semana preliminar não era, como ainda não é, de modo algum universal no Oriente cristão: ver, </span><span style="font-size: 10pt;"><i>On the Holy Fasts</i></span><span style="font-size: 10pt;"> (PG xcv, 64-77).</span></span></div></span></div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-51732624302640148252021-03-08T10:11:00.000-08:002021-03-08T10:11:00.704-08:00O SIGNIFICADO DA GRANDE QUARESMA - PARTE I<div style="text-align: center;"> <b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Extraído
do Livro “The Lenten Triodion”, <br /></span></b><b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">pelo arquimandrita Kallistos WARE e Madre Mary, <br /></span></b><b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Faber and Faber, Londres, 1978</span></b></div><div style="text-align: center;"><b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></b></div><div style="text-align: center;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-8g0-AabiIcw/YEZoiKiFZLI/AAAAAAAAHmg/zGLrMq5Hu5oG9rHQhEt3pks-Ne1FSerAgCLcBGAsYHQ/s512/unnamed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="313" data-original-width="512" height="345" src="https://1.bp.blogspot.com/-8g0-AabiIcw/YEZoiKiFZLI/AAAAAAAAHmg/zGLrMq5Hu5oG9rHQhEt3pks-Ne1FSerAgCLcBGAsYHQ/w563-h345/unnamed.jpg" width="563" /></a></div></b><st1:metricconverter productid="1. A" style="font-family: verdana;" w:st="on"><b><span lang="PT-BR"><div style="text-align: center;"><st1:metricconverter productid="1. A" style="font-family: verdana;" w:st="on"><b><span lang="PT-BR"><br /></span></b></st1:metricconverter></div>1. A</span></b></st1:metricconverter><b style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"> verdadeira natureza do jejum</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i style="font-family: verdana; text-align: justify;">“Nós
aguardamos e, finalmente, nossas expectativas foram satisfeitas”, escreve o
bispo sérvio Nicolau Velimirovich de Ochrid, descrevendo o ofício de Páscoa em
Jerusalém. “Quando o Patriarca canta – Cristo Ressuscitou! – um pesado fardo
cai de nossas almas. Nós nos sentimos como se também tivéssemos ressuscitado
dos mortos. Todos imediatamente, de todas as direções, com o mesmo grito ecoam
como o barulho de muitas águas.“Cristo Ressuscitou”, cantam os gregos, os
russos, os árabes, os sérvios, os coptas, os armênios, os etíopes – um após o
outro, cada um em sua própria língua, em sua própria melodia... Saindo do
ofício da madrugada, nós começamos a considerar tudo na luz da Glória da
Ressurreição de Cristo, e tudo parece diferente do que tinha sido ontem; tudo
parece melhor, mais expressivo, mais glorioso. Apenas na luz da Ressurreição a
vida realmente passa a ter significado”.</i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Este sentido de júbilo da Ressurreição,
tão vividamente descrito pelo bispo Nicolau, forma a base de toda veneração da
Igreja Ortodoxa; é o único fundamento para a nossa vida e esperança cristã.
Ainda assim, a fim de vivenciarmos o poder completo desta alegria Pascal, cada
um de nós precisa passar por um tempo de preparação. “Nós aguardamos – diz o
bispo - e finalmente nossas expectativas foram satisfeitas”. Sem esta espera,
sem esta preparação e expectativa, o profundo sentido da celebração da Páscoa
terá sido perdido.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">É por isso que, antes da Festa da
Páscoa foi desenvolvido um longo período preparatório de arrependimento e
jejum, estendendo-se no atual uso a mais de dez semanas. Inicialmente vêm vinte
e dois dias (quatro domingos sucessivos) de preparação preliminar; então seis
semanas ou 40 dias do Grande Jejum da Quaresma; e finalmente a Semana Santa.
Equilibrando as sete semanas de Quaresma e Semana Santa, segue-se após a Páscoa
um período correspondente de cinqüenta dias de agradecimento, <span style="color: black;">concluído</span> com o Pentecostes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Cada um desses períodos possui seu
próprio livro litúrgico. Para o período da preparação temos o Triódio de
Quaresma ou “Livro das Três Odes”. Para o período de ação de graças existe o
Pentecostário ou Triódio Festivo<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. O ponto
de divisão dos dois livros é o ofício de Matinas Pascais no Domingo de Páscoa,
como primeiro ofício do Pentecostário. A divisão feita por razões de ordem
prática, não deve nos impedir de ver a unidade essencial entre a Crucifixão de
Nosso Senhor e Sua Ressurreição, que juntas formam uma única e indivisível
ação. Assim como a Crucifixão e a Ressurreição são uma única ação, assim também
os “três dias santos” – Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo de Páscoa –
constituem uma observância litúrgica única. Na verdade, a divisão do Triódio e
Pentecostário não se tornou norma antes do século onze; nos manuscritos antigos
eles estão contidos no mesmo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">codex</i>.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O que nós encontramos, então, neste
livro de preparação que nós denominamos Triódio? Ele pode ser resumidamente
descrito como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o livro do jejum</i>. Como
os filhos de Israel comeram o “pão da aflição” (Dn 16, 3), estão os cristãos
preparando-se para a celebração da Nova Páscoa pela observação do jejum. Mas o
que significa esta palavra “jejum” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">nisteia</i>)?
Aqui o máximo de cuidado é necessário, de modo a preservar o equilíbrio entre a
alma e o corpo. O nível exterior do jejum envolve a abstinência física de
comida e bebida, sem tais abstinências exteriores um jejum completo e
verdadeiro não pode ser mantido, ainda assim as regras sobre as refeições e
bebida não podem ser tratadas como um fim em si mesmas, pois o jejum ascético
possui sempre um propósito interno e invisível. O homem é uma unidade de corpo
e alma, “uma criatura viva moldada de naturezas visível e invisível”, nas
palavras do Triódio<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>;
e nosso jejum ascético deve, por isso, envolver ambas as naturezas
simultaneamente. A tendência a super-enfatizar as regras externas quanto a
comida numa forma jurídica, e a tendência oposta a desprezar estas regras como
ultrapassadas e desnecessárias, são ambas parecidas e deploráveis como uma
traição à verdadeira Ortodoxia. Em ambos os casos o adequado equilíbrio entre o
espiritual e o corporal tem sido negligenciado.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">A segunda tendência é, sem dúvida, a
mais prevalente nos nossos dias, especialmente no ocidente. Até o século XIV, a
maioria dos cristãos ocidentais, em comum com seus irmãos no Oriente Ortodoxo,
abstinha-se não apenas de carne, mas de todo produto animal, como ovos, leite,
manteiga e queijo. No Ocidente e no Oriente envolvia um severo esforço físico.
Mas na Cristandade Ocidental há mais de 500 anos, os requisitos físicos do
jejum tem sido constantemente reduzidos, até agora têm sido pouco mais que
simbólicos. Quantos, gostaria-se de saber, daqueles que comem panquecas na
Terça-Feira Gorda estão conscientes deste costume – consumir os ovos
remanescentes antes do jejum começar? Exposto ao secularismo ocidental, o mundo
ortodoxo nos nossos tempos está também começando a seguir o mesmo caminho de lassidão.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Uma razão para esse declínio no jejum
é, certamente, uma atitude herética em face da natureza humana, um falso
“espiritualismo”, que rejeita ou ignora o corpo, vendo o homem somente em
termos de seu cérebro racional. Como resultado, muitos cristãos contemporâneos
perderam a verdadeira visão do homem como uma unidade integral do visível e do
invisível; eles negligenciam o papel positivo desempenhado pelo corpo na vida
espiritual, esquecendo a afirmação de São Paulo: “Seu corpo é o templo do
Espírito Santo... glorificai a Deus com seu corpo” (1 Co 6, 19-20). Uma outra
razão para o declínio do jejum entre os ortodoxos é o argumento, comumente
desenvolvido em nossos tempos, que as regras tradicionais não são mais
possíveis hoje. Essas regras pressupõem, assim é enfatizado, uma sociedade
cristã precisamente organizada e não-pluralística, seguindo um estilo de vida
agrícola que é agora, cada vez mais, uma coisa do passado. Há um pouco de
verdade nisso. Mas é necessário ser dito também, que o jejum como tradicionalmente
praticado na Igreja, tem sido <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>sempre</u></i>
difícil e tendo <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>sempre</u></i>
envolvido esforço. Muitos de nossos contemporâneos estão dispostos ao jejum por
motivos de saúde ou beleza, a fim de perder peso; não podemos nós cristãos
fazer muito mais por amor ao reino dos céus?<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Porque deveria a auto-negação com
satisfação aceita por gerações anteriores de ortodoxos mostrar-se um fardo tão
intolerável para seus descendentes hoje? Uma vez perguntaram a São Serafim de
Sarov por que os milagres da graça, tão abundantemente manifestados no passado,
não mais aconteciam no seu tempo, ao que ele respondeu: “Apenas uma coisa está
faltando – uma firme determinação”.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O objetivo primário do jejum é
tornar-nos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conscientes de nossa
dependência de Deus</i>. Se praticada seriamente, a abstinência quaresmal de
comida – particularmente nos dias de abertura – envolve uma medida real de fome
e, também, um sentimento de cansaço e exaustão física. O propósito disto é
conduzir-nos de volta a um sentido de quebra interior e contrição; para nos
trazer ao ponto onde possamos avaliar completamente a força da afirmação de
Cristo, “Sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15, 5). Se sempre tomarmos
nossa porção habitual de comida e bebida, nós tornamo-nos super-confiantes em
nossas próprias habilidades, adquirindo um falso senso de autonomia e
auto-suficiência. A observância de um jejum físico mina esta complacência
pecaminosa. Despindo-nos da ilusória certeza do fariseu, que jejuava, é
verdade, mas não no espírito correto – a abstinência de quaresma nos dá o
salvífico auto-descontentamento do publicano (Lc 18, 10-13). Tal é a função da
fome e do cansaço: nos tornar “pobres em espírito”, conscientes de nosso
desamparo e de nossa dependência da ajuda de Deus.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Ainda assim isto levaria a uma idéia
errada, falar apenas deste elemento de fadiga e fome. Abstinência leva, não
meramente a isso, mas também ao sentido de moderação, vigilância, liberdade e
alegria. Mesmo que o jejum mostre-se debilitante inicialmente, depois
descobrimos que ele possibilita-nos dormir menos, pensar mais claramente, e
trabalhar mais decididamente. Como muitos médicos reconhecem, jejuns periódicos
contribuem para a higiene corporal<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Ao
envolver uma genuína auto-negação, o jejum não visa violentar nosso corpo, mas
antes restaurar a sua saúde e o seu equilíbrio. A maioria de nós, no mundo
ocidental, come mais do que precisa. O jejum libera nosso corpo do fardo do
peso excessivo e torna-o um parceiro voluntário na tarefa de orar, estar alerta
e receptivo à voz do Espírito.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Será percebido que no uso comum
ortodoxo as palavras ‘jejum’ e ‘abstinência’ são usadas intercambiavelmente.
Antes do Concílio do Vaticano II, a Igreja Católica Romana fez uma clara
distinção entre os dois termos: abstinência está relacionada com o tipo de
alimento comido, sem considerar a quantidade, enquanto jejum significaria uma
limitação no número de refeições ou na quantidade de comida a ser tomada.
Assim, em certos dias tanto abstinência como jejum são exigidos;
alternativamente, um pode ser prescrito, mas não o outro. Na Igreja Ortodoxa
uma distinção clara não é feita para os dois termos. Durante a Quaresma há
freqüentemente uma limitação no número de refeições tomadas por dia, mas quando
uma refeição é tomada não há restrição na quantidade de comida permitida. Os
Padres da Igreja simplesmente estabelecem, como um princípio norteador, que nós
não devemos comer até a saciedade, mas sempre levantar da mesa com a sensação
de que poderíamos ter comido mais e que estamos, agora, prontos para a oração.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Se, é importante não negligenciar os
requisitos físicos do jejum, é ainda mais importante não negligenciar seu
significado espiritual. Jejum não é apenas uma mera questão de dieta. É uma
experiência moral assim como física. O verdadeiro jejum é para ser <u>convertido
</u>no coração e na vontade; é o retorno a Deus, é o vir para casa, como o
Filho Pródigo para a casa do Pai. Nas palavras de São João Crisóstomo,
significa “não apenas jejum de comida, mas também de pecados”. “O jejum – ele
insiste – deve ser mantido não apenas pela boca, mas também pelos olhos,
ouvidos, pés, mãos e todos os membros do corpo”: o olho tem que se abster de
olhares impuros, os ouvidos de maliciosas maledicências, as mãos de atos de
injustiça. É inútil jejuar de comida, recomenda São Basílio, e ainda assim
ceder ao cruel criticismo e à difamação: “Você não come carne, mas devora o seu
irmão”<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. O mesmo
ponto de vista é abordado no Triódio, especialmente durante a primeira semana
da Quaresma:</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Enquanto jejuamos
de comida, vamos nos abster também de toda paixão....</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><span style="font-family: verdana;">Vamos seguir um
jejum aceitável e agradável ao Senhor.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O verdadeiro jejum
é enviar para longe todo mal,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Controlar a língua,
reprimir a ira<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Abster-se da
luxúria, da difamação, da falsidade e do perjúrio,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Se nós renunciarmos
a essas coisas, então nosso jejum será verdadeiro e aceitável a Deus.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Vamos manter o
jejum não apenas pela restrição de comida,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Mas nos tornando
estranhos a todas as paixões corporais.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O significado interior do jejum é
melhor resumido na tríade: oração, jejum e caridade. Separado da oração e da
recepção dos santos sacramentos, desacompanhado de atos de compaixão, nosso
jejum torna-se farisaico e até mesmo demoníaco. Ele leva, não à contrição e ao
júbilo, mas ao orgulho, tensão interior e irritabilidade. A ligação entre oração
e jejum está corretamente indicada pelo padre Alexander Elchaninov. Um crítico
do jejum diz a ele: “Nossos trabalhadores sofrem e se tornam irritáveis... Eu
não tenho visto servos (na Rússia pré-revolucionária) tão mal-humorados como
nos últimos dias da Semana Santa. Obviamente, o jejum tem um efeito muito
nefasto sobre os nervos”. A isso o padre Alexander responde: “Você está
certo...”. Se não é acompanhado por oração e uma vida espiritual mais intensa,
isto leva meramente a elevação do estado de irritabilidade. É natural que os
servos que levam seu jejum a sério e que são forçados a trabalhar duro durante
a Quaresma, não sendo permitido a eles irem à Igreja, fiquem com raiva e
irritados”</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn6" name="_ftnref6" style="font-family: verdana;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[6]</span></span></span></a><span style="font-family: verdana;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O jejum, então, é inútil e até mesmo
prejudicial se não for combinado com oração. Nos Evangelhos o demônio é
expulso, não só por jejum apenas, mas por ‘jejum e oração’ (Mt 17, 21; Mc 9,
29); e sobre os primeiros cristãos não é dito que simplesmente jejuavam, mas
que ‘jejuavam e oravam’ (At 13, 3; At 14, 23). Tanto no Antigo Testamento como
no Novo Testamento o jejum é visto, não como um fim em si mesmo, mas como uma
ajuda para uma mais intensa e vivificante oração, como uma preparação para uma
decisiva ação ou para um encontro direto com Deus. Assim, os 40 dias de jejum
de Nosso Senhor no deserto foram a imediata preparação para Seu ministério
público (Mt 4, 1-11). Quando Moisés jejuou no Monte Sinai (Ex 34, 28) e Elias
no Monte Horeb (1 Rs 19, 8-12), o jejum estava ligado a uma teofania. A mesma
conexão entre jejum e a visão de Deus é evidente no caso de São Pedro (At 10,
9-17). Ele ‘seguiu para o terraço da casa para orar na sexta hora, e ficou com
fome e queria comer’; e estava neste estado quando caiu em transe e escutou a
voz divina. Este é sempre o propósito do jejum ascético – possibilita-nos, como
coloca o Triódio, ‘levar-nos para a montanha da oração’<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Oração e jejum, por sua vez, devem ser
acompanhados de caridade – por amor pelos outros, expresso numa forma prática,
por obras de compaixão e perdão. Oito dias antes do início do jejum da grande
quaresma, no domingo do Julgamento Final, o Evangelho indicado é a Parábola da
ovelha e dos cabritos (Mt 25, 31-46) lembrando-nos que o critério do julgamento
futuro não será o rigor de nosso jejum, mas o quanto de ajuda nós tivermos dado
àqueles que necessitavam. Nas palavras do Triódio:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Conhecendo
os mandamentos do Senhor, deixemos ser este nosso caminho de vida:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Alimentemos
os famintos, demos de beber aos sedentos<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Vistamos os nus,
saudemos os estrangeiros,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Visitemos os que
estão nas prisões e os doentes,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Então, o Juiz de
toda a terra certamente dirá para nós:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">‘Venham benditos de
Meu Pai, herdai o Reino preparado para vós’<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Esta
estância, e isto pode ser notado de passagem, é um exemplo típico do caráter
‘evangélico’ dos livros litúrgicos ortodoxos. Em comum com tantos outros textos
no Triódio, é simplesmente uma paráfrase das palavras da Sagrada Escritura.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Não é por coincidência que bem no
começo da Grande Quaresma, nas Vésperas do Domingo do Perdão (domingo à noite)
há uma cerimônia especial de mútua reconciliação: pois sem amor para com os
outros não pode haver nenhum genuíno jejum. E este amor pelos outros não deve
ser limitado a gestos formais ou emoções sentimentais, mas deve ser
concretizado em específicos atos de caridade. Tal era a convicção da Igreja
primitiva.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A obra do segundo século “O
Pastor de Hermas” diz que o dinheiro economizado com o jejum deve ser doado às
viúvas, aos órfãos e aos pobres. Mas a caridade significa mais que isso. Deve
ser doado não apenas nosso dinheiro, mas nosso tempo também, não apenas o que
nós <i style="mso-bidi-font-style: normal;">temos</i>, mas, também, o que nós <i style="mso-bidi-font-style: normal;">somos</i>, devemos doar uma parte de nós
mesmos. Quando nós escutamos o Triódio falar de caridade, a palavra deve sempre
ser tomada neste sentido mais profundo. A mera doação de dinheiro pode ser um
substituto e uma evasão, uma maneira de nos protegermos de um envolvimento
pessoal mais íntimo com aqueles que se encontram no infortúnio. Por outro lado,
não fazer mais que oferecer palavras tranqüilizadoras de conselho para alguém
com uma necessidade material urgente é igualmente uma fuga de nossas
responsabilidades (Tg 2, 16). Tendo em mente a unidade, já enfatizada, entre o
corpo do homem e sua alma, nós procuramos oferecer ajuda tanto no nível
material como no espiritual simultaneamente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">A tradição litúrgica oriental, em comum
com a do ocidente, trata a Isaías 58, 3-8<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> como o
texto básico de quaresma. Então, nós lemos no Triódio:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Enquanto
jejuamos com o corpo, irmãos, jejuemos também em espírito.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Desatemos todo laço
de iniqüidade;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Desmanchemos os nós
de todo contato feito pela violência<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Desfaçamos todos os
acordos injustos;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Demos pão ao
faminto<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">E saudemos em nossa
casa o pobre que não tem teto para cobri-lo,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Assim possamos
receber a grande misericórdia de Cristo nosso Deus.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sempre em nossos atos de abstinência
devemos manter em mente a admoestação de São Paulo em não condenar os que
jejuam menos rigorosamente: “Que aquele que não come não condene aquele que
come” (Rm 14, 3). De igual modo, lembremos a condenação de Cristo da exposição
da oração, jejum e caridade (Mt 6, 1-18). Ambas as passagens da Sagrada
Escritura são freqüentemente relembradas no Triódio:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Considera bem,
minha alma: você realmente jejua? Então não menospreze seu próximo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Você se abstém de
comida? Não condene seu irmão.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Vamos, vamos nos
purificar pela caridade e atos de misericórdia para com o pobre,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Sem soar um
trompete ou mostrando nossa caridade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Não deixemos nossa
mão esquerda saber o que a direita está fazendo;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Não deixemos a
vanglória espalhar os frutos de nossa caridade;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Mas, em segredo
vamos chamá-Lo, àquele que conhece todos os segredos:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Pai, perdoa as
nossas transgressões, pois tu amas a humanidade.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Se nós quisermos compreender
corretamente o texto do Triódio e a espiritualidade sub-reptícia nele, há cinco
concepções errôneas sobre o jejum de quaresma das quais devemos nos precaver. </span><b style="font-family: verdana;">Em primeiro lugar</b><span style="font-family: verdana;">, o jejum de quaresma
não é destinado a apenas monges e monjas, mas é </span><i style="font-family: verdana;">desfrutado por todo o povo cristão.</i><span style="font-family: verdana;"> Em nenhum lugar dos Cânones dos
Concílios Ecumênicos ou Concílios Locais sugere que o jejum destina-se apenas
para monges e monjas e não para os leigos. Pela virtude do seu Batismo, todos
os cristãos – casados ou sob votos monásticos – são portadores da Cruz,
seguindo o mesmo caminho espiritual. As condições exteriores nas quais eles
vivem seu cristianismo exibem uma ampla variedade, mas em sua essência interna
a vida é uma só. Assim como o monge, por sua auto-negação voluntária, está
procurando asseverar a intrínseca bondade e beleza da criação de Deus, assim
também cada cristão casado é exigido a ser, até certo ponto, um asceta. O
caminho da negação e o caminho da afirmação são interdependentes e cada cristão
é chamado a seguir a ambos simultaneamente.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Em
segundo lugar</b>, o Triódio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não deveria
ser interpretado erroneamente em um sentido pelagiano<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR">[12]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>.
</i>Se os textos de quaresma estão continuamente nos impelindo a um maior
esforço pessoal, isto não deve ser tomado como uma implicação de que nosso
progresso depende unicamente do empenho de nossa própria vontade. Pelo
contrário, se nós alcançamos o jejum de quaresma isto deve ser considerado como
uma dádiva da graça de Deus. O Grande Cânon de Santo André não deixa dúvida
sobre este ponto:</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 35.45pt;">Eu não
tenho compunção nem lágrimas de arrependimento: dá-me tudo isso, meu Salvador e
meu Deus.</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn13" name="_ftnref13" style="font-family: verdana; text-indent: 35.45pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[13]</span></span></span></a></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Em
terceiro lugar</b><span style="font-family: verdana;">, nosso jejum não pode ser auto-orientado, mas obediente.
Quando jejuamos, nós deveríamos não tentar inventar regras especiais para nós
mesmos, mas devemos seguir tão fielmente quanto possível o padrão aceito antes
de nós pela Santa Tradição. Este padrão aceito, expressando como faz a
consciência coletiva do Povo de Deus, possui uma sabedoria oculta e um
equilíbrio não encontrado em engenhosas austeridades imaginadas pela nossa
própria fantasia. Quando parece que os regulamentos tradicionais não são
aplicados a nossa situação pessoal, devemos procurar o conselho de nosso pai
espiritual – não a fim de legalmente assegurar uma “dispensa” dele, mas de modo
a, humildemente, com sua ajuda descobrir qual é a vontade de Deus para nós.
Acima de tudo, se nós desejamos para nós mesmos não alguma dispensa, mas algum
tipo de rigor adicional, não devemos arriscar sem a benção de nosso pai
espiritual. Esta tem sido a prática desde os primeiros séculos da vida da
Igreja:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Abba
Antônio disse: “Eu conheço monges que sucumbiram depois de muito trabalho e
caíram na loucura, por que confiaram em seu próprio trabalho e negligenciaram o
mandamento que diz: “Pergunte a seu pai, e ele lhe dirá””. (Dt 32, 7).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Novamente
ele diz: “Tanto quanto possível, para cada passo que um monge dá, para cada
gota de água que ele bebe em sua cela, ele deve consultar os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gerontes<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn14" name="_ftnref14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR">[14]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i>,
no caso em que ele cometa algum erro nisso”.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Estas
palavras se aplicam não apenas a monges, mas também a leigos que vivem no “mundo”,
mesmo que estes possam estar ligados por uma obediência menos rígida a seu pai
espiritual. Se orgulhoso e teimoso, nosso jejum assume um caráter diabólico,
levando-nos não para mais próximos de Deus, mas de Satã. Porque o jejum
torna-nos sensíveis a realidades do mundo espiritual, e pode ser perigosamente
ambivalente: pois há maus espíritos assim como bons.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Em
quarto lugar</b>, embora possa parecer paradoxal, o período de Quaresma é um
tempo não de tristeza, mas de júbilo. É verdade que o jejum nos leva ao
arrependimento e à aflição por causa do pecado, mas esta angústia penitente, na
clara expressão de São João Clímaco, é um “sofrimento que gera alegria”<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn15" name="_ftnref15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. O
Triódio deliberadamente menciona tanto lágrimas como alegria numa única frase:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Conceda-me
lágrimas como que vertidas de um rio dos céus, ó Cristo, enquanto eu passo por
este feliz dia de jejum.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn16" name="_ftnref16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">É
notável quão freqüentemente os temas de alegria e luz sucedem-se nos textos
para o primeiro dia da Quaresma:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span style="font-family: verdana;">Com alegria vamos iniciar o jejum,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Sem ficar com um semblante triste...<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span style="font-family: verdana;">Vamos jovialmente começar o sagrado
período de abstinência;</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Vamos reluzir com o brilho radiante
dos santos mandamentos...<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span style="font-family: verdana;">Toda vida mortal nada mais é do que
apenas um dia, então é dito,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">àqueles que labutam com amor.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Há quarenta dias na quaresma;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Vamos mantê-los todos com alegria.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn17" name="_ftnref17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt;"><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">O período da Quaresma, deve-se
notar, não cai no meio do inverno quando o campo está congelado e morto, mas na
primavera quando tudo está retornando à vida. A palavra inglesa “Lent” tinha
originalmente o significado de “primavera”; e em um texto de importância
fundamental do Triódio, de igual modo, descreve a Grande Quaresma como
“primavera”</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn18" name="_ftnref18" style="font-family: verdana; text-align: justify;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[18]</span></span></span></a><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
primavera da Quaresma alvoreceu,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">A flor
do arrependimento começou a abrir-se.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Ó
irmãos, purifiquemo-nos de toda impureza<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">e
cantemos ao Doador da Vida:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Glória a
Ti, que amas a humanidade.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn19" name="_ftnref19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
Quaresma não significa inverno, mas primavera, nem escuridão, mas luz, nem
morte, mas vitalidade renovada. Certamente, ela possui seu aspecto melancólico,
com as repetidas prostrações nos ofícios feriais, com os paramentos escuros dos
presbíteros</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn20" name="_ftnref20" style="font-family: verdana;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[20]</span></span></span></a><span style="font-family: verdana;">,
com os hinos cantados num restrito tom, cheio de compunção. No Império Cristão
Bizantino os teatros eram fechados e os espetáculos públicos proibidos durante
a Grande Quaresma</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn21" name="_ftnref21" style="font-family: verdana;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[21]</span></span></span></a><span style="font-family: verdana;">; ainda
hoje os casamentos são proibidos nas sete semanas da Quaresma</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn22" name="_ftnref22" style="font-family: verdana;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[22]</span></span></span></a><span style="font-family: verdana;">. Ainda
assim estes elementos de austeridade não deveriam nos cegar para o fato de que
a Quaresma não é um fardo, nem uma punição, mas uma dádiva da graça de Deus:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Venham,
ó povos, hoje aceitar</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">a graça
da Quaresma como uma dádiva de Deus<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn23" name="_ftnref23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Em quinto lugar</b><span style="font-family: verdana;">, finalmente, nossa Quaresma </span><i style="font-family: verdana;">não implica uma rejeição da criação de Deus</i><span style="font-family: verdana;">. Como São Paulo
insiste, “Nada é impuro em si mesmo” (Rm 14, 14). Tudo que Deus fez é ‘muito
bom’ (Gn 1, 31): jejuar não é negar esta intrínseca bondade, mas reafirmá-la.
“Ao puro todas as coisas são puras” (Tt 1, 15), e então, no banquete Messiânico
no Reino dos céus não haverá nenhuma necessidade de jejum e auto-negação
ascética. Mas, vivendo como nós vivemos num mundo decaído, e sofrendo como nós
sofremos as conseqüências do pecado, tanto o original como o pessoal, nós não
somos (estamos) puros; então, nós temos necessidade do jejum. O mal reside, não
nas coisas criadas como tais, mas em nossa atitude em direção a elas, isto é,
em nossa vontade. O propósito do jejum, então, não é repudiar a criação divina,
mas purificar nossa vontade. Durante o jejum nós renunciamos aos nossos
impulsos corporais – por exemplo, nosso apetite espontâneo para a comida e
bebida - não por que estes impulsos sejam em si mesmos maus, mas por que eles
foram desregrados pelo pecado e exigem ser purificados através da
auto-disciplina. Desta maneira, o ascetismo é uma luta não </span><i style="font-family: verdana;">contra o corpo,</i><span style="font-family: verdana;"> mas uma luta </span><i style="font-family: verdana;">para</i><span style="font-family: verdana;">
</span><i style="font-family: verdana;">o corpo</i><span style="font-family: verdana;">; o objetivo de jejuar é
purgar o corpo de impurezas estranhas e submetê-lo ao espiritual. Rejeitando o
que é pecaminoso em nossa vontade, nós não destruímos o corpo criado por Deus,
mas restauramos-lhe o seu verdadeiro equilíbrio e liberdade. Uma frase do padre
Sergei Bulgakov diz: “Nós matamos a carne a fim de adquirirmos um corpo”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Mas, ao nos rendermos ao corpo
espiritual, nós não o desmaterializamos por isso, privando-o de seu caráter
como uma entidade física. O ‘espiritual’ não é para ser equacionado com o
não-material, nem o carnal deve ser equacionado com o corporal. Conforme São
Paulo a ‘carne’ denota a totalidade do homem, corpo e alma juntos, na medida em
que ele está decaído e afastado de Deus; do mesmo modo o ‘espírito’ denota a
totalidade do homem, corpo e alma juntos, na medida em que ele está redimido e
divinizado pela graça. Por isso a alma, assim como o corpo, pode se tornar
carnal e corporal, e o corpo, assim como a alma, pode se tornar espiritual.
Quando São Paulo enumera as “obras da carne” (Gl 5, 19-21), ele inclui coisas
como sedição, heresia e inveja, que envolvem mais a alma que o corpo. O jejum
da Quaresma ao tornar nosso corpo espiritual, então, não suprime o aspecto
físico da nossa natureza humana, mas torna nossa materialidade mais como Deus
pretendeu que ela fosse.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Tal é o caminho pelo qual nós
interpretamos nossa abstinência de comida. Pão e vinho e outros frutos da terra
são dádivas de Deus, das quais nós participamos com reverência e agradecimento.
Se os cristãos ortodoxos abstêm-se de comer carne em certas épocas, ou em
alguns casos continuamente, isto não significa que a Igreja Ortodoxa seja, em
princípio, vegetariana e que considera o comer carne um pecado; e se nós nos
abstemos de vinho, isto não significa que nós defendemos a abstinência. Quando
nós jejuamos, não é por que consideramos o ato de comer vergonhoso, mas a fim
de tornar nosso ato de comer espiritual, sacramental e eucarístico – não mais
uma concessão à voracidade, mas um meio de comunhão com o Deus provedor. Longe
de fazer-nos olhar a comida como uma impureza, o jejum possui exatamente o
efeito oposto. Apenas aqueles que aprenderam a controlar seu apetite através da
abstinência podem apreciar a glória total e a beleza daquilo que Deus nos dá.
Para aquele que não comeu nada por 24 horas, uma azeitona pode parecer um
alimento completo. Uma fatia de queijo ou um ovo cozido nunca possuem gosto tão
bom quanto na manhã de Páscoa, após sete semanas de jejum.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Nós podemos aplicar esta
abordagem, também, à questão da abstinência de relações sexuais. Há muito tempo
a Igreja ensina que durante os períodos de jejum os casais devem tentar viver
como irmão e irmã, mas isto não significa que as relações sexuais, dentro do
casamento, sejam, em si mesmas, pecaminosas. Pelo contrário, o Grande Cânon de
Santo André de Creta - no qual, mais que em qualquer outro lugar do Triódio,
nós encontramos resumido o significado da Quaresma – estabelece sem a mínima
ambigüidade:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><span style="font-family: verdana;">O
matrimônio é digno de honra, e o leito nupcial irrepreensível,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Pois
Cristo abençoou-os nas Bodas de Caná,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Revestido
de nossa carne, Ele mudou a água em vinho:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">E este
foi o primeiro dos Seus milagres que ele operou para te transformar.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn24" name="_ftnref24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A abstinência de casais,
então, tem como seu objetivo não a supressão, mas a purificação da sexualidade.
Tal abstinência, praticada ‘com mútuo consentimento por um período’, possui
sempre um objetivo positivo, ‘que vocês possam entregar-se ao jejum e à oração’
(1 Co 7, 5).</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">O autodomínio, então, longe
de indicar uma depreciação dualística do corpo serve, ao contrário, para
conferir ao lado sexual do casamento uma dimensão espiritual que pode estar
ausente.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Para prevenir de uma má
interpretação do jejum, o Triódio fala repetidamente sobre o bem inerente à
criação material. No último dos ofícios que ele contém, Vésperas para a
Sexta-feira Santa, a seqüência de 15 leituras do Antigo Testamento abre com as
primeiras palavras do Gênesis, ‘No princípio Deus criou o céu e a terra.....’:
todas as coisas criadas pelas mãos de Deus, como tal, são ‘muito boas’. Cada parte
da criação, insiste o Triódio, une-se em louvar o Criador.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As
hostes celestes O glorificam;</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Diante
d’Ele tremem os querubins e os serafins;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Que tudo
que respira e toda a criação<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Louve-O,
Bendiga-O, exalte-O acima de tudo eternamente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ó Tu,
que cobriste Tuas alturas com as águas,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Que
fixaste a terra como um limite para o mar e manténs todas as coisas:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O sol
canta louvores a Ti, e a lua Te dá glória,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Toda
criatura oferece um hino a Ti,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Seu
Autor e Criador, para sempre.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Que
todas as árvores da floresta cantem e dancem...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Que
todas as montanhas e montes<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Exclamem
com grande júbilo diante da misericórdia de Deus,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">E que
todas as árvores da floresta aplaudam.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn25" name="_ftnref25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esta atitude assertiva em
relação ao mundo material está fundamentada não apenas na doutrina da criação,
mas também na doutrina de Cristo. Constantemente no Triódio, a verdadeira
realidade física da natureza humana de Cristo está destacada. Como pode, então,
o corpo humano ser mau, se o próprio Deus tinha na Sua própria pessoa assumido
e divinizado o corpo? Como nós citamos nas Matinas do primeiro domingo da
Quaresma, o Domingo da Ortodoxia:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tu não
Te manifestaste a nós, ó Misericordioso Senhor, meramente em aparência
exterior,</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Como o
dizem os seguidores de Maniqueu, que são inimigos de Deus,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Mas na
completa e verdadeira realidade da carne.<a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn26" name="_ftnref26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><span style="font-family: verdana;">Porque
Cristo tomou um corpo material verdadeiro, os hinos para o Domingo da Ortodoxia
tornam claro que é possível, e na verdade essencial, retratar Sua Pessoa nos
santos ícones, usando madeira e tinta:</span></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-indent: 35.4pt;">“O Verbo de Deus que o Universo não pode conter, Se deixa
circunscrever encarnando em Ti, ó Mãe de Deus, e restaurando a antiga imagem
manchada pelo pecado, nela acrescenta a Sua divina Beleza. Confessando a
salvação em palavras e atos, restauramos, nós também, nossa semelhança com
Deus”.</span><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftn27" name="_ftnref27" style="font-family: verdana; text-indent: 35.4pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="color: black;">[27]</span></span></span></a></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esta afirmação das
potencialidades portadoras do espírito da criação material é um tema constante
durante o período de Quaresma. No primeiro Domingo da Grande Quaresma, nos é
lembrado a natureza física da Encarnação de Cristo, da realidade material dos
santos ícones, e da visível beleza estética da Igreja. No segundo Domingo da
Quaresma fixamos a memória de São Gregório Palamas (1296-1359), que ensinou que
toda a criação é permeada pelas energias de Deus, e que mesmo na presente vida
esta divina glória pode ser percebida pelos olhos físicos do homem, contanto
que seu corpo tenha se rendido ao espiritual pela graça de Deus. No terceiro
Domingo nós veneramos o madeiro da Cruz; no sexto Domingo nós abençoamos os
ramos das palmeiras; na quarta-feira da Semana Santa nós somos marcados com o
óleo material no sacramento da Unção; na quinta-feira Santa nós relembramos
como na Última Ceia Cristo abençoou o pão e o vinho materiais, transformando-os
</span><st1:personname productid="em Seu Santo Corpo" style="font-family: verdana;" w:st="on">em Seu Santo Corpo</st1:personname><span style="font-family: verdana;">
e Sangue.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Aqueles que jejuam, longe de
repudiar as coisas materiais, estão, ao contrário, participando na sua
redenção. Eles estão cumprindo a vocação afirmada para os ‘filhos de Deus’ por
São Paulo: “Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de
Deus. De fato, a criação foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por
vontade daquele que a submeteu – na esperança de ela também ser libertada da
escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus.
Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o
presente”. (Rm 8, 18-22). Por meio de nossa abstinência de quaresma, nós
buscamos com a ajuda de Deus exercitar este chamado como sacerdotes da criação,
restaurando todas as coisas ao seu esplendor primitivo. A auto-disciplina
ascética, então, significa uma rejeição ao mundo, apenas na medida em que está
corrompido pela queda; do corpo, apenas na medida em que está dominado pelas
paixões pecaminosas. A luxúria exclui o amor: na medida em que nós cobiçamos
outras pessoas ou outras coisas, nós não podemos amá-las verdadeiramente. Ao
livrarmo-nos da luxúria, o jejum torna-nos capazes do genuíno amor. Não mais
dominados pelo desejo egoísta para saquear e explorar, nós começamos a ver o
mundo com os olhos de Adão no Paraíso. Nossa auto-negação é o caminho que leva
à nossa auto-afirmação; é o nosso meio de entrar na liturgia cósmica onde todas
as coisas visíveis e invisíveis atribuem glória ao seu Criador.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 67.5pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span></p><div style="mso-element: footnote-list;"><hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> O Triódio de Quaresma
recebe este título por que nos dias de semana da Grande Quaresma no cânon de
Matinas normalmente há apenas três odes, ao invés das oito costumeiras ao longo
do resto do ano.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para evitar confusão,
segue-se aqui a prática grega, reservando-se o nome de Triódio para o volume
relativo ao período da Grande Quaresma, e para o período pós-Páscoa o título de
Pentecostário.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas do Sábado dos
Defuntos.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> N.T. Obviamente
trata-se, aqui, da higiene corporal interna: estômago, intestinos, baço,
fígado, rins, pulmões, sangue, glândulas e etc.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Homilias sobre o jejum,
1, 10 (PG XXXI, 18IB)<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas de domingo à
noite (Domingo do Perdão); Vésperas da segunda-feira e terça-feira da primeira
semana da Grande Quaresma.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Diário de um padre russo
(Londres, 1967), p.128<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Matinas da terça-feira
na primeira semana da Grande Quaresma.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas de sábado à
noite (Domingo do Julgamento Final)<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> N.T. Vale a pena ler
este fragmento, não reproduzido aqui por ser muito longo; expressa com profundidade
e precisão o espírito do jejum.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas de quarta-feira
da primeira semana.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Matinas do Domingo do
Julgamento Final; Vésperas de domingo à noite (Domingo da Ortodoxia)<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> N.T. Pelágio – Monge
nascido na Grã-Bretanha em 354 (+410). Exaltou a natureza humana como capaz,
por si só, da prática das virtudes. No tratado “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sobre a natureza</i>” desenvolve, de maneira sistemática, suas teorias
sobre a perfeição da natureza humana. Esta não é, para ele, de modo algum
tocada pelo pecado original. A natureza humana é capaz, com suas próprias
forças, de evitar o pecado. Suas teorias heréticas acabaram tomando a
denominação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pelagianismo</i>.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Ode dois, tropário 25.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn14" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref14" name="_ftn14" style="mso-footnote-id: ftn14;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> O termo grego <i style="mso-bidi-font-style: normal;">geron</i> (na Rússia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">starets</i>) significa literalmente homem idoso, não necessariamente em
anos, mas em experiência espiritual e sabedoria. Ele é dotado pelo Espírito
Santo com o dom de ver no coração dos homens e oferecer a eles orientação.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn15" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref15" name="_ftn15" style="mso-footnote-id: ftn15;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> A Escada para o paraíso,
sétimo degrau.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn16" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref16" name="_ftn16" style="mso-footnote-id: ftn16;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas da
segunda-feira da primeira semana.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn17" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref17" name="_ftn17" style="mso-footnote-id: ftn17;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Matinas da primeira
segunda-feira.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn18" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref18" name="_ftn18" style="mso-footnote-id: ftn18;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> N.T – No hemisfério sul
o período de Quaresma cai no outono, período no qual a natureza também se
transforma para suportar as agruras do inverno. O simbolismo, aí também, fica
mantido, pois a Quaresma também transforma e purifica o homem a cada ano,
fazendo as “folhas do pecado, os ramos secos e mortos” saírem de sua alma
tornando-o mais forte e mais apto ao combate das paixões (inverno), com e pela
graça de Deus.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn19" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref19" name="_ftn19" style="mso-footnote-id: ftn19;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Vésperas de quarta-feira
da semana anterior à Quaresma.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn20" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref20" name="_ftn20" style="mso-footnote-id: ftn20;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> N.T. - Na Tradição
eslava durante os dias de semana da Grande Quaresma os paramentos usados pelo
clero são de cor negra. Aos sábados e domingos roxos.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn21" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref21" name="_ftn21" style="mso-footnote-id: ftn21;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Fócio, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nomocanon</i>, Tit. Vii, c. I. Não poderia
esta regra ser aplicada pela Ortodoxia contemporânea à televisão?<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn22" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref22" name="_ftn22" style="mso-footnote-id: ftn22;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Concílio de Laodicéia
(c. 364), cânon <st1:metricconverter productid="52. A" w:st="on">52. A</st1:metricconverter>
dispensa desta regra requer permissão episcopal que, não deveria ser concedida,
exceto por graves motivos.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn23" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref23" name="_ftn23" style="mso-footnote-id: ftn23;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Matinas de segunda-feira
da primeira semana.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn24" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref24" name="_ftn24" style="mso-footnote-id: ftn24;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Ode nove, tropário 12</span><span lang="PT-BR">.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn25" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref25" name="_ftn25" style="mso-footnote-id: ftn25;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Irmos da ode oito do
Grande Cânon; Completas da Quinta-Feira Santa; Matinas do Domingo da Veneração
da Santa Cruz; Matinas do Domingo de Ramos.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn26" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref26" name="_ftn26" style="mso-footnote-id: ftn26;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span lang="PT-BR"> O persa Maniqeu (c.
216-276) fundador do Maniqueísmo, advogava um dualismo inflexível. Ele
considerava que não há salvação para o corpo humano ou para o resto da criação
material; as partículas de luz aprisionadas no homem são libertadas por um
rígido ascetismo, incluindo o vegetarianismo.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn27" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///G:/ANTIGO%20ARQUIVO/files/ARQUIVO%20TRADUCOES/Meus%20documentos/O%20SIGNIFICADO%20DA%20GRANDE%20QUARESMA.doc#_ftnref27" name="_ftn27" style="mso-footnote-id: ftn27;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;"><span style="font-family: verdana;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></span></a><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"> Kontakion do Domingo da
Ortodoxia.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
</div>
</div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-52313221554906483282021-01-28T05:02:00.000-08:002021-01-28T05:02:10.233-08:00SÃO SAVAS COMO NOSSO MESTRE NO CAMINHO QUE CONDUZ À VIDA ETERNA<div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-align: justify;"><b>RADOVIC Metropolita Amfilohije</b></span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; font-size: 12pt; line-height: 18.4px; margin-bottom: 0.1in;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"><b><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Mm27amwpD9k/YBK1nQw6yaI/AAAAAAAAHlw/Ay8mAxk2zeURocXUzY5JGj9fD8EivmcYgCLcBGAsYHQ/s226/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="223" data-original-width="226" height="330" src="https://1.bp.blogspot.com/-Mm27amwpD9k/YBK1nQw6yaI/AAAAAAAAHlw/Ay8mAxk2zeURocXUzY5JGj9fD8EivmcYgCLcBGAsYHQ/w334-h330/download.jpg" width="334" /></a></div><br /><span style="font-size: 12pt;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;">“O povo sérvio e sua dignidade baseiam-se no duplo testemunho de um pai e um filho. É um caso único na Europa e na história que o criador (organizador-pioneiro) do Estado é um santo, que o criador (organizador-pioneiro) da Igreja é um santo. Estes dois santos fundaram, por um lado, o Estado do povo sérvio, a sua cidade terrena e o lugar onde era chamada a dar fruto no seu tempo e, por outro lado, ambos abriram horizontes eternos a esse mesmo povo. São Savas deu à luz um pai espiritualmente, São Simeão deu à luz um filho fisicamente, um filho tornou-se pai e pai-filho, e ambos fizeram nascer e renascer e determinaram o caminho que conduz à vida para o seu próprio povo. Ao se dirigir à</span><span lang="pt-PT" style="font-size: 12pt;"> Santa Montanha, o filho nascido espiritualmente, São Simeão, organizou o Estado e organizou/editou a vida do povo, mas não divinizando os valores terrenos, antes abrindo os horizontes eternos do Reino dos Céus. Tendo aberto horizontes eternos para ele e seu povo, São Savas regressou ao povo para lançar em sua alma e em todo o seu ser sementes de vida eterna, salgá-lo, para, enfim, iluminar seu povo e sua pátria com a luz da vida eterna e imperecível. Para revelar à sua pátria: que não temos uma cidade permanente, antes esperamos pela cidade que há de vir (Hb 13:14), eterna e imperecível. Essa é a essência da missão da Igreja Sérvia em nossos tempos. Bem como ser o portador desse e daquele sal e uma testemunha entre outras nações. É assim que entendo a nossa entrada e a entrada de outras nações ortodoxas na Comunidade Europeia, como testemunho entre outras nações e portadoras desse sal e dessa dignidade. Entrando na Europa com tanta dignidade, nas correntes do mundo moderno, não entramos como mendigos. A única coisa que temos, que, além de todos os nossos desvios e perambulações, preservamos, é precisamente a do nosso povo, de um ponto de vista profundo, e o nosso comprometimento/compromisso com São Savas e São Lázaro.”</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Por meio de tais palavras, o bem-aventurado Metropolita de Montenegro e do Litoral, Amfilohije, apresentou em 2010, sua concepção da missão da Igreja Ortodoxa Sérvia no mundo moderno bem como do povo sérvio, que é tão relevante hoje como quando foi apresentada.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">A seguir, podemos ler a palestra inteira de nosso pai Metropolita Amfilohije, de bem-aventurada memória, sobre a personalidade do Homem-Deus, o Evangelho, a Aliança de São Savas e Kosovo, a missão da Igreja Ortodoxa Sérvia no mundo moderno, nossas andanças, crucificações e adesão à UE, - realizada num fórum em Belgrado e organizado pelo Fundo. "Slobodan Jovanovic". A palestra foi publicada pela revista "Svetigora" (fevereiro 2010 / nº 198), e extraída do jornal "Pečat" (nº 96). Re-preparado por Natasha Jovanovitch.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br />Senhores cristãos, queridos irmãos e irmãs!</span></div><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; direction: ltr; font-size: 12pt; line-height: 18.4px; margin-bottom: 0.1in;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">O tema da conversa desta noite é a Igreja Ortodoxa da Sérvia e sua missão no mundo moderno e o povo sérvio no mundo moderno. Falando da missão da Igreja no mundo moderno, não podemos deixar de apontar seus fundamentos, suas raízes e sua vocação na história da humanidade. As palavras de Cristo dirigidas a Seus primeiros apóstolos nos apontam o seguinte: “Irmãos, vós sois o sal da terra, e se o sal for insípido, com que se há de salgar?” Verdadeiramente, tais palavras de Cristo representam o conteúdo e o significado da Igreja de Deus e o objetivo de sua missão em todas as gerações terrenas, em todos os tempos e entre todas as nações.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br />O ÚNICO NOVO SOB O SOL<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">O que a Igreja representa e o que dá à terra, ao homem, a toda a criação, é precisamente essa nova qualidade de vida imperecível, chamada a linguagem do Evangelho: sal da terra. Essa nova qualidade de vida não é uma ideia nova, assim como o Cristianismo não é uma ideia nova. Não é uma nova dimensão do comportamento humano, não é uma nova moralidade ou uma nova, simplesmente, filosofia, especialmente não uma filosofia segundo o homem, como a chama o apóstolo Paulo. A nova qualidade de vida não é simplesmente a renovação das relações humanas, dando novas regras para a organização da comunidade humana, mudando as condições sociais da vida terrena. Nem são eles próprios discípulos de Cristo vindos da terra. Cristo os chama de sal da terra e luz do mundo, mas não por causa deles, mas precisamente por causa d’Ele, o "Caminho, a Verdade e a Vida" que os dota e faz desse sal e luz do mundo. Ele é Aquele que, pelo Seu Nascimento e pela Sua obra total Deus-Homem até a Ressurreição e Ascensão, "permaneceu o Deus eterno, o Deus-Menino", tornando assim o mundo novo, transformando e permitindo que a terra e o céu se tornassem imperecíveis desde realidades transitórias, imortais dos mortais. Sua Personalidade Deus-homem, na qual um equilíbrio é estabelecido entre o outro lado e o outro lado, entre Deus e o homem, entre o Criador e a criação, torna-se a mãe da vida. Ele é Aquele que Se torna o fermento e o sal, a força interior de todos os mundos visíveis e invisíveis. Como tal, Ele é corretamente chamado de "O Único novo sob o sol". Foi assim que O chamou São João Damasceno, o grande poeta e místico. João Damasceno repete as palavras do profeta e rei Salomão, que escreve que tudo é "vaidade sobre vaidades", que tudo é igual, mas repete-se, que não há nada de novo debaixo do sol. Damasceno repete, mas acrescenta: A única coisa nova sob o sol é Ele, Que é o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Último, o Alfa e o Ômega de tudo o que existe e surge, Ele é a medida incomensurável desse homem cuja natureza carregamos, vivemos. Não podemos enfatizar ou sublinhar suficientemente aquela verdade básica do Cristianismo que não está contida em idéias, nem na moralidade, nem em nada, mas precisamente naquela Pessoa abrangente que fundou tudo o que existe, através da qual tudo se tornou o que se tornou e que confirma e testemunha que no início não era tolice e caos, mas no início era Logos, ou seja, conhecimento da Palavra, do Verbo:“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Tais palavras do Senhor mostram que a liberdade, tal como o anseio mais profundo do homem, não é algo psicológico, social que o homem tenta alcançar em sua relação consigo mesmo e com aqueles ao seu redor e com as forças que a abolem, mas a liberdade é algo embutido no próprio ser: o fundamento do ser é a liberdade. E tudo o que está na criação é chamado a ser libertado da onipresença e do nada, a ser libertado dessa e daquela liberdade que não é psicológica, nem social, nem biológica, mas a liberdade dos filhos de Deus, que é dada por Deus à natureza, especialmente ao homem. A liberdade que só a verdade e o conhecimento da verdade, o conhecimento d’Aquele que é a verdade, podem dar ao homem e por meio da qual o homem pode se tornar verdadeiramente livre no plano eterno não apenas em um tempo transitório, tornar-se um ser livre.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><span style="font-family: verdana;">DEUS DOS VIVOS, NÃO DOS MORTOS<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Qualquer coisa a dizer a Ele e sobre Ele é um pouco gaguejante em relação ao que o teólogo João Teólogo disse a esse respeito: “E o Logos, o Verbo, o Verbo Se fez carne, Se fez homem e habitou entre nós, vimos a Sua glória, a glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade ”(João 1:14). O mesmo místico acrescenta: “ Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens . E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não A compreenderam.”(João 1: 4-5). Esses são os Apóstolos a quem Cristo chama de“ luz ”. Mas de que Igreja estamos falando? É João Batista, bem como os primeiros discípulos de Cristo, bem como todos os Seus seguidores ao longo dos séculos até o fim do mundo e as eras, em todos os tempos e em todas as nações terrenas – vindouro como um testemunho. Eles são testemunhas. Eles vêm para testificar da luz, que por meio deles e de todos eles acreditam na luz e se tornam portadores de luz eterna e imperecível em nome da dignidade eterna e imperecível. A Igreja é uma testemunha viva conciliar do Deus vivo, um Deus que não é o Deus dos mortos, mas o Deus dos vivos (Mt 22:32).</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Não é por acaso que a Igreja nos Atos dos Apóstolos é chamada de "caminho" em muitos lugares, o caminho "que leva à vida eterna", e os cristãos como testemunhas pré-escolhidas, representadas por Deus, mestres desse caminho que leva à vida. Chamados a ensinar dessa forma todas as nações e a batizá-las em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, testificando a judeus e gregos o arrependimento diante de Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, de acordo com os Atos do Apóstolos. Como tal, a Igreja é um lugar perfeito para o aperfeiçoamento dos santos na obra de edificação do corpo de Cristo, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus no homem, na medida do crescimento do a plenitude de Cristo (Ef 3:19). O homem perfeito, a humanidade perfeita, é precisamente Ele como cabeça do corpo do Deus-homem, como cabeça de tudo o que existe, como Princípio e como Fim, como o Primeiro e o Último.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">O Santo Padre Savas foi o mestre daquele caminho que leva à vida eterna do povo sérvio. É por isso que cantamos no Tropário a ele dedicado "Aquele que indica o caminho da vida e o primeiro a servir o altar…" É assim que ele foi e permaneceu, como todos os seus sucessores. Aqui estão eles, a maioria deles sepultados no Patriarcado de Petch Alguns deles, e não poucos deles, vagaram com seu povo. Só nos lembramos de Arsenije III Charnojevic, Arsenije IV Shakabende e outros como eles, aos mais novos que estão enterrados aqui em Belgrado na Catedral, na Igreja de São Marcos, e aqui no monastério Rakovica, onde respousou o primeiro Patriarca que renovou o Patriarcado sérvio. E agora, em nossos dias, Patriarca Pavle encontrou paz, tranquilidade e bem-aventurada memória. Deus, que "criou com um só sangue todas as nações da humanidade para habitar em toda a face da terra e estabelecer de antemão os tempos e os limites da Sua permanência" (Atos 17:26), também criou o povo sérvio dentre tais nações, nessa humanidade, nesse único corpo conciliar da humanidade, atribuindo-lhe os tempos e os espaços da sua permanência para que São Savas, que lhe indicou o caminho da vida eterna, "o plante como uma oliveira no paraíso espiritual”. De novo, o maravilhoso poeta diz sobre São Savas que era sua obra: como uma oliveira plantada em uma terra fértil e abençoada, ele planta seu povo como uma oliveira no solo, em um paraíso espiritual, não para ficar ali, pois que era fértil e produzia fruto abundante E esse paraíso espiritual e aquela terra em que está plantado o povo de São Savas é precisamente a Igreja de Cristo. Ele o salgou com o sal da incorruptibilidade e da incorrupção, iluminando-o com a luz do conhecimento de Deus e chamando este povo ao crescimento conciliar a partir da medida incomensurável do Reino dos Céus. Portanto, a dignidade dada pelo testemunho do Primeiro e do Último, São Savas fez crescer a mais alta exaltação de glória em glória, em perfeição infinita; como dirá São Gregório de Nissa, Deus deu ao homem uma medida, e essa medida é incomensurável. Portanto, não há medida ao progresso do homem e da perfeição do homem, pois que o Homem que é Deus-Homem faz dom à medida em que torna-Se como um de nós, vindo habitar em nós e em Si mesmo, revelando ao homem com a Sua inefável divindade aquela imensidão que não pode ser ameaçada por qualquer perigo, sem morte, sem transitoriedade, sem absurdos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><span style="font-family: verdana;">MEDIDA DO REINO DOS CÉUS<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">É uma medida incomensurável do Reino dos Céus, que é constantemente chamado de Reino do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Esse e tal testemunho é a essência da missão moderna da Igreja. O testemunho de São Savas e dos seus sucessores é a natureza e o sentido da própria Igreja e a sua presença e existência em cada um e, neste caso particular, no povo sérvio - como é a essência da missão da Igreja entre todos os povos terrestres. A determinação de São Savas é determinação para o Reino dos Céus. Não apenas a Aliança de Kosovo é um compromisso com o Reino dos Céus, mas os Santos Savas e Simeão, o miroblita (que verte da mirra), delinearam e revelaram a este povo de Deus aquele grande e sagrado mistério do Reino dos Céus e conclamou esse povo a crescer, envelhecer e crescer nesse mistério inefável. É um compromisso com o que é eterno, imperecível, um compromisso com a dignidade eterna e transitória do ser humano e da comunidade humana de todos os povos terrestres. Essa determinação de São Savas é idêntica à determinação do Pacto de Kosovo, com a diferença de que Kosovo está selado com sangue. E não há testemunho mais forte do que aquele selado com sangue. Os cavaleiros do Kosovo selaram com sangue a sua determinação e conhecimento articulados pelo poeta popular, isto é, o Imperador Lázaro, de que “o reino terreno é para pouco, o celestial é para todo o sempre”. O Imperador ama o Reino dos Céus. Assim, o testemunho de São Savas, o testemunho da Igreja de Deus, o testemunho de Cirilo e Metódio anterior a São Savas, exaltando o elemento eslavo e dando-lhe a oportunidade de falar as palavras certas, tanto aos eslavos como povo, como consequentemente aos sérvios, dentre estes eslavos. Este testemunho é no Kosovo, selado pela Aliança do Kosovo com o sangue do martírio, pois que selado em "não há maior amor do que dar a vida pelo próximo" (Jo 15,13).</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Nós, como Igreja, como povo, hoje, quem sabe por qual vez, nos encontramos numa encruzilhada e no gólgota. Se quiséssemos ver o nosso lugar hoje no mundo e nosso papel não apenas nos Balcãs, mas também na Europa e no resto do mundo e se quiséssemos encontrar nosso caminho e meio em que deveríamos responder aos desafios dos tempos em que vivemos, não podemos fazê-lo da maneira certa se não refletirmos naquele testemunho de São Savas e na Aliança do Kosovo. A Igreja, hoje e ontem, e amanhã, como sempre, está lá para lembrar a essas pessoas sua vocação mais profunda. Hoje e ontem, "é melhor perder a cabeça do que fazer pecar a alma", segundo as palavras de Madre Efrosinija. Tais palavras foram freqüentemente repetidas por nosso Patriarca quando ele estava em Kosovo, não sem razão.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Hoje, nessa encruzilhada e nesse gólgota, depois das grandes fraturas que vivemos e dos grandes terremotos do nosso autoconhecimento, estamos diante de um novo desafio pela primeira vez em nossa história: a nossa inserção na chamada Comunidade Européia. Por um lado, estamos novamente numa crise profunda e, por outro, enfrentamos um desafio para o qual seremos atraídos para o reino. A Europa introduz e dá progresso económico e não há dúvida disso, dá a melhoria da cidade terrena, do modo de vida terrestre, mas a mesma Europa, a julgar pelos europeus mais espertos, hoje, também está em uma profunda crise de autoconhecimento, muito mais profunda do que pensamos, especialmente aqueles de nós que agora estamos quase impetuosos nesta ou naquela Europa, esquecendo que não foi por acaso que Dostoiévski falou da Europa como um belo cemitério no século XIX. A Europa, portanto, não é uma terra prometida, embora a tratemos assim hoje, mas está repleta de perturbações internas tectônicas, em primeiro lugar com uma crise espiritual de sua própria identidade e uma crise de espírito. Lembramos aquele evento do Аntigo Testamento quando Esaú vende sua primogenitura por uma tigela de lentilhas. A Europa hoje corre o risco de vender tudo o que ganhou precisamente porque foi testemunha e portadora da imagem de Cristo na história da humanidade, o que há de mais maravilhoso, renunciando à sua identidade cristã mais profunda, que adquiriu por meio de Cristo e do Cristianismo, por uma tigela de lentilhas e voltar à idéia romana cujo princípio básico era "pão e jogos". Sabemos qual foi o fim do então Império Romano quando o ideal do império foi reduzido ao pão terreno, um jogo, como diz um poeta grego "por um pedaço de pão, ficamos sem o Espírito de Deus". A Europa de hoje corre tanto perigo e, através dela e por ela, todo o mundo moderno lê: vender a dignidade humana eterna e imperecível pelo reino terreno. Não é por acaso que Kosovo se tornou o foco dos acontecimentos mundiais sabe-se lá quantas vezes. Hoje, a política e o destino político e social da Europa e do mundo estão mudando ao seu redor. Os povos albanês e sérvio não estão em conflito agora, mas através da presença e participação internacional nos trágicos acontecimentos e na crucificação do Kosovo, fica demonstrado que é novamente um local de conflito entre o bem e o mal. Um lugar onde não só aqueles que lá vivem, mas todos os povos da terra tentam novamente atribuir a que reino ele pertence. Um ex-embaixador da Sérvia, que mais tarde visitou a EU como conselheiro em questões religiosas, nos acontecimentos em Kosovo, na demolição de templos em 1999 e 2003, me disse: “Vladiko, o que o senhor acha que aqueles que têm hoje em suas mãos o destino da Europa deveriam se preocupar com isso? É uma coisa insignificante para eles. Seu objetivo global é completamente diferente. Eles vêem os eventos no Kosovo dentro da estrutura de seus interesses mundiais, e o fato de que templos estão sendo demolidos não tem nenhuma importância especial para eles, porque para eles o testemunho cristão e o significado mais profundo e imperecível da ação e da vida humanas não desempenham um papel essencial."</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br />PERIGO DA EUROPA<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;">A Europa está em perigo e através dela e por ela corremos perigo, talvez ainda mais porque emergimos de um caos, um deserto espiritual deixado pelo sistema totalitário marxista-leninista-Broz: estamos empobrecidos espiritualmente e materialmente ameaçadas de extinção. Por outro lado, ameaçados em essência, espiritualmente ameaçados com uma identidade alterada, corremos o risco de procurar uma identidade onde não a encontraremos. Procuramos dignidade e identidade onde estão há muito tempo em crise. Caso se torne insípido, o quê tornará novamente o mundo salgado? Se essas pessoas são obcecadas por nosso povo, com o que esse povo será temperado? O povo sérvio e a sua dignidade baseiam-se em dois testemunhos, o testemunho de um pai e de um filho. É um caso único na Europa e na história que o criador (organizador-pioneiro) do Estado é um santo, que o criador (organizador-pioneiro) da Igreja é um santo. Estes dois santos fundaram, por um lado, o Estado do povo sérvio, a sua cidade terrena e o lugar onde era chamada a dar fruto no seu tempo e, por outro lado, ambos abriram horizontes eternos a esse mesmo povo.</span><span lang="pt-PT" style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">São Savas deu à luz um pai espiritualmente, São Simeão deu à luz um filho fisicamente, um filho tornou-se pai e pai-filho, e ambos nasceram e renasceram e determinaram o caminho que conduz à vida para o seu próprio povo. São Simeão, ouvindo e obedecendo a voz de seu filho e dirige-se à Santa Montanha, mostra que não divinizou a biologia de seu povo, sua nação, não divinizou sua criação, seu Estado, lugar e espaço onde aquele povo residia. Mostrou assim que aceita o testemunho de seu filho de que para ele e seu país, primeiro para si-mesmo, ao renunciar ao poder e partir à vida monástica, e depois para seu povo, ao mostrar que o Estado não é importante em si mesmo, em sua estrutura, mas enquanto e o local de residência de seu povo e o tempo que lhe é dado para amadurecer, para dar à luz, para renascer, para adquirir em seus parâmetros de espaço o conhecimento de si mesmo como uma testemunha da eternidade e imperecível dignidade humana nacional e pessoal. O Estado como um lugar de desenvolvimento em proporção ao crescimento do Deus-homem, o justo e verdadeiro homem. Estado como lugar de formação da verdadeira humanidade, que nunca se baseia nos indivíduos e na individualidade, mas na catolicidade, na unidade de todos, não apenas na sociabilidade biológica e social, mas na comunhão com um significado mais profundo e imperecível chamado de Reino dos céus. Assim, ao dirigir-se à Santa Montanha, o filho espiritualmente nascido, São Simeão, organiza o Estado e a vida das pessoas, mas não pela deificação dos valores terrestres, mas pela abertura dos horizontes eternos do Reino dos Céus. Tendo aberto horizontes eternos para ele e seu povo, </span><span lang="pt-PT" style="font-size: 12pt;">São Savas regressa a seu povo para lançar em sua alma e em todo o seu ser sementes de vida eterna, salgá-lo, e enfim, iluminar seu povo e sua pátria com a luz da vida eterna e imperecível. Para revelar à sua pátria: que não temos uma cidade permanente, antes esperamos pela cidade que há de vir (Hb 13:14), eterna e imperecível. Essa é a essência da missão da Igreja Sérvia em nossos tempos.</span><span style="font-size: 12pt;"> Bem como ser o portador desse e daquele sal e uma testemunha entre outras nações. É assim que entendo a nossa entrada e a entrada de outras nações ortodoxas na Comunidade Europeia, como testemunho entre outras nações e portadoras desse sal e dessa dignidade. Entrando na Europa com tanta dignidade, nas correntes do mundo moderno, não entramos como mendigos. Porque o que podemos trazer para a Europa e para o mundo moderno? Suas fábricas, suas empresas, seu progresso econômico, a estrutura da liberdade e da democracia como costuma ser chamada? Tudo isso está em seu desenvolvimento infância junto a nós, tudo foi abalado e perturbado. E a única coisa que temos, que além de todos os nossos desvios e perambulações preservamos, é precisamente este sal de nosso povo, sob um prisma profundo, bem como nosso compromisso com São Savas e Lázaro.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br />SOMOS UM POVO LOUCO<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Por ocasião do sepultamento de Sua Santidade, li que alguém na Europa escreveu: “Esses sérvios são realmente loucos porque aonde iriam centenas de milhares de pessoas beijar os mortos quando uma pandemia de gripe ameaça!!! Eles o carregam pela cidade, mantêm-no aberto por dias. Só uma nação louca pode fazer isso.” Isso mesmo, ele disse isso bem. Somos um povo louco, um povo com mais temor de Deus do que medo da gripe. Que nossa loucura seja o que somos dotados: consciência e autoconhecimento de sua vocação e auto-conhecimento do que somos diante de Deus e dos povos terrestres. Sobre o nosso compromisso, que está embutido no código do nosso ser histórico, no qual somente a dignidade do povo sérvio é aquilo que este povo pode trazer para o celeiro da cultura mundial e da comunidade humana. Deus nos ajude a levar isso conosco: para sermos salgados por nós mesmos e por aquele com quem a Europa foi salgada para salgar novamente a comunidade europeia e o mundo moderno. Para renovar a humanidade com aquela novidade eterna e imperecível, para alcançar realmente um novo céu e uma nova terra, e para que aquele fermento da novidade eterna e imperecível fermente o ser de toda a humanidade.</span></span></div><span style="font-family: verdana;"><br />O MUNDO ESTÁ CHEIO DE VÃ-LOQUACIDADE<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">O mundo moderno está cheio de vâ-loquacidade, muitas palavras vazias, histórias e livros vazios, que em vez de enobrecer, envenenam. Os meios de comunicação de massa têm um papel especial aqui. Em uma ocasião, o bispo Nikolaj disse uma palavra sábia: quando todos falam, então a Igreja deve se calar, porque naquele caos de verbosidade sua voz será sufocada, assim como uma planta nobre sufoca em uma erva daninha até que aquela erva daninha seja erradicada. Portanto, a Igreja não pode deixar de falar, mas deve saber quando e onde falar. Nosso Patriarca Pavle sabe disso como ninguém, tal como disse Matija Bećković: "Nunca ninguém falou tão baixo e a sua palavra foi ouvida tão longe".</span></span></div></div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-71714357190863480492021-01-26T02:43:00.001-08:002021-01-26T02:43:36.219-08:00A VIA DA FELICIDADE<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 16px; margin-bottom: 0in; text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span><b>São NECTÁRIO de Egina, Metropolita de Pentápolis</b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span><b><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span><b><i><br /></i></b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kh7fOp8NqBo/YA_yJMY1A_I/AAAAAAAAHlk/XlqZsRwquh46v6nzHHq6c6n-R1ZeHJRygCLcBGAsYHQ/s512/unnamed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="341" height="494" src="https://1.bp.blogspot.com/-kh7fOp8NqBo/YA_yJMY1A_I/AAAAAAAAHlk/XlqZsRwquh46v6nzHHq6c6n-R1ZeHJRygCLcBGAsYHQ/w329-h494/unnamed.jpg" width="329" /></a></div><br /><i><br /></i></b></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span>N</span><span>ada é maior do que um coração puro, porque tal coração torna-se o trono de Deus. Existe algo de mais glorioso do que o trono de Deus? Nada, é claro! Deus diz a respeito daqueles que possuem um coração puro: “Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo (II Co 6, 16)” Quem ousaria ainda afirmar que é mais feliz do que essas pessoas? Pois de que bens pretendem ser privados? Não encontramos todos os dons e benefícios do Espírito Santo em suas almas bem-aventuradas? O que lhes falta, por consequência? Verdadeiramente, não sofrem nada, pois guardam em suas almas a mais preciosa das riquezas: o próprio Deus. Como os homens se enganam quando ignoram a si mesmos quando buscam em outros lugares a felicidade: partindo para terras longínquas, percorrendo o mundo em numerosas viagens, sonhando com a riqueza e a glória, correndo atrás da fortuna e de prazeres vãos ou ainda desejando se apropriar das coisas deste mundo, que só proporcionam amargos amanhãs!</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span><br /></span></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">A edificação da torre da felicidade fora de seu próprio corpo equivale a querer construir um edifício que repousaria em fundações instáveis e abaladas por frequentes tremores. De certo, tal edifício terminaria um dia por se afundar completamente por si só.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><span><div style="text-align: justify;">Meus irmãos, a verdadeira felicidade só existe no interior de vocês mesmos e bem-aventurado é aquele que compreende isso. Procurem então em seu coração e gastem o tempo para refletir em seu próprio estado espiritual. Como é possível perder a confiança em Deus? As suas consciências se queixam por terem se afastado dos Mandamentos Divinos? Será que essa consciência os acusa de praticar a injustiça e a mentira, negligenciar seus deveres para com Deus e para com o próximo? Examine-a por consequência, escrupulosamente: pode ser que pensamentos e más paixões formiguem em seu coração e por isso vocês tenham se engajaram em caminhos tortos e insuperáveis... Infelizmente, aquele que negligenciou seu próprio coração privou-se voluntariamente de todos os bens para substituí-los por males infinitos. É assim que ele afasta a alegria para longe de si e ei-lo agora mergulhado na amargura, na tristeza e em toda sorte de inquietações. Sem a paz interior, ele é tomado por problemas e medo. O amor parte e a raiva se instala. Despojando-se dos dons e dos frutos que o Espírito Santo o ofereceu no momento de seu batismo, torna-se um familiar de tudo aquilo que faz do homem um ser miserável e deplorável.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Meus irmãos, o Deus pleno de misericórdia só aspira a nossa felicidade, tanto nesta vida como na outra. Foi por isso que Ele fundou Sua Santa Igreja. A fim de nos purificar, por meio dela, de nosso pecado, para nos santificar, para nos reconciliar com Ele, para nos cumular de Suas bênçãos celestes. E os braços dessa Igreja estão largamente abertos. Corramos depressa, nós que temos o coração pesado. Corramos a ela depressa e veremos que a Igreja nos espera para tomar nosso pesado fardo, nos colocar em confiança com Deus e preencher nosso coração com felicidade e alegria.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>O SANTO BATISMO</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">Vós todos que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo (Ga 3, 27). Quanta verdade nestas palavras de São Paulo! Os batizados em Cristo deixaram a túnica do homem velho, maculada por paixões e desejos maus, para vestirem aquela do homem novo (renovado), ou seja, o próprio Cristo que agora vive no interior de seu coração. Pois a frase que revestiram não tem mais relação alguma com as vestes que trazemos. Trata-se aqui de outra realidade, uma realidade bem mais profunda, de alguma coisa mais essencial, e nada pode tomá-la de vocês. Pela afirmação de nossa fé e pelo batismo, recebemos realmente por vestidura o Cristo e nos tornamos os verdadeiros filhos de Deus, as moradas do Espírito Santo, os templos do Altíssimo. Somos chamados à santidade, à perfeição e à divinização pela graça que nos é assim conferida. Eis-nos então livres de toda corrupção, posto que revestidos de incorruptibilidade. Despojados doravante do homem do pecado, somos, em troca, revestidos do homem da justiça e da graça. Expulsamos a morte conquistando a vida eterna.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">De fato: somos realmente conscientes do compromisso que tomamos diante de Deus por ocasião de nosso batismo? Será que compreendemos que Ele nos incumbe, doravante, de comportarmo-nos como filhos autênticos de Deus e verdadeiros irmãos de nosso Salvador? Compreendemos que nosso primeiro dever consiste em concordar nossa vontade própria à d’Ele? Que nos é necessário nos libertarmos do pecado? Que é imperativo nos saciar à caridade com todas as nossas forças, de toda nossa alma e todo nosso coração? Que nosso dever consiste em louvá-Lo e adorá-Lo e manter nosso olhar, com a maior impaciência, ao instante em que seremos definitivamente unidos a Ele? Fizemos nosso o pensamento de que nosso coração só pode doravante transbordar de autêntico amor, a fim de que jamais perca de vista o próximo? Enfim, estamos convencidos de que nossa única vocação é a de adquirir a santidade e a perfeição, de que somos ícones vivos de Deus, filhos e herdeiros de Seu Reino, o Reino dos Céus?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">É em virtude de todas essas razões que nossa luta espiritual é uma obra constante, a fim de que sejamos dignos do chamado que Deus nos dirigiu, com o intuito de evitar a afronta de sermos repudiados em virtude de nossas ações. Sim, meus irmãos, tenhamos no coração o bom combate e nos entreguemos a ele vitoriosamente, com zelo e abnegação. Andemos com audácia, sem negligência, sem temor, sem cedermos e sem cessar diante das provações: Deus está conosco, Ele é nossa ajuda e nosso sustento, Ele nos fortifica e nos conforta no caminho da virtude.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>O COMBATE ESPIRITUAL</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">O objetivo de nossa vida é a aquisição da perfeição e da santidade. É tornar-se (digno) filho de Deus e herdeiro de Seu Reino. Cuidemos em não nos privarmos dessa vida futura dando prioridade às coisas da vida presente. Não nos afastemos do objetivo e do sentido da vida verdadeira, privilegiando os cuidados e as tribulações que são inerentes ao mundo daqui de baixo. O jejum, as vigílias e a oração não podem, por si só, produzir os frutos esperados. Eles não constituem o objetivo verdadeiro, mas são meios para atingi-lo. Ornem também suas candeias com virtudes autênticas. Lutem sem cessar para arrancar as paixões que estão em vocês. Purifiquem seus corações de todas as manchas para que ele se torne a morada do Deus e que o Espírito Santo aí encontre espaço para preenchê-lo com Seus dons divinos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Meus bem-amados, que todas as suas preocupações e seus cuidados tendam unicamente a isso, a esse objetivo citado, não o deixando de forma alguma. Em vista disso, que sua oração seja essencialmente dirigida a Deus. A cada instante de vossa existência buscai antes de tudo a Deus. Mas buscai-o lá onde Ele Se encontra: no interior de seu coração e unicamente lá. E quando o tiverem finalmente encontrado, permaneçam diante d’Ele com tremor e temor tal como os Querubins e os Serafins, pois assim seu coração se tornará o trono de Deus. Todavia, para encontrar o Senhor, humilhem-se mais baixo que a terra porque Deus vomita os orgulhosos enquanto ama e visita os humildes de coração. É por esta razão que Ele disse pela boca de Isaías (66, 2): “Mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito, e que treme em virtude de Minha palavra”. Combatam então o bom combate e Deus os fortificará, em retorno. Através desse combate localizamos nossas próprias fraquezas, nossas deficiências e defeitos pessoais. Tal combate incessante não passa de um espelho de nossa situação espiritual: aquele que jamais travou esse tipo de combate jamais será capaz de conhecer seu real estado interior.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Atenção ao que consideram “seus pequenos pecados”. Se por inadvertência alguém sucumbir a um pecado, sobretudo não se desespere: levante-se depressa, prostre-se diante de Deus, o único capaz de o sanar. Não se feche em sua tristeza, que só serve para cobrir seu orgulho. Os estados de tristeza exagerada e os momentos de desespero que nos sobrevêm fazem muito mal e acabam por se tornar um verdadeiro perigo. Geralmente, não passam de maquinações do diabo para colocarmos um termo ao nosso bom combate.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Encontramos também em nós fraquezas, defeitos e paixões cujas raízes são profundas, muitas deles são hereditárias. Não nos livramos disso usando expedientes espasmódicos, nem sucumbindo à ansiedade ou ao desespero, mas nos curamos deles por meio da paciência, da perseverança, da firmeza que nos impomos, da solicitude e da atenção. É verdade: a senda que conduz à perfeição é longa e árdua. Orem e peçam que Deus os conceda o dom da força necessária. Afrontem suas quedas com paciência e, uma vez de pé, não demorem, como o fazem normalmente as crianças, lamentando e se entregando a prantos, por vezes inconsoláveis. Permaneçam vigilantes e orem sem cessar a fim de não sucumbir à tentação. E se caírem em faltas antigas, sobretudo não se deixem abater pelo desespero, pois muitas dentre elas são naturalmente poderosas e é por hábito que as cometemos. Todavia, com o tempo e a perseverança, encontramos também o meio de vencê-las. Por isso, afastem-se do desespero!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>A ORAÇÃO</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">A tarefa primária do homem é a oração. Enquanto imagem de Deus, o homem tem sede d’Ele e é com paixão que se esforça em se elevar até Ele. Quanto mais o homem ora, mais despoja sua alma de todo desejo mundano e mais ele ascende aos bens celestes. E ainda, quanto mais ele se despoja dos prazeres desta vida, mais ele desfruta da verdadeira alegria que vem do céu. Só é possível testemunhar isso através da experiência adquirida. Deus permite toda oração que Lhe é oferecida de maneira correta, quer dizer, desde que a formulemos em estado de consciência de nossa imperfeição e de nossa indignidade. Também é necessário renegar totalmente o mal que está em nós e nos submetermos aos Mandamentos Divinos. Isto exige que sejamos humildes e que sem tréguas nos lancemos ao verdadeiro labor espiritual.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Endereçam a Deus todos os seus cuidados. Ele é a sua Providência. Não tenham medo, não deixem o problema se instalar: Deus perscruta as profundezas ocultas de suas almas e responde aos seus desejos à maneira d’Ele. Peçam também, não percam a coragem e admitam que não têm o direito de se lamentar quando sua esperança não é cumprida. As vias do Altíssimo nos são desconhecidas, por isso permaneçam serenos e incessantemente dirijam seu olhar a Ele. Somente o Senhor nos conduz à perfeição, vindo habitar em nós cada vez que nos conformamos à Sua vontade. Não queiram realizar, custe o que custar, os seus próprios desejos, mas antes os preceitos d’Ele, da mesma forma que os Anjos o praticam nos Céus com justiça. Assim, se Cristo não reside em nós, nossas orações e pedidos permanecem vãos, sem sentido.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>A PAZ</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">A paz é um dom divino, ricamente distribuído a todos aqueles que estão reconciliados com Deus. A paz parece a luz, ao contrário do pecado, o qual se assemelha às trevas: um pecador jamais pode ser artesão da paz. Lutem contra o pecado e não fiquem perturbados pelo despertar de vossas próprias paixões. Se saírem vencedores, esse despertar de paixões se transformará em alegria e paz. Se sucumbirem (e faça que não seja assim), então tanto a tristeza como a confusão tomaram lugar. E se ainda, depois de terem travado um rude combate, o pecado vença momentaneamente, persistam, ao contrário, em sua luta. No fim das contas, sairão vencedores e pacificados. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12, 14). A paz e a santificação são duas condições necessárias para aquele que busca com zelo a Face de Deus. A paz é o fundamento sobre o qual se constrói a santificação. Não há santidade alguma num coração confuso e colérico. A cólera, quando perdura em nossa alma, torna-se causa de raiva e de inimizade. Eis porque é conveniente reconciliar-se depressa com seu próximo. Para não serem privados da graça divina que santifica nossos corações! Aquele que está em paz consigo mesmo, pacifica também os outros e permanece na paz de Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>O AMOR (ÁGAPE)</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">A cada dia, peçam a Deus que Ele os conceda a graça do dom de amar. Preservem com toda vigilância necessária a qualidade de suas relações com os outros e sejam testemunhas de seu respeito para com elas, pois são “imagens” (ícones) de Deus. Não se deixem surpreender pelo único espetáculo da beleza do corpo: quando o coração não está aquecido pela oração pura, o amor se contenta somente com o carnal, o que, consequentemente, torna os pensamentos confusos, reduzindo o coração a cinzas. Aquele que permanece na guarda para que o dom do amor seja preservado em sua pureza, não cairá na emboscada do maligno, que consiste em transformar, passo a passo e sem ruídos, o amor defendido pelo Evangelho em amor puramente sentimental.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>O DISCERNIMENTO</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">Eu os aconselho a cultivar a razão e a sabedoria em todas as circunstâncias e a evitar os excessos de todos os tipos. Sigam em frente com discernimento. Da mesma forma, não enfraqueçam seus corpos impondo-lhes excessos intransponíveis. Lembrem-se que a ascese do corpo tem por único objetivo ajudar a alma a atingir a perfeição. A única via possível de adquiri-la é o bom combate de alma. Assim, não estiquem a corda mais do que o necessário. Saibam que Deus não impõe restrições ao distribuir Seus dons: o que recebem d’Ele é gratuito porque Sua misericórdia é sem limites. Não visem mais alto ainda entregando-se a grandes atos de ascese se, a priori, não possuem essas virtudes, sem as quais correrão os riscos de se afastar na elevação e na audácia. Quanto mais desmoronamos nas paixões, mais corremos o risco de nos enganar. E como isso acontece com os imbecis e pretensiosos! Àqueles que estão despojados de suas paixões, os dons da graça divina são distribuídos enquanto recompensa, em toda discrição e quando menos esperam.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>A ARROGÂNCIA</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">A arrogância da razão se assemelha ao orgulho satânico que renega a Deus e blasfema contra o Espírito Santo. É por isso que dificilmente a curamos. Em contrapartida, o orgulho do coração não é produto do orgulho satânico, o qual tem sua origem em diversas situações, através de múltiplos acontecimentos: riqueza, glória, honras espirituais e físicas (inteligência, beleza, força, postura...). Tudo isso atinge o cérebro dos insensatos e eles caem na vaidade sem ceder ao ateísmo. Geralmente o Senhor se apieda deles e usa de Sua pedagogia para que se tornem novamente racionais. Seus corações, então, graças à contrição, deixam de correr atrás de glórias vãs e acabam por se curar. Parece-me justo dizer que toda nossa atenção espiritual deveria se concentrar sobre a necessidade de neutralizar em nós a arrogância e o orgulho bem como seus frutos. Se ao contrário, os substituímos pela verdadeira humildade, então estamos seguros de possuir tudo. Pois lá onde existe a humildade em Cristo também se reúnem todas as virtudes que conduzem diretamente a Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>A NOBREZA CRISTÃ</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">Os cristãos devem, segundo o mandamento de Cristo, tender à perfeição e à santidade. A perfeição e a santidade começam primeiramente por cavar um profundo sulco na alma para, em seguida, impregnar nossos pensamentos, nossos desejos, nossas palavras e nossos atos. Dessa maneira, tudo que preenche a alma também transborda exteriormente no caráter do homem, por inteiro. Assim, todos nós devemos nos comportar com delicadeza. Que nossas palavras e ações transpirem a graça do Espírito Santo, do Qual somos portadores no fundo de nossos corações. Logo, toda nossa vivência testemunhará aquilo que é glorificado, ou seja, o Nome de Deus. Quem mede suas palavras, também mede seus atos. Quem dá atenção ao que fala, dá atenção também ao que empreende, jamais ultrapassa sua medida e decência. Pois que as palavras vãs engendram a raiva, as inimizades, as tristezas, as disputas, os problemas de todos os gêneros, bem como as guerras. Logo, delicadeza e profundo respeito! Que nunca saia de seus lábios palavras que magoem, palavras que não foram antes salgadas pela graça de Deus. Que as palavras pronunciadas em nossa boca sejam cheias de bondade como se viessem do próprio Cristo e que sejam o reflexo da maneira com a qual cultivamos nossa própria alma.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;"><b>A DOXOLOGIA</b></div></span><span><div style="text-align: justify;">O dever do cristão é sempre dar glória a Deus, tanto em seu corpo como em seu espírito. De qualquer forma, ambos são propriedades de Deus e, em virtude disso, não temos o direito nem de desonrá-los e nem de corrompê-los. Todo ser que se recorda que seu corpo e seu espírito pertencem a Deus é tomado de piedade e de temor místicos em virtude disso, o que vem a contribuir para que seja preservado do pecado, permanecendo em constante relação com Aquele que é a própria causa de sua santificação, o Senhor nosso Deus. Por isso, o homem dá glória a Deus tanto com seu corpo como com seu espírito cada vez que se recorda que fora santificado por Deus e que está de certa forma unido a Ele. Isso é possível cada vez que ele concorda sua própria vontade com aquela de Deus, a fim de que suas ações sejam praticadas em conformidade aos preceitos divinos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span><div style="text-align: justify;">Então, ser agradável a Deus é testemunhar que não vivemos mais para nós mesmos, mas antes para Ele. É construir o Reino dos Céus sobre a terra. Tudo se torna pretexto para glorificar o Nome do Senhor e fazer brilhar aqui em baixo o fulgor da verdadeira Luz, doce e jubilosa tal como proclamamos na celebração do Serviço de Vésperas: “Phôs hilarion… Luz jubilosa da santa glória do Pai imortal, santo e bem-aventurado Jesus Cristo…”! Se tomarmos realmente a decisão de agir assim, nos tornaremos o verdadeiro caminho que conduzirá diretamente a Deus todos aqueles que ainda não O encontraram ou conheceram.</div></span></span></div>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-75687793589916125382021-01-13T11:25:00.001-08:002021-01-13T11:25:01.158-08:00A TRADIÇÃO DA ICONOGRAFIA<div style="text-align: justify; vertical-align: top;"><div style="text-align: center;"><b><i> </i><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">WARE Timothy (Kallistos)</span></span></b></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><b>tradução de monja Rebeca (Pereira)</b></span></i></div><span class="hps"><span lang="sr-Cyrl" style="color: black;"><o:p> </o:p></span></span></span></div><div style="text-align: justify; vertical-align: top;"><span style="font-family: verdana;"><span class="hps"><span lang="sr-Cyrl" style="color: black;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRQSzHYGm1jpKo403Lyw7XSVS0UMG9eFIKoXT0hCeFEv16O6zCNeNqaYixe1Ra2u934jdU6GxEBO2zX-2OdmLSwHezsXspeM4_FwSYcjJHVa4jIQRfIW19-jXXy79U_n8H7iKM2wxYgA/s550/174222.p.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="367" data-original-width="550" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRQSzHYGm1jpKo403Lyw7XSVS0UMG9eFIKoXT0hCeFEv16O6zCNeNqaYixe1Ra2u934jdU6GxEBO2zX-2OdmLSwHezsXspeM4_FwSYcjJHVa4jIQRfIW19-jXXy79U_n8H7iKM2wxYgA/w499-h334/174222.p.jpg" width="499" /></a></div><br /><o:p><br /></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">A</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Tradição</span> <span class="hps">da Igreja</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">expressa
não</span> <span class="hps">só</span> <span class="hps">através de palavras</span>,
nem <span class="hps">ações e</span> <span class="hps">gestos vivenciados na</span>
<span class="hps">veneração</span>, mas <span class="hps">também</span> <span class="hps">através da</span> <span class="hps">arte</span>, <span class="hps">da</span>
<span class="hps">grafia</span> <span class="hps">e a</span> <span class="hps">cor</span>
<span class="hps">dos Santos Ícones</span>. <span class="hps">Um</span> <span class="hps">ícone</span> <span class="hps">não é</span> <span class="hps">simplesmente</span>
<span class="hps">uma figura</span> <span class="hps">religiosa a despertar</span> <span class="hps">as emoções</span> <span class="hps">adequadas</span> <span class="hps">no</span>
<span class="hps">espectador</span>, antes <span class="hps">um</span> <span class="hps">dos modos pelos quais</span> <span class="hps">Deus</span> <span class="hps">Se revela</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">nós</span>.
<span class="hps">Através de ícones,</span> <span class="hps">o cristão</span> <span class="hps">ortodoxo,</span> <span class="hps">recebe</span> <span class="hps">uma
visão</span> <span class="hps">do</span> <span class="hps">mundo</span> <span class="hps">espiritual</span>.<span class="hps"> Pelo fato do</span> <span class="hps">ícone</span> fazer <span class="hps">parte da Tradição</span>, os <span class="hps">pintores de</span> í<span class="hps">cone (iconógrafos)</span> <span class="hps">não</span> <span class="hps">são</span> <span class="hps">livres</span> <span class="hps">para</span> <span class="hps">adaptar seus</span> <span class="hps">próprios</span>
<span class="hps">sentimentos</span> <span class="hps">estéticos</span>, mas a <span class="hps">mente</span> <span class="hps">da Igreja</span>. A <span class="hps">inspiração</span>
<span class="hps">artística</span> <span class="hps">não</span> <span class="hps">está
excluída</span>, <span class="hps">antes</span> <span class="hps">exercida</span> <span class="hps">dentro de regras (cânones)</span> <span class="hps">prescritas</span>. <span class="hps">É importante</span> <span class="hps">que iconógrafos sejam</span> <span class="hps">bons artistas</span>, no entanto, <span class="hps">mais</span> <span class="hps">importante ainda é que</span> <span class="hps">sejam</span> <span class="hps">cristãos sinceros,</span> <span class="hps">vivendo</span> <span class="hps">no</span> <span class="hps">espírito</span> <span class="hps">da</span> <span class="hps">Tradição</span>, preparando-se pel<span class="hps">a</span> <span class="hps">Confissão e a</span> <span class="hps">Santa Comunhão</span>.<br /><o:p></o:p></span><span lang="PT" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Objetivo</span> <span class="hps">desta</span> <span class="hps">Arte Sacra<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hpsatn"><span lang="PT" style="color: black;">"</span></span><span lang="PT" style="color: black;">Assim, dizemos <span class="hps">que</span> <span class="hps">um navio</span>, animal <span class="hps">ou</span>
<span class="hps">planta</span> <span class="hps">é boa</span>, não <span class="hps">por sua formação</span> <span class="hps">ou</span> <span class="hps">por</span>
<span class="hps">sua cor</span>, <span class="hps">mas a partir do</span> <span class="hps">serviço que</span> <span class="hps">presta</span>" <span class="hps">(São João Crisóstomo</span>). <span class="hps">O mesmo</span> <span class="hps">acontece</span> <span class="hps">com</span> <span class="hps">esta</span>
<span class="hps">arte</span> <span class="hps">sacra;</span> sua natrueza <span class="hps">é</span> <span class="hps">boa,</span> <span class="hps">não</span> <span class="hps">por conta</span> <span class="hps">de ser</span> <span class="hps">a
"arte</span> <span class="hps">da Igreja</span>", mas <span class="hps">pelo</span>
<span class="hps">serviço que presta</span> <span class="hps">à Igreja</span>. <span class="hps">Como</span> <span class="hps">tal,</span> <span class="hps">está</span> <span class="hps">entrelaçada</span> <span class="hps">com a</span> <span class="hps">vida</span>,
<span class="hps">a</span> <span class="hps">evolução e</span> <span class="hps">toda
a Tradição</span> <span class="hps">da Igreja</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Constantino</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Kalokyris</span>,
<span class="hps">em</span> <span class="hps">sua</span> <span class="hps">obra</span>
<span class="hps">intitulada</span> <span class="hps"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Iconografia</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> <span class="hps">Ortodoxa</span></i>, <span class="hps">sugere</span> <span class="hps">que</span>
<span class="hps">o caráter </span>e o significado<span class="hps"> fundamental</span>
<span class="hps">da</span> <span class="hps">Iconografia</span> Ortodoxa <span class="hps">é</span>:<br /><o:p></o:p></span><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">1. <span class="hps">A Arte</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">Serviço</span> <span class="hps">Espiritual<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">O conteúdo</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">da</span>
<span class="hps">Iconografia</span> <span class="hps">Ortodoxa</span> <span class="hps">foi</span> <span class="hps">diretamente determinado</span> <span class="hps">pelas necessidades</span> <span class="hps">e o profundo propósito</span>
<span class="hps">espiritual</span> <span class="hps">da Igreja</span>. <span class="hps">Ela serve</span> <span class="hps">para</span> <span class="hps">inspirar</span>,
<span class="hps">ensinar</span>, <span class="hps">guiar</span> <span class="hps">e</span>
<span class="hps">encorajar</span> <span class="hps">os fiéis</span> <span class="hps">em sua</span> <span class="hps">busca</span> <span class="hps">de
perfeição</span> <span class="hps">espiritual</span>. <span class="hps">Iconografia</span>
<span class="hps">expressa</span> <span class="hps">santidade</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">os significados</span> <span class="hps">mais</span>
<span class="hps">sublimes</span> <span class="hps">da Ortodoxia</span> <span class="hps">em seu</span> <span class="hps">conteúdo</span> <span class="hps">sagrado</span>:
<span class="hps">o</span> <span class="hps">Salvador</span>, a <span class="hps">Mãe
de Deus,</span> <span class="hps">os Apóstolos</span>, <span class="hps">os</span> <span class="hps">Poderes Angélicos,</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">os</span>
<span class="hps">Mártires da</span> <span class="hps">fé</span>.<br /><o:p></o:p></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">2</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">. A <span class="hps">Arte Litúrgica<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Mistério</span> <span class="hps">da Sagrada Eucaristia</span> <span class="hps">é o</span> <span class="hps">centro</span> <span class="hps">e a</span> <span class="hps">essência</span>
<span class="hps">da</span> <span class="hps">Liturgia</span> <span class="hps">(obra</span>
<span class="hps">do povo</span>). <span class="hps">Desde sua</span> <span class="hps">criação</span>, <span class="hps">a Iconografia</span> <span class="hps">estava
preocupada principalmente</span> <span class="hps">com</span> <span class="hps">este</span>
<span class="hps">propósito essencial</span> <span class="hps">da Igreja</span>. <span class="hps">Como</span> <span class="hps">tal,</span> <span class="hps">tem tentado</span>
<span class="hps">contribuir</span> <span class="hps">com</span> <span class="hps">seus
próprios meios</span> <span class="hps">para</span> <span class="hps">a compreensão</span>
<span class="hps"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pela parte dos fiéis</span>
<span class="hps">do</span> <span class="hps">grande Mistério</span> <span class="hps">da Sagrada Eucaristia</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">de todo o drama</span> <span class="hps">litúrgico</span>. I<span class="hps">lustrado</span> <span class="hps">nos mais antigos</span> <span class="hps">símbolos</span> <span class="hps">sagrados</span>: <span class="hps">o</span>
<span class="hps">peixe</span>, <span class="hps">o</span> <span class="hps">pão</span>,
<span class="hps">o</span> <span class="hps">cordeiro</span> <span class="hps">sacrificial</span>,
<span class="hps">o</span> <span class="hps">sacrifício</span> <span class="hps">de</span>
<span class="hps">Abraão,</span> <span class="hps">etc.</span> A<span class="hps"> Iconografia
envolve os temas</span> <span class="hps">litúrgicos</span> <span class="hps">da
Comunhão</span> <span class="hps">dos</span> <span class="hps">Apóstolos</span>, a <span class="hps">liturgia</span> <span class="hps">dos Anjos</span>, <span class="hps">o</span>
<span class="hps">auto-sacrifício</span>, <span class="hps">os</span> <span class="hps">hierarcas</span> <span class="hps">co</span><span class="atn">-</span>celebrante.<span class="hps">.</span>. Ela s<span class="hps">implesmente</span> <span class="hps">tenta</span>
<span class="hps">tornar</span> <span class="hps">o conteúdo</span> <span class="hps">compreensível</span> <span class="hps">sublime</span> <span class="hps">da</span>
<span class="hps">Divina Liturgia</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">em especial</span> <span class="hps">o ato</span> <span class="hps">litúrgico</span>
<span class="hps">da</span> <span class="hps">Sagrada Eucaristia.<br /></span><o:p></o:p></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">3</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">. <span class="hps">Arte</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">Teologia</span></span></b><span lang="PT" style="color: black;"> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">elevada<br /></b><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Esta</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">arte</span> <span class="hps">não
é</span> <span class="hps">apenas</span> <span class="hps">religiosa, como</span> <span class="hps">no</span> <span class="hps">Ocidente</span>, <span class="hps">mas</span>
também <span class="hps">teológica</span>. <span class="hps">Seus</span> <span class="hps">temas</span> <span class="hps">não estão</span> <span class="hps">apenas</span>
<span class="hps">relacionados com</span> <span class="hps">a história</span> <span class="hps">religiosa</span>, mas <span class="hps">são</span> <span class="hps">organizados</span>
<span class="hps">de acordo com</span> <span class="hps">a</span> elevada <span class="hps">teologia da</span> <span class="hps">Igreja Ortodoxa</span>. <span class="hps">Como tal</span>, <span class="hps">as Igrejas Ortodoxas</span> <span class="hps">são repletas</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">imagens</span>
<span class="hps">não</span> <span class="hps">apenas</span> <span class="hps">da
paixão</span>, mas <span class="hps">com a</span> <span class="hps">arte</span> <span class="hps">que retrata a vida</span> <span class="hps">de nosso</span> <span class="hpsatn">Senhor (as D</span>oze <span class="hps">Grandes Festas</span> <span class="hps">da</span> <span class="hps">Igreja</span>), <span class="hps">a</span> <span class="hps">Mãe de Deus</span>, <span class="hps">os Santos</span>, <span class="hps">os Evangelistas</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">os Poderes</span>
A<span class="hps">ngélicos</span>, <span class="hps">sob</span> <span class="hps">as
bênçãos</span> <span class="hps">do</span> <span class="hps">Senhor.</span> <span class="hps">Além de estarem "representados</span>" <span class="hps">de</span>
<span class="hps">maneira a</span> <span class="hps">sugerir</span> <span class="hps">sua verdadeira natureza</span>: <span class="hps">em comunhão</span> <span class="hps">com</span> <span class="hps">os Santos</span>, <span class="hps">terrenos</span>,
<span class="hps">ou</span> <span class="hps">privados do</span> <span class="hps">Espírito</span>
<span class="hps">da </span>G<span class="hps">raça.<br /><o:p></o:p></span></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">4</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">. <span class="hps">Uma</span> <span class="hps">Arte</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">profundidade<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Iconografia</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> O<span class="hps">rtodoxa</span>
<span class="hps">é</span> <span class="hps">uma forma de arte</span> <span class="hps">expressionista</span> <span class="hps">que</span> <span class="hps">procura</span>
<span class="hps">transmitir a</span> <span class="hps">mais profunda</span> <span class="hps">experiência de vida</span> <span class="hps">que</span> <span class="hps">a alma possui</span>. <span class="hps">Arte</span> <span class="hps">bizantina</span>,
portanto, <span class="hps">usa</span> <span class="hps">recursos de</span> <span class="hps">animação</span> <span class="hps">intensa</span> <span class="hpsatn">(</span>isto
é, <span class="hps">olhos grandes</span>, <span class="hps">boca</span> <span class="hps">pequena</span>, orelhas <span class="hps">grandes</span>), cores
brilhantes, <span class="hps">e</span> <span class="hps">as posturas</span> <span class="hpsatn">(</span>postura <span class="hps">frontal</span> <span class="hps">ou
seja,</span> <span class="hps">dos Santos</span> <span class="hps">que estão em</span>
<span class="hps">comunhão</span> <span class="hps">direta com</span> <span class="hps">Deus</span>) para <span class="hps">sugerir</span> <span class="hps">o</span>
<span class="hpsatn">verdadeiro "</span>espírito” do Santo <span class="hps">retratado</span>.
D<span class="hps">iferenças</span> <span class="hps">entre</span> <span class="hps">a
arte</span> <span class="hps">sacra</span> <span class="hps">do</span> <span class="hps">Ocidente</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">do</span> <span class="hps">Oriente</span> <span class="hps">são</span> <span class="hps">ilustrados</span>
<span class="hps">em ambos</span> <span class="hps">os</span> <span class="hps">ícones</span>
<span class="hps">da Crucificação e</span> <span class="hps">Ressurreição</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">5</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">. <span class="hps">Relação</span> <span class="hps">com</span>
<span class="hps">modelos</span> <span class="hps">Ideais e</span> <span class="hps">Naturais<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Tudo</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">na</span> <span class="hps">Igreja
deve</span> <span class="hps">aludir</span> <span class="hps">ao</span> <span class="hps">mundo celeste</span>, <span class="hps">espiritual e</span> <span class="hps">transcendental</span>. <span class="hps">Portanto</span>, <span class="hps">a Iconografia</span> <span class="hps">Ortodoxa</span> <span class="hps">evita</span>
<span class="hps">a</span> <span class="hps">representação</span> <span class="hps">das
formas</span> <span class="hps">sagradas de acordo com</span> <span class="hps">a
realidade</span> <span class="hps">natural</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">procura</span>, através de <span class="hps">uma</span> <span class="hps">abstração</span> <span class="hps">verdadeiramente</span> <span class="hps">maravilhosa</span>, <span class="hps">para expressar a</span> <span class="hps">realidade</span> <span class="hps">espiritual</span> <span class="hps">que</span>
<span class="hps">constitui a</span> <span class="hps">verdade maior</span>.<br /><o:p></o:p></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">Questão e Forma (Conteúdo e Estilo)</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> da <span class="hps">Iconografia</span> <span class="hps">Ortodoxa<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">pressuposto básico da</span>
<span class="hps">Iconografia</span> <span class="hps">Ortodoxa</span> <span class="hps">desenvolvido</span> <span class="hps">pela</span> <span class="hps">Sagrada
Escritura, pelos</span> <span class="hps">Concílios Ecumênicos</span>, <span class="hps">e</span> pel<span class="hps">os Padres</span> <span class="hps">da
Igreja</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">um "novo</span>" <span class="hps">homem</span>
<span class="hps">e</span> de um "<span class="hps">novo" mundo,</span> <span class="hps">em Cristo</span>. <span class="hps">Esta</span> <span class="hps">arte</span>
<span class="hps">subordinada</span> <span class="hps">à Igreja</span> <span class="hps">foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">obrigada</i></span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">formular</span> <span class="hps">tal</span> <span class="hps">idéia</span> <span class="hps">em sua expressão.<br /><o:p></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">Os Fundamentos</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">da</span> <span class="hps">Iconografia:<br /></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">• A</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">pessoa</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">Cristo</span> <span class="hps">não é</span> <span class="hps">retratada exclusivamente</span> com <span class="hps">características</span>
<span class="hps">humanas</span> tal <span class="hps">como</span> <span class="hps">no
Ocidente</span>. <span class="hps">Ele não</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">apenas</span> <span class="hps">humano,</span> <span class="hps">mas</span>
<span class="hps">ao mesmo tempo Deus</span> <span class="hps">e homem</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Deus-</span>Pai <span class="hps">não pode</span> <span class="hps">ser</span> <span class="hps">retratado</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">A</span> <span class="hps">Mãe
de Deus</span> <span class="hps">não é</span> <span class="hps">representada</span>
<span class="hps">simplesmente como</span> <span class="hps">uma virgem</span> <span class="hps">antes do Espírito</span> <span class="hps">do Senhor</span> <span class="hps">vir</span> pairar sobre Ela. <span class="hps">Antes indica o</span> <span class="hps">dogma</span> <span class="hps">da</span> <span class="hps">Encarnação</span>,
trazendo em <span class="hps">Si</span> <span class="hps">Aquele Que</span> <span class="hps">não pode ser</span> <span class="hps">contido</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Os Santos</span> <span class="hps">são</span> <span class="hpsatn">"</span>representados" <span class="hps">como</span> <span class="hps">cidadãos dos Céus</span> <span class="hps">sugerindo</span>
<span class="hps">a realidade</span> <span class="hps">abençoada para além deste</span>
<span class="hps">mundo.<br /><o:p></o:p></span></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">As
particularidades da</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Iconografia<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">A coloração no</span> <span class="hps">rosto</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">os detalhes do</span>
<span class="hps">corpo</span> <span class="hps">nu,</span> <span class="hps">a
transição entre a</span> <span class="hps">pessoa</span> <span class="hps">das
trevas</span> <span class="hps">à luz</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">Cristo</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">• Ós órgãos</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">sensoriais
não</span> <span class="hps">são</span> <span class="hps">apresentados de acordo
com</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">natureza</span>, <span class="hps">com a </span>realidade <span class="hps">anatômica</span> que conhecemos
<span class="hps">pois que</span> <span class="hps">cada um deles</span> <span class="hps">tendo percebido</span> <span class="hps">e recebido</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">revelação</span> <span class="hps">divina</span>,
<span class="hps">torna-se</span>, <span class="hps">desde então,</span> <span class="hps">um instrumento do Espírito</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">A boca</span> <span class="hps">é de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>forma</span> pequena. Ela<span class="hps"> indicar</span> <span class="hps">que</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">pessoa</span> <span class="hps">sagrada</span> <span class="hps">obedece
ao</span> M<span class="hps">andamento</span> <span class="hps">sagrado</span> <span class="hps">de Deus</span> <span class="hpsatn">(</span>não andeis ansiosos pela <span class="hps">vida preocupados com o que</span> <span class="hps">comereis)</span>, <span class="hps">buscando primeiro o</span> <span class="hps">alimento da vida</span>, <span class="hpsatn">(</span>o <span class="hps">Reino</span> <span class="hps">dos</span> <span class="hps">Céus</span> <span class="hps">e Sua</span> <span class="hps">justiça).<br /><o:p></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">A</span> <span class="hps">coroa</span>
<span class="hps">de</span> <span class="hps">luz</span> <span class="hps">na</span> I<span class="hps">conografia</span> O<span class="hps">rtodoxa</span> – auréola – <span class="hps">significa</span> <span class="hps">a glória</span> <span class="hps">que
irradia</span> <span class="hps">da pessoa</span> <span class="hps">representada</span>.
<span class="hps">Ela envolve</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">cabeça</span>
<span class="hps">por ser ela</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">o</span>
<span class="hps">centro</span> <span class="hps">do</span> <span class="hps">espírito</span>,
pensamento <span class="hps">e</span> <span class="hps">compreensão</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Os pés</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">as mãos são</span> <span class="hps">igualmente</span>
<span class="hpsatn">"</span>distorcidos". <span class="hps">As mãos</span>
<span class="hps">são</span> <span class="hps">geralmente</span> <span class="hps">proporcionais</span>
<span class="hps">à</span> <span class="hps">cabeça</span> <span class="hps">(pelo</span>
<span class="hps">menos</span> <span class="hps">a</span> <span class="hps">mão</span>
da <span class="hps">benção</span>) <span class="hps">com dedos</span> <span class="hps">longos</span>, significando <span class="hps">uma</span> <span class="hps">intensidade</span> <span class="hps">espiritual,</span> <span class="hps">enquanto</span> <span class="hps">os</span> <span class="hps">pés</span> <span class="hps">são grandes</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">pouco</span>
<span class="hps">fundamentados</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">•</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">O</span> <span class="hps">corpo
nu</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">subjugado</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">neutralizado</span> <span class="hps">pelo
espírito</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">• O projeto de</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">vestuário</span> <span class="hps">ou</span> a expressão<span class="hps"> do</span> <span class="hps">corpo espiritual</span> <span class="hps">dos</span>
S<span class="hps">antos</span> <span class="hps">cobertos por eles</span>. <span class="hps">Em virtude</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">suas
dobras</span> <span class="hps">simples</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">suas</span> <span class="hps">sobreposições</span> <span class="hps">mais
amplas</span>, eles <span class="hps">não</span> <span class="hps">parecem naturais</span>,
cubrindo <span class="hps">simplesmente</span> <span class="hps">o</span> <span class="hps">corpo</span> <span class="hps">humano.<br /><o:p></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">• O</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> principal <span class="hps">interesse</span> <span class="hps">na</span> I<span class="hps">conografia</span> <span class="hps">é</span>
<span class="hps">limitado</span> <span class="hps">às pessoas</span> <span class="hps">sagradas</span>, <span class="hps">enquanto</span> <span class="hps">o
segundo plano</span> <span class="hps">é</span> <span class="hps">subordinado</span>
<span class="hps">a eles</span>. <span class="hps">Portanto,</span> <span class="hps">o segundo plano não</span> <span class="hps">aparece</span> <span class="hps">independente</span> <span class="hps">das pessoas</span>, mas <span class="hps">dependente delas</span>.<br /></span><span lang="PT-BR" style="color: #888888;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Ícone</span> <span class="hps">mais</span>
<span class="hps">perfeito<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">A
pessoa de</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Cristo.<br /><o:p></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Ícone</span> <span class="hps">Verbal de</span>
<span class="hps">Cristo<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">O</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">livro</span> <span class="hps">das Sagradas Escrituras.<br /><o:p></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">Um</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Ícone</span> <span class="hps">de Deus na</span>
<span class="hps">Criação<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Criados</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">à Sua
semelhança</span>, <span class="hps">os seres humanos</span> <span class="hps">são
ícones</span> <span class="hps">de Deus</span> <span class="hps">através da</span> <span class="hps">virtude</span>, <span class="hps">ou seja</span>, não <span class="hps">fisicamente,</span>
<span class="hps">mas</span> <span class="hps">através de nossa liberdade</span>,<span class="hps"> nossa razão</span>, nosso <span class="hps">senso de</span> <span class="hps">responsabilidade moral</span>, enfim, tudo <span class="hps">que</span>
<span class="hps">nos distingue da</span> <span class="hps">criação</span> <span class="hps">animal</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></b></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">A</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Controvérsia</span> <span class="hps">iconoclasta<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><u><span lang="PT" style="color: black;">Iconoclastas</span></u></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">–</span> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quebradores</i> de
Ícones, <span class="hps">duvidosos</span> <span class="hps">de que qualquer</span>
<span class="hps">arte religiosa</span> pudesse <span class="hps">representar</span>
<span class="hps">seres</span> <span class="hps">humanos</span> <span class="hps">ou
Deus</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><u><span lang="PT" style="color: black;">Iconódulos</span></u></span><u><span lang="PT" style="color: black;"> </span></u><span lang="PT" style="color: black;">– <span class="hps">veneradores</span> <span class="hps">de</span> <span class="hps">ícones</span> e <span class="hps">defensores vigorosos do</span> <span class="hps">uso de</span> <span class="hps">ícones</span> <span class="hps">na Igreja</span>.<br /><o:p></o:p></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span></span><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">A</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">controvérsia</span> <span class="hps">Iconoclasta</span> <span class="hps">que</span> <span class="hps">durou</span>
<span class="hps">cerca de 120</span> <span class="hps">anos,</span> <span class="hps">se divide em duas</span> <span class="hps">fases</span>. <span class="hps">Primeiramnte,</span> <span class="hps">em</span> <span class="hps">726,</span>
<span class="hps">quando</span> <span class="hps">Leão</span> <span class="hps">III</span>
<span class="hps">inicia</span> <span class="hps">seu</span> <span class="hps">ataque</span>
<span class="hps">aos</span> <span class="hps">ícones, concluíndo-se</span> <span class="hps">em</span> <span class="hps">780</span> com a suspensão d<span class="hps">as</span> <span class="hps">perseguições</span> por parte da <span class="hps">Imperatriz Irene</span>. <span class="hps">A</span> <span class="hps">posição</span>
dos <span class="hps">iconódulos</span> <span class="hps">foi</span> <span class="hps">confirmada pelo</span> S<span class="hps">étimo e</span> <span class="hps">último</span> <span class="hps">Concílio Ecumênico</span> <span class="hps">(787</span>), <span class="hps">que se reuniu</span>, tal como o P<span class="hps">rimeiro</span>, <span class="hps">em Nicéia</span>. Este <span class="hps">Concílio</span> <span class="hps">proclama que os ícones</span> <span class="hps">devem</span> <span class="hps">ser</span> <span class="hps">mantidos</span>
<span class="hps">nas igrejas</span> <span class="hps">e</span> <span class="hps">honrados</span>
<span class="hps">com</span> <span class="hps">a uma veneração</span> <span class="hps">correspondente</span> <span class="hps">à</span><span class="hpsatn">
"</span>preciosa <span class="hps">e</span> <span class="hps">vivificante</span>
<span class="hps">Cruz</span>" <span class="hps">e o</span> <span class="hps">Evangeliário</span>.
<span class="hps">Um</span> <span class="hps">novo ataque</span> <span class="hps">aos
ícones</span>, iniciada <span class="hps">por</span> <span class="hps">Leão</span> <span class="hps">V,</span> <span class="hps">o Armênio</span>, em 815 <span class="hps">continua</span>
<span class="hps">até</span> <span class="hps">843, altura em que os ícones</span> <span class="hps">são novamente</span> <span class="hps">reintegrados,</span> <span class="hps">por</span> <span class="hps">outra</span> <span class="hps">Imperatriz</span>,
<span class="hps">Teodora.</span> <span class="hps">A vitória</span> <span class="hps">final</span> <span class="hps">das</span> I<span class="hps">magens Sagradas</span>
<span class="hps">em</span> <span class="hps">843</span> <span class="hps">é</span> <span class="hpsatn">conhecido como o "</span>Triunfo da Ortodoxia", <span class="hps">comemorado num</span> ofício <span class="hps">especial</span> <span class="hps">no</span> <span class="hpsatn">"</span>Domingo da <span class="hps">Ortodoxia"
–<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Primeiro Domingo</span> da Grande <span class="hps">Quaresma.<br /><o:p></o:p></span></span><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span><span class="hps"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;">A</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">Veneração dos</span> <span class="hps">Ícones<br /><o:p></o:p></span></span></b><span class="hps"><span lang="PT" style="color: black;">Os ícones</span></span><span lang="PT" style="color: black;"> <span class="hps">são</span>
<span class="hps">símbolos</span>. <span class="hps">A</span> <span class="hps">reverência</span>
<span class="hps">e</span> <span class="hps">veneração</span> <span class="hps">dirigida
aos ícones</span> <span class="hps">não</span> <span class="hps">é direcionada</span>
<span class="hps">à</span> <span class="hps">madeira,</span> <span class="hps">à</span>
<span class="hps">pedra</span>, ou <span class="hps">à</span> <span class="hps">pintura</span>,
mas antes <span class="hps">às pessoas</span> <span class="hps">ai representadas</span>.<br /><o:p></o:p></span><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT" style="color: black;"><o:p> </o:p></span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-83841497689164526392021-01-11T02:21:00.006-08:002021-01-11T02:21:00.181-08:00ESCATOLOGIA E MORAL - OS FUNDAMENTOS ESCATOLÓGICOS DA VIDA EM CRISTO SEGUNDO SÃO JOÃO CRISÓSTOMO<div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>YAZIGI, Metropolita Paulo de Allepo<br /></b></span><span style="font-family: verdana;"><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><i><br /></i></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-a0zZaAmCVBs/X_gy2bJEC9I/AAAAAAAAHk0/UdRHDMRWasUten5Nz7gPCRmXuYqkVn54ACLcBGAsYHQ/s450/16ec412105fcdc2398d4cd29b4a2ee85.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="340" height="439" src="https://1.bp.blogspot.com/-a0zZaAmCVBs/X_gy2bJEC9I/AAAAAAAAHk0/UdRHDMRWasUten5Nz7gPCRmXuYqkVn54ACLcBGAsYHQ/w332-h439/16ec412105fcdc2398d4cd29b4a2ee85.jpg" width="332" /></a></div><br /><p><br /></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Por “vida em Cristo” compreendemos imediatamente uma
vida cujas perspectivas ultrapassam os limites e as definições deste mundo para
atingir aquelas da escatologia. Tal perspectiva escatológica implica
consequências imediatas para toda a teologia, a cosmologia, a economia e a
antropologia da Igreja Ortodoxa. Doravante, a própria escatologia se apresenta,
junto a São João Crisóstomo exatamente como um diálogo entre a filantropia de
Deus e a liberdade do homem. Graças a tal perspectiva, o santo Pai faz figura
de profeta do amor e doutor da liberdade. O amor e a liberdade são os dois
traços característicos e os dois privilégios da teologia ortodoxa, elas
diferenciam esta última da teologia e da via ocidental, tanto no domínio do
dogma como naquele do ethos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">O Deus uno, que não tem necessidade de nada e que ama
o homem, cria o mundo e se ocupa dele com desinteresse e “filantropia”. Esta
filantropia divina constitui o fundamento que permite a moral cristã de
considerar com otimismo e de conceber positivamente a criação e a economia
divina. Assim, o homem não se encontra no caos do mundo que o precede, como um
ser insignificante, mas como seu rei. A criação é a serva e é justamente tal
diaconia que lhe outorga seu sentido. Eis porque a criação segue o homem e seu
porvir depende da perfeição do homem. O homem adquiri seu valor próprio não
como um elemento da criação mas como um ser criado “segundo a imagem e
semelhança de Deus”. Ele foi criado não perfeito e imortal, mas como um ser
mortal que aspira à perfeição; pois que a perfeição dada desde o início não
saberia ser uma virtude. Mas o homem assim criado não era também uma criança
ingênua, antes um ser capaz de atingir, com a ajuda divina, a perfeição e a
imortalidade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">O fato de que o estado presente do homem difere de seu
estado primitivo deve-se exclusivamente à sua queda. A vontade de Deus é
absolutamente boa; o projeto escatológico de Deus é positivo e não significa
fatalismo; a existência do diabo não significa imposição de sua má vontade.
Caso contrário, o mal é sem existência e se introduz na criação como um
parasita. A mortalidade não mais agride a vontade humana. A má utilização da
liberdade constitui a única causa da queda, esta consideração é fundamental,
pois o retorno do homem à sua destinação primária pressupõe a boa utilização de
sua liberdade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">A queda do homem decerto faz retardar a perfeição
imediata dele próprio, bem como seu alcance da imortalidade; mas a filantropia
de Deus, que age como um médico, faz com que as consequências da queda sejam
transformadas em tratamento terapêutico e cura para o homem decaído. Assim,
fora de tal aprofundamento escatológico, a morte, o trabalho ardoroso, a
escravidão etc. são elementos que trazem medo, que conduzem o homem ao lucro e
ao pecado pelo qual se instala o reino de Satã.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Neste estado “contra natureza”, ao homem que pode
viver segundo a carne também é possível viver segundo o espírito. A vida dos
santos demonstra que o combate entre a carne e o espírito é um combate moral e
não ontológico e que o retorno consiste na “opinião” e se obtém pela “vontade”.
A vista escatológica da fé e a liberdade curam a fraqueza da natureza humana e reconduzem
o homem no caminho da perfeição.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Eis porque São João Crisóstomo põe o acento sobre a
educação tanto em relação à vontade, levando em conta que uma forma a outra.
Uma educação correta pode oferecer ao homem o discernimento do “bem” e a
sabedoria salvadora da serpente. O conhecimento do bem é fácil, pois a virtude
existe “por natureza”, enquanto o mal é “contra natureza”. A consciência ensina
o homem os primeiros elementos da virtude somente; a Lei mais exige e pune do
que ajuda; a obra de Cristo constitui o “pleroma”. Ela é superior pelo fato,
não somente de revelar a verdade graças à qual o homem não segue mais um
mandamento, mas imita Cristo; esta Verdade abole igualmente o mal supremo que é
a morte; no que concerne Cristo, em Seu nascimento da Virgem pelo Espírito
Santo – como segundo Adão e como uma nova criatura -; no que concerne o homem,
na cruz. Quanto à Ressurreição de Cristo, ela constitui, para São João
Crisóstomo, uma abertura aos últimos tempos. Ao demonstrar que a morte é um
sono e que o inimigo foi vencido, abrem-se então as vias à aquisição das
virtudes superiores; eis a primeira ressurreição do mundo, sua ressurreição
moral. Por este fato, São João Crisóstomo justifica a Ressurreição de Cristo.
Todavia, a imitação e a apropriação da morte e da ressurreição de Cristo só são
obtidas para o homem no batismo, uma primeira vez, na comunhão aos Santos
Mistérios, em seguida e de maneiras repetidas. A nova moral da Igreja, fundada
escatologicamente sobre a Ressurreição, é superior à antiga tanto do ponto de
vista das novas virtudes como de seus métodos terapêuticos mais eficazes.
Assim, para atingir o mesmo objetivo, a moral cristã emprega, decerto, a razão,
o temor do castigo ou a esperança da recompensa, mas prefere antes de tudo o
amor perfeito e a lei da liberdade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Nesta perspectiva escatológica da Igreja ortodoxa, tal
como desenvolvida por São João Crisóstomo, a vida presente é considerada, por
um lado, como o tempo favorável para a cura e a perfeição, mas por outro lado é
também considerada como uma vaidade e uma torpeza em virtude dos prazeres e da
vanglória; a vida presente é um albergue ou uma estrada e não “a cidade de
nossa morada”. Esta estrada é o “caminho estreito”. No entanto, suas dores são
consideradas numa perspectiva escatológica como meios terapêuticos e não como
um castigo, um acordo, um testemunho escatológico e uma glória. Com suas dores,
o fiel obtém a aliança com o Espírito Santo, do mesmo modo como sua virtude lhe
traz a alegria. Tal armadura, a virtude, é obtida pela sinergia da graça divina
e da liberdade humana. A graça tem um papel inicial de convite. Comparadas à
graça, as obras são de um valor mínimo quanto ao papel desenvolvido, mas têm o
mesmo valor que a graça quanto à necessidade de sua existência; sendo assim também
indispensáveis. A ascese estende a corda no vento do Espírito. A humildade é a
coisa preliminar à verdadeira virtude, enquanto o amor desinteressado é seu
próprio objeto.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Graças à perspectiva escatológica, a prática da
virtude pode ser realizada de inúmeras maneiras. Enquanto o monaquismo,
enquanto vida angélica e primícia dos últimos fins, é a maneira por excelência,
o fiel pode atingir o objetivo final de outra forma. O matrimônio é louvável;
ele é considerado como um método escatologicamente terapêutico pelo amor e a
obediência salutares. A paternidade e a maternidade são antes de tudo
espirituais. A mãe é considerada segundo o modelo da mãe dos mártires, como por
exemplo a mãe dos Macabeus; mãe é aquela que gera “filhos de Deus” em seu
reino. A educação das crianças não pode ser nada mais do que a formação dos
“filósofos” dirigidos ao céu.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Nesta mesma perspectiva escatológica, as diversas
estruturas da vida social são vistas como uma “ascese” e não como uma
“violência”; elas visam o “amor” e não somente a “necessidade”. Assim o valor
fundamental do trabalho é o valor espiritual, antropológico e social.
Dever-se-ia, então, manter a superioridade do espírito sobre a matéria. Sob um
ângulo escatológico, a “riqueza” é a própria “pobreza em espírito”. É somente
neste caso que os bens tornam-se um meio de ascese e de amor. Por consequência,
a esmola repousa sobre a própria natureza da riqueza; é uma ascese que purifica
aquele que dá, rendendo, ao mesmo tempo, serviço àquele que recebe. <a name="_GoBack"></a><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;">Logo, tais fundamentos escatológicos definem as noções
mais fundamentais da vida cristã e funcionam da mesma maneira que todas as
soluções morais do cristianismo. Quando tais fundamentos escatológicos são
esquecidos, o dogma e a vida são alterados igualmente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="NoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-64295969841748649182021-01-09T02:14:00.003-08:002021-01-09T02:14:04.873-08:00CRISTO, VERDADEIRO E PERFEITO HOMEM<div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><b>BLOOM, Metropolita
Anthony de Sourozh</b></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><i><b>tradução de monja Rebeca (Pereira)</b></i></span></div><span style="font-family: verdana;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><o:p> </o:p></span></i></div></i><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-1NU38MkSZQQ/X_gxL2Yh7QI/AAAAAAAAHko/ZQXnXo_9aLkqor0pDMAYQ7AlAbFex99swCLcBGAsYHQ/s651/Main-image-bloom_article_image.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="291" data-original-width="651" src="https://1.bp.blogspot.com/-1NU38MkSZQQ/X_gxL2Yh7QI/AAAAAAAAHko/ZQXnXo_9aLkqor0pDMAYQ7AlAbFex99swCLcBGAsYHQ/s16000/Main-image-bloom_article_image.png" /></a></div><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">A Encarnação, o fato
de Deus tornar-Se homem, é uma revelação de ambos, de Deus e do homem. Para
entender, portanto, o quão plenamente o homem é revelado através da Encarnação,
é preciso redescobrir o quão plenamente Deus é revelado. Os deuses da
antiguidade, do discurso filosófico, eram sempre imagens da grandeza do homem
ou da grandeza que o homem podia perceber ou imaginar em um ser super-humano. O
que nenhuma religião, nenhuma filosofia, nunca ousou apresentar foi um deus que
torna-Se homem, sofre e esvazia-Se de Seu esplendor a fim de tornar-Se
plenamente e completamente acessível a nós. Na Encarnação nós descobrimos que
nosso Deus, o Único Santo de Israel, o Criador do mundo, a Beleza que
ultrapassa toda beleza, a Verdade é a única Realidade do mundo; que este Deus
escolhe, em um ato de amor, a fim de identificar-Se com o destino da
humanidade, a fim de trazer para Si a total e derradeira responsabilidade pelo
Seu ato criativo; que toda a beleza do mundo é chamada a se expor, enquanto ao
mesmo tempo Ele dá ao mundo a liberdade que destrói e distorce esta beleza.
Este Deus escolhe tornar-Se frágil, vulnerável, indefeso e desprezível aos
olhos de todos aqueles que acreditam somente na força, no poder e em vitória
visível e temporária – um devoto, um homem crente não poderia ter inventado
semelhante Deus. Conceber um deus nestes termos seria uma blasfêmia. E agora,
Deus Se revela como tal: vulnerável, indefeso, frágil e desprezível. Esta é a
loucura da Cruz da qual São Paulo fala. E a loucura não é somente nossa; é a
loucura de Deus da mesma forma. Alguns místicos falam do amor divino como sendo
loucura, porque para oferecer amor a criaturas como nós, que podemos ser
incapazes de corresponder, que podemos rejeitá-lo e esmagá-lo sob nossos pés
como o porco esmaga a pérola de elevado preço na parábola, é loucura. Mas,
então, São Paulo diz, a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria do homem.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Se nós falamos da
revelação do homem em todo o seu esplendor através de Cristo, nós devemos
perceber que isto pode somente ser efetivado por um Deus que aceita tornar-Se
indefeso. Angelus Silesius, o místico alemão, diz: <i>“Eu sou tão grande quanto Deus; Ele é tão pequeno quanto eu”</i>. Nós
precisamos pensar no que isso significa. Por outro lado, como eu disse, a
Encarnação é também uma revelação da grandeza do homem. Ela é a revelação do
fato de que o homem foi criado por Deus de tal forma que, não somente em
espírito, mas também em alma e em corpo, ele pode ser não somente portador do
espírito, mas portador de Deus. Ele pode não somente ver Deus face a face, ser
um amigo de Deus, estar na mais profunda relação possível de obediência e
comunhão, mas pode também, nas ousadas e inspiradas palavras de São Pedro,
tornar-se um participante da natureza divina, pode tornar-se, mesmo enquanto
permanece homem, o que Deus é em Sua natureza, exatamente como Deus, sendo deus
por natureza, torna-se homem por participação. A união é igualmente completa –
e gloriosa – em ambos os casos. A Encarnação não é somente a revelação do homem
em sua grandeza, em seu potencial divino, é também uma revelação em novos
termos do potencial do mundo físico criado. Se a divindade de Cristo podia
unir-se ao corpo na Encarnação, isto significa que o corpo material da
Encarnação era capaz de tal unidade com o próprio Deus – não com o Divino como
uma noção, não com o Divino como simplesmente uma graça de Deus derramada sobre
nós – que, com Deus, ele pode ser verdadeiramente divinizado. Se isso é verdade
para o corpo de Cristo, então é verdade para toda a realidade material deste
mundo. Significa que as palavras de São Paulo, quando diz que chegará o dia
quando Deus será <i>“tudo em todos”</i>,
deve ser tomada em seu sentido mais realista. Deus, a divina Presença,
penetrará todas as coisas criadas – toda humanidade e todo o mundo criado. O
mundo tornar-se-á então a gloriosa vestimenta de Deus, o corpo de Deus, a
Encarnação de um Deus que estará sempre além do seu mundo, mas que tornar-Se-á
imanente a todas as coisas neste mundo, a tudo que Ele criou. Nos sacramente
nós já temos uma visão deste verdadeiro ato. Quando nós dizemos que este pão e
este vinho tornam-se o Corpo e Sangue de Cristo nós vemos, em termos
escatológicos, que pão e vinho, e toda a matéria representada por eles, são
chamadas a ser: o Corpo de Cristo e o Sangue de Cristo. Portanto, a Encarnação
nos dá não somente uma imagem histórica de uma relação entre Deus, o Salvador,
e nós. Ela nos dá um vasto panorama, uma visão de que o mundo todo é chamado a
estar em Deus: <i>“Eu neles e Tu em mim. Eu
em Ti, Pai, e eles em mim”</i>, São Paulo diz, nossa vida já está <i>“escondida com Cristo em Deus”.</i> Quando
nós pensamos na Encarnação e em Cristo-Homem, nós precisamos ter cuidado em não
cair na heresia de separar a divindade da humanidade, olhando para elas
separadamente apesar de vê-las em sua unidade. Esta unidade foi lindamente
expressa por São Máximo, o Confessor, o qual afirma que a união entre a
humanidade e a divindade de Cristo é como a união do fogo e do ferro que
aparece quando você mergulha uma espada de ferro dentro da fornalha até ela
arder em brasa.<i> “Fogo e ferro”</i>, ele
diz,<i> “estão unidos agora em um
indistinguível modo. Você não pode separar de forma alguma um do outro”.</i>
Este é o dogma de Calcedônia. Assim é a sua unidade, para usar as próprias
palavras de São Máximo, <i>“ele agora pode
queimar com ferro e cortar com fogo”.</i> A imagem do fogo e um objeto criado
nos leva direto à imagem bíblica de Deus como fogo, direto ao Deus que Se
revela na sarça ardente. Padre Lev Gillet escreve que o fogo de Deus queima
somente o que é mal e não se alimenta do que põe chama. Ele o transforma em
arbusto flamejante sem reduzi-lo a cinzas. É o que acontece na Encarnação.
Deus, o Fogo Divino, vem sobre um ser humano, e é esta entidade humana que é
feita dentro de uma plenitude do Ser, sem nenhuma mudança em sua natureza. Isso
ocorre do mesmo modo em que o pão torna-se o Corpo de Cristo e o vinho torna-se
o Sangue de Cristo na Sagrada Liturgia. Eles ainda permanecem eles mesmos,
porque Deus não aniquila sua criatura no processo de torná-la em alguma outra
coisa, alguma coisa essencialmente diferente. Incidentalmente, parte da
tentação que o demônio ofereceu a Cristo foi apenas esta, “Você criou pedras”,
ele disse, “agora desfaça seu ato de criação e transforme-as em pão. Você criou
pão e vinho, desfaça seu ato de criação, aniquile sua verdadeira realidade e
transforme-os em algo diferente”. Não, Deus faz coisas diferentes para
elevá-las a um estado escatológico. Na primeira oração do Cânon da Liturgia nós
dizemos:<i> “Tu não cessaste de fazer tudo
para nos elevares ao Céu, concedendo-nos a graça do Teu Reino futuro”</i>.
Logicamente é um absurdo. Como nós podemos participar agora em algo que está
além de nós? E ainda é realidade escatológica: as coisas finais e decisivas já
estão aqui, porque Deus veio ao mundo e porque o mundo não é mais um mundo que
permanece face a face com Deus. É um mundo no qual Deus é imanente, mesmo
enquanto Ele permanece o Deus transcendente. E este é o Deus em quem nós
acreditamos. No fim do nono capítulo do Livro de Jó, no versículo 33, Jó
descreve seu desesperado conflito com Deus e diz: <i>“Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos”</i>. Não
havia certamente alguém que pudesse intervir entre as duas partes conflitantes,
entre Deus Onipotente e o homem em sua fragilidade – e simultaneamente em sua
pureza de intenções e, consequentemente, em sua retidão. Não havia alguém que
pudesse ser igual a ambos, que pudesse intervir no conflito, colocar sua mão no
ombro do Senhor e no ombro do homem, não para dividi-los, mas para juntar o que
havia sido separado. Isso é atingido na Encarnação. Na Encarnação este conflito
entre Deus e o homem torna-se um confronto dentro de uma Pessoa, uma Pessoa que
é, simultaneamente e igualmente, ambos, homem e Deus. Nesta Pessoa há uma
unidade que é Deus e homem, a <i>hypostasis</i> de Cristo, na qual tudo que é
humano é confrontado com tudo que é de Deus para que o conflito seja resolvido
de dentro pela tragédia interna e vitória da unidade entre estes dois. De
dentro da perspectiva da Encarnação pode-se ver o que a intercessão do Verbo
realmente significa. A intercessão do Verbo significa “intervenção” que conduz
ao coração do conflito. É o que Cristo faz. Mas, ao mesmo tempo, Ele une, ele
traz todo o conflito para dentro Dele mesmo e o resolve lá. E é porque, tendo
resolvido dentro d’Ele mesmo, Ele pode resolvê-lo para o mundo todo, para o
homem, para a história e para o cosmos. Este modo de resolver o conflito
envolve as duas naturezas e as duas vontades. Não haveria solução para o
conflito se Cristo não fosse verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem em
todos os aspectos, exceto no pecado. Mas este conflito também não poderia ser
resolvido se Cristo – a <i>hypostasis</i> – não possuísse duas vontades. Se a
vontade de Deus se sobrepusesse à vontade do homem, a harmonia não seria
restaurada. Se a vontade do homem permanecesse para sempre independente da
vontade de Deus e num estado de confrontação com ela, não haveria novamente harmonia.
É somente porque há em Cristo tudo que é humano, inclusive a liberdade do
homem, e tudo que é Deus, inclusive a liberdade de Deus, a grandeza, a
humildade, a entrega e <i>kenosis</i> de Deus, que a vitória pode ser
alcançada. Duas naturezas são unidas e um novo Adão nasce. Por que?</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Quando Adão foi
criado, ele não foi criado como um indivíduo, como parte de uma já existente
multiplicidade de seres humanos. Ele tinha nele mesmo a total humanidade
naquele momento. Porém naquele momento ele não era um indivíduo, mas uma
pessoa. Não havia nenhuma divisão, nenhuma fragmentação, nenhum pecado, nenhum
mal nele. Ele era completamente pleno, com a totalidade da inocência e da
santidade. Ele conhecia Deus e era conhecido por Deus, em termos de comunhão,
de conhecimento “face a face”, de visão e contemplação.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Na Encarnação, Cristo
não é simplesmente um indivíduo entre outros indivíduos. Na linguagem de São
João Evangelista, Ele não nasceu da vontade do homem, nem da vontade da carne,
mas da vontade de Deus. Ele é uma nova criação, Sua humanidade é parte do mundo
criado. Ele é novo porque embora Ele tenha descendência, Sua descendência não
representa a totalidade de sua linhagem em direção à existência. Ele possui uma
descendência que foi dada a Ele. Nós vemos isto na genealogia de Cristo, que se
move passo a passo através dos séculos da história dos Hebreus. Mas Deus é seu
Pai. Cristo tem uma descendência dupla que de alguma forma se transmite a nós.
Há uma abertura para a eternidade, a absoluta e a divina. Ele é único porque
Ele é totalmente homem, possuidor da carne humana que Ele recebeu da Virgem.
Mas ele é também Filho de Deus, como o Evangelho de São Lucas nos ensina:<i> “O Espírito Santo te cobrirá com a sua
sombra, pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado e será –
em realidade – o Filho de Deus”</i>. É neste contexto que nós devemos pensar
com profunda reverência na Mãe de Deus e sua virgindade, sua ascensão à
santidade e a Encarnação. Na Encarnação ela torna-se a noiva solteira, a noiva
que não conheceu homem, a noiva do Altíssimo, a noiva de Deus. Ela representa
em sua própria pessoa virginal – que significa que ela está totalmente aberta a
Deus, totalmente submissa e entregue – toda a criação em todo seu esforço,
anseio e sofrimento por unidade. Este esforço é escasso em realização para
todos nós, mas é realizado nela. Como a noiva do Cordeiro ela é Criação; neste
sentido, ela é casada com o Deus vivo. Não pode haver nenhum pensamento de um
casamento humano, porque isto seria um adultério místico. Ela é a esposa, a
noiva de Deus e ela não pode ser a esposa, a noiva, de nenhum homem.
Tornando-se o lugar de morada do Deus encarnado, é impensável que ela pudesse
posteriormente tornar à vida comum. É mais impensável ainda que José, sabendo
da Encarnação, pudesse ser capaz de tratá-la de outra forma que não o de vaso
sagrado da Encarnação, um objeto de reverência e veneração.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Na Encarnação e na
Natividade nós podemos ver que Deus, em Cristo, oferta-Se a Si mesmo à
humanidade no total desamparo de uma criança. Ele Se dá. Nós podemos fazer com
Ele o que nós escolhermos. Estas palavras são usadas no Evangelho em referência
a São João Batista, mas elas também se aplicam aqui. Nós vemos o que o Amor
divino, e, finalmente, o que o perfeito amor humano pode ser: uma total doação
de si, indefeso, totalmente vulnerável, e trazer à tona uma resposta. Isto é
essencial, porque nós seremos medidos em nossa dignidade humana, em nossa
habilidade humana em entender Deus e comungar com Ele da forma na qual nós
podemos nos relacionar com um Deus vulnerável e indefeso. Cristo diz na Última
Ceia: <i>“Ninguém tira a vida de mim. Eu a
dou livremente”</i>. O Livro da Revelação fala do Cordeiro de Deus sacrificado
antes de todos os séculos. O sacrifício do Filho é intrínseco ao mistério do
Amor divino como dirigido ao mundo criado. O Filho de Deus é o protótipo do
homem. Nós fomos criados à Sua imagem. Nossa presença ideal já está lá na
Trindade. Esta imagem é projetada para a história e acha seu lugar na história,
quando o tempo está pronto. As palavras de Cristo na Última Ceia são
importantes porque elas indicam que não é um ato unilateral de Deus, mas uma
cooperação de Deus e do homem na salvação do mundo. Há uma passagem nos
trabalhos de Charles Williams no qual, falando da Encanação, ele diz que ela
acontece quando uma virgem de Israel se mostra capaz de pronunciar o Santo Nome
com toda sua força, com todo seu coração, com toda a sua vontade e com toda sua
carne. Então o Verbo se fez carne. Esta é cooperação entre o homem e mundo criado,
por um lado, e Deus por outro lado. Na criança de Belém, nós vemos Deus
entregando seu Filho em nossas mãos. Este é o momento quando o Cordeiro de Deus
é verdadeiramente um indefeso e vulnerável cordeiro. Este é o momento em que
nós podemos ver Deus sacrificando seu Filho para a Salvação do mundo. Ele O
manda em direção à morte. Nós temos uma imagem disto em Abraão e Isaque. Mas no
caso de Isaque, Deus providencia um carneiro. No caso do seu Filho unigênito,
ele não providencia um substituto. O Filho tem que morrer pela salvação do
mundo. Alguém poderia dizer que há uma grande quantidade de referências à
imagem do sacrifício e à vítima inocente no Velho Testamento. É sempre a sem
culpa, a mais perfeita vítima que deve ser oferecida em sacrifício, a fim de
preparar Israel para o derradeiro sacrifício do Filho de Deus. Mas isto deve
também fazer-nos entender que o mal, o ódio, todas as paixões humanas, sempre
resultam em morte e sofrimento do inocente. Uma pessoa bebe e dirige, enquanto
outra é morta na estrada. Há também um corolário a isto no momento quando
Cristo é trazido ao templo por sua mãe e José. Nós devemos entender que este é
o próximo passo no cumprimento da Lei. Em Êxodo, após a saída do Egito, o
Senhor diz a Moisés que o povo de Israel deveria trazer o primogênito de cada
casamento como uma oferta a Ele. Isto implica em uma oferta sangrenta em
resgate pelo primogênito do Egito que teve que morrer para que Israel pudesse
ser libertado. Como na história de Abraão e Isaque, porém, o Senhor permite um
substituto. Mas quando o Senhor Jesus Cristo é trazido pela Sua Mãe ao templo,
Deus toma posse Dele, espera até o tempo certo e O aceita como uma oferta
sangrenta, como o derradeiro sacrifício. Isto é o que nós devemos lembrar
quando trazemos crianças em ação de graças após o parto. Isto é o que significa
<i>“trazer a criança à Igreja após o parto”</i>;
toda criança é trazida para o templo no mesmo termo verdadeiro como Cristo:
para tornar-se posse de Deus. Por nossa vontade de ser Dele, a criança é
entregue para a vida e para a morte.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Agora eu vou
voltar-me para o significado, neste contexto, do batismo de Cristo. O Antigo
Bispo George falou da<i> “gradual perfeição”</i>
da natureza humana de Cristo. Há uma certa ambiguidade nesta expressão. O que
eu acredito que ele quis dizer não foi que havia originalmente estágios de
imperfeição que foram corrigidos posteriormente, mas que, pelo fato de que
Cristo nasceu verdadeiramente homem, em todo estágio de Seu desenvolvimento na
infância e na juventude, Ele era adequado àquela idade e àquele estágio. E
sempre que uma nova habilidade – seja de inteligência, de sensibilidade, ou de
vontade – desabrochava Nele no processo de maturação do nível humano, esta
habilidade era absorvida pela Divindade e integrada à Sua total perfeição, a
divina-humana harmonia que é o encarnado Filho de Deus. A cada passo Ele era
perfeito na total e perfeita união de Sua humanidade e Sua Divindade. Nunca
houve um momento em que Ele foi menos perfeito, ou imperfeito, e então cresceu
em perfeição, posto que alguém pode dizer de um movimento no qual Sua
humanidade penetrava sempre mais plenamente a vocação que o Deus Nele o chamava
a cumprir. Nós encontramos isto no Batismo de Cristo. No momento que ele vem ao
Jordão, um homem de trinta anos – e todos os Padres nos ensinam que Ele tinha
atingido Sua total e perfeita maturidade humana. Naquele momento, Ele, o homem,
Jesus Cristo (cf. São Paulo), com sua livre vontade, na totalidade de Sua
humanidade, escolhe cumprir Sua vocação. Aqui novamente há duas vontades, mas
naquele momento as duas vontades foram consumadas em uma harmonia, que é a
Vontade Divina, à qual a vontade humana não irá somente aquiescer, mas com a
qual a vontade humana se identificará gloriosamente, alegremente e
sacrificialmente. No momento em que Cristo vem às margens do Jordão, São João
Batista não sabia porque ele deveria batizá-Lo. Ele viu Nele o Cordeiro de
Deus, o Único que era puro, santo e sem mancha. Que significado poderia ter
aquele batismo? Porque todo tipo de pecador tinha vindo às margens do Jordão,
tinha imergido nas suas águas, tinha se limpado do mal e do pecado, e por isso
aquelas águas tinham se tornado pesadas com o pecado do homem, com a
mortalidade do pecado, então quando o Senhor Jesus Cristo foi mergulhado dentro
delas, como a lã é mergulhada na tinta, Ele saiu com o pecado do homem
estampado Nele. No mito de Hércules e seu combate com o centauro, o centauro é
um ser que é meio-humano e meio-cavalo, isto é, bestialidade unida à
humanidade. Em certo sentido, esta é nossa condição. Nós somos todos centauros.
Nós temos todos nossa gloriosa humanidade em nós e nós permitimos que ela se
corrompa. Em seu combate com esse ser monstruoso – e, em certo sentido, nós
somos todos monstruosos, em contraste com a insuperável beleza de Cristo –
Hércules exaure o centauro. Para se vingar, o centauro ensopa sua túnica em seu
próprio sangue e a manda para Hércules, que a coloca em si. Ela gruda em sua
carne e o queima cruelmente, contudo ele não pode tirá-la. Eventualmente ele a
arranca – com sua carne e com sua vida. Esta é uma imagem que alguém poderia
habilmente usar para mostrar o que acontece a Cristo quando ele toma sobre si a
nossa humanidade, nossa humanidade que é como a túnica do centauro, ensopada
com o assassino sangue mortal. Então Ele sai do Jordão, pronto para a vitória,
e sobre Sua humanidade vem o Espírito Santo de Deus na forma de uma pomba, o
Espírito que O enche de poder, não somente em sua divindade, a sua humanidade
também é agora preenchida da total perfeição.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Isso será revelado a
nós mais tarde, na Transfiguração, quando não é a divindade de Deus que
resplandece a despeito da humanidade. Naquele momento nós vemos Sua humanidade
transfigurada com Divindade e resplandecente em toda sua glória. Mas esta
situação, esta visão é indescritível. Os Apóstolos podiam vê-la, mas eles não
podiam tomar parte dela. É somente na Ressurreição, quando toda separação será
superada, que a vitória de Cristo, Sua ressuscitada e transfigurada humanidade,
será capaz de tornar-se nossa. No contexto da humanidade de Cristo todas as
tentações oferecem um duplo desafio. O primeiro desafio é este: <i>“Você foi preenchido de poder. Não há limite
para seu poder. O Espírito não está somente sobre você, mas dentro de você.
Deus está em você. Por que você não pode fazer o que você escolher, se você é o
Filho de Deus?” </i>Desafiando Cristo a provar que Ele era Deus, o diabo com
efeito diz: <i>“Você criou o mundo. Faça-o
diferente para sua própria conveniência. Este mundo pertence a mim, eu darei
tudo para você, desde que você se torne um dos meus súditos. Você é Deus. Você
é todo poderoso. Você está cheio do Espírito. Mostre-me isto. Jogue-se do
pináculo, para que todos possam ver e reconhecer você”</i>. Esta é a tentação
do poder que poderia desfazer totalmente a <i>kenosis</i>, o esvaziamento de si
mesmo, o verdadeiro ato da Encarnação. Isto teria transformado o encarnado
Filho de Deus em um deus decaído e nada mais. Mais tarde Cristo foi tentado
novamente. Satanás reaparece enquanto Ele estava a caminho de Cesárea de Filipe,
depois Dele ter sido reconhecido por Pedro como o Filho de Deus. Cristo então
começa a falar aos seus discípulos sobre Sua Paixão, mas Pedro volta-se para
Ele e diz: <i>“Seja misericordioso para
consigo mesmo”</i>. Esta foi a tentação da fraqueza. <i>“Você não pode fazer isso. Você não é de carne e sangue? Tenha piedade
de si mesmo”</i>. E Ele disse as mesmas palavras a Pedro como ele havia dito a
Satanás: <i>“Afasta-te de mim. Você pensa
mais nas coisas da terra e não nas coisas de Deus”</i>. Então há duas
tentações: poder e fraqueza são igualmente tentações, e igualmente perigosas,
para Ele e para nós. Nós precisamos atingir o maravilhoso equilíbrio da fé que
permite o poder de Deus ser manifesto na fraqueza. Como São Paulo diz: <i>“Todas as coisas são possíveis para mim no sustentado
poder de Cristo”</i>. Para mim, <i>“e ainda
é o poder de Cristo, não meu”.</i></div></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><div style="text-align: justify;"><i><span lang="PT-BR"><o:p> </o:p></span></i></div></i><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Neste ponto Cristo
torna-se <i>“O Homem do Sétimo Dia”.</i> No
final da Criação, o Senhor descansou no Sabbath, o sétimo dia. O que aconteceu?
Neste momento quando, tendo completado todo o seu trabalho criativo, Ele
entregou-o ao homem para trazê-lo à perfeição. São Máximo, o Confessor, nos diz
que o homem foi criado de uma certa maneira que ele estava em princípio não
somente com todo o mundo material e físico, mas também com o mundo espiritual
dos anjos e de Deus mesmo. Estando no verdadeiro centro, capaz de comungar com
um e com o outro, o homem podia unir ambos, e então levar toda a criação para
aquela perfeição que é expressada por São Paulo como “Deus sendo tudo em
todos”. O homem foi posto para cuidar da criação, mas ele abandonou isso nas
mãos de Satanás. Então Cristo torna-se o Novo Adão, o Único que toma sobre si
mesmo ser o Líder, a cabeça do mundo criado, para levá-lo para sua vocação. Eis
porque tantos milagres de Cristo são feitos no Sabbath. É o Dia do Homem. É o
dia quando Deus descansou do seu trabalho e disse: <i>“Agora é para o homem conduzir à perfeição o que foi feito perfeito, e
restaurar à totalidade o que foi fragmentado e quebrado e destruído”</i>.
Cristo não fez milagres no Sabbath para provocar os fariseus e os escribas.
Estes milagres foram atos pelos quais Ele confirmava a Si mesmo como o Novo
Adão que toma sobre si mesmo e cumpre a vocação do homem. Aceitando ser o Novo
Adão, ele toma sobre si o complexo destino de ser Homem Perfeito, e por essa
razão tem um absoluto horror e repulsa contra todo pecado, todo mal e toda
impureza.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Assim Ele aceita ser
vestido com nossa natureza decaída, com toda sua fragilidade, porém sem pecado.
Ele foi crucificado pela fragilidade do homem decaído, porque Ele é Ele mesmo
livre. Como São Máximo, o Confessor, diz: <i>“Na
Encarnação Cristo torna-Se imortal, porque é impossível conceber uma humanidade
unida inseparavelmente à Divindade e permanecer mortal. Agora ele toma sobre si
mesmo tudo, inclusive a mortalidade”</i>. E Ele também toma sobre si a própria
condição da mortalidade – a perda de Deus – a fim de ser totalmente um conosco.
Então como Deus Ele é o Amor crucificado. Como homem, Ele é o Homem Perfeito,
crucificado pela imperfeição do mundo que Ele aceitou carregar na forma de Sua
carne. Deste modo Ele se acha na história com uma dupla solidariedade. Ele é
totalmente, irreversivelmente e definitivamente um com Deus. Mas ao mesmo tempo
Ele é tão definitivamente e tão absolutamente, por escolha e por desejo de
amor, um com o mundo decaído. O resultado é este, enquanto Ele é de ambos, Ele
é rejeitado por ambos. Porque Ele é do próprio Deus, Ele é rejeitado pelo
homem; Ele precisa morrer <i>“do lado de
fora do muro”</i>. Ele não pode nem mesmo ser morto em Jerusalém. Ele não pode
ser morto, como os profetas, no templo ou dentro dos preceitos do templo. Ele
precisa ser rejeitado da real cidade dos homens. Porque Ele se fez um com o
homem e aceitou a situação final do homem, o abandonado de Deus em Adão, Ele
tem que morrer sozinho, sem Deus. Isto é o que o Arquimandrita Sofrônio uma vez
chamou de <i>“o desmaio metafísico”</i>, um
momento quando, na Sua humanidade, na Sua morte, Ele perde o sentido de ser um
com o Pai. “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” Esta não é uma
recitação do Salmo. Ninguém recita Salmos quando está morrendo na Cruz. Alguém
grita, <i>“Senhor, tem piedade”.</i> Outro
grita sem palavras. Mas ninguém recita Salmos para edificação dos que estão em
volta. A perda de Deus é um acontecimento real. Cristo não pode morrer, de
outra forma senão perdendo Deus. Esta é a tragédia da Cruz. Esta é a
incompreensível grandeza do Amor divino. Ele não é somente vulnerável naquele
momento. Ele é desfeito.</div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Em seu discurso, o
Bispo George definiu morte como extinção. Eu não acredito que isso seja
verdade. No Antigo Testamento, morte é um atroz e aterrorizante momento quando
o corpo e alma são separados um do outro. A alma de cada um de nós que perdeu
Deus na terra, através do pecado de nossos primeiros pais e o nosso próprio,
desce aos infernos; no inferno, o lugar onde Deus não está. O corpo, que era o
único meio pelo qual nós podíamos nos comunicar com Deus – pelos nossos gritos
para Ele, pela ânsia, pela esperança, pelo desejo, está desfeito em corrupção. É
a absoluta separação da alma do homem vivente de Deus que é a tragédia da morte
e inferno no Velho Testamento. Este é o significado do ícone da Angústia do
Inferno, ou pelas palavras “Ele desceu aos infernos” do Credo Apostólico. Alma
e Corpo são separados. Mas a Divindade não abandona nem Seu corpo nem Sua alma.
O corpo de Cristo permanece incorruptível, porque ele é inseparavelmente unido
com a Divindade. A alma de Cristo desce aos infernos, como o orante diz, no
esplendor de sua Divindade. E então, o lugar onde Deus não estava, o lugar de
Sua total e radical ausência, é cheio com a divina Presença. Isto explica as
palavras do Salmo: <i>“Onde eu posso me
esconder da tua face? No céu é tua habitação, no inferno tu estás também”</i>.
Isto, então, é a vitória. Isto é o que acontece na Sexta-feira Santa quando, no
final das Matinas, nós já cantamos a Ressurreição. A Ressurreição não é
simplesmente a ressurreição do corpo de Cristo. É a vitória sobre a morte,
sobre o pecado, sobre Satanás. O inferno é esvaziado e devastado. E Cristo
descansa na tumba, como Deus no Sétimo Dia. A vitória foi alcançada. Não
somente a vitória da criação que abriu a trágica história da humanidade, mas a
vitória definitiva. No sábado nós cantamos a Ressurreição porque corpo e alma
estão unidos agora. Cristo aparece para nós vitorioso. A separação foi desfeita
pela Cruz e pela descida aos infernos. A separação não pode mais abraçar
Cristo, nem na tumba nem no inferno. A Ressurreição é o inevitável e glorioso
resultado desta vitória. Então vem a Ascensão, quando nós vemos o Filho do
Homem sentado na mão direita da Glória. Nós vemos de onde nós mesmos
pertencemos; e nós podemos dizer, com São Paulo, que nossa vida está <i>“escondida com Cristo em Deus”.</i></div></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><div style="text-align: justify;"><i><span lang="PT-BR"><o:p> </o:p></span></i></div></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><div style="text-align: justify;"><i><span lang="PT-BR">Sourozh
1983. N.14. P.1-13</span></i></div></i></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-58442790379820603532021-01-08T01:06:00.051-08:002021-01-08T02:10:06.585-08:00MÁRTIRIO E MONAQUISMO ORTODOXO<div style="text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><div align="center" class="MsoNoSpacing" style="background-color: white; font-family: Lora, serif; text-align: center;"><span lang="PT" style="color: #0d0d0d;"><span face="Verdana, sans-serif"><b>AIMILIANOS</b> Arquimandrita de Simonopetra<o:p></o:p></span></span></div><div align="center" class="MsoNoSpacing" style="background-color: white; font-family: Lora, serif; text-align: center;"><span lang="PT" style="color: #0d0d0d;"><span face="Verdana, sans-serif"><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></span></span></div></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-w_s28K3mymM/X_ggXv1KB7I/AAAAAAAAHkc/WXqWjNBtQIE3hZsXaOT-irenOMB-RG7OwCLcBGAsYHQ/s720/7898f16b45b969de8f180c35bcabf367.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="540" height="459" src="https://1.bp.blogspot.com/-w_s28K3mymM/X_ggXv1KB7I/AAAAAAAAHkc/WXqWjNBtQIE3hZsXaOT-irenOMB-RG7OwCLcBGAsYHQ/w344-h459/7898f16b45b969de8f180c35bcabf367.jpg" width="344" /></a></div><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;"><b>INTRODUÇÃO</b></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Antes de começar
minha conferência, eu gostaria, Sua Exma., de vos exprimir meu reconhecimento,
não somente de me ter contado dentre o número desta bela assembleia – o que foi para
mim uma alegria inesperada e uma descoberta –, mas também de ter honrado minha
humildade ao propor-me falar acerca do assunto indicado.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Desde os Meteora, eu não havia ainda assistido a um
congresso monástico, e este encontro me faz considerar a afeição que a igreja
sempre testemunhou para com o monaquismo. Ainda que este, habitualmente, seja
para os dirigentes da Igreja uma causa de dores e de problemas, a Igreja
todavia, em todo tempo, abraçou o monaquismo e concedeu seu consentimento às
aspirações dos monges.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Eis que concedeste-me a honra deste encontro de muitos
irmãos, como também aquele de receber a sua bênção, aquela do venerável
arcebispo do Sinai, aquela dos santos bispos presentes, e de outros irmãos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Nosso Mosteiro está ligado de maneira muito particular à
cidade de Tessalônica, por intermédio de São Theonas, que viveu em Simonons
Petra, e igualmente por São Gregório Palamas, cuja tradição reporta que um de
nossos eremitérios - uma gruta - foi o lugar de sua estadia e de numerosos
combates espirituais.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">E ressinto São Dimitrios, em honra do qual nós nos
encontramos aqui, como sendo, ele também membro de nossa assembleia. Não era
ele cidadão desta cidade? Isto significa que era membro de nossa Igreja de
Tessalônica, que não é somente atual mas “foi e será (1)”. Por consequência,
São Dimitrios não cessa de ser o Santo, membro desta assembleia da Igreja que
nós formamos; ele está presente em espírito e ouve tudo o que é dito neste local.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Depois de ter expresso estas pobres palavras de
agradecimento, permita-me, Sua Exma., abordar nosso sujeito que tem por
título:</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><b><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT">O MARTÍRIO, ELEMENTO PRIMORDIAL</span></span></div><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;">DO MONAQUISMO ORTODOXO</span></div></span></b><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Decerto,
se analisarmos o conteúdo de uma alma aspirando à hesyquia, nós ai
encontraremos numerosos elementos edificantes, os quais afetam, compõem e
aperfeiçoam a vocação monástica. Citemos alguns:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">·<span style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span></span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">O arrependimento como desejo ou como
necessidade da alma.</span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">· </span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">O sentimento do carácter efêmero, da
ilusão, e da obscuridade dos seres, dos fenómenos, das aspirações, do mundo
inteiro que representa simplesmente uma imagem e uma reminiscência de um outro
mundo realmente existente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">· </span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">O amor de Deus e a preferência pelo
Seu Reino, a partir do qual todo o resto é considerado como detrito e refugo,
quando se trata de adquirir Deus. Mesmo até as coisas mais sagradas e
santificadas pela Igreja, assim como o são, por exemplo, a mulher e o homem, o
casal, as crianças, a participação à vida eclesiástica no mundo, à toda
atividade ou vida social, e ainda a predicação, a distribuição de bens e dons,
o sacerdócio; todas as condições e obrigações sociais são repelidas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></o:p></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">É desta forma que São Basílio
interdita ao monge tomar o sacerdócio. As doações (esmolas) são consideradas
como um pecado grave para o monge, quando ele próprio as realiza. A predicação
é considerada como a expressão de um egoísmo, quer dizer, uma avaliação das
coisas totalmente diferente àquela que existe ao seio da Igreja no seu
conjunto; a fim de mostrar que o monaquismo é uma transferência para um outro
mundo e outra sociedade. Em contrapartida, a tendência à solidão, à hesyquia, à
expatriação, assim como o desejo da perfeição e da deificação, coexistem em
toda a alma que aspira viver afastada ou que deseja a solidão. Seria impossível mencionar alguns outros elementos deste gênero, os quais são próprios aos
monges, em função de seu conhecimento, de sua cultura, de seu modo de vida, de
seu caráter, de sua vida e de sua história.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Todavia, o elemento que não falta
jamais, em toda a vocação monástica, e que de forma manifesta, enérgica e
total, origina e desperta toda a existência daquele que aspira à solidão, é o
espírito do martírio, a paixão da Paixão, sua disposição à ter paciência, a
sofrer, a se sacrificar, a morrer por amor a Deus, ou ainda para exprimir os
impulsos íntimos de sua alma e sua busca permanente de Deus. Eis porque podemos
dizer que se alguém caminha em direcção ao monaquismo, é para tornar-se mártir
por meio de numerosos esforços, muitos labores e lágrimas, pela paciência (ou
com “muitas paciências” como o diria um monge athonita), e pela provação das
aflições, ainda mais pelos trabalhos, os aprisionamentos,</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">infinitamente mais ainda pelos golpes
vindouros dos demónios e dos homens, e por meio de muitas mortes. (1)</span></div></o:p></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><b><span lang="PT"><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;">O MARTÍRIO, ELEMENTO PRIMORDIAL</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;">DA VOCAÇÃO MONÁSTICA</span></div></span></b><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Mas
porquê o martírio é um elemento primordial da vida monástica?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Eu
desenvolverei aqui três razões, dentre muitas outras, a fim de não me afastar
dos limites que havíamos antes fixado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">1.<span style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">Desde o princípio, desde a sua queda,
o homem ressentiu e compreendeu o que ele considerava como uma maldição – quer
dizer, a decisão tomada por Deus de trabalhar com o suor de sua fronte e de
gerar filhos na dor, a fim de reencontrar o Paraíso “ por muitas tribulações
(2)” – ocultava, de fato, muito amor da parte de Deus, e constituía um meio e
uma via para a sua segunda criação, para a regeneração do homem caído.</span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Amadurecendo, o homem reconhece
através de seus sofrimentos e sua transpiração, assim como em suas aflições, e
mesmo na morte, uma expressão que a dor contém nela própria: uma viva
possibilidade de permanecer diante de Deus e de Lhe manifestar, de Lhe
confessar seu desejo de reencontrar a divinização perdida. E ele não encontra
melhor meio para exprimir seu desejo da divinização além daquele de sofrer por Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Sim, o homem quer tornar-se <i>deus</i>. E
Deus diz: “tudo quanto pedires, Eu o farei (3)”. Este pedido, esta linguagem
pela qual o homem se exprime para fazer subir o clamor de seu coração
solicitando sua reintegração na comunhão divina, é a linguagem do sacrifício, a
linguagem viva e de mais alto ponto representativo “daquele que sofre” por Cristo, em vista do Reino de Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></o:p></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Desta forma, o sofrimento constitui
um elemento inato e imperativo da alma, que cresce naturalmente nela, tal como
uma matéria que a une em suas relações com Deus. Sofrendo, combatendo e
afligindo-se, o homem se aproxima de Deus. Ele ama mais a Deus, dependendo mais
completamente de Deus, que, para esta razão justamente – por economia poderíamos
dizer – não é servido de outra maneira (segundo a palavra de São Gregório (4) e
a experiência de todos os Padres), senão com o sofrimento, o labor, a aflição,
concedendo a via em troca de nossa morte voluntária.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Consequentemente, seria impossível
que os sofrimentos faltassem à alma que ama Deus, e ainda mais à vocação
monástica, que é uma concepção virginal pelo espírito de salvação. Eis porque
aquele que deseja a vida ascética não encontra repouso em nenhuma solução
moderada, em nenhuma situação convencional. Ele espera em sua perfeição,
praticando as maiores asceses, suportando as mais dolorosas provações. Esta
consciência do martírio que é sua, agita-se facilmente, voluntariamente e
agradavelmente, com júbilo, em relação à toda dor excessiva: a ele basta ganhar
a Cristo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">É por isso que observamos monges
entregarem-se aos maiores excessos, como por exemplo, Santos que tentam
ultrapassar quarenta dias sem sono, sendo ameaçados pelos Anjos, os quais lhes
obrigavam a comer. Vemos ainda monges athonitas que sugam uma espinha de
peixe, a fim de observarem a dispensa de peixe (concedida pela Igreja em alguns
dias de jejum). E mesmo atualmente, existem monges que, tal como os antigos,
de dia e de noite, jamais sentam e nem deitam, mesmo se suas pernas estiverem
inchadas, exalando, apesar disto, um bom odor; eles nunca estão doentes. É o
impulso natural de um homem que saboreia a alegria da aflição, as delícias
espirituais da dor, e não da dor psicológica. Esta mesma alma pede para sofrer
a fim de manifestar a Deus o sue amor e a fim de viver o amor. Isto observa-se
não só nos monges, mas também na vida quotidiana de todo homem.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><span lang="PT" style="mso-fareast-font-family: "Bookman Old Style";"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">2.<span style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">As raízes espirituais do cristão,
o percurso ao martírio, lhe inspiram o desejo de Deus precisamente pela “via da
piedade”, “na via segundo a filosofia (5)” em vista da divina participação: o
monaquismo. E se este desejo de exprimir a Deus seu amor pelo intermédio do
sofrimento é tecido desde a tenra infância de sua alma, este aumentará e
tornar-se-á gigantesco na vida monástica; as raízes espirituais do cristão o
conduzem ao amor da paixão, do martírio.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O próprio Senhor, sofrendo o
martírio da cruz, tornou-Se “modelo (6)” para nós, e nós somos julgados dignos
de completar o que resta aos seus sofrimentos e às suas provações (7) prolongando-os
e tornando-os, de sorte, presentes na Igreja, e simultaneamente obtendo
expiação, vida e salvação.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Quando Ele chama o Apóstolo Paulo –
assim como todos os outros apóstolos – Deus lhe mostra “tudo necessário para
sofrer (8)”, e o que testemunha que ele não poderia ser apóstolo e seu
discípulo se não sofresse por Ele. O Apóstolo sempre apresentou suas provações
como argumento manifesto de sua apostolicidade, de sua sinceridade e de seu
amor para com Deus, provações que constituem para o Apóstolo Pedro igualmente
um carisma selando “o fato de crer n’Ele (9)”. Em efeito Ele não nos fez
somente dom de crer n’Ele, mas ainda “de sofrer por Ele (10)”.
Consequentemente, e em um certo sentido, o sofrimento, o martírio do homem,
conduz a fé à sua perfeição, de outra forma o homem tornar-se-ia incapaz de
amar e de servir a Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></o:p></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Outros apóstolos selam suas missões
pela morte do martírio, tal como Tiago, irmão do Senhor, e primeiro Apóstolo
que foi executado, André o corifeu, assim como o proto-mártir Estêvão. O monge
é considerado, segundo São João Clímaco, como aquele que “marcha na armada do
primeiro mártir (11)”. Anteriormente a eles, todos os profetas seguiram a via
do martírio, nomeemos somente o Precursor do Senhor, modelo dos monges e
príncipe dos anacoretas, segundo São Jerónimo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Aqueles que, no Antigo Testamento,
sofreram “nas montanhas, cavernas, e antros da terra (12)” tornaram-se
protótipos dos monges, monges antes dos monges, poderíamos dizer. No Antigo
Testamento são louvados aqueles que viviam com um espírito corajoso e o
espírito do martírio. Eleazar é chamado de “santo homem” quando nobremente
morre por meio de golpes (13)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">A cada dia, o monge meditando todos
estes exemplos do Antigo e do Novo Testamento, é saciado de entusiasmo e deseja
então afligir-se e sofrer o martírio. Lendo ainda o Saltério, ele se entusiasma
ainda em sua busca de Deus, e em virtude d’Ele, ele é exposto à morte todos os
dias, reputado como ovelhas para o matadouro (14)”. Ele é conduzido a buscar a
Deus de todo o seu coração, seu coração que “tem sede” d’Ele (15), o Forte. Mas
isto significa também dor acentuada, desejo ininterrupto do martírio,
“liquefacção” incessante da alma, que se precipita, abandonando tudo, a fim de
ser vista pelo Deus invisível, que sem dúvida vê suas lágrimas, as quais lhe
servem de mantimento de dia e de noite (16).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Seguramente, quando o fiel lê a
cada dia no Saltério que as montanhas e os desertos rejubilam diante da face de
Deus, donde vem o socorro, ou ainda, no Livro do Apocalipse, ele lê que a mulher
– modelo da Igreja e de toda alma – “dera à luz o varão (17)”, recebendo as
“duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto”, deserto que é
chamado “seu lugar”, é-lhe difícil de admitir que a busca de Deus e sua
consagração a Deus se produzem nas montanhas e desertos, com os combates e as
lutas da vida anacorética? É-lhe difícil de ver este deserto como um lugar e
meio de seu martírio?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Era então muito natural que os
cristãos, desde os primeiros instantes em que fora instituída a Igreja no mundo,
desejando o conhecimento da Escritura e a verdadeira perfeição evangélica, o
jugo da cruz do Cristo e a herança do Reino dos Céus, quisessem organizar-se
entre aqueles que haviam se retirado aos desertos, quisessem ser “as virgens
que seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá (18)”. No princípio, eles
viviam isolados do mundo, localmente ou de forma figurada, e em seguida,
afastados do mundo por mais amor e maturidade, segundo a expressão de São Paulo
que faz do “mundo um crucificado para mim e eu para o mundo (19)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">A vocação monástica e o amor pela
solidão, assim como o desejo do martírio, nascem ao mesmo tempo e crescem
juntos. Eles se formam tal como os rebentos e os frutos naturais da predicação
evangélica, em todos os homens que têm a liberdade de encontrar e escolher o
meio mais fácil de empreender sua vida cristã e de entregar, por Cristo, aos
combates ascéticos que satisfazem a Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Eis a razão pela qual era normal
que a Igreja os honre como seus filhos de eleição, e que Ela se preocupe particularmente
– desde que foi reconhecido, no IV séc., seu direito de vida, de liberdade e de
organização – destes milhares de gerações amigas de Deus e atletas de Cristo,
que Ela os prodigalize toda sua afeição a sua vida monástica que imita aquela
do céu, e que Ela ofereça todas as possibilidades de desenvolvimento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Logo, o monaquismo é, em sua
essência, muito antigo, desde que o Filho deu testemunho do Pai e o Pai do
Filho; em todo caso, desde que a Igreja de Cristo foi fundada sobre a terra é
que a noção da cruz e do martírio dominaram entre os seus membros, que
ressentiam suas raízes espirituais, assim como as fontes e tradições, que os
pressionava e os conduzia a um martírio que se realizava nas montanhas, nas
grutas ou nos mosteiros, lá onde Deus queria.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><span lang="PT" style="mso-fareast-font-family: "Bookman Old Style";"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">3. </span><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;">As perseguições contribuíram muito
ao desenvolvimento desta noção de martírio no monaquismo. Este, não podendo,
por natureza, ter outras perspectivas além do amor de Deus e a comunhão com
Deus, vê sempre esta relação do homem com Deus se exprimir sob o aspecto de um
combate heróico e de façanhas atléticas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Deus pode, desta forma, falar com
Sua criatura, tal como o exige de Job, o mártir do Antigo Testamento: “Cinge os
teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu responde-me (20)”. O homem
temente, que se repousa na facilidade, não pode dialogar com Deus. eis porque
Santo Atanásio prescreve com exigência às virgens “rejeitai o espírito feminino
(21)”, e a Igreja confia às monjas as mesmas lutas e aflições que aos homens.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div><o:p><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">As persecuções trouxeram, então, a
possibilidade aos fiéis de selarem seu desejo divino pelo martírio do sangue,
martírio que eles viam como um dom e um carisma de Deus, como o resultado de
Seu Poder consolidando a fraqueza humana, como uma</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">honra (um orgulho) e uma glória que oferece
sua infinita filantropia, como chance única de abertura à vida, passando do
sonho à realidade, da corrupção à eternidade. O martírio do sangue selava a
salvação imediata e verdadeira, a aquisição “palpável” de Deus. O sangue
fecundou as entranhas da Igreja que concebem os Santos e, mais do que qualquer
outra coisa, a perseguição tornou autêntica a vida dos filhos da Igreja que, ao
darem seu sangue, herdaram o céu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></o:p></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">A Igreja viveu com entusiasmo a
palpitação (do coração) dos mártires, mesmo se ela conhece o drama do turbilhão
das perseguições. A Liturgia dita dos Santos-Apostólos convida o povo a
comemorar especialmente os santos mártires, a fim de que sejam julgados dignos
de “tornarem-se participantes de suas lutas”. Pois a Igreja acreditava que
“quando o Espírito Santo está em algum lugar, ele é seguido de perto, como por
uma sombra, pela perseguição e pela luta (22)”. Lá onde se encontra o martírio,
lá está o Espírito.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Quando, por benevolência divina, as
perseguições tomaram fim, as almas inflamadas pelo Reino de Deus, viraram-se a
partir de então exclusivamente em direcção à vida ascética. O que os mártires
realizavam durante a noite precedente ao dia em que receberiam a coroa do
martírio, quer dizer, o jejum desde a tarde, a vigília, a ação de graças e a
espera, jubilosa, da grande hora, isto os monges “chamados ao martírio
invisível (23)”, como o diz Santo Isaac o Sírio, o realizavam a cada dia e à
cada noite, sem serem perturbados, pois a Igreja, livre agora, organiza
melhor seu gênero de vida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Lá onde de revelam personalidades
capazes de conduzir almas a Cristo, lá desenvolvem-se uma quantidade de
comunidades monásticas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O martírio quotidiano dos monges, é
uma incessante participação à morte de Cristo e aos sofrimentos dos heróis da
fé, pelos quais eles obtiveram o direito ao triunfo dos Santos. A ascese, a
obediência, os diversos combates, a </span><i style="text-indent: 0cm;">kênose
</i><span style="text-indent: 0cm;">e a verdadeira humildade são os instrumentos deste martírio. A cela é a
arena. Os monges por crerem que “devem atingir a morte como uma transferência à
Vida (24)”, lutam como mortos para o mundo, “túmulo anterior ao túmulo (25)”,
tendo por baluarte seu mosteiro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Todos os monges, “tal como homens
que portam seu sangue em suas mãos (26)” eram muito amados e respeitados pela
assembleia do povo – assim como ainda em nossos dias - , reavivando sua fé,
fortificando seu espírito e o excitando à paciência do Senhor, que os torna
dignos de “se unirem ao coro dos mártires e de se comunicarem familiarmente com
os Anjos (27)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">De forma manifesta, o martírio da
vida monástica – mesmo se ele não implica a efusão do sangue, que torna a vida
monástica perfeita -, é a consequência da vocação monástica, a realização da
vida ascética criada a partir de inumeráveis e diversas formas de ascese, que
dependem do desejo, do carácter, da liberdade interior, dos conhecimentos, das
circunstâncias, das condições de vida, etc., da ascese e, evidentemente, da
formação dada por seu Pai Espiritual, assim como do discernimento deste.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O monge, desencarregado dos
cuidados, das “aflições”, da “opressão” da alma, que provocam as condições de
vida e os problemas do mundo, encontra a via fácil e livre que conduz a Deus,
na santa hesyquia e no seio de uma família monástica apropriada, tal como pela
situação espiritual adequada. Ele se entrega então à uma ascese mais intensa, à
renúncia e à divina conversação. As discórdias, as preocupações, os cuidados
que afetam obrigatoriamente todo o homem no mundo, lhe são afastadas, ele pode
então fazer tudo, até mesmo esforçar-se em encontrar ainda outros meios de </span><span style="text-indent: 0cm;">submissão</span><span style="text-indent: 0cm;"> voluntária a fim de obter a perfeição em
Cristo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Aquilo que, objectivamente, não é
necessário ou é facultativo para o secular, a consciência do monge o torna, por
amor, subjectivamente obrigatório. Eis porque Teodoro Studita diz: “Perseveremos,
meus irmãos, no martírio contínuo da consciência... pelas lágrimas, pela
atenção, pela suplicação, pela compunção, e por meio de outras pequenas mortes
do corpos (28)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Pela experiência o monge conhece
aquilo que os Padres viveram, o que quer dizer, “ quando o coração está
afligido, as lágrimas transbordam (29)” para a vida eterna do Espírito, e
oferecendo desta maneira o seu sangue, ele recebe o Espírito (30).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Opostamente, quando o sofrimento
cessa, abalando também a esperança, a certeza, a segurança, a relação com
Cristo. Posto que a finalidade da ascese monástica é Deus, o monge não conhece
outro fim ou outra medida em sua ascensão e em sua deificação (31), “nem de
perfeição à perfeição (32)”. Somente o martírio o faz imitador e companheiro de
Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Por consequência, tornar-se monge é
o princípio da entrada no martírio à vida da consciência. O monge, certamente,
se rejubila nos combates – mas jamais ele está contente – pois estes se
desenvolvem segundo a obediência e as possibilidades da pessoa que amou e
escolheu árduos caminhos (33).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">E tudo isto o monge considera como
uma “leve tribulação momentânea (34)”, que lhe trará a vida eterna. Não que ele
seja justificado pelos combates ou que ele tenha conseguido “alguma coisa”,
pois “isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se
compadece (35)”.</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">O que nos convém é
sofrer e querer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Toda façanha é um presente de Seu
amor. Por meio de toda esta ascese, aquele que luta exprime somente o seu
desejo de escapar à lei do pecado dos primeiros pais e às suas consequências,
atingindo em imediato a bênção e a graça de Deus. Da parte do homem, ele
próprio, nem força nem orgulho, ele está no “estádio” e as coroas estão no céu
com Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Animado por este pensamento, o
monge converte as noites em dias portadores de luz par a alma, lutando para
ganhar o favor de Deus, para que, qualquer que seja o dia escolhido por Deus,
nesta vida ou após desenlace dos laços humanos, seus olhos recebam o carisma
“de fixar e observar a contemplação celeste (36)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Nestas fatigantes trevas de sua
pobreza, o monge luta e vive com a invencibilidade e a ignorância de deus que
por amor excessivo permanece oculto. Ele está convencido de que ele é verme e
parasita (37). Mas ele crê em Deus e lhe pede de vir em auxílio de sua incredulidade.
Ele crê que ele, pecador, que ele continua a pecar, que ele o mais pobre de
todos os homens, verá em maior escala</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">o
que viram os profetas e os reis.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Desta forma, pelo clamor que brota de
suas numerosas provações: “Senhor, Jesus Cristo...”, ele manifesta toda a
agonia do homem caído e a esperança na comunhão à divina luz dispensada em
profusão. Eis a linguagem que Deus conhece e compreende, e a partir da qual Sua
criatura se entende com Ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O monge está plenamente feliz pois
comunga assim com Deus, ele não faz depender sua paciência às visitas divinas e
às transformações espirituais, pois o seu bem não é posterior a Deus, nem
anterior a Deus, mas somente Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Deus todavia – é quem responde, segundo
nosso coração, ao que nós O</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">pedimos –
partilhando-se, agindo em nós, em nosso espírito, nossa alma, nosso corpo,
fazendo-nos conhecer também Seus segredos e aqueles de nossa natureza, aqueles
que são e que serão. E pouco a pouco nós distinguimos os traços de sua presença
e aprendemos como é necessário compreender a “natureza dos seres. (38)”</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Nossa vida torna-se um banquete de
Deus. “E eles permaneciam no lugar de Deus pois que comiam e bebiam. (39)” Se
Moisés e seus companheiros “permaneciam no lugar de Deus pois que comiam e
bebiam”, como pode ser possível que o homem não coma e nem beba, ele que quase
da mesma maneira, permanece diante de Deus? Maiores serão os seus sofrimentos,
maiores as consolações do Espírito farão rejubilar sua alma (40).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O que decorre disto é que o martírio
monástico é uma elevação laboriosa a Deus, um amor e um desejo da ascese até à
morte, desejo que exprime e provoca as recompensas e os dons da Graça divina.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O que dizeis vós? Isto não vale a pena,
segundo a voz profética, “de santificar esta guerra (41)”, de se erguer como os
combatentes de Deus, subindo todos a Ele, tal como homens de guerra?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Antes de terminar, eu estimo necessário
adicionar à estas palavras o eu se segue.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Indubitavelmente o martírio na
hesyquia é buscado pelo monge, como um meio que conduz a Deus. Mas nós formamos
aqui um congresso monástico. Alguns dentre vós vêm de mosteiros – mais
precisamente athonitas -, enquanto outros vivem, lutam, têm fome, sofrem,
vigiam pelo rebanho de deus, na Igreja que combate no mundo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">O sujeito de nossa conferência é o
monaquismo e o martírio. Estas palavras são então válidas para todos, para os
monges que vivem nos mosteiros e para os hieromonges, não é?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Sim, sem dúvida alguma, elas são
válidas, mesmo se ontem ao meio-dia, durante nossa conversação surgiram alguns
problemas e oposições.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Se os primeiros vivem em um local
natural de seus combates, os segundos todavia, os hieromonges, vivem a Igreja
pastoral no mundo. Eles vivem um martírio ao fazerem pastar as almas dos redis
de Deus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Estes também são amantes do martírio,
eles cobiçam o sofrimento e o labor e se preparam a um martírio de um novo
gênero. Não sendo estimulados pelo ardor do trabalho e as necessidades
materiais, é-lhes necessário ver, como objeto de seu martírio, a absoluta
necessidade de uma organização de seu tempo e uma tranquilidade suficiente para
as santas lutas espirituais de suas vidas pessoais. Ainda, é-lhes necessário
prever, em seus trabalhos pastorais, “o fracasso” que não tarda a surgir.
Fracasso não porque não sejam capazes de conseguir, mas porque – diríamos nós –
a missão do obreiro espiritual na Igreja é de fracassar para que o poder de
Deus seja revelado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Elias o zeloso foi enviado para
testemunhar da verdade e proclamar o Deus vivo. E qual o fruto de sua missão
pode este profeta ver? A maneira como Deus o elevou, antes mesmo que ele
tivesse terminado sua obra, é certamente maravilhosa, todavia era também –
poderíamos dizer – uma morte, era o anúncio de sua substituição por um outro
profeta. Mas é justamente pela semente de seu testemunho que Deus o havia
enviado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">São João o Precursor deu testemunho
da verdade e blasfemou a iniquidade. E portanto a iniquidade continuou até
nossos dias e parece reinar, e ele perdeu sua cabeça. Ele falhou, mas no
entanto continuou a ser o Precursor de Cristo, o cume dos profetas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Onde estão as inúmeras Igrejas
apostólicas que os Apóstolos fundaram no Oriente? Onde estão as conquistas e os
milagres que tantos santos realizaram?</span><span style="text-indent: 0cm;"> </span><span style="text-indent: 0cm;">O
que veio a ser dos predicadores dos milhares de predicadores da Palavra divina?
O mundo continua a girar na lama do pecado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">É realmente necessário saber que
nossos filhos, nossos rebanhos, todos aqueles por quem nos afligimos e
lutamos, viverão no pecado de seus corações, viverão as paixões nas quais vive
a sociedade inteira. Todavia eles sobreviverão na eternidade quando Deus lhes
arrebatar no instante determinado para cada um, que só Ele conhece.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Deus é Aquele que dá a vitória,
mesmo se nós somos incessantemente atormentados, e é Ele quem ganha os homens,
não em virtude de nossos próprios esforços, mas pelo meio que Ele revela a
Isaías, a quem Ele profetisa, predizendo-lhe o fracasso: “assim santa semente
será a firmeza dela. (42)” Quer dizer Sião. É com se Ele lhe houvesse dito: “Tu
fracassarás. O mundo, à hora em que ele comer minha palavra e ou o pão que Eu
lhe der, Me blasfemará, ele Me renegará e ele clamará “some, Deus!” Mas em
Sião, pelo poder do Espírito, Eu coloquei uma semente santa e viva a qual será
sua estela posta como um memorial, a base, a raiz, o tronco, o germe poderoso
que suportará através dos séculos a torrente do pecado e o cataclismo de todo
mal. Ele manterá o “resto” de Israel e o transformará na Igreja de Deus, Pai
dos que foram salvos”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Este germe é mantido vivo e
trata-se da vida monástica, coluna da Igreja e estela recordando os julgamentos
de Deus nos corações dos homens e os julgamentos daqueles que podem pedir a
Deus, prescrições que geralmente ignoram até o momento onde, diante deles e de
maneira evidente, eles descobrem a vida monástica.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Deus honrou a vida humana com a
vida monástica e é graças à ela que o mundo permanece firme. “Por eles – os
monges – o mundo está consolidado e a vida humana foi honrada (43)”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Eis porque é-nos necessário ter
mais confiança naquilo em que professamos, revestindo nosso raso, quem que nós
somos, do que em nós próprios, tão grandes e fortes que nós somos ou
acreditamos ser.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Se desejamos fazer algo que seja
nosso, que o seja somente de nos rejubilarmos, posto que fomos também julgados
dignos de sermos monges e, por consequência, co-herdeiros dos santos que
sofreram o martírio. Não nos inquietemos pelas cargas que nos são impostas,
quaisquer que elas sejam. Não nos esqueçamos que a nossa vocação é um
chamamento ao martírio. Deus cuida de nós e de todos aqueles que nos são confiados.
É difícil ao Deus que embriaga a terra, de embriagar também o coração dos
homens que formam Sua Igreja, tal como Ele embriagou nossos próprios corações?</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><div style="text-align: center;"><span style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT"><b>CONCLUSÃO</b></span></span></div><span style="mso-bidi-font-style: normal;"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">E agora é nos necessário concluir.
Eu gostaria de formular um simples pedido a todos nós: tenhamos confiança em
Deus, guardemos a memória de Deus e um amor doloroso para com Ele. O que somos
nós? E o que é Ele? Todos os homens, o mundo inteiro, e nós todos em toda a
imensidão de nossos corações, com nossos combates e nosso amor, não podemos
chegar nem mesmo à altura “de um dedo do pé de Deus”, nem à infâmia de Sua
santidade.</span></div><div style="font-style: italic; text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">Confessemos, então a nós próprios,
que nada somos. Isto equivale ao martírio de ser esmagado pelo passo do amor de
Deus, na pressão da ascese da vida monástica repleta de delícias de Cristo, de
ser transformado no vinho novo que faz rejubilar o Senhor, e convertido no
mistério de uma vida nova.</span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><i style="text-indent: 0cm;"><span lang="PT">Homilia apresentada no Congresso Monástico e realizada na Metrópole de
Tessalónica aos 11-13 de Maio 1980, esta conferência nos fala do martírio
quotidiano dos monges como uma incessante participação à morte de Cristo e aos
sofrimentos dos heróis da Fé, sofrimentos estes, que conduzem ao triunfo dos
Santos.</span></i></div></span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-38611409494543452302021-01-02T05:13:00.006-08:002021-01-02T05:13:56.224-08:002020… Um ano de Perdas e Ganhos, Dores e Milagres <div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>MOROZOV, Igumeno Nektary</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-qzhULTfysCY/X_Bxb4xKQMI/AAAAAAAAHkE/HVgj7vpmzAIrCTb5ZODocyZlgz4F6eh5gCLcBGAsYHQ/s700/353586.p.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="394" data-original-width="700" height="310" src="https://1.bp.blogspot.com/-qzhULTfysCY/X_Bxb4xKQMI/AAAAAAAAHkE/HVgj7vpmzAIrCTb5ZODocyZlgz4F6eh5gCLcBGAsYHQ/w551-h310/353586.p.jpg" width="551" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT">No final do ano, é tradicional registrar
conclusões. Este é um certo procedimento obrigatório e, de fato, necessário.
Sem dar sentido ao ano que passa, sem levar em conta o que alcançamos e não
alcançamos, quais metas foram alcançadas e quais erros foram cometidos,
dificilmente podemos esperar viver o ano que vem com reflexão e
responsabilidade - ou dito de outra forma, em vão.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Portanto, agora 2020 está terminando ... E não
posso falar por todos, mas posso dizer por mim mesmo com certeza que está mais
difícil do que nunca chegar a quaisquer conclusões. Por quê? Provavelmente, o
principal motivo é que houve muita confusão este ano, muito do que não estamos
acostumados, e tudo se tornou uma grande provação.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Claro, o principal evento de 2020 foi a pandemia. Era algo que praticamente
nenhum de nós esperava; e com muito poucas exceções, ninguém estava preparado
para isso. E para nós, cristãos ortodoxos, era muito difícil imaginar que algo
assim aconteceria, algo que não só teria tal efeito em toda a ordem da vida
religiosa, mas também em nossas mentes e corações. Provavelmente todo cristão
irá, de uma forma ou de outra, ponderar profundamente (ou pelo menos deveria
ponderar profundamente) como a situação da Igreja neste mundo é inconstante,
que os períodos de relativa prosperidade são alterados por períodos de levantes
contra a Igreja - perseguições óbvias ou ocultas contra isso. Mas alguém
poderia supor que o perseguidor seria um vírus saindo da China? Que as igrejas
seriam fechadas e que, quando fossem abertas, as pessoas seriam permitidas de
acordo com uma lista de reservas? Que haveria marcadores no chão das igrejas
para ajudar as pessoas a observar o distanciamento social - ali, em um lugar
onde não deveria haver distância entre nós, onde somos verdadeiramente chamados
a nos tornar um todo. Essas discussões furiosas aconteceriam sobre se um
cristão tem o direito de receber a Comunhão ou se ele deve se abster da
Comunhão do Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo para evitar infecções
ou colocar outras pessoas em risco. Que estaríamos limpando as colheres de
comunhão com guardanapos embebidos em álcool e enxugando os lábios das pessoas
com guardanapos incineráveis ... E muito, muito mais...<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">É difícil para mim avaliar de forma inequívoca o que vivemos neste período
de tempo e o que ainda estamos passando agora. Por um lado, é bastante claro
que a pandemia desferiu um sério golpe no mundo e causou grandes perdas. O
golpe não foi apenas contra os sistemas econômicos ou políticos de muitas
nações diferentes, mas como se aplica à nossa própria situação, foi também
contra a vida da Igreja; e não podemos deixar de notar as perdas causadas pelo
coronavírus e as limitações que ele trouxe à Igreja.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Mas há outro lado disso. Parece-me que a pandemia nos obriga (ou deveria
nos obrigar) a repensar muito. Vimos claramente como o mundo pode de repente se
tornar completamente diferente, não habitual, inconveniente. Vimos como em
muito pouco tempo todas as áreas problemáticas foram reveladas em nossos
sistemas de saúde, economia e legislação. Todas as deficiências e omissões
foram trazidas à tona - e as primeiras pessoas a sofrer são as que não estão
bem de vida. Graças a isso, tornou-se muito mais fácil entender em que caos o
mundo pode facilmente cair se for confrontado com mais provações globais e se
não houver apenas uma catástrofe, mas toda uma cadeia delas, como costuma
acontecer. Temos a feliz oportunidade de refletir sobre o seguinte: o que é
especificamente exigido de nós para que não nos encontremos despreparados para
tal tragédia, para que não nos transformemos simplesmente em partículas
díspares desse caos?<br /></span><span lang="PT">Falarei de coisas simples, até banais, mas que muitas vezes estão
condenadas ao esquecimento. Cada um de nós deve tentar colocar nossos próprios
assuntos em ordem o máximo possível. Sabe, estamos, afinal, em um grau
significativo, dispostos a adiar tudo para “mais tarde”. Parece que ainda temos
tempo para pagar nossas dívidas, terminar a construção de nossas casas, adiar
os estudos por mais um ano e cuidar da saúde física. Sem dúvida, alguém dirá
que tudo isso não é o mais importante, que há coisas muito mais importantes.
Concordo. Mas você não pode argumentar com o fato de que a desordem nas
relações externas pode se tornar um fardo pesado em momentos de crises gerais,
o que é algo que todos nós, de uma forma ou de outra, experimentamos durante
nosso primeiro bloqueio.<br /></span><span lang="EN-US"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">E isso não é tudo. Devemos, infalivelmente, tomar nossa própria
determinação quanto ao que é realmente necessário e do que podemos fazer sem.
As circunstâncias difíceis que acompanham um período de crise geralmente não
são aterrorizantes por si mesmas. Eles se tornam uma tragédia quando, depois de
nos encontrarmos neles, somos incapazes de aceitar o fato de que nossas
demandas e exigências não podem mais ser satisfeitas. Portanto, é muito
importante examinar essas demandas e requisitos e chegar à conclusão óbvia
(principalmente para a pessoa religiosa): quanto mais simples, mais fácil será sobreviver.
E o inverso também é verdadeiro.<br /></span><span lang="EN-US"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Mas isso é apenas metade da questão. O mais importante de tudo é confiar a
nós mesmos e todas as nossas circunstâncias a Deus. Isso, novamente, é uma
verdade incontestável. Mas nas condições atuais torna-se muito relevante e,
embora permaneça verdadeiro, é também da maior necessidade.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">O coronavírus forçou muitos a olharem seriamente para sua própria vida
religiosa. Uma paróquia próspera e viva é uma paróquia onde as atividades
educativas e sociais são bem desenvolvidas, onde as pessoas estão unidas pela
vida comum, onde a unidade não se limita a saudações ordinárias nos serviços,
onde boas obras e ajuda mútua não são banalidades, mas sim um realidade diária.<br /></span><span lang="EN-US"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Escola dominical, aulas de catecismo para adultos, aprender a cantar no
coral, clubes para idosos, grupos de voluntários, conversas dominicais com o
padre e cineclubes são coisas que formam e cimentam a vida da paróquia. E como
era difícil perceber que tudo isso tinha que ser colocado em espera por um
período indefinido de tempo até que as circunstâncias mudassem. E eu entendo
perfeitamente que isso se tornou um problema não apenas para mim e nossos
paroquianos, mas para todo o clero e paroquianos da Igreja Ortodoxa Russa, bem
como para todas as outras Igrejas Locais.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Temos nos visto menos, passado menos tempo juntos e tivemos que encerrar
todos os nossos “programas educacionais”. Teria sido difícil fazer de outra
forma, à luz do vetor crescente de infecção. Alguns de nós literalmente
desapareceram da igreja. Alguns partiram durante esses meses para sempre, e
nossa comunicação com eles agora será apenas por meio de nossas orações por seu
repouso.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">E aqui também tivemos que buscar uma resposta para
a pergunta: Como devemos viver uma vida plena sob essas novas circunstâncias,
como não perderemos nossa compostura, não arruinaremos tudo que construímos ao
longo de tantos anos? Nossa paróquia, como muitas outras, começou a transmitir
nossos serviços ao vivo no YouTube e a organizar sessões de perguntas e
respostas ao vivo no Instagram. E, é claro, temos orado uns pelos outros e
pelos enfermos. Mas era impossível para nós não sentir como isso é inadequado,
como aquele sentimento de comunidade e cordialidade que tínhamos antes estava
deixando nossas vidas. Foi muito doloroso ver o quanto do que tínhamos
construído tão laboriosamente estava se desintegrando. No entanto, a resposta à
pergunta sobre o que devemos fazer e como podemos manter nossa unidade veio com
bastante rapidez. Por termos tentado manter contato constante uns com os outros
e com aqueles que se viram arrancados da vida da igreja, recebemos
continuamente notícias sobre aqueles que passaram por tempos particularmente
difíceis. Assim se desenvolveram nossos programas de ajuda material aos
paroquianos necessitados. Não tínhamos recursos para isso, a não ser nossa
disposição de ajudar uns aos outros - os fundos de nossa igreja haviam caído ao
limite mínimo - mas, mesmo assim, fomos capazes de realizar nossa iniciativa.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="EN-US" style="background: rgb(248, 249, 250);">Então vieram pessoas - todas pessoas diferentes, mesmo
pessoas que não conhecíamos antes - que desejavam participar do trabalho que
tínhamos começado. </span><span style="background: rgb(248, 249, 250);">E se a princípio sustentávamos vinte e cinco pessoas, aos
poucos o círculo dos sob nossos cuidados passou a abranger as famílias pobres
que moram no entorno. Agora já existem 150–200 pessoas a quem podemos ajudar
regularmente. Eles se juntaram aos médicos de um dos hospitais cobiçados de
Saratov. A este apoio alimentar juntaram-se outros artigos para crianças e
adultos, meios de transporte e tudo o que é necessário para quem não tem quem
os ajude. </span><span lang="EN-US" style="background: rgb(248, 249, 250);">E quando os medicamentos
necessários para tratar a Covid começaram a desaparecer das farmácias,
organizamos uma busca por eles, compramos em Moscou e outras cidades onde
podiam ser encontrados e formamos uma pequena fundação que nos deu a
oportunidade de fornecer às pessoas que estavam doentes medicamentos que de
outra forma não poderiam ter encontrado a tempo.<br /><o:p></o:p></span><span lang="EN-US" style="background: rgb(248, 249, 250);"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">As pessoas eram necessárias para embalar e entregar mantimentos, procurar
as coisas necessárias, para aqueles remédios, para consertar alguma coisa ...
Assim, em pouco tempo nosso pequeno grupo de voluntários da paróquia cresceu
substancialmente, recebendo aquelas pessoas que antes não eram nossos
paroquianos. E assim nasceu a nossa sociedade “Gente Boa”.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Compreendo perfeitamente que ainda não saímos desta crise. E é difícil
dizer quais prognósticos serão verdadeiros, por quanto tempo a pandemia
continuará e o que acontecerá depois dela. No entanto, para mim é absolutamente
claro que esse período não apenas me privou de algo importante e habitual, mas
também me deu algo que eu não tinha antes: uma compreensão experiencial de como
é frágil o mundo em que vivemos. Como de repente a vida na Igreja pode mudar.
Como as mudanças podem acontecer em nossas circunstâncias pessoais. E como é
importante estar preparado para tudo. E que essa preparação só pode, em última
análise, ser condicionada à nossa confiança total e completa em Deus.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Além disso, um pequeno, mas muito importante e precioso milagre para mim é
o aparecimento de "Gente Boa" - uma sociedade da qual precisávamos há
muito tempo, para a qual não tínhamos tempo, força ou dinheiro, e que surgiu
logo quando tudo o que foi enumerado acima acabou sendo muito pouco. Surgiu
apesar da crise e graças a ela. Esta é uma lição para mim. É um testemunho
claro para mim pessoalmente de que os tempos difíceis podem dar a você muito
mais do que os tempos mais prósperos. E tenho certeza de que essas lições e
testemunhos deste ano que está passando enriqueceram muitos. Isso significa que
não importa o quão difícil tenha sido, não vivemos isso em vão. Agradeço a Deus
por isso, e essa gratidão me ajuda a saudar o novo ano sem ansiedade ou
desânimo.<br /></span><span lang="PT"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT">Esta é minha avaliação pessoal do ano que passa - a clareza a que consegui
chegar.</span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-6626451253731242772020-12-27T11:55:00.006-08:002020-12-27T11:55:01.930-08:00O PAPEL DE PALAMAS NO CENÁRIO DA ESPIRITUALIDADE ORTODOXA<div style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><b>por um sacerdote PIEDOSO</b></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhsMavljjfq3xNienzHaySctJJfJVFDHyOwIEUbITnFyBhIdNwNonr5uBjRIkKpHN4AIsfmUZoq89Z52kemWphvRPTpmN-oQmKjWLfL81Od6XIfCz2dXUE2zDxfhyphenhyphenTO5uIuiQhBGgRGA/s1366/p1bap52oa6ve11er51oj7ss81p147.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1366" data-original-width="1024" height="431" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhsMavljjfq3xNienzHaySctJJfJVFDHyOwIEUbITnFyBhIdNwNonr5uBjRIkKpHN4AIsfmUZoq89Z52kemWphvRPTpmN-oQmKjWLfL81Od6XIfCz2dXUE2zDxfhyphenhyphenTO5uIuiQhBGgRGA/w323-h431/p1bap52oa6ve11er51oj7ss81p147.jpg" width="323" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR">"O poder
(de ver Deus), não tendo outros meios de agir, tendo ido além de todos os
outros seres, se torna todo luz em si e semelhante àquela que vê; é unido sem
mistura; sendo ele mesmo luz, e vendo a luz através da luz. Se olha para si mesmo,
vê luz. Se olha para o objeto de sua visão, novamente vê luz. E se olha para o
meio pelo qual vê, de novo vê luz. Isto é o que significa união. Tudo é tão uno
que aquele que vê não pode fazer distinções entre os meios ou os fins ou o
objeto. Ele está consciente apenas de ser luz e ver luz distinta de tudo que
foi criado".<br /><div style="text-align: right;"><i style="text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT-BR">'Tríades' II, 3
- GREGÓRIO PÁLAMAS</span></i></div></span></i><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span></span></div>Por volta do século XIV, Bizâncio havia se
tornado uma sombra de sua antiga glória. Os Cruzados, fascinados com a riqueza
de Constantinopla, que já estava se esvaindo, saquearam-na. Líderes eslavos
criaram reinos temporários em suas territórios do norte, e os turcos invadiram
a Ásia Menor vindos do leste. Dentro dos portões de Constantinopla, facções
aristocráticas e nobres disputavam entre si para estabelecer uma ou outra linha
dinástica. Comerciantes venezianos monopolizavam a economia mercantilista do
império e jamais foram completamente desalojados. Mesmo quando o império
mergulhou em direção ao seu esquecimento final, a Igreja Ortodoxa Grega libertou-se
das instituições imperiais e começou a exercer sua independência dentro e sua
influência além das fronteiras bizantinas. A igreja enfrentou desafios de um
tipo diferente e emergiu deles como uma instituição mais forte e mais
monástica. Coube a Gregório Pálamas ser o catalisador que emancipou a igreja de
suas ligações políticas e cristalizou sua orientação espiritual.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Gregório Pálamas nasceu em 1296, em
Constantinopla. Embora seus pais fossem nobres da Ásia Menor, repetidas
invasões turcas forçaram-nos a fugir da capital imperial, onde seu pai se
tornara um respeitável membro do senado. Durante sua infância e juventude,
Gregório recebeu o melhor da educação tradicional, incluindo o 'trivium' e o
'quadrivium'. Embora o pai de Gregório morresse quando ele ainda era jovem, o
imperador Andrônico II Paleólogo prometeu-lhe uma importante carreira no
governo, e Gregório pareceu destinado a seguí-la. Em 1316, contudo, Teolépto de
Filadélfia encorajou Gregório a adentrar na vida cenobítica, e, a despeito do
apelo do imperador, Gregório decidiu tornar-se monge. Uma vez que como filho
mais velho ele era responsável por toda a sua família, incluindo um grande
número de servos, persuadiu sua mãe, irmãs e irmãos e muitos dos servidores de
sua casa a ingressarem na comunidade monástica. A maioria entrou em mosteiros
em Constantinopla, mas Gregório e seus irmãos seguiram para o Monte Athos, o
centro do monasticismo cenobítico e eremítico, tornado independente do governo
imperial por Andrônico II, em 1312. Morando perto do mosteiro de Vatopedi por
três anos, Gregório mudou-se depois para o Grande Lavra, o centro religioso do
Monte Athos.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Ali, seguia seriamente os métodos de
meditação cultivados pelos grandes expoentes do 'hesicasma' (quietismo),
incluindo Simeão, o Novo Teólogo. O ponto de vista de Simeão se tornou o de
Gregório, que, como Simeão, preferiu uma vida de retiro e contemplação. Mas
novamente como com Simeão, uma combinação de circunstâncias históricas compeliu
Gregório a falar pelo que ele acreditava ser a quintessência do Cristianismo.
Ele fez um relato sistemático sobre as convicções de Simeão e as tornou a base
central da ortodoxia oriental. Sua vida pública começou quando ele decidiu
fazer uma peregrinação à Terra Santa e ao Sinai. Embora os Cruzados houvessem
sido rechaçados para fora do Mediterrâneo oriental, os governantes Muçulmanos
eram razoavelmente tolerantes para com os peregrinos Cristãos, e os mais
intelectuais dentre estes teriam discernido a influência das práticas Sufi
sobre as dos hesicastas. Porém ele não pôde levar seu plano a cabo, e
encontrou-se na Tessalônica, onde encontrou Isidoro, o futuro Patriarca de
Constantinopla. Descobriu que Isidoro compartilhava de seu profundo sentimento
de que a contemplação espiritual não era um privilégio de eremitas, mas uma
necessidade para todos os fiéis a Cristo.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Ele foi consagrado sacerdote em
Tessalônica e fundou um pequeno eremitério nas cercanias de Berroéia,
permanecendo enquanto asceta por cinco anos. E, 1331 voltou para o Monte Athos
porque as incursões nas proximidades de Berroéia tumultuaram a vida monástica. Retira-se
para o eremitério de São Sabázio, logo acima do Grande Lavra, descendo para o Serviço
Divino com os irmãos somente nas festas litúrgicas. Embora fosse indicado abade
do grande mosteiro de Esfigmenou, seu zelo pela reforma chocou-se com as duas
centenas de seus monges, e ele voluntariamente retornou para São Sabázio dentro
de um ano. Logo, contudo, sua paz foi de novo perturbada por duas séries de
eventos, uma teológica e outra política. Um calabrês de descendência grega
chamado Barlaão chegou em Constantinopla e criou renome como filósofo. João
Cantacúzenos, o 'Megas Domesticus' (Mordomo-Mor) de Andrônico III, indicou-o
para uma cátedra na universidade imperial. Incumbiram-no de missões
diplomáticas para junto da coorte papal de Avignon, e ele escreveu comentários
sobre uma variedade de textos religiosos. Embora sendo inteiramente leal ao
Cristianismo ortodoxo e um arguto crítico de sua contraparte latina, Barlaão
ficara profundamente impressionado pelo humanismo secular em surgimento da
Renascença italiana. Filosoficamente, sua crença na transcendência da Deidade
levou-o a negar a possibilidade do conhecimento de Deus. Em virtude de seu
temperamento, sentia-se repelido pelas práticas hesicastas que prometiam tal
conhecimento. Ele argumentava que a meditação era inútil e que qualquer coisa
que se pudesse saber do divino deveria vir de um estudo da Natureza.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Gregório reconheceu que o ponto de vista
de Barlaão não era meramente uma proposição acadêmica sobre um tópico abstruso.
Ela desafiava o cerne hesicasta da ortodoxia e minava o conceito de deificação
ardorosamente ensinado por Simeão. Embora Gregório tivesse aconselhado contra
práticas meditativas empreendidas sem orientação reconhecida, ele
defendeu a meditação, reafirmou a possibilidade de experiência direta do Divino
e sustentava que o estudo da Natureza era adequado, mas que jamais poderia
fornecer direção para a realidade espiritual. Se Gregório era cauteloso contra
tudo que pudesse alimentar atitudes seculares, ao mesmo tempo Barlaão entendera
mal a natureza do hesicasma. Embora os monges do Monte Athos apoiasssem
solidamente Gregório, e Barlaão decidisse voltar para a Itália, a disputa
continuou e poderia ter permanecido indecisa, não fosse por uma estranha
concatenação de eventos políticos.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">O imperador Andrônico III morreu quatro
dias depois de presidir os debates conciliares que, em 13421, decidiram a favor
de Gregório. Uma vez que seu filho, João V, era menor, sua esposa, Ana de
Savóia, se tornou regente. Ela não poderia manter um equilíbrio entre o 'Megas
Domesticus' João Cantacúzenos, que apoiava Gregório, e o patriarca João
Cálecas, que alinhara-se com os seguidores de Barlaão. Depois de João
Cantacúzenos ter assegurado a aprovação imperial para a decisão conciliar, ele
foi destituído pelo patriarca e um grupo de nobres. Gregório permaneceu leal a
Ana como regente, mas condenou abertamente o golpe palaciano. Em 1343 o
patriarca viu o caminho livre para prender Gregório sob acusação de heresia e,
quando Gregório recusou-se a mudar sua posição, excomungou-o. Embora Ana
temesse que Gregório fosse um adversário político, ela o respeitava como
teólogo e considerava intolerável a arrogância do patriarca. Enquanto João
Cantacúzenos dava andamento a uma guerra civil contra o trono, Ana tramava
contra o patriarca. Em 1347 ela convocou um concílio que depôs o patriarca, e
João Cantacúzenos subiu ao trono, governando em nome de João V. Gregório foi
consagrado arcebispo de Tessalônica, e João Cantacúzenos indicado Palamita pelo
patriarca, inaugurando assim uma tradição que perdurou por anos e por fim
transformou a espiritualidade monástica no ponto de vista eclesiástico. Quando
João Cantacúzenos abdicou em favor de João V, em 1364, ele já era uma venerada
autoridade religiosa. Ele se tornou monge e com o nome de Josafá
fez muito para separar a igreja do império. Quando o império colapsou no século
XV, a igreja pouco foi afetada e através dela a civilização bizantina continuou
a exercer uma poderosa influência.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /> </span><span lang="PT-BR">Gregório era bem-quisto em Tessalônica,
pois ele combatia a injustiça social de todo o tipo, incluindo as taxas
impostas pela capital. Uma vez, quando viajava para Constantinopla para apelar
ao imperador, ele era passageiro de um navio que foi capturado pelos turcos.
Ele passou um ano em agradável cativeiro, debatendo posições religiosas com o
filho do emir Orkhan, na esperança de que "logo viesse o dia em que
poderíamos entender um ao outro". Embora cidadão leal de Bizâncio,
Gregório claramente distinguia entre a igreja bizantina, cujas verdades eram
eternas, e o estado bizantino, que era temporal. Quando foi libertado, voltou a
Tessalônica, onde morreu em 27 de novembro de 1369. Ele foi canonizado pelo
patriarca Filoteu, seu amigo e antigo discípulo, e até hoje ele só é menos
venerado que Demétrio, o santo padroeiro da cidade.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Os tratados de Barlaão contra as posições
mantidas pelos monges desde o tempo de Simeão não eram simplesmente inovações
filosóficas - eles traziam para a superfície ambigüidades e tensões que
existiam desde muito antes de Simeão. Gregório entendeu que a crítica de
Barlaão forçava o reconhecimento e a resolução de atitudes e concepções
incipientes que tanto os monges como as autoridades eclesiásticas preferiam ignorar.
A natureza da Cristandade oriental estava em cheque e talvez só Gregório tenha
percebido quão grandes eram os riscos. A crítica de Barlaão das práticas
místicas era baseada sobre uma visão Aristotélica de que todo o conhecimento é
derivado da experiência sensível. Dado que Dionísio Areopagita havia ensinado
que o conhecimento de Deus está completamente além da experiência sensível e
que a Deidade é incognoscível, Barlaão argumentava que a iluminação mística
associada à mais alta deificação não poderia constituir conhecimento de Deus.
Se tivesse algum valor enfim, era só simbólico; dado que Barlaão havia
testemunhado as práticas hesicastas, ele duvidava que houvesse algo mais que
indulgência psíquica na oração do coração.<br /></span><span lang="PT-BR">Embora Gregório se opusesse à aplicação de
métodos filosóficos à busca religiosa, ele proferiu suas respostas muito
cuidadosamente. Ele sabia que a igreja não poderia aceitar uma concepção do
conhecimento exclusivamente sensória sem destruir a visão hesicasta da
deificação, mas ele via também que os monges tinham uma idéia obscura a
respeito do conhecimento de Deus. Ele leu as obras de Barlaão com cuidado e
viu, ironicamente, que Barlaão, o empírico filosófico, não tinha conhecimento
algum de primeira mão sobre a meditação. Ele confundira técnicas preliminares -
como o controle da respiração - com toda a prática e sustentava que concentrar
a mente no coração era equivalente a atar a alma ao corpo. Em nome de Platão
ele advogara uma tensão quase maniqueísta entre alma e corpo, bem e mal. Gregório
respondeu explicando os propósitos dos exercícios contemplativos.
"Consideramos como um mal", escreveu ele, "para a mente
misturar-se às vontades da carne, não sendo errado para a mente estar no corpo,
pois o corpo não é mau". Gregório rejeitava a noção de matéria pecaminosa,
concordando com Simeão que a Queda de Adão no Jardim do Éden (e não sua
corporificação física) liberara uma tendência a pecar na humanidade.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">"Portanto lutamos contra esta lei de
pecado, banimo-la do corpo e estabelecemos ali a mente como um bispo. Doravante
estabelecemos leis para cada poder da alma e para cada membro do corpo como
lhes for apropriado. Para os sentidos prescrevemos o que eles devem receber e
em que medida, e esta prática da lei espiritual é chamada de autodomínio. Nós
levamos a parte desejosa da alma para aquele estado excelentíssimo cujo nome é
amor. Nós melhoramos a parte mental banindo dela tudo o que impede a mente de
voar para Deus, e a esta parte da lei espiritual chamamos sobriedade".</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Para Gregório a verdadeira morada da mente
é o coração, que não é nem um vaso para ela, nem algo a ela ligado, mas seu
órgão ou correspondente funcional no corpo físico. "Assim o coração é a
câmara secreta da mente e o primeiro órgão físico do poder mental". Se a
alma fizesse uso adequado da mente, deveria ser afastada de suas distrações e
difusão pelo corpo e levada a uma condição de 'prosoche', atenção. Este é o
objetivo de sentar calmamente, contando as respirações e focalizando a atenção
no coração - e não no umbigo como Barlaão alegara quando tentara mostrar que os
monges eram 'omphalopsyches' (almas umbilicais) errantes, que acreditavam
que a alma está no umbigo. Só quando se atinge uma atenção real a oração no
coração será eficaz.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR">"Tudo
isso é natural para aqueles que são avançados no silêncio, pois quando as almas
entram completamente em si mesmas, tudo isso ocorre natural e necessariamente,
sem esforço ou cuidado especial. Mas para os iniciantes nada disso é possível
sem um esforço estrênuo".</span></i></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR"><br /></span></i><span lang="PT-BR">Tendo desfeito as más concepções de
Barlaão a respeito da natureza da meditação, Gregório enfrentou a formidável
tarefa de clarificar seus objetivos e resultados. A todos os indivíduos que
receberam o batismo no espírito correto foi prometida a possibilidade do
conhecimento de Deus, embora poucos, talvez, jamais tenham desejado isso e
menos ainda o tenham conseguido. A deificação é a experiência direta do Divino,
do se tornar uno com Deus, quando a alma emancipada usa a mente uni-direcionada
liberta das amarras do corpo para voar até sua morada espiritual. O protótipo
desta experiência era a Transfiguração, quando Jesus se tornou radiante com a
Luz interior diante dos discípulos no Monte Tabor. Uma vez que Deus é
transcendente, argumentara Barlaão, sua luz não seria visível a olhos terrenos.
Os discípulos não poderiam ter visto o Divino no Monte Tabor, e assim sua visão
era simbólica. Gregório queria tanto quanto qualquer hesicasta estabelecer uma
nítida distinção entre o Criador e a criação, mas ele rejeitava uma
interpretação da Transfiguração que pudesse fazer da deificação nada mais que
um evento simbólico promissor de alguma glória futura. Para Gregório, assim
como para Simeão, contemplar a Luz é contemplar o Divino. Não é simbólico no
sentido comum - como quando se diz que a vida Cristã individual é um símbolo do
Cristo crucificado; nem é mesmo um símbolo no sentido mais profundo do termo
como usado por Máximo o Confessor, quando disse que Cristo na cruz é um símbolo
do corpo humano. Ver a Luz é uma experiência direta da união mística: o ser
humano deificado entra na Presença Divina agora nesta vida, não apenas em algum
período pós-morte.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Para Gregório, a teologia apofática -
discutir Deus através da negação - havia franqueado a si mesma para a acusação
de contradição feita por Barlaão, porque era insuficientemente vigorosa. De
fato a Deidade transcende a afirmação, mas transcende igualmente a negação.
Barlaão via no conhecimento de Deus revelado pela graça meramente uma tentativa
de garantir o conhecimento como aquele provido pelos sentidos mas inacessível a
eles. O conhecimento divino não é, de acordo com Gregório, meramente uma outra
ciência com critérios especiais de acessibilidade - não é 'gnose',
conhecimento, mas 'enose', união ou assimilação. A alegada contradição entre a
transcendência da Deidade e a deificação do ser humano é de fato uma verdade
dialética, cujas duas metades devem ser entendidas simultaneamente.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">"Deus se rejubila por toda a
eternidade na sublimidade de Sua glória... Deus vive nesta glória que é Sua
própria, intrínseca a Ele, em felicidade perfeita acima de toda glória, não
necessitando de testemunhas, incapaz de formular nenhuma divisão... Mas Ele
invoca Suas infinitas perfeições e as revela em Suas criaturas. Sua glória é
resplandecente nos poderes celestes, refletidos no homem, revestindo o mundo
visível com um traje de magnificência".</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Gragório ensinava que a Deidade é
completamente incognoscível em sua essência, 'ousia', mas cognoscível em sua
atividade divina, 'energeiai'. Embora o indivíduo comum testemunhe a bondade, a
sabedoria, a majestade e a Providência, a atividade divina não é subdividida de
qualquer modo, pois a Deidade está completamente presente em cada ação.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Nenhuma distinção filosófica pode capturar
esta realidade dialética, pois um mundo embebido de ação divina está além de
qualquer compreensão baseada nos sentidos. Quando o corpo é purificado, a mente
focalizada e a alma cheia de amor, todo o indivíduo é tornado um com a ação
divina e conhece a deidade super-racionalmente. Isto é possível porque "a
essência da mente é uma coisa e sua atividade é outra... A mente não é como o
olho, que vê todas as coisas visíveis mas não vê a si mesmo". A mente pode
ver a si mesma, e quando se sintoniza completamente com a Deidade, se torna a
divina 'energeiai' e a sustenta como Luz dentro de si mesma. Este é o motivo de
Gregório preferir a injunção Mosaica "Entra em ti mesmo" do que a
Délfica "Conhece a ti mesmo". O que permanece como um paradoxo
filosófico insolúvel é uma realidade existencial para aquele que se preparou
para a deificação. A graça divina não é mera salvação de um futuro
inimaginavelmente miserável, mas a solução deste paradoxo.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">Gregório refutou com sucesso o ponto de
vista de Barlaão porque amava sua tradição religiosa o bastante para alinhar-se
ao seu lado mesmo com grande risco para si mesmo e, mais ainda, porque ele
amava tanto a verdade que enfrentou destemidamente os problemas latentes em
suas formulações. O monge que preferira o eremitério à vida pública descobriu a
si mesmo centro de grandes controvérsias. Ao resolvê-las através da fria
argumentação do ponto de vista hesicasta, ele trouxe uma nova claridade e foco
para os traços distintivos do Cristianismo oriental, que duram até hoje.</span></span></div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><br /></span><span lang="PT-BR">"Em uma palavra, devemos procurar um
Deus em quem possamos participar de um modo ou de outro, de modo que
participando, cada um de nós, do modo próprio a cada um e pela analogia da
participação, possamos receber existência, vida e deificação".</span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-80608572756791716172020-12-25T05:46:00.001-08:002020-12-25T05:46:01.996-08:00HOMILIA PELA OCASIAO DE UMA TONSURA MONASTICA<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="text-align: center;"><b> de KATOUNAKIA, Geronda Efrem</b></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="text-align: center;"><i><b> traducao de monja Rebeca (Pereira)</b><br /></i></span><span lang="PT"><i> </i></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-p2z5YZ8HBzo/X99WljSpn5I/AAAAAAAAHjs/3OxyQhemtAoOjmuQI6KS_gTWxUfo5QhHgCLcBGAsYHQ/s645/efraim_katounakiotis_04.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="645" height="351" src="https://1.bp.blogspot.com/-p2z5YZ8HBzo/X99WljSpn5I/AAAAAAAAHjs/3OxyQhemtAoOjmuQI6KS_gTWxUfo5QhHgCLcBGAsYHQ/w528-h351/efraim_katounakiotis_04.jpg" width="528" /></a></div><br /><i><br /></i></span><span lang="PT">Minhas
bem-amadas almas em Cristo,<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Eu gostaria, e
apresso-me em dizer duas simples palavras, tal como as duas moedas da viúva do
Evangelho, para a tonsura do nosso irmão E. No entanto, suplico vossa afeição
ao fato de não fazer atenção à sintaxe de minhas palavras, pois sou um ignaro.
Deixei a escola em 1930, e passei tantos anos no meio destes rochedos de
Katounakia, que não só esqueci as boas maneiras, como também, tenho
dificuldades em me exprimir em grego, e com mais forte razão, pronunciar uma
homilia. É por isto que vos peço de dirigirem vossa atenção ao conteúdo que, à
medida do possível, tentarei exprimi-lo. Eu faço um apelo à vossa indulgência.
E começo então...<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">- “Como te chamas
tu, irmão”?<br /> </span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">- E., monge<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">- Longa vida
(muitos anos); possas tu agradar a Deus, aos Anjos e ao teu Ancião. Esta
expressão é pronunciada habitualmente; é uma simples expressão. Mas possui no
entanto uma profundeza rica em sentidos que provém todos do Ancião, da
obediência e que retornam ao Ancião, e terminam na obediência. O Ancião é Deus,
Ele próprio, que se torna visível.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Para que o nosso
venerado e amado Ancião, nosso doce e santo Ancião – que distingui pela sua
subtileza, sua piedade, sua devoção e sobretudo seu discernimento, ao mesmo
tempo que por inúmeros outros carismas que ornam a sua alma plena de aromas –
tenha decidido em proceder à tua tonsura monástica em um tão curto espaço de
tempo, e de te revestir do Grande Hábito angélico, é evidente que o teu
comportamento, irmão amado, a tua conduta, tua vida enquanto noviço foi tal,
que encontraste graças a seus olhos; que ele repousou sobre ti.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Seguidamente, nós
também, seus discípulos, sua comunidade, estamos totalmente de acordo com sua
decisão, com seu julgamento, tal como uma única alma repartida em vários
corpos. Todos juntos, nós queremos crer e estamos tanto certos como persuadidos
que teu zelo, tua agilidade, teu ardor, não fraquejarão, em caso algum, nem
conhecerá o mínimo descontentamento durante tua existência terrestre, mas que
ele aumentará, se multiplicará, a fim de que possas tornar-te também um “vaso
de eleição” do Espírito Santo, para a grande alegria e o júbilo do nosso santo
Ancião e de toda a nossa fraternidade, e motivo ainda de honra para a Santa
Montanha.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Seja então, nosso
bem-amado irmão Padre E., digno de tua vocação e de nossa espera, de nossa tão
doce esperança, de nossa alegria, progredindo segundo a regra monástica,
observando, não só à cada dia, mas à cada instante, os caminhos da tua vida, os
teus pensamentos e as tuas iniciativas, perguntando-te constantemente: para
onde eu irei?<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Sobe, bem-amado
irmão, nosso Padre E., a escada espiritual, sem temor e corajosamente, sem
hesitar face à violência e a dureza das guerras visíveis e invisíveis que te
rodeiam, pois “maior é o que está em vós do que aquele que está no mundo” (I
Jo.4,4).<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Mas as santas
orações de nosso Pai santo e teóforo e de todos os santos Padres te guardarão,
te iluminarão, te consolarão, te acompanharão, para que tu saías vencedor,
triunfante de todos estes combates, para a honra e glória de teu Hábito
angélico, assim como nosso júbilo, como aquele deste santo lugar e de nosso
santo Mosteiro.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Porte tuas armas,
tal como um novo David, todas as armas da vida monástica, enquanto imitador e
descendente de nossos eminentes e santos Pais António, Eutímio, Sabas, Pacómio,
e particularmente como discípulo do grande Acácio e de São Dositeu. Porte as
armas da temperança do ventre, da temperança da língua, da temperança dos
olhos, da temperança das mãos, e sobretudo aquela da fé e da negação de si,
inabalavelmente, com uma obediência cega e sem discernimento, não somente em
relação ao nosso santo Ancião, mas também para com todos nossos irmãos e
Padres.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Oh! Obediência,
Obediência que fez de Deus um Homem e que faz do homem um deus!<br /></span><span lang="PT">Já vi muitos homens
grandemente condenados que ao entrarem na arena monástica tornaram-se anjos,
por meio da obediência; eles deixaram para trás o EGO.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Já vi também homens
muito capazes, que ao franquearem o estádio da vida monástica, porque seguiam
seu julgamento próprio, sua vontade própria, sem pedirem conselho a ninguém,
conheceram um fim não muito bom, mas vergonhoso.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">A obediência se
divide em três períodos:<br /></span><span lang="PT">Eu obedeço para não
ser condenado sendo desobediente.<br /></span><span lang="PT">Eu obedeço para ter
uma recompensa.<br /></span><span lang="PT">Eu obedeço por
amor.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O discípulo não
teme o julgamento de Deus, porque ele ama seu Ancião. E, o que quer que ele
faça, ele o faz por amor ao seu Ancião, e em consequência também, pelo seu
irmão espiritual. Desta forma, enquanto nele reinar o amor, ele não temerá.
Quanto mais ele ama o seu Ancião, mais ele ama o dulcíssimo Jesus.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">“O amor perfeito
bane o temor” (I Jo.4,18).<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Então, se tu
queres, tu também, nosso irmão bem-amado, ser chamado, não somente em palavras,
ou pelas vestes e pelos hábitos, imitador de Jesus, mas ser um imitador e um soldado efetivo do nosso belíssimoo e
dulcíssimo Jesus, é necessário que tu também, tal como Ele, subas sobre a Cruz.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O que significa
“cruz”? Paciência nas tribulações.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">É isto que
significa a cor negra que nós trazemos.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Após a cruz vem a
ressurreição.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">A aflição suscita o
júbilo.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O monge não deve se
alegrar, porque isto não lhe convém.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Mas que ele chore
sem cessar.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Viste um monge
alegrar-se, ou a rir sem medida? Isto não é bom.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Viste um monge
perder-se em palavras? Isto não é verdadeiramente um monge.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Viste um monge
reservado, silencioso? Isto é verdadeiramente um monge.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Os santos não
nasceram como tais, mas como todo o mundo. É a paciência da qual foram testemunhas
nas diferentes aflições que os tornaram como tais, o que quer dizer: vencedores
e coroados.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Eles deram
quotidianamente o sangue e receberam o espírito.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Não penses, irmão,
que eles não tinham paixões, que eles não afrontaram combates, contra o diabo
ou contra o mundo! Não! Eles tiveram, eles também, como nós. Mas seu espírito
viril os levava a não regredirem, a não serem mornos, fracos, quando afrontavam
uma paixão.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O primeiro
obstáculo que encontramos é o próprio ego; o diabo não alcança uma segunda
posição.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Não penses que é
coisa fácil vencer o seu eu. Tu verás bem agora que trazes o Hábito.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Ponhas abaixo o teu
eu, aos pés dos Padres, dizendo o “Abençoa!”*’, tendo ou não razão. É este
“Abençoa!” que temem os demónios; ele aniquila o seu poder.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Verás então
despertar todo o Monte Athos.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Nós sabemos, irmão
amado, Padre E., que no mundo tu eras um grande; aqui, todavia, tu serás o
último de todos. Nisto consiste todo o teu combate, toda a tua violência, toda
a tua força espiritual, a coroa de ouro maciço; venças a ti-próprio, assim como
tu prometeste.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O diabo não tem
poder.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">O combate invisível
do monge consiste nisto: vencer as paixões que se apresentam a ele, seu ego. No
início tu afrontarás o teu velho homem, tal como um outro Golias, mas tenha
confiança.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">A graça virá também
e tu tornar-te-ás superior às tuas paixões, ao teu próprio eu, e verás um outro
homem, um homem segundo o novo Adão, geralmente sem corpo, com um horizonte
espiritual, uma outra armadura espiritual, um outro alimento espiritual.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">E as doces lágrimas
correrão como um manancial. E tu te rejubilarás e não cessarás de dar graças,
de louvar, de glorificar a Deus desta metamorfose (transfiguração).<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Quanto mais o homem
se humilha – o que se produz por meio da obediência e da oração – mais ele se
aproxima de Deus, mais ainda ele se vê pecador, e ele chora e se lamenta, busca
a misericórdia de Deus, e mais ainda ele vê os outros como santos, como anjos.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Enquanto que a
medida em que ele se afasta de Deus, mais ele considera os outros como
inferiores.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Faça-te então
violência, nosso irmão Padre E., a fim de encontrar o teu eu. Se não te fizeres
violência, tu não o encontrarás, tu não terás mais consciência de tuas paixões
interiores; os anos então passarão, e constatarás que passaste tantos anos
nesta Santa Montanha, e nada mais.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Para concluir, eu
digo que:<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">A violência é digna
de elogios. Mesmo o Evangelho o diz: “O Reino dos Céus sofre violência, e pela
força se apoderam dele” (Mt. 11,12), assim como os santos Padres: “O monge é uma
violência contínua feita `a natureza e uma vigilância incessante sobre os
sentidos”.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Sem violência, não
há progressão, mas nem mesmo purificação, nem visão, nem senso espiritual.<br /></span><span lang="PT"> <br /></span><span lang="PT">Mas,
no entanto, nós acreditamos que tu ultrapassará tudo isto e que tornar-te-ás
superior, mestre de ti mesmo, e que sairás deste século como um vencedor e
triunfador, a fim de participar ao júbilo e ao deleite do belíssimo e
dulcíssimo Esposo Jesus, pelos séculos sem fim e intermináveis, na Sua câmara
nupcial celeste. Amém.</span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-70061177810743008522020-12-21T02:26:00.003-08:002020-12-21T02:26:05.478-08:00O SENTIDO DOGMATICO DO ICONE<div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b> OUSPENSKY Leonid</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><i>traducao de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-_sccbZPu24I/X9ScCWifcuI/AAAAAAAAHjc/LvYCilKP5rco9gcUCDhFRbxAvDyraTJQgCLcBGAsYHQ/s338/lonid-ouspensky-02a38e98-6d69-41b6-9472-4e61932954b-resize-750.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="300" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-_sccbZPu24I/X9ScCWifcuI/AAAAAAAAHjc/LvYCilKP5rco9gcUCDhFRbxAvDyraTJQgCLcBGAsYHQ/s320/lonid-ouspensky-02a38e98-6d69-41b6-9472-4e61932954b-resize-750.jpg" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><b style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">O
ÍCONE, TEOLOGIA INSPIRADA<br /></span></b><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
ícone é uma santa imagem e não uma “imagem santa” ou uma imagem piedosa. Ele
tem o seu caráter próprio, seus cânones particulares e não se define por uma
arte do século ou de um gênio nacional, mas pela fidelidade à sua destinação
que é universal. Ela é uma expressão da economia divina, resumida no
ensinamento da Igreja Ortodoxa: “Deus tornou-Se homem para que o homem se torne
deus”. Tal é a importância que a Igreja atribui ao ícone que a vitória sobre o
Iconoclasmo foi solenemente declarada Triunfo da Ortodoxia, triunfo sempre
festejado na primeira semana da Grande Quaresma.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Para
a Igreja Ortodoxa a imagem, tanto como a palavra, é uma linguagem exprimindo
seus dogmas e seu ensinamento. É uma teologia inspirada, apresentada sob uma
forma visual. Ela é o espelho refletindo a vida espiritual da Igreja,
permitindo julgar lutas dogmáticas de tal ou tal época. As épocas de florescimento
da arte litúrgica correspondem sempre a um apogeu da vida espiritual: foi o
caso para Bizâncio, outros países ortodoxos e o Ocidente na época romana.
Nestes momentos, a vida litúrgica é realizada plenamente em seu conjunto
harmonioso, ainda que em cada um de seus domínios particulares.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Todavia,
a imagem não se contenta em exprimir a via dogmática e espiritual da Igreja,
sua vida interior. Através da Igreja, a imagem reflete de igual maneira a
civilização que a rodeia. Ligada por aqueles que a criam no mundo aqui de
baixo, esta arte é também o espelho da vida do povo, da época e do meio, e
mesmo até a vida pessoal do artista. Ele é também, de alguma maneira, a
história do país e do povo. Assim, um ícone russo, possuindo a mesma
iconografia que um ícone bizantino, difere deste pelos seus tipos e seu caráter
nacional, um ícone de Novgorod não parece com um de Moscou, etc... É
precisamente este aspecto exterior da arte sacra que forma o objeto da grande
maioria dos estudos atuais.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
conteúdo litúrgico da imagem sacra foi perdido no Ocidente no século XIII e no
mundo ortodoxo, seguindo os países, nos séculos XV, XVI e XVII. É somente no
fim do século XIX que os conhecedores, os sábios, os estetas descobrem o ícone.
O que parecia ser, outrora uma mancha sombria, afogada num rico revestimento de
ouro, aparece, de repente, em sua beleza miraculosa. Nossos ancestrais
iconógrafos revelam-se não somente pintores geniais, mas antes mestres de vida
espiritual, sabendo dar formas às palavras do Senhor: o Meu Reino não é deste
mundo (João).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Ora,
a incompreensão do conteúdo desta arte não é devido à superioridade, nem a uma
perda de sua força vital ou de sua importância, mas à nossa decadência
espiritual profunda. Sem falar das pessoas que estão fora, completamente, da
Igreja, estamos em presença, mesmo junto aos fiéis, de um pecado essencial de
nossa época: a secularização de nosso espírito, a deformação completa da
própria idéia da Igreja e da Liturgia.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Podemos
dizer, em geral, vemos mais a parte moral da vida espiritual. Seu fundo
dogmático, tornado domínio dos “sábios teólogos”, é considerado como uma
ciência abstrata e não tem relação com a realidade de nossa vida quotidiana.
Quanto à Liturgia, guia infalível de nosso caminhar espiritual, profissão de
nossa fé, ela não passa para muitos, de um rito tradicional ou ainda um uso
piedoso e marcante. A unidade orgânica do dogma e da lei moral na Liturgia
quebrantou-se, desagregou-se.<br /> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esta
ausência de unidade interior destrói a plenitude litúrgica de nossos serviços
divinos. Os elementos que os compõem e que não compreendemos mais o objetivo
comum – a palavra, o canto, a imagem, a arquitetura, a iluminação, etc... -
estão se esvaindo, cada um em sua própria via, em busca de seu sentido e de
seus efeitos particulares. Só estão unidos uns aos outros pelo modo de tal ou
tal época (barroco, classicismo, etc...) ou pelo gosto pessoal. Assim, a arte
da Igreja não vive mais da revelação do Espírito Santo, da vida dogmática da
Igreja, mas se nutre da civilização de tal ou tal momento histórico. Ele não
ensina mais; busca e tateia com o mundo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Ouvimos,
por vezes, vozes indignadas protestar contra as imagens de pouco valor e
sentimentais “gênero Santo Suplício”, ou contra as peças do concerto que veem
tomar o lugar do canto litúrgico. Não se trata lá, como admitimos correntemente
de uma decadência de nosso gosto. O mau gosto sempre existiu e sempre existirá.
O mal de nossa época é o gosto pessoal, que seja bom ou mal, é geralmente
admitido como critério na Igreja, enquanto o critério perdeu-se.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><b style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">O
ÍCONE, TRANSMISSÃO OBJETIVA DA REVELAÇÃO<br /></span></b><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Para
compreender a significação e o conteúdo da arte sagrada, em particular, o
ícone, comecemos por estudar, de maneira breve, o conjunto da qual ele não
passa de uma parte, a igreja e sua significação simbólica, de uma parte, a
atitude da Igreja Ortodoxa face à arte, de outra.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
princípio ortodoxo da construção das igrejas é baseado sobre a tradição legada
pelos Padres. Ora, a tradição não é um princípio conservador; ela é, antes, a
própria vida da Igreja no Espírito Santo. É a revelação divina que continua a
viver. À experiência daquele que a recebeu e transmitiu, adiciona-se a
experiência daquele que viverá depois dele. Assim, a unidade da verdade
revelada cohabita com a pluralidade das compreensões pessoais.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Em
seu segundo Tratado pela Defesa dos Santos Ícones, São João Damasceno diz: “A
Lei e tudo o quê foi instituído pela Lei (o Antigo Testamento) era uma
prefiguração da imagem que há de vir, quer dizer, de nosso culto atual. E o
culto que rendemos atualmente é uma imagem dos bens que hão de vir. Quanto aos
próprios objetos, eles são a Jerusalém celeste, imaterial e não feita por mão
de homem, segundo a palavra do Apóstolo: “Não temos aqui cidade permanente, mas
buscamos aquela que virá (Hb. 13, 14), quer dizer a Jerusalém celeste, cujo
arquiteto e construtor é Deus (Hb. 11, 10). Uma igreja, com tudo que ela
contém, é logo uma imagem dos “bens que hão de vir” da Jerusalém celeste.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Segundo
os Padres liturgos, em particular São Germano de Constantinopla, grande
confessor da Ortodoxia durante o período iconoclasta, “a igreja é o céu sobre a
terra, onde habita e Se move Deus, Aquele que está no mais alto dos Céus”, “Ela
foi prefigurada nas pessoas dos patriarcas, anunciada naquela dos profetas,
fundada naquela dos Apóstolos, ornada naquela dos Hierarcas, santificada
naquela dos mártires...” “Ela é a imagem da Igreja divina e representa o que
está sobe a terra, o que está no céu e o que ultrapassa o céu” (São Simeão de
Tessalônica). Ele precisa: “O nártex corresponde à terra, a nave o céu, e o
santuário o quê está mais alto que o céu.”<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Assim,
para os Padres, a Igreja é o céu novo e a terra nova, o mundo transfigurado, a
paz que há de vir, onde todas as criaturas se juntarão na ordem hierárquica em
redor de seu Criador.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">É
sobre esta imagem que se baseiam a construção e a decoração das igrejas. Estão
lá os símbolos dogmáticos que se limitam em fixar os princípios gerais e
essenciais. Os Padres não prescrevem estilo algum de arquitetura, nem indicam
como ornar o edifício, nem de que maneira deve se pintar os ícones. Tudo isto
decorre da idéia geral da Igreja e segue uma regra de arte análoga à regra
litúrgica. Falando de outra forma, temos uma fórmula geral muito nítida e muito
clara que dirige nossos esforços, deixando uma liberdade completa à ação do
Espírito Santo em nós.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">É,
então, a imagem do mundo transfigurado que está na base do princípio definindo
o aspecto da Igreja, a forma dos objetos e seu lugar, o caráter dos cantos
litúrgicos, e a regra de ordem dos sujeitos e da decoração, bem como o aspecto
exterior da imagem.<br /> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">É
claro que uma semelhante concepção da Igreja necessita uma harmonia perfeita de
todos os elementos que a formam, quer dizer sua unidade e sua plenitude
litúrgica.<br /> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">A
arquitetura, a imagem, o canto, tudo deve fazer com que o fiel se lembre de que
se encontra num lugar sagrado. Cada parte do edifício deve, pelo seu aspecto,
lhe mostrar seu sentido e sua destinação.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Para
formar um conjunto harmonioso, cada um dos elementos que compõem uma igreja
deve, antes de tudo, estar subordinado à sua idéia geral e partindo renunciar a
toda ambição de jogar um papel próprio, de valor para si mesmo. A imagem, o
canto deixam de ser artes tendo cada uma a sua via própria, independente das
outras, para tornar-se formas variadas exprimindo, cada uma, de sua maneira, a
idéia geral da igreja, universo transfigurado, prefiguração da paz futura. Esta
via é a única onde cada arte, fazendo parte de um todo harmonioso, pode
adquirir a plenitude de seu valor e se enriquecer infinitamente de um conteúdo
sempre novo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esta
harmonia que forma da igreja e do serviço divino um todo homogêneo realiza, em
seu domínio próprio, esta “unidade na diversidade” e esta “riqueza na unidade”,
que exprime, no seu conjunto e em cada um dos detalhes, o princípio de
catolicidade da Igreja Ortodoxa.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Assim,
a arte da Igreja é, pela sua própria essência, uma arte litúrgica. Não somente
serve de quadro<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao serviço divino e o
completa, mas lhe é perfeitamente conforme. A arte sacra e a Liturgia não
deixam de formar um todo, tanto pelo seu conteúdo como pelos símbolos servindo
a exprimi-lo. A imagem decorre do texto, ela lhe emprega seus temas
iconográficos e a maneira de exprimi-los.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">A
correspondência perfeita da imagem e do texto foi o princípio da arte sacra,
desde os primeiros séculos do Cristianismo. Nas catacumbas e nas primeiras
igrejas, não víamos nunca imagens de caráter anedótico ou psicológico. Tal como
a Liturgia, elas unem a realidade mais concreta a um simbolismo profundo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Ora,
o quê vemos em nossas igrejas está geralmente muito longe daquilo que deve ser
a arte litúrgica. Existe uma confusão de duas coisas absolutamente distintas: a
santa imagem e a imagem santa, quer dizer a arte litúrgica e o que chamamos
comumente de arte “religiosa”, arte que, tanto pela sua essência como por sua
destinação, sua maneira de expressão e sua maneira de tratar a matéria, é uma
arte profana ao sujeito religioso. Devido a esta confusão, a arte sacra foi
quase que completamente retirada de nossas igrejas e substituída pela arte
religiosa.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esta
arte é de concepção relativa e subjetiva; expressão de um estado de alma do
artista e de sua piedade e não, como a arte litúrgica, transmissão objetiva da
revelação. Ela reflete o mundo sensível e emocional, concebe Deus à imagem do
homem. Não é mais a Igreja que ensina, mas antes a personalidade humana que
impõe suas buscas individuais aos fiéis. O objetivo da arte religiosa é de
provocar certa emoção. Ora, a arte litúrgica não se propõe emocionar, mas
transfigurar todo sentimento humano.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Da
mesma maneira, a concepção de beleza, na arte religiosa, é completamente
diferente daquela da arte litúrgica. Para Igreja Ortodoxa, a beleza é o
vestimento real do Deus triunfante: o Senhor reina, revestido de Seu esplendor
(Sl. 92, 1). No plano humano, ela é o coroamento divino de uma obra, a
correspondência da imagem ao seu protótipo. Ora, na arte religiosa, tanto como
na arte profana, a beleza tem o seu valor nela mesmo; ela é o objetivo da obra.
Não é mais a beleza no sentido ortodoxo da palavra, mas antes uma deformação
desta beleza, abolindo na imagem do mundo decaído, indo por vezes até a imagem
do mundo decomposto, Picasso, os surrealistas...).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">A
beleza de uma imagem é aqui algo de subjetivo, tanto para o artista que a cria
como para o espectador que a olha. Na maneira de criar, como na maneira de
apreciar, é a personalidade humana que se afirma, conscientemente ou
inconscientemente. É o que comumente chamamos de “liberdade”.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esta
liberdade consiste numa expressão da personalidade do artista, de seu eu; a
piedade pessoal, os sentimentos individuais, a experiência de tal ou tal pessoa
humana passando antes da confissão da verdade objetiva da revelação divina. É,
na realidade, o culto do arbitrário. Adicionemos que, numa imagem religiosa,
esta liberdade se exerce às custas daquela dos espectadores: o artista lhe
apresenta sua personalidade que se interpõe entre eles e a realidade da Igreja.
Isto só pode provocar uma revolta, e o que estava destinado à piedade dos fiéis
confirma os descrentes em sua impiedade. Um artista que, conscientemente ou
inconscientemente, se engaja nesta via, é escravo de sua emotividade, de suas
impressões sentimentais. A imagem criada por ele perde inevitavelmente seu
valor litúrgico. Além do que, a concepção individualista da arte destrói
forçosamente sua unidade e priva os artistas do laço que os une uns aos outros
e à Igreja. A catolicidade cede o passo ao culto do pessoa, do exclusivo, do
original.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Muito
diferente é o caminho seguido pelo <i>pintor</i> litúrgico ortodoxo. É a via da
submissão ascética, da oração contemplativa. A beleza de um ícone, ainda que
compreendida por cada um daqueles que o olham de uma maneira pessoal, na medida
de suas possibilidades, é expressa pelo artista objetivamente, segundo a recusa
de seu eu, apagando-se diante da verdade revelada. A liberdade consiste na
“liberação de todas as paixões e de todos os desejos deste mundo e da carne”,
seguindo Simeão o Novo Teólogo (Sermão 87). É a liberdade espiritual, aquela
que São Paulo fala: “lá onde está o Espírito do Senhor, lá está a liberdade”
(II Cor. 3, 17). A qualidade litúrgica e espiritual da arte é proporcionada ao
degrau de liberdade espiritual do artista. Esta via é a única que conduz a
personalidade do artista à plenitude de sua importância real.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">A
tarefa do pintor de ícones e aquela do sacerdote tem muitos pontos em comum.
Segundo São Teodoro o Eremita, por exemplo, “um compõe o Corpo e o Sangue do
Senhor e o outro O representa”. Tal como o sacerdote, o iconógrafo tem o dever,
em sua arte, de nos colocar diante da realidade, deixando a cada um a liberdade
de reagir na medida de seus meios, seguindo seu caráter e as circunstâncias.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Outro
ponto em que a arte litúrgica difere essencialmente da arte religiosa é a
maneira com a qual trata a matéria. Ela segue, lá também, o princípio essencial
da Igreja. A imagem do mundo transfigurado não saberia, antes de tudo, tolerar
mentira alguma, pois que é o oposto da ilusão, a verdade por excelência. Eis
porque a matéria, entrando em sua composição, deve ser autêntica. É necessário
que seu tratamento seja conforme à matéria em questão e que, de seu lado, a
matéria seja conforme ao emprego do objeto. É essencial que o objeto não dê
ilusão de seu outra coisa que não é. Também, no ícone, o espaço está limitado à
superfície plana da prancha e não deve dar a impressão artificial de
ultrapassá-la.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Vemos
então que o próprio princípio da criação na arte litúrgica é diametralmente
oposto aquele da arte religiosa. Eis porque uma imagem religiosa pode ser
interessante e útil em seu lugar, mas este lugar não é a igreja.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><b style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">O
ÍCONE, VISÃO DO MUNDO ESPIRITUAL<br /></span></b><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">É
no decorrer do período iconoclasta dos séculos VIII e IX que a Igreja formula
claramente o caráter dogmático do ícone.<b> </b>Ao defender as imagens, não é
somente o papel didático, nem o lado estético que defendia a Igreja Ortodoxa,
mas a própria base da fé cristã: o dogma da Encarnação de Deus. Em efeito, o ícone
de nosso Senhor é por vezes um testemunho de Sua Encarnação e aquele de nossa
confissão de Sua divindade. “Eu vi a imagem humana de Deus e minha alma foi
salva”, diz São João Damasceno (Primeiro Tratado pela Defesa dos Santos Ícones,
capítulo 22).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">De
uma parte, o ícone testemunha, representando a Pessoa do Verbo encarnado,
realidade e plenitude de Sua Encarnação: por outro lado, nós confessamos por
esta imagem sagrada que este “Filho do Homem” é realmente Deus, a Verdade
revelada. Assim, vemos junto de São Pedro que, o primeiro, confessa a divindade
de Cristo, não por meio de um conhecimento humano natural, mas por uma
conhecimento de ordem superior, seguindo a palavra de nosso Senhor:
Bem-avenuturado és tu, Simão, Barjonas (filho de Jonas), porque to não revelou
a carne e o sangue, mas Meu Pai, que estás nos Céus.” (Mt. 16, 17).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
impulso do homem a Deus, o lado subjetivo da fé, se encontra aqui com a
resposta de Deus ao homem, um conhecimento espiritual objetivo, exprimido seja
pela palavra, seja pela imagem. Assim, a arte litúrgica não é somente nossa
oferenda a Deus, mas também a descida de Deus até nós, uma forma na qual se
opera o encontro de “Deus com o homem, da graça com a natureza, da eternidade
com o tempo”. As formas desta interpenetração do divino e do humano estão
perpetuamente transmitidas e sempre vivas na Tradição.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">A
Tradição na arte litúrgica, tal como na própria Igreja, se baseia sobre duas
realidades: um fato histórico de uma parte, e a revelação ultrapassando os
limites do tempo de outra. É assim que a imagem de uma festa ou de um Santo
reproduz o mais fielmente possível a realidade histórica e nos conduz ao seu
protótipo, sem a qual não é um ícone. De lá, o poder das imagens de operar
milagres, pois “os Santos, no dealbar de suas vidas, estavam cheios do Espírito
Santo. Antes de sua morte, igualmente, a graça do Espírito Santo permanece
perpetuamente em suas almas, em seus corpos sepultados, em seu aspecto e em
suas santas imagens” (São João Damasceno). No caso onde uma semelhança física
absoluta não soubesse ser atingida, a realidade histórica é exprimida por
símbolos perfeitamente adequados. Eis porque a Igreja Ortodoxa não admite as
imagens pintadas d'após um modelo vivo ou segundo a imaginação do artista. Tal
imagem exprime somente, apesar de sua inevitável mentira, o fato de que São
Pedro, por exemplo, seja um homem e a Santa Virgem, uma mulher. Os Concílios
prescrevem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintar</i> como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintavam</i> os antigos iconógrafos. Existe,
para este fim, coletâneas e manuais fixando os traços iconográficos de cada
Santo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Por
outro lado, uma imagem sacra não representa simplesmente um acontecimento
histórico ou um ser humano dentre outros; ela nos mostra o rosto humano deste
acontecimento ou deste se humano, nos revela seu senso dogmático e seu lugar no
encadeamento dos acontecimentos salutares da economia divina. As imagens de
nosso Senhor e da Virgem, já a elas, liberam a plenitude desta economia.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Pelo
ícone de um Santo, vemos seu lugar e sua importância na Igreja, bem como sua
maneira particular de servir a Deus enquanto profeta, mártir, apóstolo,...,
expressas pelos atributos iconográficos e as cores simbólicas. Assim, o ícone,
como a vida humana: vida de mártir, vida contemplativa, ativa ou outra. Ele nos
revela a via a seguir e os meios de realizá-la e nos ajudam a descobrir o
sentido de nossa própria vida.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Tal
como o Evangelho, a arte sacra é lacônica. A Santa Escritura só consagra
algumas linhas a este acontecimento que decidiram a história da humanidade. A
imagem sacra igualmente nos mostra somente o que é essencial. Os detalhes, aqui
e ali, só são tolerados quando indispensáveis e suficientes, como por exemplo,
no relato e na imagem da Ressurreição, os panos que estavam sobre a terra e o
lençol que havia sido posto sobre a cabeça de Jesus, não com os panos, mas
dobrado num local a parte (João).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Mas,
se o ícone ultrapassa os limites do tempo, não rompe suas relações com o mundo,
nem se fecha nele mesmo. Os Santos estão sempre representados de face oi de ¾
ao espectador. Eles são quase que nunca vistos de perfil, mesmo até nas
composições complicadas, onde seu movimento está dirigido ao centro da
composição. O perfil, em efeito, interrompe de alguma forma a comunhão, ele é
como um início de ausência. Nós o toleramos na representação de personagens que
não adquiriram a santidade, como por exemplo, os pastores ou os magos no ícone
do Nascimento de nosso Senhor.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esta
ausência de perfil é uma das expressões da relação íntima entre aquele que ora
e o Santo representado. Na Igreja, onde a decoração, como falamos, não passa de
uma reunião de ícones mais ou menos arbitrária, mas forma, de alguma sorte, um
ícone geral da Igreja, a Liturgia, quer dizer, “Ação comum”, engloba a
assembléia dos Santos representados e aquela dos fiéis, os Santos virados por
vezes a eles e ao Senhor, como um objeto de oração e mediadores junto de Deus.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Se
hoje cessamos de compreender a mensagem que o ícone nos traz, é porque perdemos
a chave de sua linguagem. Esta chave é o sentido concreto e vivo da
Transfiguração, idéia central do ensinamento cristão. Assim dizia um bispo
russo do XIX século, Santo Ignácio de Briantchaninov, “o próprio conhecimento
da capacidade do corpo humano a ser/estar santificado está perdido dentre os
homens” (Ensaio ascético, primeiro volume).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
ícone é precisamente o testemunho deste conhecimento concreto, vivido da
santificação do corpo humano, de sua transfiguração. Assim como a palavra, mas
por meio de imagens visíveis, ele nos mostra a criatura penetrada e deificada
pela graça incriada. “O homem, cuja alma tornou-se toda fogo, transmite
igualmente ao seu corpo uma parte da glória adquirida interiormente, como o
fogo material transmite seu ação ao ferro” (São Simeão o Novo Teólogo, Sermão
83).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Santo
Ignácio Briantchaninov descreve este estado de uma maneira que nos é mais
acessível: Deus, por uma força desconhecida, entranhando com ela o corpo...
junto ao homem nascido à uma nova vida, não é somente a alma, nem o coração,
mas também a carne se preenche de uma consolação e uma felicidade espirituais:
a alegria do Deus Vivo...<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Quando
o homem ora verdadeiramente, cada um de seus membros clama: “Senhor, quem se
iguala a Ti? Tu livras o pobre dos poderosos que o oprimem. Tu libertas o pobre
e o indigente daqueles que atacam sua oração e sua esperança: os pensamentos e
as sensações vindouras da natureza decaída e provocadas pelos demônios.”<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Assim,
o homem por inteiro toma parte à oração: o corpo, os sentidos, os sentimentos,
são santificados pela graça. Sua dispersão habitual, “os pensamentos e as
sensações que provêm da natureza decaída” fazem parte à uma oração concentrada,
fundindo-se no impulso do homem inteiro a Deus. Nossos sentidos regenerados
tornam-se outros. É este corpo humano transformado que está presente no ícone.
Isto não quer dizer que o corpo humano se torne outra coisa além do que é. Ao
contrário, o corpo permanece e guarda todas as particularidades físicas da
pessoa. Mas a mudança de seu estado é representada pelos traços que, não sendo
naturalistas, nos são geralmente incompreensíveis.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
ícone é então, como temos dito, um testemunho da deificação do homem, da
plenitude da vida espiritual, uma comunicação pela imagem do que é o homem em
estado de oração santificado pela graça. De alguma maneira, é uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintura</i> segundo a natureza, mas a
natureza renovada, com a ajuda de símbolos. Ele é o caminho e o meio; ele é a
própria oração. De lá, a majestade do ícone, a simplicidade, a calma do
movimento, o ritmo de suas linhas e de suas cores que decorrem de uma harmonia
interior perfeita.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Convém
precisar que este estado de santificação não deve ser confundido com aquele de
êxtase. Em efeito, o estado extático não é uma união da natureza humana com
Deus, ele não transfigura a criatura. Ele é uma ruptura da alma com o organismo
sensível (raptus), uma visão que chega por vezes ao debutante na vida
espiritual. A medida em que o debutante crê na graça, sua natureza penetra-se
inteiramente; ele não está mais tomado pela visão do mundo sobrenatural; ele
“conhece desde aqui de baixo, desde a vida presente, o mistério de sua
deificação” (São Simeão o Novo Teólogo, sermão 83, capítulo 3).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Somente
os homens que, por excelência pessoal, conhecem este estado, podem criar tais
imagens, revelando a participação do homem à vida do mundo transfigurado que ele
contempla. E somente tal imagem, autêntica e convincente, pode nos comunicar
seu impulso a Deus. Imaginação artística alguma, perfeição técnica alguma podem
substituir aqui o conhecimento positivo “proveniente da visão e da
contemplação”.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">É
fácil compreender, no presente, porque tudo que lembra a carne corruptível do
homem e o espaço físico é contrário à própria natureza do ícone, pois a carne e
o sangue não podem herdar o Reino de Deus e a corrupção não herda a
incorruptibilidade (I Cor. 15, 50).<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">De
tudo que precede, só nos resta pensar que somente os Santos podem fazer ícones.
A Igreja não consiste somente de Santos. Nós todos fazemos parte dela pelos
sacramentos e isto nos confere o poder, o direito, a audácia de andar nos
passos dos Santos. Todo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintor</i>
ortodoxo vivendo na tradição pode fazer ícones autênticos. Isto explica as
exigências da Igreja, no que concerne o lado moral da vida dos<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> pintores</i> de ícones. A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintura</i> de ícones não é somente uma
arte, é uma ascese cotidiana. Mas a fonte inesgotável que sacia a arte sacra é
o Espírito Santo pelo intermediário da Igreja, pela contemplação dos homens,
cuja oração foi santificada pela graça divina. Eis porque a Igreja Ortodoxa,
dentre as diferentes ordens de Santos, Doutores, Mártires, etc... tem uma ordem
de santos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pintores</i> de ícones
canonizados por sua arte.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> <br /></o:p></span><b style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">O
ÍCONE, REALIDADE DO REINO<br /></span></b><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Em
guisa de conclusão: A arte litúrgica é uma teologia inspirada, exprimida pelas
formas, as linhas e as cores. Ela contém os três elementos que formam a
religião cristã: o dogma, que ela confessa pela imagem, o ensinamento
espiritual e moral, que ela traduz pelo seu sujeito e seu conteúdo, e o culto,
da qual ela faz parte integrante.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Assim
como nosso Senhor sobre o Monte Tabor mostra aos Discípulos a Verdade do século
que há-de-vir e os faz participar no mistério da Transfiguração “na medida em
que estavam capazes”, a arte litúrgica, colocando diante de nossos olhos a
imagem desta mesma verdade do século que há-de-vir (o Reino de Deus vindo com
sua força – Mateus), santifica todo nosso ser seguindo nossas capacidades.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Esquecendo
a capacidade do corpo humano a ser santificado, chegamos a aplicar à arte sacra
as mesmas medidas e as mesmas exigências que à arte profana, abaixando assim o
sobrenatural ao humano. O homem decaído tornou-se a medida de todas as coisas,
ele criou Deus à sua imagem no lugar de reencontrar no homem a imagem de Deus.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Se
no tempo do Iconoclasmo dos séculos VIII e IX, na luta pela própria existência
da imagem, é o dogma da Encarnação de Deus que era defendido, “Deus tornou-Se
homem”, hoje é a realização da Encarnação: “Para que o homem se torne deus”,
que está em jogo. O iconoclasmo de nossos dias, inconsciente sem dúvida, não é
tanto uma negação da imagem, mas sua desfiguração, sendo até sua corrupção, uma
incompreensão de seu valor dogmático e educador. A maioria do tempo, a imagem é
considerada como coisa secundária; a palavra somente é julgada suficiente.
Esquecemos que nosso Senhor não é somente o Verbo do Pai, mas também a Imagem
do Pai e que, desde os tempos mais remotos, a missão da Igreja no mundo era
exercida pela imagem como pela palavra.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> <br /> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Longe
de ser para nós um objeto de deleitação estética ou de curiosidade científica,
o ícone tem um sentido teológico muito nítido: da mesma maneira que a arte
profana representa a realidade do mundo sensível e emocional, tal como visto
pessoalmente pelo artista, ela representa a realidade do Reino que não é deste
mundo, tal como nos ensina a Igreja. Em outras palavras, ela representa, com a
ajuda de símbolos, deste mesmo mundo sensível e emocional, liberado do pecado,
transfigura e deificado.<br /></span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;"><o:p> </o:p></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-20181423558768850682020-12-15T02:12:00.001-08:002020-12-15T02:12:03.562-08:00O REINO DOS CEUS NO DESTINO HISTORICO SERVIO<div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b> JEVTITCH, Vladika Atanasije</b></span></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: center;"><b><i>traducao de monja Rebeca (Pereira)</i></b></div><div style="text-align: center;"><b><i><br /></i></b></div></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-jjvuvTCfB8w/X9SZjWGtpPI/AAAAAAAAHjQ/QMnr2QQ-78gLBD7x7C8MMtPYOyTmkkuqQCLcBGAsYHQ/s1250/VladikaA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="983" data-original-width="1250" height="352" src="https://1.bp.blogspot.com/-jjvuvTCfB8w/X9SZjWGtpPI/AAAAAAAAHjQ/QMnr2QQ-78gLBD7x7C8MMtPYOyTmkkuqQCLcBGAsYHQ/w447-h352/VladikaA.jpg" width="447" /></a></div><br /><p><br /></p><p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="EN-US" style="color: black;">O
povo sérvio começou a formular sua identidade espiritual durante a era dos
Santos irmãos Cirilo e Metódio (IX século), e seus 5 discípulos que deram
continuidade ao trabalho (X séc.). São considerados os primeiros batizadores e
iluminadores dos sérvios, bem como dos outros eslavos. O fruto de suas obras,
colhido por mais de dois séculos desde Bizâncio/Bulgária até o Adriático,
inclui a gradual cristianização dos sérvios, tanto nacional como individual, o
aparecimento dos primeiros ascetas e Santos dentre os sérvios, e os primeiros
movimentos da cultura sérvia tanto espiritual como secular.</span><span lang="EN-US" style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Começando
desde o tempo em que aceitaram a Ortodoxia e considerando a subsequente
história e comportamento dos sérvios, é fácil discernir a natureza básica de
sua identidade espiritual. Este ethos fundamental especialmente manifestado por
si só desde o tempo de São Savas (XII-XIII sécs.) e foi revelado em sua
plenitude na Batalha do Kosovo na decisão espiritual e histórica em escolher o
Reino dos Céus. A indicação realizada aqui não busca referir somente a
aceitação interna e completamente intangível, mas também da obediência
historicamente tangível e concreta às palavras do Evangelho de Cristo: “Buscai
o Reino dos Céus e a sua justiça, e todas estas coisas lhe serão acrescentadas”
(Mt. 6: 33).</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Esta
preferência por valores espirituais torna-se uma parte inseparável da alma
nacional sérvia, bem como a sua seiva nas fases iniciais da sua história. A
primeira evidência disto aparece dentre os Santos sérvios, através dos quais o
ascetismo, as virtudes e sofrimentos constroem uma escada ao Reino dos Céus
para seu povo, exemplificando através de suas vidas, a maneira tanto como o
mundo, o caminho da história, como os atos dos homens devem ser avaliados.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Graças
à extraordinária pessoa de São Savas (1175-1235) e seus labores dentre os
sérvios, a escolha cristã ortodoxa torna-se a auto-identidade inerente do povo
sérvio. São Savas foi corretamente chamado como “Iluminador, o primeiro
entronizado, o Mestre do Caminho que conduz à vida” – à verdadeira, espiritual
e eterna vida – tal como expresso pelo poeta de Hilandar – o biógrafo Teodosije
no Tropário de São Savas. Além do opulento tesouro espiritual, cultural e
linguístico que ele deixou, São Savas iniciou a organização da Igreja Sérvia
Autocéfala, que contribuiu num caminho essencial à tutela da independência
nacional sérvia. Neste caminho, a fé cristã e a Igreja se uniram com o povo, e
as verdades do Evangelho se tornaram as éticas da nação como um todo. Este
desenvolvimento marcou fatalmente o curso da história da nação durante séculos.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Na
história dos sérvios, tolerância tanto religiosa como nacional e o pensamento
aberto eram bem conhecidos e atestados antes mesmo de São Savas, durante o
tempo em que a Igreja cristã do Oriente e do Ocidente era única. Isto acontece
especialmente em Duklija e no litoral. A tolerância religiosa dos governantes
sérvios foi verificada pelo interessante fato de suas esposas e mães virem de
dinastias de outras confissões.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Os
Nemanjici foram edificadores e benfeitores de igrejas e monastérios pertencendo
a outras confissões cristãs, permanecendo, no entanto, sempre firmes na fé do
Cristianismo Oriental Ortodoxo.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">A
transfiguração espiritual da Sérvia na era de São Savas e dos outros membros da
dinastia Nemanjic foi multifacetada. Em virtude do gênio criativo da Igreja e
estado, foi enriquecido pela inclusão da cultura folclórica (o dia do Santo
Patrono – </span><i style="font-family: verdana;">Slava</i><span style="font-family: verdana;">, costumes de Natal, o culto dos antepassados,
etc...) bem como a cultura organizacional e arte da sociedade em largo
(comunas, assembleias de pessoas eclesiásticas, comunidades, etc...). </span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">As
maiores realizações arquitetônicas e artísticas em cem igrejas e monastérios
sérvios, a literatura biográfica, a literatura liturgo-monástica, bem como a
literatura do estado constitucional fizeram e fazem com que a “Svetosavlje”
seja compreendida como uma experiência cristã autêntica da nação sérvia, ou
ainda, tal como a Ortodoxia diz ser uma experiência histórica, uma nação como
um todo. Dentre as muitas forças que contribuíram ao </span><i style="font-family: verdana;">making off</i><span style="font-family: verdana;"> da
vida espiritual da nação foram as Hagiografias Sérvias (as “Vida dos Santos”)
da Idade Média. O primeiro a se pôr a escrever uma destas biografias foi São
Savas, que escreveu a vida de seu pai, Stefan Nemanja – São Simeão o Miroblita.
Ao mesmo tempo seu irmão, Stefan “o Primeiro-Coroado”, também escreve sobre a
vida de seu pai Nemanja. Outros escreveram obras que se seguem. Incluíram a
vida de São Savas pelos seus discípulos Domentijan e Teodosije, muitas
biografias de Arcebispos e Reis sérvios, relatos sobre a vida de santas
mulheres (Santa Anastásia, Santa Helena de Anjou, Santa Petka, Santa Eufêmia),
relatos da vida de eremitas sérvios (São Prócoro, São Pedro de Korishka, Isaías
de Hilandar) bem como a vida de mártires sérvios (São João Vladimir – antes do
XI século – São Lázaro do Kosovo, os Neo-Mártires de Cristo, etc...). Em todos
estes textos hagiográficos, que são concorrentemente históricos, pode-se
encontrar o tema comum da opção pela liberdade espiritual e valores éticos que
transcendem o desnudo nível histórico deste mundo e vida, fazendo penetrar a
meta-história e escatologia. Os notáveis históricos são enquadrados num drama
com um propósito distinto, a resolução fundada na liberdade de escolha na
auto-determinação. A única escolha verdadeira está naquela, que através da
auto-renúncia pessoal e sacrifício, aspira a algo de mais elevado, objetivos
eternos – uma escolha que aspira ao Reino dos Céus. É neste espírito que São
Savas foi louvado biograficamente por sua aceitação pessoal de valores
espirituais e por seu serviço abnegado a Deus, ao próximo e a nação. O mesmo é
verdadeiro para os reis e governantes sérvios, nenhum dentre eles foi louvado
em suas biografias pelos combates e conquistas, mas primariamente, por sua
piedade, dotes beneficiários e especialmente por seus </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;"> (construção
de igrejas, monastérios e instituições humanitárias com o intento de realizar a
salvação pessoal e beneficiar seu povo de uma forma duradora).</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">É
importante salientar que a característica significante da literatura
hagiográfica sérvia é que o “serviço ao povo de uma pátria” é sempre entendido
como o serviço ao “povo de Deus”, uma frase que não é definida pela
nacionalidade, mas antes pela escatologia e a Bíblia – uma frase que incide
sobre a elevação de um povo numa unidade de "aliança" que não se
esforça em conquistar e dominar o mundo, mas na auto-abnegação e nos valores
espirituais duradouros. Isto torna compreensível o fato de que tanto na
consciência como na tradição viva do povo sérvio os ideais heróicos eram homens
santos, emulados pelos próprios governantes.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">“As
palavras de Cristo na senda do sofrimento que conduz ao Reino dos Céus alcança
– através da auto-negação espiritual dos primeiros Santos sérvios e através de
descrições dos poetas – sua culminação no ato de martírio – morte do Príncipe
Lázaro no Kosovo.”</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Neste
espírito Stefan Nemanja segue seu filho São Savas abandonando o trono para
ingressar na via monástica. Eles foram seguidos por toda a “Santa Dinastia” de
governantes sérvios das Casas dos Nemanjici, Lazarevici e Brankovici bem como
uma multidão de líderes da Igreja – Arcebispos e Patriarcas, muitos dentre os
quais são venerados como Santos e outros morreram como mártires. Estas santas
pessoas deixaram aos sérvios o legado e a identidade histórica de fidelidade
duradoura a Svetosavlje – já aceitaram a ética de justiça do Evangelho e o
caráter cristão e os ideais de liberdade e amor. Tudo isto é corroborado por
toda tradição folclórica sérvia – tanto escrita como oral – poesia folclórica e
histórias, provérbios e ditados, costumes e atos heróicos e tipicamente
decisões altruístas tomadas por indivíduos e suas grandes comunidades, em toda
nação, em certos momentos críticos de sua história. Estas são qualidades
distintivas cristãs e qualidades humanas da alma de nosso povo – prontidão em
auto-negação, sacrifício, sofrimento, resistência, perdão e aprisionamento pela
justiça e a liberdade.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Outro
componente da identidade espiritual sérvia é o </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;">, que
é mais uma indicação tanto da direção como do degrau de crescimento espiritual
do povo. A origem do </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;"> pode ser traçada para os
sérvios mesmo antes de São Savas (a igreja de Ston, erguida por Mihailo, Rei de
Zeta no XI século, ou a igreja-gruta dos primeiros eremitas sérvios), mas isto
se desenvolveu especialmente desde o tempo de Stefan Nemanja, São Savas e
demais Nemanjici, e seus herdeiros tanto no interior da Igreja como do Estado.
As </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> eram erguidas não somente por governantes
sérvios e arcebispos, mas também por duques, sacerdotes, monges e pessoas
comuns. Todos eles ergueram igrejas, monastérios e instituições caritativas
como sua própria, bem como para a nação – são obras realizadas tanto para a
glória de Deus e o benefício do mundo. No entanto, estas obras e o intento por
trás delas superou a história para apontar significativamente aos valores
espirituais duradouros do Reino dos Céus.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">O
espírito do povo sérvio de doação (o espírito de </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;">) é
bem atestado pela riqueza das igrejas e monastérios, preservados no território
sérvio. Isto é válido para as </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> da era da família
Nemanjic como para aquelas construídas mais tarde, nos períodos dos Lazarevic e
Brankovic (XIV-XV séculos), e também para aquelas erguidas mesmo até no período
da ocupação turca e posteriormente. Todo um aglomerado de igrejas e monastérios
preservados até os dias de hoje numa relativamente pequena área da Sérvia –
resquícios sobreviventes de um passado glorioso e uma grandeza histórica –
evidencia, de forma vívida, que a construção de igrejas e monastérios era tida
como a "única coisa necessária" (Lc. 10: 42), a que os sérvios se
dedicavam em primeiro lugar. Fato bem colocado pela escritora Isidora Sekulic:
“os sérvios não têm castelos de nosso passado, mas igrejas e monastérios
semeados por toda parte; As igrejas e monastérios serviam de moradas a todos –
governantes e pastores, letrados e iletrados, heróis e plebeus.”</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">O
espírito ortodoxo de </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;"> explica um reconhecimento
característico da identidade sérvia: através de todos os séculos do passado, e
até os dias de hoje, a vida espiritual e histórica dos sérvios está centrada em
torno e toma parte na e no interior de suas igrejas e monastérios. Eles foram e
permaneceram os centros para assembleias nacionais e colheitas, para auto-exame
e validações e os fundamentais epicentros de fé no grande destino da nação. Sem
estes lugares santos, o povo sérvio não poderia ser o que ele é; não só a nível
do lugar que ocupa no seio da Ortodoxia, mas para com o Cristianismo em geral.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">A
escolha espiritual do povo sérvio pelo Paraíso sobre a terra foi manifesta mais
plena e evidentemente na fatídica escolha na histórica Batalha do Kosovo em
1389, na qual os sérvios enfrentaram os turcos no Campo do Kosovo. Esta escolha
foi feita por soldados e mártires, liderados e comovidos pelo exemplo do Santo
Príncipe Lázaro, que morre, ele próprio, enquanto mártir. Esta exaltada
tragédia cristã foi logo em breve escrita e cantada na Igreja Sérvia e pelos
poetas folk. Disto se origina o conceito da escolha do Kosovo. George
Trifunovic, renomado erudito e autoridade no que concerne a tradições do Kosovo
dentre os sérvios observa: “As palavras de Cristo sobre o caminho do sofrimento
que conduz ao Reino dos Céus alcança – através de auto-negação espiritual dos
primeiros santos sérvios - seu apogeu no ato de martírio do Knez Lázaro em
Kosovo.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Os
sérvios não se renderam aos turcos em 1389, nem aceitaram o status de vassalos,
mas escolheram lutar, até, enquanto povo, desenvolveram bem os valores
espirituais em todas as esferas da vida – Igreja, estado, cultura e arte.
Consciente deste fato um homem que possui valores espirituais não pode ser um
escravo, ele escolhe aceitar o auto-sacrifício e a morte, que não é considerado
uma derrota, mas a emergência do idealismo espiritual – uma fonte de nova vida
e jamais rompida esperança no triunfo final da justiça e da verdade, destes
valores que pertencem ao Reino dos Céus.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Os
sérvios, obviamente conscientes de sua desvantagem estatística, decidiram
lutar. O cerne principal desta aceitação de uma luta desigual é a escolha, uma
livre, ainda que fatídica decisão de lutar em vez de render-se. “Kosovo, 1389,
foi uma afirmação definitiva da identidade cristã do povo sérvio; experimentado
como o triunfo do martírio e de certa forma como uma derrota. O fato da nação
sérvia toda-abençoada coroada com a coroa do martírio foi lirilizado em hinos
de vitória com resplendor e alegria. Isto significa o triunfo do espírito sobre
o corpo, da vida eterna sobre a morte, da justiça sobre a injustiça, do
sacrifício sobre a avareza, do amor sobre o ódio e a força. Isto é o que o
Kosovo sérvio significa quando cantado na poesia folk épica inspirado por este
acontecimento monumental e histórico” (Dimitrije Bogdanovic). “A escolha do
Kosovo foi sem sombra de dúvidas a escolha pela liberdade na mais difícil e
destrutiva maneira, mas o único seguro caminho” (Zoran Misic).</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">A
ética do Kosovo enquanto pacto nacional da história sérvia foi expressa por um
contemporâneo destes eventos, o Patriarca sérvio Danilo III, ao louvar o
Príncipe Lázaro e os mártires do Kosovo com as seguintes palavras em 1393: É
melhor escolher “a morte com honra e sacrifício do que a vida com vergonha;
morramos então, para vivermos para sempre”.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Tanto
estes como outros escritos litúrgicos e de culto similares sobre o Príncipe
Lázaro enquanto mártir e Santo, no qual seu martírio foi exaltado tanto como um
ideal histórico como meta-histórico, torna-se em breve a fonte e inspiração de
bem conhecido ciclo de poesia épico do Kosovo. Isto se faz especialmente
evidente no poema “A queda do Império Sérvio” no qual o defeito físico sérvio é
transformado numa vitória espiritual, uma filosofia cristã do sacrifício
trágico convertida numa base moral da mentalidade do povo. Foi isto que fez o
Kosovo torna-se e permanecer, dentre os sérvios, o local em que seu destino
histórico foi “determinado”, quer dizer onde eles foram espiritualmente
orientados na convicção de que a ressurreição da liberdade e uma nova vida
somente podem ser realizadas através de sofrimento e sacrifício. Kosovo foi
experimentado novamente e por muitas vezes é re-experimentado como nosso
Gólgota, mas também como o mais certo caminho que conduz à Ressurreição.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">O que
permitiu os sérvios expressarem sua escolha espiritual e manifestar a alta
ética do Kosovo foi o fato de estarem enraizados na tradição animada e a
criativa presença do hesicasmo, que na verdade é o espírito da Sérvia de
Lázaro. As igrejas e os monastérios sérvios foram centros de hesicasmo. Com
isto em mente, podemos concluir que a Sérvia dos Lazarevici foi em espírito
como a </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarska</i><span style="font-family: verdana;"> Sérvia dos Nemanjici. Nas </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> (monastérios)
viveram aqueles que aspiraram ao hesicasmo e seus muitos discípulos.
Influenciavam não somente as pessoas, mas também as coortes dos nobres sérvios,
e especialmente a coorte do Príncipe Lázaro e seus herdeiros, os déspotas
sérvios. Apesar da desintegração política gradual do estado enfraquecido, o
hesicasmo produziu um verdadeiro renascimento espiritual na cultura, na arte e
na vida religiosa.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Hesicastas
levaram as flâmulas da resistência face aos adversários e não pereceram
passivamente. Esta resistência foi primeiramente em força de espírito, na
filosofia cristã de vida, e na filosofia universal, tudo isto fortificou
extraordinariamente a auto-consciência ortodoxa do povo sérvio, cujos valores
ultrapassaram todas as tentações do tempo. O hesicasmo era entendido como a
vida do mundo e do homem numa maneira que conecta a lacuna transcendente entre
este mundo e o próximo; o que tornou a experiência do destino humano otimista.
Isto não negligenciou o drama da história viva, mas transfigurou a vida
amarrando-a valores perenes, enfatizando o triunfo da morte de um mártir pelo
Reino dos Céus. Assim, o hesicasmo encontra em si mesmo as funções da Igreja e
defesa nacional, muito importante para a resistência espiritual do povo sérvio.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Foi,
graças a esta escolha, que o povo sérvio, durante o tempo da escravidão turca
após o Kosovo, reviveu repetidamente o trauma do Kosovo, a escolha sacrificial
em abraçar o lote mais difícil, a dramática realidade de portar a sua cruz.
Mesmo durante estes tempos, nos quais o sucesso histórico não pode ser visto, os
sérvios mantiveram com fé seu “destino”, ao pacto do “Kosovo”. Mesmo apesar de
terem perdido a Batalha do Kosovo para os turcos no Campo do Kosovo, os sérvios
resistiram seu vencedor por mais meio século e durante um breve período
alcançaram a independência. Durante o governo do Déspota Stefan Lazarevic e a
era dos Brankovici (XV séc.), o povo sérvio construiu muitos e marcantes </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> –
igrejas e monastérios, mostrando mais uma vez que a edificação destes era por
eles considerado como a obra mais importante. Estas </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> cruzam
os rios Sava e Danúbio, onde os sérvios gradualmente migraram e para onde
trouxeram e perpetuaram sua cultura e culto de venerar seus Santos, dentre os
quais estão os mártires do Kosovo.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Em
seguida à queda final para os turcos (XV séc.), o povo sérvio não abandona sua
memória histórica, nem perde sua identidade espiritual, mas resistem com força
à Islamização e com a fé e a esperança dos mártires, resistem perseguições,
perda de propriedades, profanação de seus locais sagrados, e o martírio de seus
patriarcas, sacerdotes, monges e outros líderes. O que salvaguardou a
integridade da espiritualidade sérvia durante séculos de escravidão foi a
Ortodoxia e a tradição histórica sérvia, ambos concentrados no Patriarcado
Sérvio e nas igrejas e monastérios – as </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;">. A primeira
insurreição dos sérvios veio com a renovação do Patriarcado de Pec em 1557, sob
o Patriarca Makarije Sokolovic, anteriormente monge no Monastério de Mileshevo,
local de repouso dos restos mortais de São Savas, durante 3 séculos – um local
de peregrinação comum e fonte tanto de inspiração espiritual como nacional para
os sérvios durante todo este período de servidão. O culto de São Savas, com seu
corpo incorrupto no Monastério de Mileshevo e o culto de São Lázaro do Kosovo,
com seu corpo incorruptível no Monastério de Ravanitsa foram as duas fontes
imperecíveis de inspiração religiosa e nacional.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">A
importância da renovação do Patriarcado de Pec e o concomitante reavivamento
das tradições religiosa e histórica manifesta ele próprio na Sérvia rebeliões
no fim do século XVI. Depois da poderosa expansão ocidental do Império Turco
(sob Suleiman o Magnífico) – assim que o Império Turco começa a enfraquecer
(especialmente depois de sua derrota na Batalha de Lepanto em 1571) – os
sérvios começam a insurgir e se aliam a nações do Oriente Cristão na guerra da
cruz contra o crescente. Durante a Guerra Austro-Húngara (1593-1606), os
sérvios simultaneamente se levantaram em dois lugares: primeiro no Banat (1594)
sob a liderança de Teodoro, Bispo de Vrshats, onde os sérvios ornaram suas
bandeiras com o ícone de São Savas e em seguida em Herzegovina, sob o
Metropolita Vissarião. Ambas estas rebeliões foram rápida e sangrentamente
suprimidas. As represálias turcas que se seguiram foram especialmente dirigidas
contra as </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> sérvias – os monastérios e igrejas,
dentre os quais o primeiro foi o Monastério de Mileshevo, saqueado na
sexta-feira Santa de 1594. Sob ordem do sultão, pelo encargo do Grande Vazier
Sinan Pacha (um albanês islamizado), foi levado o corpo de São Savas desde o
Monastério de Mileshevo, através da Sérvia, a ser queimado em Belgrado, na
colina do Vratchar, aos 27 de Abril (maio10), 1594. Todavia, este ato bárbaro e
malevolente – no lugar de intimidar as pessoas escravizadas mas invictas, -
inflamou-os com o espírito de São Sava e do ethos de Kosovo.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Dos
três Patriarcas sérvios que governaram o povo sérvio e a Igreja na era da pira
de Vratchar, dois em cada três morreram como mártires sob as mãos dos turcos:
Patriarca Jovan Kantul (1614) e Patriarca Gavrilo Rajic (1659). O próximo
grande Patriarca foi Arsenije III Carnojevic (1674-1706), que, depois da
derrota turca fora de Viena (1683), ajudou de todo-coração a abrangente revolta
do povo que, com mais 20 000 homens, ingressou o Exército austríaco em sua
unidade sul. Com a ajuda destes lutadores sérvios, Kosovo foi liberto
completamente até Prizren e Skoplje. Mas quando a unidade austríaca foi
derrubada em Katchanik (1690), o Patriarca Arsenije foi forçado a mover seu
povo (mais 30 000 famílias) para o norte, com o intuito de escapar das
represálias turcas. Chamamos este acontecimento de “A Grande Migração”
(historicamente chamado), os sérvios tomaram o corpo do Santo Grande Mártir
Lázaro do Kosovo consigo à suas novas terras (primeiramente Sentandry e Budim e
depois ao recém-construído Monastério de Ravanitsa no Srem). Assim, a veneração
de Lázaro e o pensamento de aliança do Kosovo em libertar e recuperar os
lugares sagrados da pátria de seus inimigos foram reforçados, espalhando-se à
diáspora sérvia. Este foi o tempo em que as crônicas e genealogias foram
recopiadas, os primeiros Srblhaks (Livros de Serviços Litúrgicos dedicados aos
Santos Sérvios) impressos, e o tempo em que os monges e </span><i style="font-family: verdana;">guslars</i><span style="font-family: verdana;"> (poetas
sérvios) andaram pelo povo, conduzindo-os e acendendo a memória de seu passado
dentre eles.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Quando
uma nova guerra austro-turca eclode em breve (1718-39), os sérvios da Antiga
Sérvia e Kosovo revoltaram-se novamente contra os turcos, desta vez sob a
liderança do Patriarca Arsenije IV Jovanovic. Belgrado foi liberada por um
curto espaço de tempo, e alguns sérvios erigiram uma igreja no Vratchar, em
comemoração à incineração das relíquias de São Savas lá. Esta pequena igreja
existe até 1757, altura em que os turcos a destroem – mas o local foi
bem-lembrado e esta memória se passa de uma geração à outra. Logo depois disto,
o Patriarcardo de Pec foi abolido pelos turcos (1766), mas isto novamente não
pode extinguir o espírito da Igreja Sérvia e o pensamento sérvio. No fim deste
século, os sérvios levantaram-se mais uma vez (Kocina Krajina) e novamente,
havendo derramamento de sangue, esta revolta representou outro exemplo de
auto-sacrifício na parte da nação sérvia. Na aurora do XIX século, a escolha
sérvia do Kosovo aparece novamente, esta vez sobre o grande Vozd Karadjordje
Petrovic – e este tempo é marcado como a primeira “Ressurreição da Sérvia”. Os
insurgentes sérvios foram inspirados pelos Santos sérvios e os mártires do
Kosovo a lutarem pela liberdade. Neste tempo o povo sérvio em todas as terras
sérvias levantou-se para lutar pela liberação da Sérvia e os sérvios, mesmo
apesar da circunstância histórica e sua impossibilidade - pois que o Império
Turco era ainda um forte poder europeu. No entanto, a revolta na Sérvia foi
conduzida pela crença da justiça dos Céus, e neste espírito, Karadjordje
colocou a venerável cruz em suas bandeiras, sob as quais estavam Igumenos,
monges, sacerdotes, os Arciprestes Atanasije de Bukovica e Matej Nenadovic, o
sacerdote Lucas Lazarevic e outros ainda.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Imediatamente
após a liberação da Sérvia, finalmente completada por Milos Obrenovic e os
governantes futuros, o tradicional espírito sérvio de </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;"> foi
renovado, e foi então que teve início aos preparativos para a construção de uma
igreja-memorial em honra de São Savas no Vratchar. No dia do 300º aniversário
da incineração de suas relíquias uma “Sociedade de Construção da Igreja de São
Savas no Vratchar” foi formada e em apenas 7 dias esta sociedade ergue a pequena
e temporária igreja no Vratchar – dedicada aos 27 de Abril (10 Maio) de 1895.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">As
Guerras dos Bálcãs de 1912 interferiram e interromperam as preparações para a
construção de uma igreja maior. Os séculos – o antigo pacto Kosovo e sua
escolha mais uma vez sustentaram os sérvios que engajaram o conflito. Através
de seu grande auto-sacrifício e heroísmo, finalmente conseguiram abolir o jugo
turco – que os escravizou por mais de meio-milênio – e libertaram a tão mártir
terra do Kosovo.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Na
Primeira Guerra Mundial, a Sérvia foi mais uma vez colocada numa situação de
completa desvantagem, mas, por mais uma vez, recusaram aceitar o ultimato
Austro-Húngaro, escolheram o Reino dos Céus e aceitaram o conflito com o
poderoso Império de Hapsburg, tal como David contra Golias.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Depois
da guerra e a criação da Iugoslávia (1918), a iniciativa para a construção da
Igreja de São Savas no Vratchar foi renovada, conforme o antigo espírito
de </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinarstvo</i><span style="font-family: verdana;">. Os mais proeminentes porta-estandartes deste
espírito neste tempo foram o Rei Petar I (exemplificado por sua </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbina</i><span style="font-family: verdana;">,
a Igreja do Santo Mártir Jorge em Oplenac) e o Patriarca Varnava Rosic.</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Somente
duas décadas depois vieram os trágicos acontecimentos da II GM e na véspera de
seu martírio, os sérvios por mais uma vez revelaram que a escolha do Kosovo
pelo Paraíso sobre a terra estava muito mais viva neles do que quando, depois
da Iugoslávia ser chantageada a concordar com o Pacto Tripartite, com o os
Poderes Axis fascista, ela rejeita tal Pacto (Março 27, 1941). Patriarca Gavrilo
Dozic dirige-se ao Radio Belgrado e proclama, em nome do povo sérvio que:
“Escolhemos mais uma vez o Reino dos Céus, quer dizer o Reino da verdade e da
justiça de Deus, da liberdade e unidade do povo. Este é um ideal eterno, levado
no coração do homem e mulher sérvios, mantido em chamas nos lugares santos de
nossas </span><i style="font-family: verdana;">zaduzbinas</i><span style="font-family: verdana;"> ortodoxas – os monastérios e igrejas...”</span></p>
<p style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: verdana;">Assim,
mais uma vez, fatos provam que o ideal da escolha do Kosovo está sempre
presente no destino histórico do povo sérvio. Esta vez a escolha sérvia pelo
Reino dos Céus foi paga por centenas de milhares de vidas sérvias inocentes
cuja “culpa” somente reside no fato de pertencem ao povo ortodoxo sérvio de São
Savas. A Igreja que vem sendo erguida sobre as cinzas das relíquias queimadas de
São Savas no Vratchar (em Belgrado) é, por estas razões, e ao mesmo tempo, um
monumento ao povo mártir do grande pacto do Kosovo.</span></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-32857326047330139362020-12-12T02:08:00.000-08:002020-12-12T02:08:19.920-08:00ALGUNS ASPECTOS DA DOUTRINA DA CRIACAO<div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b>BLOOM, Metropolita Anthony</b></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><span lang="PT-BR" style="font-style: italic;"><div style="text-align: center;">traducao de monja Rebeca (Pereira)</div></span><span lang="PT-BR" style="font-style: italic;"><div style="text-align: center;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-V3c3bMwTgow/X9SV_eUADhI/AAAAAAAAHjE/H9yqpUcV-pUltkJ-jpkbCAKQ35an-qHGgCLcBGAsYHQ/s265/5067052.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="265" data-original-width="200" height="405" src="https://1.bp.blogspot.com/-V3c3bMwTgow/X9SV_eUADhI/AAAAAAAAHjE/H9yqpUcV-pUltkJ-jpkbCAKQ35an-qHGgCLcBGAsYHQ/w306-h405/5067052.jpg" width="306" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div></span></b></span></div>
<div style="background: white; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Eu gostaria, se puder,
de tratar de algumas categorias que pertencem ao mistério e ao fato da criação.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Primeiramente,
o fato de ser criado implica que nós fomos desejados por Deus e isto
primeiramente, a partir do primeiro momento, estabelece entre nós e Deus, que
nos criou, uma relação.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;"> Deus não tinha necessidade de colocar face a
face com Ele mesmo nenhum outro ser. E, contudo, por um ato da vontade Ele nos
ordena ser, e Ele envolve não somente nosso destino, mas se eu posso colocar
dessa forma, Seu destino, porque cada homem chamado do nada à existência
torna-se uma presença para sempre, uma companhia de Deus por toda a eternidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
</span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">O
fato de que nós somos desejados por Deus é essencial porque aí pousa toda nossa
segurança, toda nossa esperança, toda a nossa alegria de viver.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Nós
não fomos criados sem um motivo; nós não somos necessários a Deus, mas nós não
somos um acidente do ser. Deus decidiu chamar-nos ao ser, e isto já é um
germinal e incipiente modo de relação de amor – e quando eu digo um germinal e
incipiente modo não é porque o amor de Deus é incipiente, mas porque nós só
conseguimos progredir a partir da existência para a realidade do ser, da vida e
para o mistério do amor que é mais que uma simples comunhão com Deus – que é
estar partilhando a vida de Deus, tornando-se participantes da natureza divina.
Então, na base de nossa existência há uma oferta de Deus, uma oferta de
companheirismo, de amor e para sempre.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">É
este o único modo no qual nós somos relacionados a Deus? Antes de tudo deixe-me
dizer que nós não nos relacionamos com Deus de qualquer modo genérico: nós não
temos nenhuma raiz n’Ele pela natureza; nós não somos da Sua substância; nós
não somos necessários à Sua existência, e o ato da criação como ele aparece na
Bíblia é criação saindo do nada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Agora,
este “nada”, eu acredito, poderia ser entendido um pouco melhor do que
usualmente é. Quando nós pensamos no nada, muito freqüentemente imaginamos Deus
cercado pelo nada – talvez não você que é teologicamente mais desenvolvido –
mas grande parte das pessoas, se você perguntar-lhes concretamente como eles
entendem isto, dirão que eles vêm Deus em Seu trono, então um vasto espaço
vazio do qual podem emergir pessoas, coisas, etc..., ao comando de Deus. Isto
não é o “nada”, porque não existe uma coisa como Deus no centro e nada em redor
e então o nada sendo povoado gradualmente por toda sorte de coisas! Nada não é
uma coisa rarefazendo-se de existência e de matéria que torna-se imperceptível;
isto não é “nada”, isto é “nulidade”. Não é “nada” como ausência radical – é
“nada” em um comparativo e relativo senso de falta de concretude, de densidade,
de presença; mas isto ainda é uma forma de presença. Isto não é o nada do qual
nós fomos criados. O nada do qual a Bíblia fala é uma radical ausência, uma
situação em que a criatura que agora existe, simplesmente não era e não poderia
ser sem que Deus escolhesse comandá-la à ser. Antes de toda a criação há a
intacta plenitude, a intacta abundância da presença divina, auto-suficiente e
auto-abrangente. O ato da criação coloca alguma coisa que não era de forma
alguma e que nunca teria se desenvolvido pelo seu próprio poder. Isto significa
duas coisas: por um lado que nós dependemos absolutamente de Deus e por outro
lado que sendo ou não sendo necessários a Deus nós somos independentes d’Ele de
um modo estranho. Isto eu quero elucidar um pouco mais.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Deus
não tem nenhuma necessidade de nós; se Ele nos cria, é um ato da livre vontade
e livre amor; isto é que nos dá concretude e realidade. Se nós fôssemos
necessários a Deus, por mais valiosos que nós fôssemos, nós seríamos somente
uma paupérrima sombra de Sua existência. Se nós fôssemos alguma sorte de
emanação de Deus, por mais gloriosa emanação, Deus seria infinitamente mais
glorioso e mesmo a nossa luz seria nada mais do que uma sombra. Se nós fôssemos
conectados a Deus mesmo por necessidade ou por um elo genérico, nós não
seríamos nada comparados com nossa origem. O que faz a nossa grandiosidade –
porque o homem é grande – não é a nossa origem na natureza, é o amor de Deus
que chama-nos ao ser e que nos apavora. Isto é verdade, mesmo nas relações
humanas. A pessoa adquire plenitude do ser, plenitude de presença, quando ela é
amada. Falando de nós, tendo em vista Deus, nós somos nada; e agora, o valor
que Deus nos transmite é a vida, o sofrimento e a morte de Seu Filho unigênito.
Este é nosso valor real. Mas este valor real não está enraizado no que nós
somos, mas no amor de Deus por nós. Nós somos merecedores disso tudo porque nós
somos muitíssimo amados e por isso Deus deu Seu Filho unigênito com a
finalidade de que o mundo possa ser salvo. E então nossa situação é
absolutamente segura e totalmente precária. Tanto quanto nós estamos em nós
mesmos, nós dificilmente sairemos da não-existência e a nossa verdadeira
existência é precária, transitória. Tanto quanto nós somos amados por Deus, nós
não podemos cair de volta ao não-ser porque nós somos chamados à eterna
companhia no interior do amor de Deus. Se tivermos em conta nós mesmos, então,
nós podemos tanto achar imensa inspiração e alegria neste fato de não ter
raízes de necessidades em Deus quanto nós podemos nos sentir extremamente
deprimidos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Lembrem-se
da primeira Bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito”. Pobreza
nós possuímos por natureza. Nós não temos nada que seja nosso. Nós fomos
chamados do nada e nós não temos nenhuma raiz, mesmo no nada, porque nada é
“nada”. Foi-nos dado a vida que já é participação em alguma coisa dinâmica e
concreta, que existe somente em Deus. Nós somos dotados de um corpo, com um
coração, com uma mente, com uma vontade, com inumeráveis possibilidades, e
agora, quando nós levamos isso em conta, nós estamos em posse de nada. Nós não
podemos proteger nada do que possuímos contra a decadência ou desaparecimento.
Nossa vida caminha para um final e por mais que nos apeguemos a ela, nós não
podemos retê-la. Nossa saúde está a mercê do mais frágil acidente. A mente mais
grandiosa pode ser apagada por um minúsculo vaso rompendo dentro do seu
cérebro. No momento quando nós desejamos dar a alguém toda nossa simpatia, todo
nosso amor, todo nosso entendimento e nosso interesse, nós descobrimos que
nosso coração é frio e incapaz de agitar-se. Nós desejamos fazer o bem mas
fazemos o mal. E então, tudo que nós somos, ou que nós imaginamos que somos,
nós somos somente de um modo emprestado, como um presente. Nada do que nós
somos é nosso. Nada do que possuímos é nosso. E se nós pararmos nesse ponto,
que é o próprio ponto da criação tal qual ele era, continuando por toda nossa
vida e por todo destino da humanidade, e do mundo criado, nós podemos chegar ao
absoluto desespero. O que há? O que sou eu?
Quanto do nada é meu? Quanto eu estou à mercê de tudo que me circunda,
tudo que há dentro de mim, e Deus acima!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">E
agora, o Senhor diz: “Bem-aventurados os pobres em espírito”, porque nós
podemos entender esta pobreza em outros termos, que são os termos da alegria e
de significação. Se nós não possuímos o que temos, então tudo quanto nós temos
a cada momento, a cada segundo da nossa vida, é um presente e um sinal da
divina solicitude e divino amor. E então, a própria precariedade de nossas
posses torna-se a mais preciosa posse que nós temos. Se eu pudesse dizer que
meu corpo, minha alma, meu coração, minha mente, qualquer coisa que eu tenho,
ou qualquer coisa que eu sou, isto seria retirado da relação entre Deus e eu.
Se eu sou consciente de que nada é meu, e agora, olhe: Eu vivo! Eu sou! Eu
penso! Eu sinto! Eu tenho um corpo e uma alma! Eu tenho um ambiente e uma
vocação! E tudo isto é um concreto ato de Deus, então nós podemos dizer: minha
alegria é plena e realizada. Então, realmente, pobreza torna-se abençoada –
porque pobreza, unida com esta riqueza de destino e de ser, significa que Deus
continua a amar ativamente, concretamente, inteligentemente, de um elaborado e
sutil modo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Esta
é uma das coisas essenciais sobre nossa criação, ser desejado, e ainda nossa
criação do nada do qual nós continuamos possuir esta qualidade: nada é nosso.
Nós existimos somente, como Filareto de Moscou o coloca no século XIX, como
pessoas ancoradas na vontade de Deus, entre dois imensos abismos. Abaixo o
abismo do nada do qual a palavra criativa de Deus chamou-nos e acima, em torno,
na verdade todos os lugares em torno de nós, o abismo da divina realidade no
qual nós já estamos no momento em que nós somos chamados ao ser e no qual nós
somos chamados a crescer mais e mais profundamente até nós verdadeiramente e
realmente tornarmo-nos participantes da divina natureza, deuses pela
participação, filhos do Pai Eterno. Esta é a primeira coisa que eu quero
mencionar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">O segundo ponto é que juntos com a primeira criatura
que aparece, junto com o primeiro evento que inicia um encadeamento de eventos,
de mudanças, de ‘tornar-se’ o tempo aparece. E tempo é uma das categorias
essenciais da história e da vida humana. Tempo e criação são correlativos; o tempo
e o vir a ser<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"> são correlativos, e tempo precisa
ser salvo e redimido. Esta é uma categoria preciosa: não é simplesmente uma
estrada na qual nós andamos, que não tem sentido. Tem sentido porque tempo e tornar-se
são inseparavelmente um. Agora, nós somos chamados a alguma coisa que cresce
mais que o tempo e suplanta o tempo. Isto é eternidade. Mas nós precisamos
estar conscientes de que a eternidade não é uma linha final do tempo; não é
tempo que não tem fim; não é tempo que terá se expandido a uma medida que não é
a nossa medida. Ela é alguma coisa profundamente diferente. Você se lembrará de
Cristo parado face a face com Pilatos: “O que é verdade?” Disse Pilatos; e
Cristo não deu resposta, porque para Pilatos Ele não tinha resposta a dar. Ele
deu uma resposta a Seus discípulos quando Ele disse, “Eu sou o Caminho, a
Verdade e a Vida”. A verdade não é alguma coisa – ela é Uma. Nos mesmos termos
pode-se dizer que eternidade não é alguma coisa – ela é Uma.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><br /></span></div><span style="background: white;"><div style="text-align: justify;">Nós somos chamados ao abismo da
comunhão com Deus que é a vida eterna. Cristo disse isto – que a vida eterna é
conhecer Deus. Não é uma categoria do ser, uma nova forma de caminho, uma nova
dimensão do tempo. É Deus Ele Mesmo e a divina realidade compartilhada e
vivida. Em certo sentido alguém poderia dizer que o tempo, como nós o
imaginamos, é alguma coisa que se desenvolve e na qual as coisas mudam e movem-se,
não é destruído pela eternidade, mas torna-se profundamente diferente. Se nós
imaginarmos que vida eterna é um crescimento indo para dentro da profundidade
de Deus, um crescimento desdobrado do mistério de Deus perante nós, um
crescimento partilhado neste mistério, objetivamente falando, tempo é como
movimento contínuo. Mas tempo no sentido de um momento decaído desaparece na
comunhão que é um eterno “agora”. Da mesma forma em que alguém pode estar em
movimento e ainda em completa imobilidade, tempo pode desaparecer em um modo,
enquanto continua em outro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> <o:p><div style="text-align: justify;">Por último, a categoria da dependência
e da liberdade. Nós dependemos de Deus e nós somos livres. Hoje em dia, eu me
impressiono mais e mais pelo fato de que nossa noção de liberdade parece ser
tão contraditória ou, muito freqüentemente, tão ingênua. Quando uma pessoa diz
a uma outra: “Porque você não atinge o que você quer? Porque você não se torna
aquilo que você é chamada a tornar-se? Você não é livre para escolher?” Esta
pessoa pergunta algo que é infinitamente ingênuo e irreal. Não é suficiente
querer ou desejar. Por outro lado, se nós falamos do ser determinado e incapaz
de tornar-se ou de fazer, nós estamos também menosprezando algo de
essencialmente verdadeiro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></o:p></span></span><span lang="PT-BR" style="background: white;"><div style="text-align: justify;">A primeira coisa que eu acredito que
nós precisamos nos lembrar aqui é que a liberdade do ser criado não é idêntica
à liberdade de Deus, se nós falamos da presente situação, antes da realização
de todas as coisas. A liberdade de Deus é incondicional. Ele <b><i>é</i>
</b>e Ele é Liberdade em Si mesmo, bem como Ele é Eternidade, e Verdade, e
Vida, e Realidade. Nossa liberdade é uma liberdade condicionada: uma liberdade
que é tão condicionada que algumas vezes parece não existir. A primeira
limitação está no próprio começo da criação. Sem o nosso acordo ou consentimento
Deus mandou-nos ser, e nós não somos livres a não ser. Nós não podemos retornar
ao nada. Danação não é o retorno ao nada. Cair nas trevas exteriores não é
retornar ao nada. <u>É continuar a existir, ao mesmo tempo em que deixa de
estar vivo</u>. O ato da criação, o comando dado por Deus de que nós deveríamos
ser, é a primeira limitação da nossa liberdade e não nos permite andar para
trás ou para fora disto. A liberdade nos é dada. Agora nós sabemos que no fim
de nossa vida privada e individual, bem como no fim da história quando todas as
coisas estiverem consumadas, nós estaremos sob julgamento. Nós não somos livres
para fazer o que Ivan Karamazov queria fazer: devolver a Deus seu “ticket” para
a vida e dizer: “Eu rescindo o contrato e eu vou”. Nós não somos livres para
dizer a Deus: “A vida que Você imaginou, planejou e desejou não é a vida que eu
quero; fique com ela que eu vou seguir meu caminho”, porque não há caminho. “Eu
sou o Caminho”, e não há outro. Há trevas exteriores, mas não há caminho dentro
dessas trevas. Então novamente, nossa liberdade é limitada (na própria
conclusão das coisas) – no próprio fim das coisas pelo fato de que o que quer
que nós pensemos do ato da criação de Deus, nós permaneceremos e seremos
responsáveis, <u>ambos</u> pelo que nós tivermos feito na vida e, se você
quiser colocar deste modo, pela decisão de Deus de nos criar. Nós enfrentamos
isso: há duas forças, Deus e nós inseparáveis, e <u>não há caminho fora disto</u>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR" style="background: white;"><div style="text-align: justify;">Em terceiro lugar, tudo que é a nossa vida, nossa própria
existência, nosso corpo, alma e o resto, mesmo as circunstâncias que nos
cercam, na forma de outras criaturas, são também elementos dados por Deus. Toda
esta linha entre o comando de Deus “Seja” e a pergunta de Deus, “O que você fez
da sua existência?” Também é determinada, dentro de certos limites. E então, se
eu colocar isto da forma em que eu coloquei certa vez em uma transmissão na
Rússia, nós nos encontraremos como um besouro num copo. Em todos os lados há
limitação. Há um fundo do copo, há um lado e outro. Onde está nossa liberdade,
então? Mover-se desta forma, isto é liberdade? Dificilmente, mesmo se o copo é
grande, mesmo se você não puder imaginar seus limites. É limitado, e não há
liberdade mesmo se houver um possível limite, mesmo que longe. Alguém pode consolar
outro dizendo o que muitas vezes se diz, que liberdade é a capacidade de
escolher, de escolher direito ou esquerdo, para cima ou para baixo. Isto é
liberdade? Isto é a liberdade de um ser normal? Isto é liberdade real, estar
entre o bem, o mal e hesitar? É normal, saudável, são, estar entre morte, vida
e hesitar? Esta é a marca de um ser intacto, ver Deus e Satã e não saber qual
deles escolher? Esta forma de liberdade não é liberdade, essencialmente. Esta é
a liberdade da criatura decaída que não sabe como ir diretamente à Verdade, à
Vida, a Deus, e hesita. A liberdade de escolha já é uma marca da queda. Não é
liberdade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT-BR" style="background: white;"><div style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Agora deixe-me dizer rapidamente alguma coisa sobre liberdade
trazendo à tona três palavras que, eu acredito, nos dá uma saída da determinação,
uma saída desta prisão da vida. A primeira é a palavra latina <i>libertas</i>,</span><span lang="PT-BR"> liberdade. A
palavra significa o estado de uma criança nascida livre em uma família livre. O
<i>liber</i> é uma criança nascida livre em
contraste com o <i>puer</i>, o pequeno
escravo, o que nas colônias chamam “um rapaz”, apesar de sua idade. No interior
desta relação de uma família de pessoas livres e uma criança nascida livre, a
criança é educada para ser livre, estar na posse de si e de bens. E a vontade
do seu pai não é uma compulsão externa, uma limitação, é o limite na direção
que tende à expansão de todas as habilidades e capacidades da criança. Ele é
ensinado a ser livre, ele mesmo. Isto é verdade em nossa relação com Deus.</span></div></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">Deus
não nos criou escravizados. Ele é A Suprema Liberdade que nos chama a ser tão
livres quanto Ele é, ensinando-nos como alguém é livre. Originalmente, no Pacto
com Adão, um pacto de amor mútuo e confiança, mais tarde, por vários pactos que
limitam a arbitrária e destruída liberdade do homem com o objetivo de dar à
liberdade um novo formato e uma nova direção. Khomyakov, um escritor russo do
século XIX, diz: “A vontade de Deus é liberdade para os anjos e os santos. Esta
é a lei para aqueles que estão no processo de formação. Esta é a maldição dos
demônios, a mesma vontade de Deus”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> <o:p><div style="text-align: justify;">Então uma outra palavra, a palavra Russa <i>sloboda </i>que significa “liberdade”. Esta
palavra <i>sloboda </i>também significa “ser
um eu, um eu real”. Isto segue o que eu disse sobre liberdade. Deus nos criou
para isto, nós devemos ser nosso eu real, isto é, na perfeita imagem do Filho
de Deus; para atingir a plena estatura de Cristo. Não é uma imitação; é uma
expansão definitiva. Finalmente, se eu posso tomar a liberdade de falar alguma
coisa sobre a palavra inglesa “liberdade” você pode achar em um dicionário
etimológico que “livre” vem de uma velha palavra inglesa que significa “amado”.
“Meu livre” significa “meu amor”, meu amado. E aqui está o último termo neste
sistema de relações, neste caminho em que a experiência humana tem expressado esta
realidade. É uma relação com Deus como aquela de uma criança com seu pai e não
de um escravo, uma relação na qual a vontade de Deus tende a nos fazer o que
nós verdadeiramente já somos, na medida de Deus mesmo, Encarnado e também o
Amado de Deus. Obediência então não nos parece como submissão, como sujeição,
ela nos parece como a atitude criativa de alguém que ouve atentamente à voz que
sozinha pode dizer-lhe o que ele realmente é, que verdadeiramente pode
conduzi-lo a perfeição<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"> a qual ele é chamado a ser;
que pode dizer-lhe como ele pode cessar de ser um criado, um ser denso a fim de
tornar-se o homem do céu. Este é o caminho para cima; os três lados são
limitados: resta somente um caminho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><br /></span></div></o:p></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">O homem pode crescer
dentro desta liberdade de Deus tornando-se o que Cristo é e nesse ponto nós
descobrimos que definitivamente nós podemos achar nosso caminho somente na extensão do que Deus revela, e na
extensão do que nós ouvimos. As Sagradas Escrituras nos dizem que no Reino de
Deus cada um de nós receberá uma pedra branca com um nome escrito nela; um nome
conhecido apenas por Deus e por aquele que a recebe – isto representa a única
relação que existe entre toda pessoa e seu Deus, uma relação que é tão profunda
para qualquer outro ser perceber ou entender, e um abismo em nós que é tão
profundo, tão grande, que ninguém, mas somente Deus pode penetrá-lo. Um nome –
não o nome pelo qual nós somos conhecidos, mas o nome pelo qual nós fomos
chamados do nada para o ser e para eterna companhia com Deus, para o mistério da
nossa semelhança com Cristo. Este nome que se resume numa palavra, uma palavra
indizível, o que nós somos, é a chave do nosso próprio ser, a raiz e a pedra de
esquina do nosso ser. Esta é nossa relação final com Deus. Tão misteriosa como
Ele, na imagem e semelhança de Um que é ambos cognoscível e incognoscível,
revelado e além da revelação. Nosso abismo está além do atento olhar humano.
Nosso abismo somente pode ser penetrado pelos profundos olhos de Deus. Aqui
estão as várias categorias do “ser” que eu desejava dispor a todos vós.</div></span></span></div>
AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-82567109889872275292020-11-11T10:27:00.001-08:002020-11-11T10:27:33.127-08:00SOBRE A TEOLOGIA DO ÍCONE<div style="text-align: center;"><b> </b><i><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"><b>CLEMENT Olivier</b></span></span></i></div><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"><b>tradução de monja Rebeca (Pereira)</b></span></span></i></div><div style="text-align: center;"><i><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4nlxKItdp5zSbvBPhVRYNgWosLs7ZuTT7R90ayoVlPRKa2m_wOz9Fv0nLm0OmAXdCef6gqcSWkEO7-lhlrTNttMbWmTIgv3Ybm5M_nHfW9QtNa6IYP4YCekpRgLd2-etG1PWOEg8PlQ/s583/ob_772a24_ouspensky-7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="389" data-original-width="583" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4nlxKItdp5zSbvBPhVRYNgWosLs7ZuTT7R90ayoVlPRKa2m_wOz9Fv0nLm0OmAXdCef6gqcSWkEO7-lhlrTNttMbWmTIgv3Ybm5M_nHfW9QtNa6IYP4YCekpRgLd2-etG1PWOEg8PlQ/w471-h315/ob_772a24_ouspensky-7.jpg" width="471" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">«O
ensaio sobre a Teologia do </span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ĺ</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">cone
na Igreja Ortodoxa» de Léonide Ouspensky (livro Ι, Paris l960) é um livro que
marca uma data. Sobre um assunto apaixonante e essencial, pois a arte torna–se
para muitos de nossos contemporâneos uma busca do absoluto, já que a arte
cristã, consequentemente, coloca diretamente em questão nossa capacidade de
confessar e viver a nossa fé, isto é um dos primeiros esforços de síntese nem
estético, ou filosófico, mas antes fundamentalmente teológico, no pleno sentido
da palavra, implicando e exigindo uma contemplação. E ainda mais; é obra não de
um teórico, mas sim de um dos melhores iconográficos de nosso tempo, que, em
colaboração com o Padre Grigory Grug acaba de pintar importantes afrescos, em
pleno Paris na nova igreja dos Três Santos Hierarcas.<a name="1_top"></a> (1)
Quero simplesmente a partir desse trabalho, mostrar alguns temas fundamentais
da teologia do ícone. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">O
autor sublinha, de início, que a veneração das santas imagens, os ícones do
Cristo, da Mãe de Deus, dos Anjos e dos Santos é dogma da fé cristã, formulado
pelo Sétimo Concilio Ecumênico. O ícone não é então um elemento decorativo nem
t</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ãο</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">
pouco uma simples ilustração da Escritura. Ele faz parte integrante da Liturgia
e constitui um “modo de conhecer Deus e unir–se a Ele“. Sabe–se que a
celebração de uma festa exige que seja exposto no meio da nave o ícone (móvel)
que revela, com a evidência imediata da visão, o sentido do evento que está
comemorado. De modo mais amplo, a igreja inteira, com a sua arquitetura e seus
afrescos (ou mosaicos) representam no espaço o que o desenvolvimento litúrgico
representa no tempo; o reflexo da gloria divina, a antecipação do Reino
messiânico. A palavra litúrgica e a imagem litúrgica formam um todo
indissociável, ambiente de eco, essa “pneuma – esfera” por assim dizer pela
qual a Tradição torna atual e viva a Boa Nova.
Assim, o ícone corresponde à Escritura não como sua ilustração, mas do
mesmo modo que lhe correspondem os textos litúrgicos; “esses textos não se
limitam à reprodução da Escritura como tal; eles são como que tecidos por ela,
fazendo alternar e confrontar suas partes,
revelam o sentido, nos indicando o meio de viver a pregação evangélica.
O ícone representando diversos momentos da hist</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ó</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ria
sagrada, transmite de modo visível o seu sentido e significado vital. Assim,
pela liturgia e pelo ícone, a Escritura vive na Igreja e em cada um de seus
membros (pp. l64-l65).</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
veneração dos ícones é então um aspecto essencial da experiência litúrgica, ou
seja, da contemplação do Reino via as ações do Rei. “Veladamente” é claro e
pela fé, essa contemplação é vivida pelo ser humano total, tendo o caráter imediato
da sensação, ou “sensação das coisas divinas” realizadas nesse homem total. A
concepção ortodoxa da Liturgia aparece assim inseparável das grandes certezas
da ascese oriental sobre a transfiguração do corpo esboçada já aqui na terra,
sobre a percepção da luz “tabórica” pelos sentidos corporais espiritualizados,
ou seja, não “desmaterializados”, mas penetrados e metamorfoseados pelo
Espírito Santo. A Liturgia, de fato, santificando todas as faculdades do homem
inicia a transfiguração dos sentidos, tornando–lhes aptos a entrever o
invisível pelo visível, o Reino no meio do mistério. O ícone, sublinha Léonide
Ouspensky, santifica a visão e já a transforma em sentido da visão; pois Deus
não Se fez somente ouvir, Ele Se fez ver; a glória da Trindade revelou–se pela
a carne do Filho do Homem. Se pensamos na importância do sentido da visão no
ser humano moderno, até que ponto este se encontra esquartejado, possuído,
erotizado pelos olhos, até que ponto o fluxo das imagens nas cidades grandes
torna-o descontinuo, faz dele um “homem do nada”, compreende–se a importância
do ícone, pois este sistematicamente liberado de toda sensualidade
(diferentemente de tantas obras, aliás admiráveis, da arte religiosa
ocidental), tem como objetivo exorcizar, pacificar, iluminar nossa visão,
permitindo-nos “jejuar pelos olhos” segundo a expressão de São Doroteu. (cfr.
p.210)</span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Em
nossa civilização de possessão pela imagem, escrevia-me um amigo protestante, o
ícone se torna uma emergência para a cura das almas. Tanto que foi na crise
iconoclasta, nos séculos VIII e IX que a Igreja teve que dar precisões sobre o
significado do ícone e hoje o trabalho de Léonide Ouspensky está repleto dos
textos doutrinais e conciliares dessa época. Ouspensky consagra ao iconoclasmo
um capítulo que tem por mérito colocar à luz as motivações religiosas dos
antagonistas. De fato, o iconoclasmo parece explicar–se em profundidade por um
violento ressurgimento de transcendentalismo semítico, por influências judaicas
e muçulmanas que consideravam como supremacia, na tradição ortodoxa, o sentido
da incognoscibilidade divina ao detrimento do sentido da “Filantropia” e da
“Encarnação.” O argumento dos iconoclastas a respeito da impossibilidade de
representar o Cristo era um patético laço com o inefável...(p.152). Mas, o
iconoclasmo também foi uma reação contra um culto as vezes idolátrico das
imagens, contra a contaminação desse culto pela noção mágica ou teurgica (no
sentido neoplatoniciano da palavra) que queria que a imagem fosse mais ou menos
consubstancial ao seu modelo; chegava–se
assim em confundir o ícone e a eucaristia, e alguns sacerdotes juntavam
aos santos Dons parcelas retiradas de ícones particularmente venerados. Assim,
opôs–se na Igreja as duas grandes concepções não cristãs do divino que só podem
ser reconciliadas no dogma da Calcedônia; de um lado o Deus do Antigo
Testamento estático que não seria “preparação evangélica”, um Deus pessoal mas
fechado em Sua M</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ô</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">nade
transcendente, um Deus que não pode ser representado, pois não se pode
participar de Sua santidade; do outro lado, o divino como natureza sagrada, ou
melhor, como sacralidade da natureza, a onipresença da qual participa toda
forma.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
Ortodoxia ultrapassou essas duas tentativas opostas confirmando o fundamento
cristológico da imagem e seu valor estritamente pessoal (e não substancial).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
Igreja mostrou primeiramente que a imagem por excelência é o próprio Cristo. No
Antigo Testamento, Deus revelava–Se pela palavra; não era possível então sem
blasfêmia representá-Lo. Mas a proibição do Êxodo (20, 4) e do Deuteronômio (5,
12-19) constitui como que uma prefiguração “de fundo” da “Encarnação”; ela
afasta o ídolo para dar lugar ao rosto do Deus feito homem. Pois a Palavra
irrepresentável fez–Se carne; “quando o Invisível, escreve São João Damasceno,
tendo revestindo–Se da carne, apareceu visivelmente, Ele representa a
semelhança d’ Aquele que Se mostrou”. (pg.94, 1239). O Cristo não é apenas o
Verbo de Deus mas Ele também é a Sua imagem. A Encarnação fundamenta o ícone e
o ícone reencontra a prova da Encarnação. Para a Igreja Ortodoxa o primeiro e
fundamental ícone é o do rosto de Cristo. Então como o sugere L. Ouspensky, o
Cristo é por excelência a Imagem (arquétipo), não feita por mão de homem; tal é
o sentido profundo da Tradição retomado na liturgia, segundo a qual o Senhor
imprimiu sobre um tecido a Santíssima Face.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">L.
Ouspensky interpreta de modo literal os textos litúrgicos contando o envio ao
Rei de uma carta e de um tecido (Mandilion) sobre o qual teria sido impresso Seu
rosto. Não seria melhor, já que a carta é visivelmente falsa, retirar (fazer
aparecer) o sentido simbólico desse episódio, como a Igreja soube, por exemplo,
autentificar o testemunho, mas não a historicidade, dos escritos do Aeropagita?
Vamos dizer então que a lembrança histórica do rosto de Cristo foi
preciosamente conservada pela Igreja, primeiramente, justamente na Terra Santa
e nos países semíticos que a cercam. E um fato que todos os ícones de Cristo
dão a impressão de uma semelhança fundamental. Não uma semelhança fotográfica,
mas presença da mesma Pessoa, e de uma Pessoa divina que Se revela a cada um de
uma maneira única (certos sacerdotes gregos, partindo dos escritos evangélicos
sobre as aparições do Ressuscitado, sublinham essa pluralidade, na unidade, dos
aspectos do Cristo glorioso). Aqui a semelhança é inseparável de um encontro,
de uma comunhão; apenas tem uma única Santa Face da qual a Igreja conservou a
memória histórica (renovada de geração em geração, pela visão dos grandes
espirituais) e tantas Santas Faces quanto iconográfos (a ver, tantas quantas,
de momentos na vida mística dos iconográfos). E o rosto humano de Deus,
inesgotável, guardando para n</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">ó</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">s,
como foi sublinhado por Dinis, um caráter apofático; rosto dos rostos e rosto
do Inacessível...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">L.
Ouspensky sublinha, multiplicando lindíssimas reproduções, que a imagem existe
desde os primeiros tempos do Cristianismo, e que a arte das catacumbas, que é
uma arte do sinal, e oferece às vezes, paralelamente a puros símbolos e
representações alegóricas, uma incontestável preocupação de semelhança pessoal.
Porém, a santidade encontra–se então designada mais por uma linguagem
convencional que simbolizada pela expressão artística em si–mesma; foi no
século III que se iniciou esta incorporação do conteúdo na forma,
característica da arte propriamente iconográfica.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Seria
interessante, para uma história dos significados, estudar em que medida essa
evolução da arte cristã coincide com a transformação da arte helênica em “arte
do eterno” no sentido que Malraux dá a essa expressão, e em que medida disso é
distinta, pois que a arte do eterno impersonaliza enquanto o ícone
personaliza... Se então a imagem pertence à própria natureza do Cristianismo, e
se o ícone por excelência é o do Cristo Imagem do Pai, este, abismo
inacessível, não pode ser diretamente representado; “aquele que Me viu, viu o
Pai” dizia Jesus (João 14,9). O Sétimo Concilio Ecumênico e o Grande Concílio
de Moscou (1666-1667) proibiram formalmente representar Deus–Pai. Quanto ao
Espírito Santo, Ele mostrou–Se na forma de uma pomba e de línguas de fogo e é
assim que será pintado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não poderíamos
dizer também que o Espírito Santo é simbolizado pela luz mesma de todo ícone?
Lembremos–nos enfim, se bem que não falado por L. Ouspensky, reservando de repente
esse<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tema para o seu segundo livro, que
o “ritmo”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da Trindade,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sua diversidade una, são expressadas na
Hospitalidade de Abraão recebendo os três Anjos, esses três que Rublev
conseguiu pintar com cores que parecem como nacarado da eternidade, o misterioso
movimento de amor que os identifica sem os confundir…</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Se
a proibição do Antigo Testamento foi levantada por e para o Cristo, ela também
o foi para a Sua Mãe e para os Seus amigos, para os membros de Seu Corpo, para
todos aqueles que, no Espírito Santo, participam de Sua carne deificada.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Porém,
e para cortar logo as acusações e confusões dos Iconoclastas, assim como para
cortar os abusos de alguns ortodoxos, a Igreja sublinhou com vigor que o ícone
não é consubstancial ao seu protótipo;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
ícone de Cristo não faz duplo uso da Eucaristia, mas sim inaugura a visão “face
à face”. Representando a humanidade deificada de seu protótipo é uma pessoa,
não uma substância que o ícone faz assim surgir. Numa perspectiva escatológica,
o ícone sugere o verdadeiro rosto do homem, seu semblante de eternidade, esse
rosto secreto que Deus contempla em nós e que a nossa vocação consiste em
realizar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Se
for possível ao ser humano sugerir a carne santificada do Cristo é que a
própria matéria utilizada pelo iconográfo foi secretamente santificada pela
Encarnação. A arte dos ícones usa e, de certa maneira, manifesta essa
santificação da matéria. “Eu não adoro a matéria, dizia São João Damasceno, mas
o Criador da matéria que Se tornou matéria por minha causa… e que , pela
matéria, realizou a minha salvação.” (pg. 94, 1245).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Evidentemente,
porém a representação da luz incriada que transfigura um rosto não pode ser
apenas simbólica. Mas é a originalidade irredutível da arte cristã que o
símbolo esteja ali a serviço do rosto humano e serve para expressar a plenitude
da existência pessoal.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
mandala hindu ou tibetana, para usar um tema posto à moda pela psicologia das
profundezas, é o símbolo geométrico de uma absorção no centro. O que poderia
chamar–se de mandala ortodoxa, por exemplo - uma nave quadrada dominada por uma
abóbada - , tem por centro o Pantocrator, e nos une a uma presença pessoal.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Também
não há como ser exagerado no louvor de L. Ouspensky que dá valor às decisões
iconográficas do Conc</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">í</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">lio
Quinisexto (692) o qual ordena trocar os símbolos da arte cristã arcaica -
particularmente o Cordeiro - pela representação direta do que esses símbolos
prefiguravam; o rosto humano transfigurado pela energia divina, e primeiramente
o rosto de Cristo. O Conc</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">í</span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">lio
Quinisexto põe um ponto final e triunfal à pré-história da arte cristã,
pré-história que revelou o sentido crístico de todos os símbolos sagrados da
humanidade, “figuras e sombras, esboços dados em vista da Igreja”. O verdadeiro
simbolismo da arte cristã aparece agora como o modo de representar a pessoa
humana na perspectiva do Reino. Eis porque como o mostra, textos em mãos, L.
Ouspensky, o simbolismo do ícone fundamenta–se sobre a experiência da mística
ortodoxa, como “apropriação” pessoal do Corpo glorioso (apropriação por graça
antecipada, ou seja desapropriação de todo egocentrismo). Os olhos imensos, de
uma doçura sem brilho, os ouvidos reduzidos, como que interiorizados, os lábios
finos e puros, a sabedoria da testa dilatada, tudo isso indicando um ser pacificado,
iluminado pela graça. Assinalamos nesse propósito um texto de Palamas,
recentemente traduzido por Jean Meyendorff. L. Ouspensky não o cita, mas ele
poderia acrescentar esse texto à sua obra de citações ascéticas; é preciso
então oferecer a Deus a parte apaixonada da alma, vivente e operante, para que
ela seja um sacrifício vivo; o Apóstolo disse a mesma coisa a respeito de
nossos corpos; <i>eu exorto–vos</i>, disse
ele de fato, <i>pela misericórdia divina, a
oferecer vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rom. 12,
1).</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Como
nosso corpo vivo poderia ser oferecido como sacrifício agradável a Deus? Quando
nossos olhos têm um olhar doce, segundo o que está escrito; Aquele que tem o olhar doce será agraciado
(Prov. 12. 13), quando eles atraiam e transmitem–nos a misericórdia do Alto,
quando os ouvidos estão atentos aos ensinamentos divinos, não apenas para
escutar esses, mas, como o diz o profeta David, <i>“para lembrar–se dos Mandamentos de Deus e cumpri-los” (Sl.103,18)</i>,
quando nossa língua, nossas mãos e os nossos pés estão a serviço da vontade
divina. </span><span lang="FR-BE" style="font-family: verdana;">(Triades
Louvain 1959, pg. 364.) </span><span lang="PT-BR" style="font-family: verdana;">Seria particularmente importante
comparar essa expressão iconográfica da transfiguração dos sentidos com os
«lakshanas» da arte budista, que também designam por uma deformação dos órgãos
sensoriais o estado de “libertação”. Uma análise das semelhanças e das
diferenças seria significativa. Limitemos–nos a algumas sugestões; no ícone, o
símbolo está a serviço do rosto, expressando a realização do rosto humano pelo
encontro e comunhão, sugerindo uma interioridade na qual a transcendência
oferece–se, mas sem deixar de ser inacessível. Na arte budista o rosto
identifica–se com o símbolo, ele se anula enquanto rosto humano, tornando–se
símbolo de uma interioridade onde não há mais nem o Outro, senão o nada
indizível. Nos dois casos, o rosto é aureolado; mas o rosto cristão está na luz
como o ferro no fogo, o rosto budista vira esfera, dilata–se, identifica–se à
esfera luminosa que o nimbo simboliza. No ícone, o tratamento dos sentidos
sugere a sua transfiguração pela graça. Os lakshanas, ao contrário, simbolizam
os poderes de clarividência e de clariaudiência pelo acréscimo desmedido dos
órgãos dos sentidos, os ouvidos, por exemplo. Enfim, o rosto cristão olha e
acolhe, enquanto no rosto budista, os olhos cerrados, se recolhe.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Essa
preocupação cristã de acolhida, de comunhão explica porque os Santos, nos
ícones, são representados de face, abertos para aquele que os olha, dirigindo-os
à oração, pois que eles mesmos são oração, e é isso que mostra o ícone. A luz e
a paz penetram e ordenam as suas atitudes, as suas vestes, e o ambiente que os
cercam. Ao redor deles, os animais, as plantas, os rochedos são estilizados
segundo a sua essência paradisíaca. As arquiteturas tornam–se uma brincadeira
surrealista, desafio evangélico a seriedade pesada desse mundo, a falsa
segurança das arquiteturas da terra...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
palavra abstração nunca se encontra sob o “lápis” de L. Ouspensky, mas não se
pode deixar de pensar nela quando fala do simbolismo ou da estilização. Existe
no ícone uma abstração que leva a uma figura mais alta, uma abstração que é
morte a esse mundo e que permite uma entre–visão do mundo que há de vir. O
ícone abstrato segundo o Logos criador e re–criador do universo e não apenas o
logos individual, decaído, finalmente destruidor... A abstração do ícone é a
cruz de nosso olhar carnal. O seu realismo é tabórico e escatológico; ele
anuncia e manifesta já a única realidade definitiva, aquela do Reino.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A
luz do ícone simboliza a luz divina e a teologia do ícone aparece inseparável
da distinção em Deus da essência e das energias; é a energia divina, a luz
incriada que o ícone sugere. Num ícone, a luz não provém de um foco preciso,
pois a Jerusalém Celeste, diz o Apocalipse, </span><i style="font-family: verdana;">“não
precisa do sol e da lua, pois é a gloria de Deus que a ilumina (Apoc. 21,23)</i><span style="font-family: verdana;">.
Ela está em todo canto, em tudo, sem projetar sombra; ela nos mostra que no
Reino o próprio Deus faz–Se luz para nós. De fato, anota L. Ouspensky,</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">é o próprio fundo do ícone que os iconográfos
chamam de “luz”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O
autor escreve linhas notórias sobre a “perspectiva invertida” ou “oposta”; na
maioria dos ícones, as linhas não convergem para um “ponto de fuga”, sinal do
espaço decaído que separa e aprisiona, antes se dilatam na luz </span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">“de glória em glória”. Não poderíamos falar
justamente aqui de </span><i style="font-family: verdana;">épectase</i><span style="font-family: verdana;"> iconográfica, designando assim mesmo em São
Gregório de Nissa, essa dilatação infinita na luz do Reino? Entendemos que o
exercício de tal arte constitui um ministério carismático.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">A Igreja Ortodoxa venera “santos
iconográfos” que L.Ouspensky religa aos “homens apostólicos” dos quais São
Simeão o Novo Teólogo permanece o principal porta–voz. O homem apostólico é
aquele que recebe graças pessoais prometidas por Cristo aos Apóstolos; não
apenas cura as almas e os corpos e discerne os espíritos, mas, como São Paulo,
ouve palavras inefáveis, como São João tem por missão de dizer o que ele viu
(Apocalipse ou Livro da Revelação). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Da
mesma forma, o “santo iconográfo” entrevê realmente o Reino e pinta o que
entreviu. Cada iconográfo que pinta “segundo a Tradição” participa dessa
contemplação excepcional, ao mesmo tempo pela experiência litúrgica e pela
comunhão dos Santos. Eis porque o pintor de ícone não pinta de modo subjetivo,
individual psicológico, mas segundo a Tradição e a visão. A pintura é para ele
inseparável da fé, da vida na Igreja, de um esforço acético pessoal.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os
Santos Padres insistiram muito sobre o valor pedagógico do ícone. De fato, como
mostra L. Ouspensky, toda a historia do dogma inscreve-se na iconografia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Porém,
o valor do ícone não é apenas pedagógico e sim de mistérios. A graça divina
repousa no ícone. Isso é o ponto essencial, o mais misterioso também de sua
teologia; a “semelhança“ com o protótipo e seu nome fazem a santidade objetiva
da imagem.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">“O
ícone, escreve São João Damasceno, é santificado pelo nome de Deus e pelos
nomes dos amigos de Deus, ou seja, dos Santos, e eis porque o ícone recebe a
graça do Espírito divino” (pg. 94, 1300).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">L.
Ouspensky limita–se a colocar essa afirmação essencial e não busca inclusive -
pelo menos ainda não - os fundamentos. Aqui, deveria-se levar em conta uma
sugestão de M. Edvokimov de que toda a concepção bíblica do Nome como presença
pessoal é concebida como subentendendo também a invocação hesicasta do nome de
Jesus (lembrando-se aqui do poder desse Nome no Livro dos Atos.)</span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O
ícone nomeia pela forma e pelas cores. Ele é o nome representado; eis porque
torna presente um protótipo cuja santidade é comunhão, ou seja, presença
oferecida, que intercede... Como o Nome, o ícone é um meio de encontro que nos
faz participar da santidade d’ Aquele que nós encontramos, ou seja, a santidade
do “Único<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Santo.”</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">L.
Ouspensky nos oferece também um importante capítulo sobre o “simbolismo da
igreja”. Uma igreja inteirinha, de fato, deve constituir um ícone do Reino.
Segundo as antigas Instituições apostólicas, ela deve ser orientada (pois o
Oriente simboliza o levantar do dia eterno e o cristão, diz São Basílio, sempre
deve orar voltado para o oriente), deve evocar uma barca (pois ela é, sobre as
águas da morte deste mundo, a Arca da Ressurreição) ela deve ter três portas
para sugerir a Trindade, princípio de toda a sua vida. O altar encontra–se na
abside oriental, levemente elevado - símbolo da Montanha santa - e nomeado por
excelência “o santuário”. O altar figura o próprio Cristo (Dinis o Aeropagita),
o próprio coração do Cristo cuja igreja representa o corpo (Nicolas Cabasilas).
Talvez seja lamentável, nesse caso, que L. Ouspensky não tenha utilizado para
estudar o simbolismo do santuário a “Vida em Cristo” de Cabasilas, e os estudos
correspondentes de Madame Lot - Borodine...</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">O
altar é o coração de todo o edifício, que ele atrái e santifica; O “santuário”
que o cerca e reservado ao clero, as vezes é assimilado ao “santo dos Santos”,
ao tabernáculo e do Templo da Antiga Aliança. E o “céu dos céus” (São Simeão de
Tessalônica), o lugar onde Cristo, Rei de todas as coisas, Se assenta com os
Apóstolos. (São Germano de Constantinopla). Como à sua imagem, o Bispo e o seu
“presbiterium”.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">Barca
escatológico, a “nave”, freqüentemente dominada por uma abóbada, representa a
nova criação, o universo unido ao Cristo seu Criador, como a nave une–se a o
santuário. “O santuário, escreve São Máximo o Confessor, ilumina e re-dirige a
nave e esta se torna assim sua expressão visível. Tal relação restaura a ordem
normal do universo, derrubado pela queda do homem; a nave restabelece o que
estava no Paraíso e estará no Reino de Deus.” </span><span lang="FR-BE">(P.G. 91-872). </span><span lang="PT-BR">Poderíamos
nos perguntar se a união da abóbada e do quadrado não toma novamente, de modo
vertical, essa descida do céu até a terra, mistério teândrico (divino-humano)
da Igreja.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR">L.
Ouspensky não fala do problema da iconostase, sem dúvida querendo reservar uma
maneira de enfrentar o assunto talvez na segunda parte ainda não publicada do
livro. Sabemos que o santuário apenas foi separado da nave. Sabe–se que o
santuário apenas era separado da nave até o fim da idade média por um chancelo
muito baixo, tipo de divisória<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no meio
da qual erguia–se , antes do altar, o arco triunfal, verdadeira porta da vida
diante da qual os fi</span><span lang="PT-BR">é</span><span lang="PT-BR">is
recebiam a comunhão (Portas reais de nossos dias). Mas a partir dos séculos XV
e XVI, e na medida em que a Ortodoxia, num mundo secularizado, refugia–se
dentro do seu sentido do mistério, a divisória<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>foi trocada por uma alta parede coberta de ícones; a iconostase. As
pinturas da iconostase<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>representam a
Igreja total, uma no meio dos tempos como no meio dos espaços espirituais. Os
Anjos, os Apóstolos, os Mártires, os Padres e todos os Santos ordenam–se de uma
parte e outra de uma composição central que domina as Portas reais, a Deisis
(Intercessão) representando a Virgem e o Batista intercedendo de ambas as do
Cristo em majestade.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Afrescos
e mosaicos cobram normalmente quase todo o interior da igreja. Se L. Ouspensky
não fala da iconostase, ele nos enumera<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>os temas principais dessa decoração mural. Mostra–se nisso toda a
profundidade teológica que dá um caráter orgânico ao simbolismo global do
edifício. No abside do santuário, é todo o mistério da Eucaristia, “sacramento
dos sacramentos”; embaixo, a comunhão dos apóstolos que evoca o memorial; na
abóboda o Pentecostes evoca a resposta divina à epiclese; entre os dois, a
Virgem em orante, figura da Igreja (os seus braços estão levantados como os
braços do sacerdote) designando o Cristo, nosso próprio Supremo Sacerdote sendo
sacrifício e sacrificador ... A decoração da nave recapitula a unidade
teândrica da Igreja; no centro da abóbada, o Pantocrator, fonte do céu de
glória que desce para cercar tudo, abençoar tudo, e transfigurar. Ele é cercado
pelos Profetas, e pelos Apóstolos. Nos quatro ângulos do quadrado sustentando a
abóbada, os quatro Evangelistas. Nas colunas, os homens – colunas; mártires,
santos bispos, “homens apostólicos”. Nas paredes, os grandes momentos do
Evangelho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">A
Iconografia Ortodoxa conheceu uma tardia e profunda decadência, na Rússia desde
século XVII, na Grécia no século XIX. L. Ouspensky vitupera, com uma violência purificadora,
o monte de imagens medíocres que freqüentemente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">entopem</i> as igrejas ortodoxas e cuja a maioria constitue, sob a
etiqueta de ícones, o “gosto italiano”, tristes sub-produtos de mais
contestável na arte religiosa do Ocidente moderno.</span></span><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><span style="font-family: verdana;">Certamente,
não é uma abordagem válida para avaliar de um ponto de vista ortodoxo a arte
ocidental, sacra ou “profana”, avaliação urgente e que precisa ser feita. Não
há duvida de que não é uma questão de gosto, mas sim de fé. Eis porque, temos
que agradecer L. Ouspensky por ter tão vigorosamente acertado os fundamentos
teológicos e litúrgicos do ícone ortodoxo. Esse artigo não pretende ser nada
além de um testemunho de gratidão e antes de tudo um convite ao leitor. Quem
ama os ícones não como esteta mas antes como homem de oração, deve ler esse
livro, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um grande livro.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR"><o:p> </o:p></span><i style="text-align: center;"><span lang="PT-BR">Exposto acerca do livro de Léonide Ouspenski “La théologie de l'icône”</span></i></span></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-41520393362191580072020-11-10T11:21:00.002-08:002020-11-10T11:21:48.370-08:00A DANÇA DA MORTE NAS RUAS DE BELGRADO<div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b> RADOVIC Metropolita Amfilohije</b><br /><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><i><br /></i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxS280Q8LayVpUWzElM3dICnONCeFMI1hdKlJWcWTVShCXQDjPXh4Pk-wkTl3npZuofUqi98lXq-_TYRVSoQ8gAc2VWhEGdvJqniHLaXM_MA4jli01-Szbvs23GZjj58ekRJRw-o5C9w/s696/amphiloque-radovic-696x338.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="696" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxS280Q8LayVpUWzElM3dICnONCeFMI1hdKlJWcWTVShCXQDjPXh4Pk-wkTl3npZuofUqi98lXq-_TYRVSoQ8gAc2VWhEGdvJqniHLaXM_MA4jli01-Szbvs23GZjj58ekRJRw-o5C9w/w640-h310/amphiloque-radovic-696x338.jpg" width="640" /></a></div><br /><i><br /></i></span></div>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">No dia 10 de outubro, na capital sérvia de Belgrado, teve
lugar a chamada “parada do orgulho gay”, iniciada ao longo de vários anos por
várias organizações de pessoas com orientações sexuais não tradicionais. Vários
representantes e emissários internacionais apoiaram ativamente esse
empreendimento. Os preparativos para a parada gay foram em uma escala sem
precedentes, com uma campanha ativa na mídia. Até mesmo alguns funcionários do
governo foram chamados a participar deste evento, incluindo membros do gabinete
de ministros. Medidas de segurança reforçadas foram tomadas à luz do fato de
que tal desfile provocaria uma reação fortemente negativa do público sérvio. As
tentativas anteriores de conduzir tal evento terminaram em ataques físicos aos
participantes, confrontos com a polícia, desordem nas ruas ou foram
simplesmente canceladas por representantes do Ministério do Interior antes
mesmo de acontecerem. <o:p></o:p></span></span></i></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">Dias antes deste evento, um membro do Santo Sínodo da
Igreja Ortodoxa Sérvia, o Metropolita Amfilohije de Montenegro e do Litoral,
comentou o que estava para acontecer. Este comentário foi publicado na revista
“Pechat”.<o:p></o:p></span></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></i></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Qual é a posição da Igreja Ortodoxa sobre a questão
da homossexualidade?</span></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Homossexualidade, ou sodomia, como é chamada na Bíblia — o pecado de
Sodoma — sempre foi, e ainda é, um dos pecados humanos mortais e mortíferos aos
olhos da Igreja. De acordo com o livro mosaico de Gênesis (Gênesis 19: 1-29),
esse pecado foi a razão pela qual Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra
com fogo e enxofre. Essas cidades estavam localizadas no lugar onde agora fica
o Mar Morto, no qual as criaturas vivas não podem viver (os arqueólogos
confirmaram que os restos de algumas cidades antigas estão na verdade
localizadas sob o Mar Morto). Para a identidade bíblica e eclesial e para a
consciência religiosa em geral (além do Cristianismo, isso se relaciona
especialmente com o Judaísmo e o Islamismo), a sodomia é:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">a) uma contaminação e abuso da própria natureza do homem e das forças
dadas por Deus,<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">b) violência à ordem moral das coisas, e<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">c) olhando mais profundamente, é o impulso consciente ou inconsciente do
homem para a auto-aniquilação.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">a) O homem é um ser a quem foram dados poderes físicos e espirituais. Em
sua natureza, há um anseio inerente pela sociedade, pela associação com outros,
e sem isso ele não pode atingir a plenitude de sua existência. Tudo o que um
homem é e tudo o que ele possui é um meio pelo qual ele estabelece a unidade
com outras pessoas e com a natureza. Ele nasce e vive nesta natureza, percebe
sua vocação e significado apenas quando é usado corretamente e de maneira
saudável, e quando atinge a unidade de acordo com a ordem das coisas como dada
e estabelecida por Deus.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">O que é essencial para todas as forças psicofísicas e dons do homem
também é essencial para a comunidade dos gêneros masculino e feminino. Graças
ao mistério do amor, dois se tornam um ser. A qualidade do amor verdadeiro é
procriar e dar uma nova qualidade de vida. A bênção inerente à natureza
masculina e feminina é a criação de uma nova vida, nascimento e multiplicação,
encher a terra e ter autoridade sobre ela (ver Gn 1:28). Pisar sob os pés esta
ordem estabelecida da natureza humana destrói a própria essência da existência
humana e sua vocação eterna. O amor é dado ao homem para que ele procrie,
regenere. Todo nascimento é nascimento para a eternidade, e não para morte e
inexistência. O rebaixamento do amor à luxúria irracional, "as concupiscências
da carne" e "concupiscência dos olhos" - e isso é o que é o
incitamento da concupiscência de um homem por um homem e uma mulher por uma
mulher - priva o grande e todos - mistério criativo do amor de um homem por uma
mulher e de uma mulher por um homem significativo. Toda árvore que não dá bons
frutos é cortada e lançada no fogo (Mt. 7:19).</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">O amor infrutífero pode ser amor verdadeiro? Isso é precisamente o que é
o amor sodomita, gay-lésbico, que não herdará e é incapaz de herdar o Reino de
Deus - porque tal amor é sem vida e estéril (vede 1 Coríntios 6: 9).</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">b) O amor, que é o próprio Deus e que é dado ao homem para que ele possa
conhecer a Deus através dele e realizar a plenitude da existência
celeste-terrena, é abusado por este escurecimento existencial da mente e do
coração, a fonte de trevas sodomitas e cegueira. Assim, a homossexualidade, no
entendimento e na experiência da Igreja, torna-se fonte de violência contra uma
ordem sã e moral das coisas. O número de pessoas que nascem com desequilíbrios
hormonais (hermafroditas, etc.) não é grande. O fato de em nossa época o número
de pessoas com anormalidades sexuais (sodomitas e lésbicas) crescer a cada dia
mostra que estamos falando de outros fatores que estimulam a estranheza e a
anormalidade total. Oculto por trás disso esteve, e ainda é, uma crise de moral
e uma crise de profundo significado na vida. Todas as civilizações do passado e
do presente atestam isso, de acordo com o sábio apóstolo das nações, Paulo:
Deus deu a tais obscurecidas e cegas gerações humanas a vil afeições (vede Rom.
1:26).</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">c) Em todos os outros aspectos, a chamada “parada do orgulho”, a
primeira desse tipo na história mundial, organizada exclusivamente em um
território localizado nas alturas do desenvolvimento da civilização euro-americana,
não pressagia a ruína desta civilização? Seria interessante lançar luz sobre o
que se esconde por trás do próprio nome, “parada do orgulho”, do ponto de vista
psicológico e antropológico. Por trás do triunfo verbal e da arrogância da
demarche social dos "desfiladeiros gays", não está realmente
escondido o sofrimento interior, desespero e tristeza dos participantes do
desfile? Não é um grito de palhaço emitido por sua perda de equilíbrio moral e
espiritual e sua instabilidade existencial? O amor saudável e verdadeiro nunca
precisou e nunca precisará de tal ostentação, intromissão e efeito. A
compreensão subconsciente de que esse eros estéril leva à morte e à destruição,
que sua natureza é suicida e perversa, não força os desfiladeiros gays a fugirem
de si mesmos e da beira do abismo sobre o qual dançam a dança da morte? Esse
tipo de amor é narcótico - o tipo mais perigoso de narcótico. Nunca se deve
perder de vista a imagem eterna de Sodoma e Gomorra: essas cidades e seus
habitantes foram destruídos, queimados em fogo e enxofre precisamente porque
transformaram o uso natural do homem e da mulher naquilo que é antinatural (ver
Rm 1: 26). Seu fim é o Mar Morto.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">Homens e mulheres com tal orientação têm direito a isso? Sem dúvida,
eles fazem. Mas foi afirmado há muito tempo: Todas as coisas me são lícitas,
mas todas as coisas não edificam (1 Coríntios 10:23). A liberdade é um direito
inalienável do homem. Mas tão inalienável é o direito da Igreja de Deus de
lembrar e apontar para eles que estão à beira do abismo, que embora sua imagem
falsa e doentia da vida, existência e comportamento humano seja gratuita, ela
não edifica, mas destruir; e é claro que destrói o homem e a dignidade humana.
A Igreja tem o direito de lembrar às pessoas que as paradas gays que acontecem
na Europa e no resto do mundo violam a esmagadora maioria dos homens e mulheres
de outra orientação e são propaganda de sua ideologia e modo de vida por meios
inaceitáveis. Eles estão respirando um espírito de totalitarismo enganoso e
manipulação, principalmente de crianças e jovens.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><b><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—O senhor considera que a planejada parada gay deveria
acontecer nas ruas de Belgrado; e se não, isso significa que o senhor está
enviando uma convocação aberta aos órgãos estaduais para que eles impeçam a
referida manifestação?</span></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—De tudo o que afirmei acima, seguir-se-ia que acreditamos que a parada
gay nas ruas de Belgrado e nas ruas de outras cidades é uma agressão e,
portanto, inadmissível. Que essas palavras sejam recebidas antes de tudo como
um apelo aos próprios participantes da parada gay para cessarem sua propaganda
agressiva, que é perigosa para eles próprios e evoca agressões semelhantes em
outras pessoas. É também um apelo aos órgãos do Estado para que orientem esses
grupos a buscarem outros meios de conquistar os direitos que consideram
discriminatórios.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><b><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Como o senhor aconselharia os jovens que são completamente
contra tal manifestação?</span></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Como aconselhar os jovens que sentem que esta agressão os prejudica e
os insulta moralmente? Em todo caso, a Igreja não chama e nunca chamou à
violência contra nenhum grupo, sejam eles quais forem, nem contra estes grupos
de pessoas que escolheram conscientemente o caminho da morte moral e espiritual
em vez do caminho da vida. Ao mesmo tempo, ninguém pode privar os jovens do
direito a meios pacíficos e pacíficos de expressar seu protesto em defesa de
sua própria liberdade e integridade moral, em nome de valores humanos
duradouros.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span><b><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—As informações sobre o Metropolita da Bulgária, que
recentemente concedeu o mais alto prêmio eclesiástico a representantes do
governo que se opuseram à realização de uma parada gay, ou o fato de que em
Moscou a parada gay foi proibida pelo prefeito por vários anos consecutivos,
fornecem testemunho de que essa questão poderia ser abordada de outra forma?</span></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Sem dúvida, a ação do Metropolita búlgaro e a prevenção das paradas
gays durante muitos anos em Moscou atestam a possibilidade de uma outra
abordagem a esta questão, que nos é artificial e calculadamente insinuada pelos
centros ocidentais de poder ideológico. Seria interessante saber por que os
organizadores e financiadores dessas apresentações histriônicas gays e
vaudevilles teatrais não estão tentando realizar coisas semelhantes nos países
islâmicos do Oriente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Como a Igreja se relaciona com os numerosos abusos do
simbolismo cristão nas paradas gays, que ofendem a sensibilidade religiosa das
pessoas?<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: verdana;">—Abuso do simbolismo cristão nas paradas gays é perceptível (o uso de
cruzes e outros símbolos). Este é um dos sinais de que sob a bandeira da luta
pelos “direitos das minorias” realmente procede-se uma agressão permanente
contra a maioria das pessoas e contra os valores morais e espirituais humanos
comuns. A ofensa e contaminação do que é mais sagrado para os cristãos é, em
maior ou menor grau, uma luta contra o Cristianismo e a fé cristã, assim como é
contra os valores religiosos comuns, sobre os quais toda a humanidade e cada
ser humano construiu ao longo dos séculos sua história coletiva consciência e
existência.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span><span style="background-color: white; font-style: italic; text-align: right;">10/15/2010</span></span></p>AuroraOrtodoxiahttp://www.blogger.com/profile/06360953890537061058noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7104828341978739694.post-44635636204329165362020-11-01T11:47:00.004-08:002020-11-01T11:50:51.194-08:00A IGREJA ORTODOXA ESTÁ NO CAMINHO DA NOVA ORDEM MUNDIAL<div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"> <b>RADOVIC, Metropolita Amfilohije</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><i>tradução de monja Rebeca (Pereira)</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-NssZp6wQdAE/X58PXHyCMGI/AAAAAAAAHh4/TEq3GICc3j4vUFscx5iXUhZwSJ92jYLJACLcBGAsYHQ/s800/210445.b.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="530" data-original-width="800" height="377" src="https://1.bp.blogspot.com/-NssZp6wQdAE/X58PXHyCMGI/AAAAAAAAHh4/TEq3GICc3j4vUFscx5iXUhZwSJ92jYLJACLcBGAsYHQ/w570-h377/210445.b.jpg" width="570" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b>—Seu Eminência, como o senhor vê o período
atual da vida da Igreja Ortodoxa? Apesar da prosperidade externa, do número
crescente de igrejas, construção e desenvolvimento, estamos caindo em grandes
tentações. A pressão sobre a Igreja muitas vezes assume a forma de perseguição
...</b><br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">—Nós falamos sobre o aniversário de 1000 anos
do Sts. Vladimir de Kiev e João Vladimir [da Sérvia]. Seus reinados foram
períodos de ruptura que mudaram o destino e a importância na história dos povos
ortodoxos - em primeiro lugar dos eslavos - bem como a missão da ortodoxia no
mundo eslavo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E agora estamos em outro momento de grande
mudança: novas provações de um lado, e do outro, a renovação da fé e da Igreja,
antes de tudo dentro dos povos eslavos, com a Rússia à frente.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Agora nossa Igreja está novamente no crucifixo
entre o Oriente e o Ocidente; ou como São Nicolau Velimirovich escreveu,
"sobre o Oriente e o Ocidente". No contexto do que aconteceu então e
do que está acontecendo agora, a Igreja Ortodoxa é chamada a estar sobre o Oriente
e o Ocidente. </span>Em que sentido?<br /><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Segundo a minha consciência pessoal, a Santa
Igreja Católica e Apostólica tem sido ao longo dos séculos uma espinha dorsal
espiritual entre a Ásia e a Europa.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">É também uma espinha dorsal espiritual hoje,
uma muralha do mundo moderno no novo conflito entre o Oriente e o Ocidente. Por
Oriente, devemos entender não apenas o Oriente islâmico, mas todo o Oriente:
budista ou confucionista.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">De um lado está toda a civilização oriental, e
do outro está a chamada civilização euro-americana ocidental, baseada na ideia
imperial, uma síntese da Roma pagã que deificava o imperador e o primado do
bispo romano.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Esta civilização ocidental é portadora de uma
nova visão do mundo, da nova ordem mundial, e não apenas governamental e
social: estamos falando sobre uma nova ética, uma nova visão do mundo, uma nova
maneira de vida.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Esta é uma ideia completamente secularizada,
anticristã e imperial. Eu diria que saindo de baixo de tal forma de
anticristianismo você pode ver o nariz de Satanás - um satanismo que está
aparecendo cada vez mais distintamente, fazendo uso de todas as ferramentas
modernas e se forçando no mundo inteiro.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E ficando no caminho desta nova ordem mundial,
esta nova cosmovisão e novo anticristianismo radical é a espinha dorsal
espiritual entre a Europa e a Ásia - a Igreja Ortodoxa de Cristo. Portanto,
deve ser destruído, porque enquanto existir, essa nova ideologia não pode
triunfar sobre o mundo inteiro.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Portanto, não é por acaso que, após a queda da
União Soviética, quando essa ideia imperial do tipo euro-americano se lançou em
sua nova campanha, a primeira coisa que fez foi bombardear um país ortodoxo.
Não é de forma acidental que tudo isso tenha acontecido no espaço da nação
sérvia ortodoxa.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E este foi apenas o início da expansão
imperialista da nova ordem mundial e da preparação (sobre a qual não há
dúvidas, e isso fica perfeitamente claro quando você olha o que está
acontecendo na Ucrânia) para um ataque à Rússia. Isso é claro como cristal e
não tem nenhuma conexão com alguma teoria da conspiração mundial.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">O único poder que une os povos dos Bálcãs com a
Rússia é a Igreja Ortodoxa, e para subjugar e tomar posse desses vastos
territórios - e não apenas geográficos, mas também estratégicos e econômicos -
eles têm que roubar suas almas.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A Igreja Ortodoxa - a Igreja de São Vladimir de
Kiev e São João Vladimir, e Igual aos Apóstolos São Constantino - agora se
assemelha a São Job, o Longânimo. E tudo o que aconteceu com o sofrimento de Job
está acontecendo com a Igreja de Deus - a Santa Igreja Católica [Universal]
Oriental. Principalmente no século XX.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Basta olhar para o que aconteceu com
Constantinopla, o que está acontecendo agora com Alexandria, Antioquia e
Jerusalém! Veja o que aconteceu com a Rússia no século vinte e o que aconteceu
com a Igreja Sérvia! Esses sofrimentos ... Temos que olhar um pouco mais
profundamente. Assim como o sofrimento de Job - ele perdeu muito! Seu gado, sua
propriedade, seus filhos - todos eles pereceram; no final, até mesmo sua esposa
renunciou a ele e o próprio Satanás o atacou ... Mas Deus disse apenas uma
coisa a Satanás: não toque em sua alma. 1<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A alma do mundo moderno é a Igreja de Cristo!<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">- Como o senhor avalia
a situação na Ucrânia contemporânea, quando uma congregação cismática foi
absolutamente legalizada, quando milhões de pessoas acreditam nos cismáticos 2
como se eles fossem a verdadeira Igreja?<br /></span></b><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">—Este é um dos problemas internos e modernos da
Igreja Ortodoxa como um todo, que está se manifestando de forma particularmente
ampla no espaço da Rus 'de Kiev - a Rus' de São Vladimir.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Em nossos tempos, a formação de novos estados
surgindo das ruínas da União Soviética e da ex-Iugoslávia - não apenas novos
estados, mas também novas nações - de uma forma ou de outra influenciam o
surgimento de novas “Igrejas”: a ucraniana, a macedônia, Montenegro…<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">De um lado, vemos o Metropolita Onufre, Primaz <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de
Moscou - a Igreja que preserva a herança orgânica e viva da Igreja de São
Vladimir, que respeita todas as características específicas desta porção do
povo da Rus 'de Kiev, respeita também este novo estado, mas ao mesmo tempo
preserva a unidade da Igreja, permanecendo uma parte orgânica da Única Santa
Igreja Católica e Apostólica.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Do outro lado, temos o que aquele infeliz
Denisenko está fazendo. A questão é: Será que pessoas assim acreditam em Deus?
As pessoas que subjugam o Corpo de Cristo a quaisquer interesses terrenos,
quaisquer que sejam - neste caso, os interesses de uma nação ou estado -
acreditam em Deus?<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Temo que eles, em essência, não estejam
servindo a Cristo, mas sim à ideia pagão-imperialista da civilização
euro-americana ocidental, que está em um estado decaído.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Oramos com Santo Efrém, o Sírio, para que o
Senhor não nos dê um espírito de "ambição" - isto é, a sede de poder.
3<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Pode-se entender o estado de Denisenko, que já
foi candidato a Patriarca. Mas agora temos essa história miserável de
deificação do estado ucraniano, da nação ucraniana, da língua ucraniana; esta
história de cisma em uma nação, uma Igreja - com consequências catastróficas.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Durante este período crítico de sofrimento da
Igreja, quando a Igreja Oriental é a espinha dorsal espiritual do mundo, o mais
importante é preservar a Igreja como Cristo a criou - livre dos poderes deste
mundo, para que possa ser a mesma testemunhe a Deus como Jó foi, e devolva tudo
o que foi perdido.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Por meio dela, Deus protegerá a alma dos povos
fiéis e, ao mesmo tempo, a Igreja será um verdadeiro fermento para o mundo moderno.
Ninguém estava tão profeticamente ciente disso quanto Dostoiévski, que escreveu
que uma Igreja futura e saudável é a única salvação para o mundo moderno e a
humanidade.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Mas aqui está o que é especialmente
surpreendente. A Europa, os EUA e a OTAN lutaram por setenta anos para destruir
a URSS e conseguiram seu fim. Mas essa mesma Europa guarda os resultados mais
essenciais do regime comunista como se fossem revelações divinas.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Por exemplo, quando foram estabelecidas as
fronteiras entre a Ucrânia e a Rússia, e entre outras repúblicas soviéticas?
Quem os estabeleceu? Os comunistas os estabeleceram tanto para vocês [russos]
quanto para nós [sérvios]. Agora, “defendendo os direitos humanos”, americanos
e europeus apóiam os neofascistas na Ucrânia para preservar esse legado da
União Soviética. A questão é: para quê? Isso significa que estamos falando de
interesses completamente diferentes: eles estão usando esse legado comunista
para alcançar seus próprios objetivos imperialistas.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">O “Drang nach Osten” 4 está usando outros
métodos para continuar suas cruzadas. Em tempos anteriores, era a ideia de
libertar o Sepulcro do Senhor; mas o que essas cruzadas de fato fizeram é
bastante óbvio. O que aconteceu de fato foi exatamente o que está acontecendo
hoje na Síria, Iraque e Afeganistão: a pilhagem das riquezas desses povos
orientais.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Lembramos as palavras dos políticos ocidentais
sobre como a Rússia tem muitas riquezas naturais e muitos recursos naturais, e
eles devem ser compartilhados: “Não só salvaremos o que temos para nós, mas
tiraremos o que precisamos da Rússia. ”<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Esta é uma história muito complicada. E está
sendo refratado em torno da Ucrânia, Kiev - em torno da herança de São
Vladimir, cujo aniversário estamos celebrando.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b>—O que o senhor acha do destino dos povos
cristãos, incluindo os ortodoxos, que talvez inconscientemente baixem a cabeça
diante dessa nova ordem mundial, pensando que estão lutando por sua própria
liberdade? Foi assim durante o desmembramento da Iugoslávia: muitos estavam
convencidos de que lutavam pela libertação do legado comunista. Estamos vendo
algo semelhante acontecendo agora na Ucrânia. Tem-se a impressão de que essa
luta está ocorrendo dentro da estrutura do plano global de alguém.</b><br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">—Em essência, é exatamente isso que está
acontecendo. Se você pegar a Iugoslávia, por exemplo, fica cada vez mais claro
para mim que a Iugoslávia foi intencionalmente destruída. Afinal, era um país
grande - 20 milhões de pessoas. Era um estado que precisava ser considerado e
não tão fácil de manipular, apesar de todas as suas fraquezas e inadequações -
tanto como Reino quanto como federação.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Eles se separaram, guiados pelo princípio de
“dividir et impera” - dividir e conquistar. Eles estabeleceram esses pequenos
estados satélites da Eslovênia e Croácia, Bósnia e Herzogovena, que nunca
existiram antes como estados, e conseguiram separar a Sérvia de Montenegro - um
povo e uma nação soberana com séculos de idade!<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E do Kosovo autônomo eles fizeram um “estado
islâmico”. A embaixadora dos EUA em Kosovo esteve em uma recepção com o
Patriarca da Sérvia e disse que está trabalhando pela primeira vez como
diplomata em um “país islâmico”. Nós a corrigimos: é uma terra cristã desde o
século IV. Mas eles alcançaram esse “estado islâmico” com o bombardeio da OTAN
- formando Kosovo como um estado independente e um país islâmico. Da mesma
forma, estão tentando transformar a Bósnia em um estado islâmico unitário.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Veja a Macedônia, por exemplo. O que é a
Macedônia hoje? De fato, já está dividido em duas partes - a eslava e a
albanesa; e é questionável quanto tempo pode existir nesta forma. Os comunistas
estabeleceram a Macedônia como ela é hoje - assim como formaram a Ucrânia e o
moderno Montenegro.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">O Montenegro que temos hoje foi feito pelos
comunistas: com uma nação montenegrina e uma língua montenegrina. Agora eles
querem até sua própria “Igreja Montenegrina”.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">É verdade que esse processo está encontrando
mais dificuldades em Montenegro do que na Ucrânia e na Macedônia. Posso
explicar isso pelo fato de que nossa Igreja foi fortalecida pelo sangue dos
mártires - o Santo Hieromártir Joanico, o Metropolita Arsenio e mais de 150
outros padres mortos pelos comunistas. Pode-se dizer que, se você olhar para as
porcentagens, esse foi um sacrifício maior para o pequeno Montenegro do que os
Novos Mártires pela Rússia.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Não é surpreendente que o mesmo grupo que
governou em Montenegro sob os comunistas ainda esteja no poder, só que em vez
do bezerro de ouro do comunismo eles agora estão se curvando ao bezerro de ouro
em Bruxelas - para o bem de seus próprios interesses.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">As bombas da OTAN caíram também em Montenegro -
em Danilovgrad, Cetinje e Murino, matando onze crianças. Isso para não falar do
que aconteceu no Kosovo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E agora eles estão forçando Montenegro a
aceitar a independência de Kosovo. É assim que Montenegro está indo contra os
interesses de sua própria vida. É assim que eles governam e usam os pequenos
estados.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">É por isso que dividiram a Sérvia e Montenegro
e os colocam um contra o outro. É por isso que a Ucrânia foi separada da Rússia.
Não basta estabelecer fronteiras - é preciso convencê-los de que não são um só
povo, nem uma Igreja, que não têm o mesmo Príncipe Vladimir ... Vamos dividir
São Vladimir! Agora, como você vai dividi-lo?<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Portanto, é perfeitamente claro que para atingir
seus objetivos imperialistas, o Ocidente moderno está destruindo abertamente
essa unidade eslava, esses governos. É se apropriar dos frutos deixados pelo
regime comunista e defendê-los até o ponto em que uma guerra fratricida
estourou nos Bálcãs, assim como na Ucrânia. Fratricídio - a fim de preservar as
fronteiras traçadas pelo sistema bolchevique e ordem de Lenin! Aqueles que
supostamente guerrearam contra o comunismo e o bolchevismo são hoje os
guardiões mais zelosos dos principais frutos do comunismo. Mas eles não estão
interessados no legado soviético - eles estão apenas perseguindo seus
próprios interesses.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Uma luta está acontecendo por petróleo, por
recursos naturais e riqueza industrial tanto na Ucrânia quanto na Rússia, bem
como no Oriente Próximo. Eles transformaram o Oriente em um inferno, guerreando
com aqueles que haviam criado anteriormente - a chamada Al-Qaeda. Enquanto
isso, a Igreja de Cristo está sendo destruída no Oriente. Movimentos islâmicos
fanáticos estão destruindo o cristianismo por completo lá. E, novamente,
estamos enfrentando uma ideologia totalmente anticristã, que está agindo no
interesse da nova ordem mundial em todas as esferas da vida humana. É subjugar
tudo a si mesmo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Paralelamente, tudo está voltando ao chamado do
“pão e circo!” da Roma pagã e os restos finais do Cristianismo estão sendo
expulsos dos espaços da Europa e da América.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b>—Como devemos nós, servos de Cristo, reagir a
esses desafios contra a Igreja e o Cristianismo? O que devemos mudar em nós
mesmos? O que deveríamos fazer?</b><br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">—Devíamos fazer o que ouvi há muitos anos de uma
tola por Cristo no cemitério Smolensk em São Petersburgo.5 Ela me disse então:
“Vá mais fundo, pai, vá mais fundo!”<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Ortodoxia é o Job moderno. Você pode tirar tudo
dele, mas não pode tocar sua alma. Deus preserva a alma. Testemunho disso é
tudo o que aconteceu ao longo desses mil anos desde a época do príncipe
Vladimir.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p><br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><u>Notas de Tradução</u><br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">1. Em Job 2:6, lemos: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está
na tua mão; poupa, porém, a sua vida. No texto eslavo da Igreja, entretanto, a
palavra “dusha” ou “alma” é usada em vez de “vida”. Isso dá um significado mais
profundo.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">2. Esta é uma referência ao chamado “Patriarcado
de Kiev”, chefiado por Filareto (Denisenko), que uniu sob si mesmo um ramo de
um sistema anteriormente existente. Denisenko é encorajado e apoiado pelo atual
governo ucraniano para fins políticos - principalmente para arrancar a alma da
Ucrânia de suas raízes históricas na Santa Rus '. A Igreja Ortodoxa Ucraniana
autônoma canônica é dirigida pelo Metropolita Onufre (Berezovsky) .— OC.<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">3. Oração de Santo Efrémm, o Sírio (dita
principalmente durante a Grande Quaresma): Senhor e Mestre de minha vida, afasta
de mim o espírito de preguiça, de dissipação, de domínio e de vã-loquacidade.
Concede ao teu servo um espírito de temperança, humildade, paciência e cariade.
Sim, ó Senhor Rei, concede-me ver minhas falhas e não condenar meu irmão; pois
bendito és Tu para sempre. Amém (Tradução livre não oficial)<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">4. (alemão para "anseio pelo leste",
"empurrar para o leste", "empurrar para o leste",
"dirigir para o leste" ou "desejo de empurrar para o
leste") foi um termo cunhado no século 19 para designar a expansão alemã
em Terras eslavas. O termo se tornou um lema do movimento nacionalista alemão
no final do século XIX (definição da Wikipedia).<br /></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> <br /></o:p></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">5. Onde as relíquias de São Xênia de
Petersburgo são mantidas.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: verdana;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><i>Entrevista em 2015</i></span></span></div>
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